Pela Liderança durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Desaprovação dos atuais desdobramentos da política econômica do País, especialmente no que diz respeito à inflação.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Desaprovação dos atuais desdobramentos da política econômica do País, especialmente no que diz respeito à inflação.
Publicação
Publicação no DSF de 17/04/2013 - Página 18960
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, OBJETIVO, COMBATE, INFLAÇÃO, ENFASE, AUMENTO, PREÇO, CESTA DE ALIMENTOS BASICOS.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o momento histórico que hoje vivemos em nosso País convida-nos a uma profunda reflexão acerca das atuais decisões de Estado, ante os possíveis desdobramentos da política econômica que vem sendo por nós adotada.

            Não resta dúvida de que o Brasil experimenta grandes avanços sociais e que temos empreendido grande esforço para nos destacarmos no cenário internacional, no sentido de nos tornarmos mais competitivos, estabilizarmos nossa moeda e consolidarmo-nos, merecidamente, enfim, como uma verdadeira potência mundial.

            Contudo, não resta dúvida, também, sobre a complexidade dos enormes desafios que se colocam a nossa frente, sobretudo no que concerne às dificuldades de vermos conjugado o binômio inflação e câmbio, num contexto em que nossas contas públicas se revelam à beira do descontrole, com o inchaço da máquina administrativa e os extraordinários aumentos de gastos do Governo Federal, somados à sua indisfarçável artificialidade, quase sempre escamoteada pela maquiagem contábil e pela manipulação dos resultados.

            Não há como negar que o crescimento dos últimos anos só foi possível em razão da grande conquista de todos os brasileiros e cerne do Plano Real, traduzida no principal legado do governo FHC, que consistiu exatamente na triangulação adequada destes três fatores: equilíbrio das contas públicas, câmbio estável e ausência de inflação.

            Hoje, o que vemos é a disparada de preços batendo a nossa porta. A grande verdade é que, desde o início do Governo Dilma Rousseff, a inflação nunca esteve abaixo do centro da meta estipulada pelo Banco Central, que é de 4.5%.

            A devastadora perda do poder de compra não se mede só pelo tomate, que subiu à estratosfera; tampouco pela batata, que dobrou seu preço em um ano; muito menos pela cebola, que subiu 80%; ou pelo tradicional prato básico de arroz e feijão, cujo valor se elevou em um terço no mesmo período.

            A extrema seriedade da situação é que não se trata de uma questão pontual, de um aumento isolado, apenas verificado em alguns itens - o que já seria grave. Trata-se, todavia, de um aumento generalizado a corroer a previsibilidade e a sustentabilidade de um custo de vida estável que a duras penas conseguimos construir.

            A devastadora perda de fato se revela ao constatarmos que, com o preço atual dos alimentos, de acordo com as estatísticas oficiais, a inflação para a população de baixa renda já anda em torno de 13%.

            O segmento de supermercados, que vinha sendo próspero na última década, já dá sinal de alerta, amargando em fevereiro uma queda das vendas superior a 2% em comparação ao ano passado.

            Nem a tão propalada desoneração dos impostos foi capaz de conter a escalada inflacionária. Nem o aumento dos juros nem o aperto do crédito foram suficientes para reverter a crítica situação com que nós nos confrontamos.

            Neste momento, a opinião pública já começa a olhar o futuro com desconfiança e incerteza. Isto porque, neste momento, paira sobre nós a real ameaça que se confirmou nos regimes populistas, como as nossas vizinhas Argentina e Venezuela, com uma inflação acima de 20%, ao contrário de outros mais austeros, como o Chile e a Colômbia, onde a taxa não chega a 2%, metade, portanto, da nossa.

            Para encerrar, ilustres colegas, não custa lembrar a história recente, meu caro e ilustre Senador Mozarildo Cavalcanti, que estamos tendo hoje a satisfação de rever, após alguns dias de licença desta Casa. É um prazer a convivência com V. Exª, Senador Mozarildo Cavalcanti.

            Num passado nada distante, entre 1964 a 1994, a inflação acumulada chegou a mais de mil trilhões por cento. Embora não tenhamos mais espaço para cifras tão astronômicas, a inflação ainda é a pior das chagas sociais. Ainda é o imposto mais injusto, a imposição mais cruel, principalmente à qualidade de vida dos menos favorecidos. Contra inflação alta, não há maquiagem, nem bolsa, nem tutela, nem programa social que dê jeito. Trata-se, reconhecidamente, de um monstro que, se não for debelado com muita responsabilidade e cautela, pode vir a tornar-se indomável.

            Devemos, portanto, nos precaver ante os sinais de alerta que já estão evidentes. Competência administrativa, enxugamento da máquina, responsabilidade fiscal, educação, cidadania e trabalho digno para o povo são, seguramente, ingredientes indispensáveis na nova receita que se há de adotar.

            Portanto, Sr. Presidente, era o que eu tinha a dizer, e mostrar também a minha preocupação em relação à inflação em nosso País.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/04/2013 - Página 18960