Comunicação inadiável durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à postura do Governo Federal em relação aos problemas do setor energético do País; e outro assunto.

Autor
Jarbas Vasconcelos (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PE)
Nome completo: Jarbas de Andrade Vasconcelos
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Críticas à postura do Governo Federal em relação aos problemas do setor energético do País; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 25/04/2013 - Página 21323
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ASSUNTO, RACIONAMENTO, AGUA, UTILIZAÇÃO, ENERGIA, USINA TERMOELETRICA, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, REFERENCIA, AUSENCIA, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, ESPECIFICAÇÃO, SITUAÇÃO, SECA, REGIÃO NORDESTE.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REFERENCIA, ANALISE, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ESPECIFICAÇÃO, AUMENTO, INFLAÇÃO, PAIS.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco/PMDB - PE. Para uma comunicação inadiável. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, meu pronunciamento de hoje será dividido em duas partes, pois venho à tribuna para abordar dois temas diferentes.

             Primeiramente gostaria de dizer que, na semana passada, mais precisamente no dia 17 de abril, o jornal Folha de S.Paulo trouxe uma reportagem, no seu caderno Economia, com a manchete - abre aspas - “Copa leva país ao maior aperto desde o apagão de 2001”, fecha aspas. O levantamento da Folha mostra o quanto o Governo Federal gosta de andar na “corda bamba” quando se trata da infraestrutura do País.

            O PT, vira e mexe, faz questão de lembrar o racionamento de energia promovido em 2001 pelo Governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso. No entanto, após dez anos no poder, está evidente que os petistas não aprenderam com os erros alheios e mantêm uma soberba que em nada ajuda a corrigir os problemas que insistem em expor a precária infraestrutura brasileira, de estradas, de portos, de aeroportos, de ferrovias e de geração de energia.

            De acordo com o mesmo jornal, o Governo da Presidente Dilma Rousseff decidiu economizar a água das hidrelétricas, determinando o uso massivo das termelétricas, mais caras e mais poluentes. Será a maior economia de água nas hidrelétricas desde o racionamento de 2001.

            O que se pergunta, Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, é o que seria do Governo Dilma Rousseff se o Governo Fernando Henrique Cardoso não tivesse incentivado a construção de novas termelétricas.

            Pelo plano do atual Governo, os reservatórios das usinas do Sudeste e do Centro-Oeste terão de alcançar, até o próximo mês de novembro, 47% da sua capacidade. No Nordeste, a meta é atingir 35%. Para a Empresa de Pesquisa Energética, a chamada EPE, isso é suficiente para garantir o abastecimento de energia em 2014, ano no qual o Brasil sediará a Copa do Mundo.

            Na matemática governamental, Sr. Presidente, o conjunto de hidrelétricas das Regiões Sudeste e Centro-Oeste, que, na semana passada, estavam com 60,15% de armazenamento de água, poderá perder 13 pontos percentuais nos próximos sete meses. No caso da minha Região, o Nordeste, o nível estava em 45,7%, podendo perder apenas 10 pontos percentuais.

            Mais uma vez, estaremos nas mãos de São Pedro, uma dependência tão criticada pelos governos do PT, mas que pouco, muito pouco se fez para que ela deixe de existir.

            A Presidente da República, que já subiu ao palanque eleitoral, tem, agora, se especializado em chamar de "pessimistas" aqueles que alertam o Governo para as falhas recorrentes em várias áreas de atuação governamental. E quem mais entende de pessimismo, no Brasil, entre os nossos partidos políticos?

(Soa a campainha.)

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco/PMDB - PE) - Quem votou contra, praticamente, todas as medidas que visavam a modernizar o Brasil durante toda a década de 1990? Quem votou contra o Plano Real, contra o Proer, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal? O Partido dos Trabalhadores.

            Esse pessimismo desenfreado, Srªs e Srs. Senadores, da prática do “quanto pior, melhor”, só começou a mudar mesmo em 2003, quando Lula chegou à Presidência da República. A partir daí, o PT abraçou o mercado, adotou o liberalismo econômico e passou a ser um otimista de “carteirinha.”

            Eu não sou um pessimista, mas acho temerário depender das variações da natureza. Só existe uma forma de enfrentar essa realidade dinâmica: com mais planejamentos e menos improvisação. Dia a dia, fica mais evidente que a fama de gestora da Presidente da República era apenas um recurso de marketing eleitoral do Sr. João Santana.

            Essa preferência pelo “jeitinho” é possível ser encontrada em outras áreas, como na política econômica, com a adoção de medidas paliativas e localizadas, como se fosse possível tapar os buracos de um vazamento com apenas fita adesiva.

            A mesma lógica prevalece no enfrentamento com a estiagem que extermina a economia no Semiárido nordestino. O Governo Federal tinha todas as informações sobre o que estava para acontecer no clima do Nordeste, mas só foi agir quando os efeitos da falta d’água já eram devastadores.

            Espero, sinceramente, Sr. Presidente, que funcione a “fita adesiva” das termelétricas. Segundo a mesma reportagem da Folha, sem hidrelétricas licenciadas e sem a oferta de gás natural barato para térmicas, o Governo Dilma será obrigado a aceitar o retorno das usinas movidas a carvão, no leilão previsto para o próximo semestre.

(Soa a campainha.)

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco/PMDB - PE) - É a primeira vez, em sete anos, que essas termelétricas terão acesso ao leilão, o que prova a situação alarmante do setor energético.

            Ninguém, aqui, no Senado da República, vai ficar torcendo para o Governo tropeçar e com ele arrastar o País ao imponderável. Acredito que falo por mim e por todos os demais parlamentares da oposição.

            O que não é razoável é imaginar que a gente deva ficar calado, passivo, achando que está tudo muito bem, que o Brasil é um paraíso, que não vive um apagão logístico; que a inflação está controlada, que a segunda maior região do País, que é o Nordeste, não vive a pior e mais trágica seca em meio século; que o País está muito bem preparado para receber um evento grandioso como é a Copa do Mundo de futebol.

            Srªs e Srs. Senadores, pela forma agressiva com a qual o PT tem tentado eliminar potenciais adversários na disputa eleitoral do próximo ano, a própria Presidente da República tem consciência de suas limitações e dificuldades. Quem sabe um pouco menos de improviso, arrogância e prepotência ajudem a conduzir o Brasil de forma mais sensata e eficiente para o bem de todos nós.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente, sobre esse tema. Contudo, como havia explicado no começo do meu discurso eu o dividiria em duas partes, devido a intenção de abordar, nesta tarde, dois assuntos diferentes. E se V. Exª me permite, V. Exª que é Senador atuante, e muito tolerante eu gostaria de prosseguir e dizer que não poderia deixar de fazer referência e expor a V. Exª e ao Senado que li, no último domingo, dia 21 de abril de 2013, o principal editorial do jornal O Estado de S. Paulo que publica, geralmente, nas suas notas e informações, dois ou três artigos que expressam a opinião dos seus diretores e proprietários, ou seja, traduzem o juízo do próprio jornal. O editorial a que me refiro tem o título, abre aspas: “Dilmês castiço”, fecha aspas.

(Soa a campainha.)

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco/PMDB - PE) - Trata-se de uma análise contundente sobre o Governo da Presidente Dilma Rousseff.

            Faz muito tempo, Sr. Presidente, que eu não lia algo tão lógico, tão claro, como a análise feita pelo Estado de S. Paulo, no último domingo. O Estadão é um jornal de história, de tradição de editoriais dos mais lúcidos, dos mais duros, sobretudo nas horas em que o Brasil mais precisou.

            Por isso, requeiro nos termos regimentais a inserção nos anais do Senado Federal do editorial, “Dilmês castiço” do jornal O Estado de S.Paulo publicado no último domingo dia 21.04.2013. Muito obrigado a V. Exª, sobretudo pela sua compreensão e tolerância.

 

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR JARBAS VASCONCELOS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

Matéria referida:

            - “Dilmês castiço”, de O Estado de S. Paulo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/04/2013 - Página 21323