Pela ordem durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Crítica à atuação do Partido dos Trabalhadores.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Crítica à atuação do Partido dos Trabalhadores.
Publicação
Publicação no DSF de 25/04/2013 - Página 21372
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, PAIS, DEFESA, REDUÇÃO, QUANTIDADE, PARTIDO POLITICO, CRITICA, ATUAÇÃO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS. Pela ordem. Com revisão do orador.) - Muito obrigado.

            Em primeiro lugar, minha solidariedade a V. Exª (senador Jorge Viana, do PT-AC) que tem uma personalidade muito forte. Eu sinto como V. Exª deve estar machucado por dentro, no entanto, mantém esse seu sorriso indecifrável. O que estão fazendo com V. Exª, o que estão fazendo com o grande Líder do PT, o que estão fazendo com o Senador Suplicy é um absurdo!

            Estamos aqui no mês de abril recebendo um novo pacote. Quando eu vi o nobre e querido ex-governador do Mato Grosso falar como falou de que o negócio é votar. Agora, V. Exª, o nobre Líder do Maranhão, o Suplicy chegarem a uma hora dessas e sem mais nem menos um tiro de canhão entra nesta Casa e nós vamos votar?

            Hoje, pela manhã, assistimos, na Comissão de Constituição e Justiça, aos delegados de polícia e aos Senadores do PT, de mãos dadas, cantarem o Hino Nacional. De mãos dadas, os delegados de política e os Líderes, Senadores do PT, cantaram o Hino Nacional, porque foi aprovado um projeto que dá força aos delegados na luta contra os promotores; que dá força aos delegados para controlar os inquéritos e retirar dos promotores o direito de fazer a apuração. (Palmas.)

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - No mesmo dia, hoje à tarde, vamos ver os nossos amigos da Arena, novamente, fazendo um novo festejo.

            Este é o pacote de abril. Meus amigos do PT, foi com esse pacote de abril que a Arena criou o senador biônico e tudo o mais e que a Arena implodiu! O PT está caminhando no caminho da implosão.

            Agora, a Srª Presidente (Dioma Rousseff), que tinha prestígio, respeito, credibilidade, vai ver para onde vai baixar o seu prestígio, quando ela se identificar com o que tem de mais triste, de mais infeliz, de mais vulgar na política brasileira. Parece que estou aqui porque lá é Arena, porque lá era ditadura, porque lá era a brutalidade. O que está acontecendo agora?

            Mas o PT aceitar essa humilhação? O Líder do PT é obrigado a dizer amém para uma coisa dessa? V. Exª, com dignidade, disse: “Essa matéria não voto.” Voto para as próximas eleições, para essa não.

            Do meu querido Senador Suplicy nem vou falar. Esse já está no céu pelos pecados que anda cometendo. Vai chegar um determinado momento em que, Suplicy -- e não é fácil essa hora --, V. Exª vai sair do PT porque o PT está saindo de V. Exª. O PT está indo e o está deixando. Por mais que V. Exª se esforce para pegar, vai ter um momento em que não dá mais para pegar. Mas como?

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Se nós votamos um projeto ontem, se a coisa foi feita e resolveu para o PSD? Deixar tudo preparado para o PSD, partido governista. Tudo bem, está feito!

            Eu também sou favorável a diminuir número de partidos. Se depender de mim, a eleição era imediatamente feita. Partido que tem tanto, é; Partido que não tem percentual de voto não é partido.

            Mas agora, de uma hora para a outra? De uma semana para a outra? Em uma semana fizeram tudo para esmagar e para tirar o PSD. Agora, liberam tudo para evitar a dona Marina e evitar o candidato do PCB antigo.

            Não pode ser! Não pode ser! Não tem condições!

            A Srª Presidenta vai começar a cair, e agora não é só a inflação de mentirinha, que não é de mentirinha. Não é só a Petrobras, que era uma das maiores empresas do mundo, e eles não explicam porque a Petrobras está se esvoaçando de uma maneira terrível.

            Não são só os juros, que a gente achava uma maravilha baixar, baixar, que espetáculo! E, de repente, começa tudo de novo!

            A Presidenta está começando a perder a credibilidade. Já está começando a se ver que ela é uma política vulgar!

            A Arena desapareceu pelos erros, quando, para fazer maioria nesta Casa, precisou colocar aqui dentro 27 Senadores biônicos. O PT está caminhando para isso, porque o PT está perdendo o respeito da sociedade! Está perdendo o respeito da sociedade! Com as coisas que estão acontecendo na Petrobras, com as denúncias que acontecem em relação à Petrobras… Ninguém diz nada! Não nos deixaram criar uma comissão para fazer uma apuração dos fatos que estão acontecendo.

            Ninguém diz nada!

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Quando acontece o negócio com relação à representante da Presidência da República lá em São Paulo… Um escritório especial! O Palácio do Planalto passou a ter uma representação lá no Estado de São Paulo.

            E quando a Veja publica tudo que tem publicado em relação àquela senhora, ninguém diz uma palavra! Onde é que nos estamos?

            Não, Sr. Presidente! O senhor me desculpe, mas eu acho que, meu querido Líder -- que eu aprendi a admirar e respeitar nesta Casa, pela sua maneira clara, franca e leal com que, no primeiro ano, discutiu aqui --, nós não podemos viver esse papel.

            Juro por Deus que a minha saúde não está aguentando. Nunca me passou pela cabeça, eu que olhava o PT apaixonado e com inveja: “Que partido fantástico!” Quando estava aqui o Suplicy quase que sozinho lutando contra todos, e eu com uma inveja dele. Que maravilha de partido! Lutaram, defenderam, debateram, lutaram batalhas mais históricas e mais dramáticas, e subiram.

            Nós, do MDB, que tínhamos dois terços do Senado, dois terços da Câmara, que éramos o maior partido do Brasil, que éramos praticamente quase um partido único, fomos para o beleléu, porque perdemos a dignidade, perdemos a seriedade, porque não soubemos usar o que nós tínhamos. O povo nos deixou falando sozinhos. E a Arena, com todo o poder, com todo o Exército, com toda a máquina, com toda a imprensa falada, escrita, televisionada, com toda a Igreja, com todo o empresariado, com todo mundo, se foi para o beleléu, porque se desmoralizou, porque caiu no ridículo, porque perdeu a credibilidade.

            Eu votei na Dilma para Presidente no segundo turno e, até pouco tempo, não tinha me arrependido. Ela mostrou a diferença, ela mostrou uma linha a qual ela pretendia seguir, e eu acreditei, mas, sinceramente, não. Sinceramente…

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - … a linha pragmática dominou o PT, e essa linha pragmática do PT está dominando a D. Dilma. E que é mais doloroso é que eu não estou sentindo pressão do PT. Não é a dupla PT-PMDB que se esforça e está pressionando. Ela está fazendo porque é obrigada a fazer. O que me deixa na dúvida cruel é que ela está fazendo porque se deixou ludibriar pela paixão do cargo e para se manter no cargo. Custe o que custar.

Que diferença. No meu gabinete, a Marina, ontem, na sua simplicidade, na sua humildade, com o nosso querido Aécio, que tem muito mais perspectiva de votação do que ela, veio ao plenário e falou com V. Exªs, e tentou falar com o Presidente do Senado, pedindo apenas que se deixasse o debate democrático continuar.

            Olha, esta Casa já viveu um episódio trágico, que foi a CPI do Cachoeira. Na nossa biografia, de cada um de nós, no futuro, vai estar escrito: “Pedro Simon pertenceu ao Senado, quando teve a CPI do Cachoeira”, o que, na minha biografia, como na de todos nós, vai estar escrito.

            Agora vão votar o pacote de abril; pacote de abril que casualmente é no mês de abril. Pacote de abril da D. Dilma!

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Talvez esse seja o caso… O meu amigo Jobim, Ministro da Justiça, quando ia fazer trabalho de campanha nos exercícios do Exército, usava uma espécie de farda, como se fosse um general. Talvez tenhamos de nos referir à Marechala Presidente! Talvez, daqui a pouco, ela tenha de aparecer com um casaco diferente, que pode até continuar sendo vermelho -- sua cor preferida --, mas com estrelas. O pacote de abril da D. Dilma começou, e o pior é que quem começa não volta para trás e se acostuma.

            O primeiro ato da revolução, da ditadura, não foi o AI-1. Foi ato institucional para durar dois meses; aí gostaram. Veio o segundo, e aí gostaram. E aí veio o quinto, que era para durar a vida inteira; e aí afundaram.

            Nós estamos vivendo isso, meu querido Presidente!

            Eu digo de coração, meu querido Líder do PT: vocês não estão ajudando D. Dilma, não. Vocês não estão ajudando a Presidenta se submetendo aos caprichos de um determinado momento. Ela não tem tradição de política, nunca teve. Ela sempre ocupou os cargos executivos. Política ela nunca fez. E, cá entre nós, se olharmos para o Ministério dela, meu Deus do céu! Quem pode dar conselho para ela? O Lula -- dizia-se -- tinha os conselhos da D. Dilma. O Lula -- dizia-se -- tinha os conselhos do Ministro da Fazenda, um homem realmente competente!

            Mas a D. Dilma, hoje! Vamos olhar para, no Ministério dela, quem é o Conselheiro -- é o que todo mundo diz, é a cabeça dela.

            Perguntaram qual era a identificação da D. Dilma com a Ministra Thatcher, e disseram: uma só, a personalidade forte e ser dona da verdade.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Isso, realmente, marcou a Ministra Thatcher, tanto que, heroína lá na Inglaterra, no dia da sua morte, metade da Inglaterra chorava e metade dava gargalhada, dizendo que a bruxa tinha morrido! Eu não acho assim, D. Dilma, não acho que a senhora tenha essa presença, nem essa identificação com a ex-Primeira Ministra, mas V. Exª tem que ter um pouco mais de humildade! V. Exª tinha que cercar, e ter, dentro do PT e fora do PT, gente da melhor qualidade!

            Eu nunca vi a imprensa publicar que o Sr. Fulano de Tal e o Sr. Fulano de Tal -- e poderia dizer os nomes aqui, inclusive dentro do PT. E sabemos que as pessoas mais heroicas, mais dignas, mais honestas, mais decentes da hora do PT, estão arquivadas, estão na gaveta, estão por aí, no máximo, falando, uma vez ou outra, alguma coisa, em termos da dignidade. Mas, no PT, são letra morta!

            Digo, meu Líder, enfrente isso, que possa enfrentar isso, que é muito melhor para ela, para vocês e para nós do que bater palma ao ridículo do que está acontecendo!

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Hoje, 24 de abril, é uma data que vai ficar marcada. Eu fui às lágrimas e saí, quando vi os Senadores do PT, de mãos dadas com os delegados, cantarem o Hino Nacional. Mas, meu Deus, onde estamos?! Mas o que está acontecendo?! O que é isso que está acontecendo dentro do Senado Federal?! E, agora, o problema de enfermidade que tenho -- iria ficar em casa, não viria para cá, e estou aqui, porque me disseram: “Olhe, vai ser votada a urgência para o processo tal.” Nunca me passou pela cabeça, ontem ou na semana passada, que iriam votar correndo, como estão fazendo aqui! Olhe, eu sou um crente, com 83 anos de idade…

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco/PT - AC) - Por gentileza, Senador.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Com 83 anos não imaginava viver um dia que nem hoje. Juro que não! O PT está nos tirando o direito de ter esperança e o PT não tinha o direito de fazer isso nem conosco e nem com o povo brasileiro. Agora estamos com o PSDB que, pelas brigas internas, pelo ridículo de coisas que fogem da realidade, um grande partido, com grandes nomes, não se entende internamente para apresentar uma bandeira.

            O nosso PMDB está se preparando para 2018. Até lá ficamos parados para ver o que vai acontecer. O problema é o PT. O PT tem condições para resolver seus problemas, tem condições de resolver suas questões, nem que precise criar mais 30 ministérios, já tem 39…

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - … resolva seus problemas, mas não assim. Não pode obrigar V. Exª a ficar hoje sem dormir, a ter que tomar três comprimidos para ver se consegue dormir, pela mágoa de votar esse projeto. Nem você Suplicy, nem você querido Líder! Não podem, é um crime que estão fazendo com a Bancada do PT, que não tem o direito de aceitar isso.

            Acho que votar um projeto como esse marca. O pacote de abril marcou, está na História do Brasil, como a emenda das Diretas Já marcou, está na História do Brasil. Hoje vai estar marcado. De manhã, de mãos dadas o Hino Nacional abraçados com os delegados de polícia. De tarde, urgência urgentíssima para votar, como quiser, esse projeto que aí está.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Pedro Simon, por gentileza, já tenho que começar a Ordem do Dia. Por gentileza.

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - O Senador Renan é o (Fora do microfone.) homem forte e o homem forte, a gente sabe, pode-se falar, mas o Senado está com ele.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Ô, Senador Renan, V. Exª é um homem realmente extraordinário. Fico pensando, fico vendo, fico analisando como Deus dispõe as coisas nesta Terra, mas Deus põe e a gente ora. V. Exª é o pleno em potencial. Vai falar agora o Dr. Renan, homem que na História do País vai dizer: houve aquele período…

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - … em que mandou Sarney e mandou Dr. Renan.

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco/PMDB - AL) - Senador Simon, eu não entendi o porquê do elogio.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Estou encerrando.

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco/PMDB - AL) - Eu estou chegando. Acabei de chegar.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - É isso mesmo. É que, quando V. Exª chega, acaba tudo.

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco/PMDB - AL) - Mas acabou o tempo do Senador Simon?

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Acabou. Está vendo?

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco/PMDB - AL) - Não.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - É isso aí. E, antes que V. Exª me tire, eu me retiro. Muito Obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/04/2013 - Página 21372