Encaminhamento durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Referente ao RQS n. 361/2013.

Autor
Cássio Cunha Lima (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PB)
Nome completo: Cássio Rodrigues da Cunha Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Encaminhamento
Resumo por assunto
Outros:
  • Referente ao RQS n. 361/2013.
Publicação
Publicação no DSF de 25/04/2013 - Página 21410

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco/PSDB - PB. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, por falar em último, acredito que o Senado da República viu hoje, a partir do pronunciamento do Senador Pedro Simon, o inaugurar do fim de um ciclo político. Todo ciclo político termina um dia. Não há poder que seja eterno.

            O pronunciamento do Senador Pedro Simon entrará na História do Brasil, como foi aquele de Moreira Alves na ditadura, como um marco divisor do inaugurar do fim de um ciclo político.

            Os ciclos políticos terminam por várias razões. Uma das mais óbvias é o envelhecimento, a acomodação com o poder e o distanciamento de plataformas históricas, o abandonar de bandeiras de lutas e o rasgar até mesmo de princípios, de conceitos essenciais para a atividade pública. E com que tristeza assistimos - de forma constrangida, como percebemos até em alguns deles - a personagens que construíram a nossa democracia sendo compelidos a abandonar uma trajetória de vida para atender aos caprichos do Governo.

            Todo governo tem esse lado torto de tentar prorrogar, com mecanismos os mais diversos, a longevidade no poder. O PT envelheceu - e envelheceu muito - com essa manobra que tenta zombar da inteligência do povo brasileiro, porque ninguém vai acreditar nos argumentos que foram aqui trazidos, por mais eloqüentes que sejam os oradores, de dizer que a norma é moralizadora, que a norma tem como objetivo evitar a proliferação de partidos, porque esses mesmos que argumentaram hoje nessa direção não usaram esse mesmo argumento para impedir, por exemplo, a criação do PSD. O PSD foi criado e não faz muito tempo que o PSD foi criado. Por que o Governo tolerou a criação do PSD? Porque tinha a expectativa de tê-lo na Base? Quer dizer que é assim. Quando é para surgir partido que vem para a Base do Governo é permitida a sua criação e quando vem partido para o campo da Oposição fica vedada?

            E nós percebemos nitidamente - e a Senadora Marina ainda se encontra no plenário, para nossa alegria - que a medida que se faz hoje aqui tem endereço, tem nome e tem CPF: Marina Silva. Nem o CPF nem o endereço dela eu sei de cor. Mas está aqui direcionado para impedir que essa valorosa brasileira, que essa mulher digna, honrada, que acredita num Brasil melhor, possa ter a chance de expor as suas ideias, de apresentar o seu ponto de vista, de debater com o Brasil um futuro melhor.

            E será que é esta democracia que nós queremos para o Brasil? Será que nós vamos permitir que, cada vez mais, o PT tente prolongar o seu estágio de poder com manobras como essa, com o aparelhamento do Estado, com privatizações indiretas? Porque, sim, a Petrobras hoje já não é mais uma empresa pública. A Petrobras está privatizada nas mãos dos sindicatos que a controlam. Os fundos de pensão também são utilizados como instrumentos de manutenção de um projeto de poder, porque não há mais projeto para o Brasil. Há, sim, um projeto de poder e todo projeto de poder tem um fim.

            E, hoje, o Senador Pedro Simon, com seu pronunciamento, inaugurou o fim do ciclo de poder do PT do nosso País. Não sei se será na próxima eleição. Talvez não seja, porque, no andar da carruagem, a Presidente Dilma tentará ser candidata única, eliminando a candidatura de Marina. Anotem: daqui a pouco começam a bombardear a candidatura de Aécio Neves. Mais adiante, tentam destruir a honra de Eduardo Campos. E é essa liturgia de manutenção de poder que o PT vem adotando: da cintura para baixo, é canela.

            Portanto, Sr. Presidente, que nós estejamos conscientes das nossas responsabilidades. Há um Brasil inteiro novamente atento ao que se passa no plenário deste Senado. Não há como justificar a urgência que se propõe para este requerimento. Não há como justificar esta urgência, a não ser a pressa de eliminar Marina Silva da disputa presidencial do próximo ano.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/04/2013 - Página 21410