O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, Srª Senadora, Srs. Senadores, inicialmente quero dizer da minha alegria de ter, neste final de semana, visitado as cidades de São Caetano de Odivelas e Vigia de Nazaré, no nordeste do Estado do Pará; cidades pesqueiras, que vivem da extração da pesca, que vivem à margem dos oceanos e que nos causaram uma profunda alegria por passarem, esse final de semana, junto com meus irmãos de São Caetano e de Vigia.

            Sr. Presidente, às vezes, fico a me perguntar, principalmente nesses últimos dias: para onde estamos caminhando? Que Brasil é este? Me causa uma profunda interrogação com o nosso futuro. Me causa uma profunda preocupação com o futuro do meu Estado, da Virgem de Nazaré, da minha querida padroeira, dos meus irmãos paraenses e dos meus irmãos brasileiros.

            A inflação chegou. A ditadura parece que se aproxima. Aquele partido que outrora combatia medidas que hoje ele mesmo faz, ele mesmo proclama.

            Pasmem, senhoras e senhores: tudo orquestrado pelo Governo do PT. A Pátria lê os jornais, lê as revistas, e deve se perguntar: “para onde estamos indo?” Aqui, nesta tribuna, por muitas vezes, este Senador alertou aonde íamos chegar. Por várias vezes, eu disse aqui, nesta tribuna, que a ditadura estava chegando novamente a esta Pátria. Ninguém quis ouvir. Talvez alguns tenham dito, silenciosamente, que eu poderia estar doido, e outros disseram: “como esse cara é enjoado”.

            Está aí. Semana passada, no maior cinismo, queriam derrubar a candidatura da Marina Silva. Não queriam deixar, e não querem. Não querem deixar se criar mais partidos neste País. Mas o tiro está direcionado para cima da Marina. Ordem do Governo, aquele mesmo Governo que pregava a democracia, que dizia ser democrático, que mentirosamente enganava o povo brasileiro. Agora tudo está vindo à tona, Sr. Presidente.

            Olhe o cinismo, Sr. Presidente. Para onde estamos indo, Presidente? Qual é a direção que este País está tomando, meu Jarbas Vasconcelos? Olhe, Pátria amada! Olhe como as revistas começam a divulgar as notícias: “a vingança dos mensaleiros”. A vingança dos mensaleiros!

            Querem tirar a atribuição do Supremo Tribunal Federal, para os mensaleiros não irem para a cadeia, Brasil!

            Onde estamos, País querido? Para onde vamos, Brasil?

            Só falta dizer que vão prender o Joaquim Barbosa. Coitado! É só o que falta dizer. É só o que falta fazer. Eu disse aqui que os mensaleiros não iriam para a cadeia. Eu disse aqui.

            Este é o PT que pregava a democracia. Este é o PT que pregava a seriedade. Este é o PT que pregava respeito à Constituição Federal.

            Querem ou já rasgaram a Constituição. Querem tirar atribuições do Supremo Tribunal Federal, que era em que o brasileiro confiava, que é em que o brasileiro confia. O brasileiro já foi consultado milhões de vezes. Ele não confia neste Senado, ele não confia na Câmara, ele confia no Supremo Tribunal Federal. E querem, agora, tirar o poder do Supremo Tribunal Federal e colocar o poder para cá, onde, sempre e de vez em quando, descobrem-se escândalos.

            Meu Deus do céu, minha Nossa Senhora de Nazaré, minha padroeira querida, onde estamos? Para onde vamos?

            Querem tirar o poder de investigação do Ministério Público, Jarbas Vasconcelos. Querem tirar o poder. Olha aonde chegamos. Querem acabar com o Ministério Público, simplesmente para ir à forra. Querem dizer ao Ministério Público: “Tu denunciaste os mensaleiros, pois agora nós vamos tirar de ti a atribuição de investigação”.

            Malditos petistas! Aonde querem levar a nossa Pátria, por cuja democracia tanto lutamos?

            Meu Presidente, para onde vamos? Para onde estamos caminhando, Presidente? Tirar uma atribuição do Ministério Público? Tirar o poder do Supremo Tribunal Federal, para absolver os mensaleiros, para eles não irem para a cadeia?

            Tirar o direito de cada brasileiro que queira se candidatar a Presidente da República, especialmente o de uma senhora de respeito neste Brasil, chamada Marina Silva? Por que estão com medo? Com medo de quê?

            Para onde vamos? Para onde vamos, Brasil? É preciso refletir, Brasil. É preciso, Pátria amada, dizer ao teu povo, mostrar ao teu povo o que está acontecendo nesta Pátria. É preciso ter voz. É preciso ter coragem. É preciso ter determinação. Isso é uma vergonha! A ditadura chega, bate à porta.

            Querem calar? Querem calar? Para onde Vamos, Presidente?

            Presidente, a inflação também chegou, aquela inflação que nós combatemos tanto quanto combatemos a ditadura, e sofremos tanto quanto sofremos para acabar com a ditadura.

            O poder de mando, o poder ditatorial, fazer aquilo que o Governo quer.

            Eu olhava assustado, na votação passada, para o Plenário. Pensei que os Senadores, na sua totalidade, iriam derrubar aquele projeto. Muitos votaram ainda a favor. Assusto-me com isso, minha Pátria querida. Eu me preocupo com isso, minha Pátria querida.

            Eu que vejo a corrupção tomar conta desta Pátria. São quase 100 bilhões -- bilhões! -- roubados por ano da minha Pátria querida. Corrupção generalizada.

            Eu que vejo a inflação corroer o salário do pobre operário brasileiro.

            Eu que vejo a maior inflação deste País chegar a minha terra querida. A maior inflação está na nossa terra paraense. A maior inflação é a do Estado do Pará.

            A base, Presidente, da comida do paraense é o açaí com farinha de mandioca, principalmente no interior do interior, onde está aquele mais pobre, aquela mais pobre. O litro do açaí foi a quase 200% de aumento, Presidente. A farinha de mandioca passou de R$2,00 para R$10,00, Dilma. Ô Dilma, tu não comes farinha, nem tomas açaí, Dilma. Tu só comes filé mignon. E tu nem sabes o preço, hoje, do filé mignon.

            Presidente, o quilo de feijão, do tomate, da batata, da cebola. Aí aumentam os juros para conter a inflação. Não adianta, Presidente, não adianta. Fizeram um mal terrível para este País. Não tem economista capaz de conter a inflação brasileira. Colocar a culpa na safra é mentira, é mais uma mentira do PT.

            Não fizeram, Presidente, a infraestrutura de que o País precisa para produzir. Nós não temos estradas, Presidente. Nós não temos escoamento dos produtos. Não há como! Pode aumentar juro como quiser. O Produto Interno Bruto não vai chegar à meta, Presidente. Estão mentindo de novo. O Produto Interno Bruto não vai chegar à meta!

            Para onde vamos, Brasil? Onde estamos, Brasil? Numa inflação galopante e num sinal ditatorial, num sinal de ditadura evidente, que ninguém pode negar hoje! A Presidenta está mostrando do que ela é capaz. Uma Presidenta tirar o poder de um Supremo Tribunal Federal! Eu não digo que é o Deputado A, B, C ou D, porque eles são mandados, eles obedecem. Eles não querem perder a migalha que vem a eles do Planalto. Eles não sabem nem o que estão fazendo à Pátria, nem o que estão fazendo à Pátria! Mas ela sabe.

            A Dilma sabe o que é tirar do Ministério Público a atribuição de investigar. Ela sabe o que é tirar o poder do Supremo Tribunal Federal, para que os mensaleiros não vão para a cadeia. Ela sabe! Ela sabe o que é cortar o direito daqueles que têm o direito de se candidatar à Presidência da República. Ela sabe! Ela sabe que não tem mais condições de conter a inflação. Ela sabe!

            Presidente, só existe um jeito: eu vou apresentar um projeto de lei para o próximo salário mínimo. Eu quero ver, Presidente, quem é que vai estar contra R$700,00. Ora, ora, Jarbas! Bolsa Família. Tudo bem, Jarbas. Como está o Bolsa Família com a inflação, Jarbas? Perdeu o sentido. A inflação corrói a bolsa família.

            Não temos saúde. Não temos educação. Cinco litros de açaí e já foi a bolsa família, sem contar com a farinha de mandioca! Bastam cinco litros de açaí e já foi a bolsa família, sem contar com a farinha de mandioca!

            Eu mandei comprar, Presidente, mas não quis trazer para colocar aqui em cima porque um Senador me disse: “Olha, tu vais virar aí um Sílvio Santos, colocando os produtos aqui em cima da mesa. Não faz isso, Mário Couto!” Aí eu acabei seguindo o conselho do Senador. Foi um Senador da Paraíba que me pediu para não trazer o açaí. Eu até dei o açaí. Mas eu senti que o pobre assalariado não tem condições de ter um salário mínimo de R$700,00 neste País!

            Eu estou entrando, na forma que preceitua o art.7º, inciso IV, da Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, com a fixação de R$1.400,00 para o valor do salário mínimo nacional. Eu quero ver quem vai estar contra o que eu estou propondo aqui! Não tem outra forma, não tem outra forma de salvar o povo brasileiro da fome! Não adianta mentir. Chega de mentira! Dão para os Deputados fazerem o que não tem coragem de dizer: “Sou eu que quero tirar o poder do Supremo. Sou eu que não quero a Marina como candidata. Sou eu que quero tirar a atribuição do Ministério Público. Sou eu que quero caminhar em direção da ditadura neste País”. Eu não tenho como controlar, Brasil! Eu não tenho mais como controlar!”

            Não tem economista, no mundo inteiro, que controle a inflação. Não tem ninguém, porque não cuidaram da infraestrutura do País. Não existe, Presidente. E agora querem dar R$700,00 de salário mínimo para o povo brasileiro viver, com o custo dos produtos que estão na prateleira do supermercado.

            Mata! Dilma, mata! Mata, Dilma! Tortura, Dilma! Liquida, Dilma!

            (Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Vou descer, Presidente. Vou descer.

            Presidente, isto aqui dá um filme: “A vingança dos mensaleiros”. Isso aqui dá um filme. Se eu fosse produtor de cinema, eu faria um filme. Isto é um filme.

            Condenaram os caras e se criou o mito, no Brasil, chamado Joaquim Barbosa. Esse é o homem que conseguiu colocar na cadeia um bando de petistas que tinham roubado o Brasil. E depois de um mês, este Senador subiu nesta tribuna…

            (Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - … eles vão se vingar do Supremo, além de não serem presos. Pior: não vão ser presos, mas vão se vingar do Supremo tirando as atribuições máximas do Supremo, rasgando a Constituição nacional!

            E quem faz isso? Ah, são os Deputados. Mentira, Presidente! Quem faz isso é a Dilma, Presidente. Ela tem, no sangue, o sabor da ditadura. E o chavismo está chegando no País, Presidente. Prepare-se!

            (Soa a campainha.)