Discurso durante a 60ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para o trabalho desenvolvido pela Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), que completa 50 anos.

Autor
Ricardo Ferraço (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Ricardo de Rezende Ferraço
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Destaque para o trabalho desenvolvido pela Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), que completa 50 anos.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2013 - Página 22321
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, COOPERATIVA AGRICOLA, CAFE, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), ENFASE, CONTRIBUIÇÃO, NATUREZA ECONOMICA, MERCADO DE TRABALHO.

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exma Srª Presidente desta sessão, Senadora Ana Amélia; Srªs Senadoras; Srs. Senadores, em nosso País, não é muito comum ouvirmos e testemunharmos histórias de instituições públicas ou privadas, de instituições não governamentais e de instituições que se formam tendo como propósito o fortalecimento coletivo que conseguiram atravessar décadas de maneira sólida, de maneira sustentável, com resiliência, superando seus desafios e atravessando 50 anos de fundação. É justamente uma dessas histórias, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que me motivou a vir à tribuna do Senado, nesta noite de segunda-feira.

            Quero falar de uma história de sucesso, de uma história de muito trabalho, de uma história que, em meu Estado, o Estado do Espírito Santo, tem produzido excepcionais resultados econômicos e sociais. Venho registrar aqui o trabalho desenvolvido pela maior cooperativa de café Conilon e de café Robusta do mundo, Srª Presidente.

            O café Conilon e o café Robusta nos têm dado a enorme condição de participarmos externamente dos melhores e maiores mercados de café. É um café com características muito próprias, com características e naturezas muito peculiares. É uma espécie de café que tem representado uma extraordinária oportunidade no Estado do Espírito Santo, sobretudo na região norte do meu Estado. Mas isso se dá não apenas no Espírito Santo. Há cultivos extraordinários dessa espécie de café, o café Conilon, no sul da Bahia, no Estado de Rondônia, em algumas regiões de Minas Gerais. Enfim, o café Conilon está presente hoje em todo o País. E é esse o produto que tem concentrado as atividades da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha, a Cooabriel, que, em 2013, está completando 50 anos de luta e de superação.

            A Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha (Cooabriel), como eu disse, está completando 50 anos em 2013. É uma jornada marcada por um grande conjunto de superações e de conquistas.

            Assim como foi no início, assim como aconteceu, é verdade, nos momentos difíceis, a Cooabriel segue em frente com sua missão de ajudar, sobretudo agricultores de base familiar, que lideram, hegemonicamente, a sua participação na nossa queridíssima Cooabriel.

            Vale ressaltar inclusive, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que a Cooabriel nasce exatamente da necessidade de superação diante de uma crise que nós vivemos em meu Estado, no Espírito Santo, nos anos 60. Uma crise que produziu um problema social muito grande em meu Estado, porque, naquele período, em razão da erradicação do café, grande parte, 80% da lavoura do Café Conilon em meu Estado foi erradicada. E aí, em função da erradicação do café - o café era uma atividade muito importante nos anos 60; hoje ainda é muito importante, mas, nos anos 60, muito mais importante, porque era a verdadeira fonte de trabalho na economia capixaba - o Espírito Santo, em 1962, sofreu um baque muito grande na sua atividade econômica e produziu muita crise por ausência de oportunidade de muitos capixabas. O impacto da erradicação desses cafezais provocou profunda crise em todo o Estado: o desemprego maciço da mão de obra no campo e o intenso êxodo de famílias para as cidades. Isso porque, Srªs e Srs. Senadores, até então, a monocultura do café se constituía na principal atividade econômica e social do meu Estado.

            Até o início dos anos 60, o café era, para os capixabas, não apenas o grande componente de renda interna estadual, mas também a principal atividade geradora de ocupação produtiva, por ser a mais importante fonte de receita tributária para o nosso Estado e o nosso governo. Pois foi em meio a essa crise profunda, a essa crise estruturante, que, lá em São Gabriel da Palha, no norte do meu Estado, uma região, Srª Presidente, de imigrantes poloneses, de imigrantes italianos, de imigrantes alemães, que o Padre Simão idealizou uma forma de unir as famílias, os trabalhadores e os cafeicultores da região, para enfrentar coletivamente os novos desafios que se colocavam à época em razão da erradicação do café.

            Homem de grande liderança na região, não apenas liderança por tudo que representava como evangelizador, mas como liderança religiosa que se envolvia com os trabalhos comunitários e coletivos da região, o Padre Simão encontrou, no cooperativismo, um campo fértil para que os cafeicultores pudessem semear valores de ajuda mútua, solidariedade, democracia, participação e integração.

            Eu venho de um Estado, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em que a propriedade de base familiar é hegemônica, fruto da tradição dos nossos imigrantes italianos, imigrantes pomeranos, imigrantes alemães, e, através da pequena propriedade familiar, nós conseguimos fazer do Espírito Santo o segundo produtor brasileiro de café, e foi o cooperativismo uma ferramenta essencial para que nós pudéssemos conseguir esse modo, esse estilo e tanta eficiência no processo de produção.

            Nas assembleias de que participo, em meu Estado, fortalecendo e ajudando o fortalecimento do cooperativismo, eu digo - e brigo com os nossos produtores, Senadora Ana Amélia - que o cooperativismo é como aquela frase popular: “Catitu fora da manada é comida de onça”. Por isso, você se fortalece quando você se junta e quando você se une em razão de objetivos que são nobres e saudáveis.

            Pois bem, foi esse homem, foi esse padre de grande visão que, naquele momento, conseguiu reunir em torno desse objetivo essa cooperativa, que, hoje, é um exemplo de orgulho e referência para o nosso Estado e para o nosso País. Mas nem sempre foi assim.

            Quando a Cooabriel foi fundada, em 1963, ela iniciou com apenas 38 cafeicultores cooperados. A cooperativa iniciou as atividades com a estruturação de um mercado voltado para atender a seus associados nas suas necessidades básicas. Depois, passou a prestar serviços de comercialização e beneficiamento de café. Ao longo dos anos, a Cooabriel se consolidou como uma das principais referências para a cafeicultura familiar em nosso Estado e em nosso País.

            A entidade é parceira das instituições públicas das esferas de poder, prestando uma inestimável contribuição para o fomento, para a pesquisa, o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação.

            Não é sem outro sentido que, ano a ano, nós temos acompanhado, no Espírito Santo, os ganhos de produtividade. Lavouras produzindo 150, 180 até 200 sacas de café por hectare. Hoje, a Cooabriel, que começou com modestos 38 membros e associados, visionários homens de luta, conta com mais de 3,4 mil associados. Está presente não apenas nos Municípios das regiões norte e noroeste do meu Estado, mas também em Municípios do sul da Bahia.

            A cooperativa acompanha seus sócios desde a escolha da área para implantação da lavoura até a comercialização do produto, oferecendo e garantindo a boa orientação técnica para que esses homens e mulheres, essas famílias possam ter uma vida digna e um resultado adequado do seu esforço e do seu trabalho. Oferece laboratório próprio para análises de solo e plantas; produz e fornece mudas de alto padrão genético, dando orientação de manejo, produção, colheita, secagem, melhoramento da qualidade do café, além de oferecer armazenagem padronizada, assistência jurídica e social aos seus associados.

            Um conjunto, enfim, de serviços que, sem dúvida, contribui de maneira decisiva para os aumentos consecutivos, ano após ano, da produtividade e da qualidade do Conilon capixaba.

            Recentemente, Srª Presidente, tive a honra e o privilégio de participar de mais uma assembleia geral da cooperativa, realizada na sede da entidade, no Município de São Gabriel da Palha, considerado a "capital nacional do Café Conilon". E, sem dúvida, foi um evento muito especial, por estarmos justamente no jubileu da cooperativa. Ali fizemos um sobrevoo por essa história, que é uma história de sucesso, mas uma história de muito suor, de muito trabalho, de uma gente devotada à prosperidade.

            E os números apresentados durante a assembleia mostram que a Cooabriel permanece sólida, avançando firmemente em sua missão de contribuir para o desenvolvimento de toda a região de abrangência dessa que é uma extraordinária cooperativa.

            Ainda no ano de 2012, que se encerrou, a Cooabril alcançou um dado extraordinário, ao conseguir recepcionar e comercializar um milhão de sacas de café. Uma marca histórica, que demonstra e mostra o sucesso, por ser não uma cooperativa de médios e grandes produtores. Não. Sem conflito algum com isso, mas, por ser uma cooperativa formada por pequenos produtores de base familiar, conseguiram esse dado, que é uma referência extraordinária.

            Por isso, quero fazer o meu registro de felicitação, de respeito e de reconhecimento ao trabalho desenvolvido pela Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha, a nossa vigorosa Cooabriel, pelos resultados demonstrados em seu último balanço patrimonial, financeiro e social.

            Por isso mesmo, daqui, da tribuna do Senado Federal, faço este reconhecimento à Cooabriel, desejando vida longa a essa cooperativa, que tem dado uma extraordinária contribuição e colaboração aos cafeicultores e a um conjunto muito relevante de cidades e Municípios do meu Estado.

            Muito obrigado, Srª Presidente, muito obrigado, Srªs e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2013 - Página 22321