O SR. PAULO DAVIM (Bloco/PV - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, não há livro, documentário ou relato que substitua a emoção de conhecer de perto a imensidão verde da Floresta Amazônica. Pisar aquele chão, sentir a umidade da terra, respirar o mesmo ar de nossos ancestrais nativos e inundar o olhar com todo aquele verde é, definitivamente, uma experiência única e impactante.

            Tive essa oportunidade, recentemente, a convite do Exército Brasileiro e do Comando Militar da Amazônia. Fui conhecer o trabalho que é feito naquela região no que se refere à fiscalização e à defesa de nossas fronteiras. Os principais problemas enfrentados pelos Pelotões de Fronteiras (PEFs) são o desmatamento, o tráfico de pessoas, o tráfico de drogas, o contrabando e também a biopirataria.

            Partimos de Brasília em direção a Manaus no dia 25 de abril. Chegando ao Comando Militar da Amazônia, ouvimos uma palestra sobre o trabalho realizado pela instituição. Para se ter uma ideia, a fronteira do Brasil tem mais de 12 mil quilômetros, e são apenas 23 Pelotões de Fronteiras, cada um com aproximadamente 70 homens.

            Muita gente não faz ideia, mas a Amazônia Legal corresponde a 61% do território nacional. Engloba os Estados do Norte e do Centro-Oeste e um pedaço da região norte do Maranhão. Além da proteção e defesa do nosso território, o trabalho do Exército também envolve a proteção do povo nativo, dos índios.

            Conhecemos também um pouco do Centro de Embarcação do Exército, responsável por toda a proteção e patrulha dos rios da Amazônia, e o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), lugar onde são feitos treinamentos específicos de sobrevivência na selva para militares de todo o mundo.

            Na sexta-feira, dia 26 de abril, partimos para a cidade de Tabatinga, onde fica o 8º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), sediado dentro do Forte São Francisco, fundado em 1776. A partir daquele ponto é que, de fato, se iniciou a grande emoção do encontro com a selva.

            Nosso destino foi o 2º Pelotão de Fronteiras, o Ipiranga, situado às margens do Rio Içá, na tríplice fronteira Brasil, Peru e Colômbia, distante apenas 500 metros da Colômbia. Durante todo o voo que nos levaria até lá, nossos olhos, de ponta a ponta, só vislumbravam o verde da mata, quando não os rios e os afluentes dos grandes e já conhecidos rios que serpenteiam a Amazônia e conferem uma beleza ainda mais deslumbrante ao lugar. Vendo e vivendo aquela experiência, cheguei à conclusão de que todo brasileiro deveria conhecer toda aquela exuberância da selva brasileira.

            Vivem no Pelotão cerca de 70 militares, entre tenentes, soldados, cabos, sargentos, um dentista, um farmacêutico e um médico. Nas adjacências do Pelotão, vivem cerca de 300 pessoas, incluindo as esposas e os filhos dos militares. O tempo inteiro, a palavra “Selva!” é usada como uma interjeição, uma afirmação, um cumprimento ou um comando entre eles. E nós, os convidados, somos impelidos, naturalmente, a absorver esse hábito. “Bom dia”, “obrigado”, “boa noite”, tudo é traduzido por “Selva!”.

            É perceptível uma aura mística no lugar e dá para sentir também, entre os pelotões e os povos nativos, o carinho, o respeito e a gratidão pela selva. Tudo gira em torno daquela grandiosa mata, uma declaração concreta do poder da natureza e de Deus sobre todo o resto.

            Voltei revigorado, com meu sentimento de compromisso ainda mais fortalecido para a necessidade de preservação da nossa biodiversidade, das nossas terras, dos nossos rios, do nosso povo brasileiro. Temos uma riqueza inestimável. Temos um Brasil verde que pulsa e que emociona.

            Selva para todos!

            Muito obrigado, Srª Presidente.