Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Leitura do artigo intitulado “A cidade gosta do agronegócio”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 13 do corrente.

Autor
Blairo Maggi (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Blairo Borges Maggi
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
AGRICULTURA.:
  • Leitura do artigo intitulado “A cidade gosta do agronegócio”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 13 do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2013 - Página 25790
Assunto
Outros > AGRICULTURA.
Indexação
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REFERENCIA, IMPORTANCIA, AGROINDUSTRIA, RELAÇÃO, POPULAÇÃO URBANA.

            O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco/PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, muito obrigado pela oportunidade e pela aula que hoje eu tive de como me inscrever para falar aqui no plenário.

            Também quero cumprimentar os colegas Senadores mexicanos que estão aqui conosco. Já participamos, hoje, pela manhã, de uma reunião na Comissão Mista de Mudanças Climáticas, e também eles estiveram nos visitando lá na Comissão de Assuntos Econômicos. Portanto, quero cumprimentá-los. Sejam bem-vindos aqui no nosso plenário do Senado Federal.

            Srªs e Srs. Senadores, eu venho hoje a esta tribuna para falar sobre um artigo que foi publicado, Senadora Ana Amélia, no jornal Estadão, O Estado de S. Paulo, no dia 13 de maio, no dia de ontem, de 2013, do Sr. José Luiz Tejon Megido, que é Coordenador do Núcleo de Agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing e é comentarista também da Rádio Estadão.

            E eu quero ler o artigo que ele publicou ontem, porque o achei extremamente importante e porque há muito tempo eu fazia essa pergunta a mim mesmo: o que as cidades achavam da agricultura, do agronegócio. E o título do artigo do Sr. José Luiz Tejon Megido diz o seguinte: "A cidade gosta do agronegócio".

            E aí começa o artigo então:

Malmequer, bem-me-quer?

A Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) e o Núcleo de Agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing (...) queriam saber o quanto a população urbana brasileira percebia como importante ou não, e em que dimensão, o agronegócio. Também sobre os agricultores e as atividades envolvendo esse macrossetor, que - integrando todos os seus elos do antes, dentro e pós porteira das fazendas - significam algo em torno de R$1 trilhão do produto interno bruto [brasileiro].

Os dados foram apresentados na pesquisa sobre a percepção da população urbana brasileira dos grandes centros populacionais sobre o agronegócio e desvendam consideráveis mudanças na imagem que o urbano faz do novo agro nacional.

Os principais dados apontam para 81,3% da população considerando o agronegócio "muito importante" para a economia nacional. Nos casos em que os respondentes têm ensino superior, a importância máxima atribuída chega a 97,2%. [Portanto, quanto mais instruído o cidadão ou com mais estudo universitário, mais ele tem a compreensão da importância do agro para a economia brasileira]. No aspecto relativo à importância dos agricultores para a vida dos brasileiros, 83,8% avaliam essa atividade como muito importante. E o produtor figura ao lado das demais quatro atividades mais importantes na percepção do cidadão urbano: médico (97,1%), professor (95,8%), bombeiro (94,3%) e policial (83,9%). Na Região Nordeste, o agricultor recebe a avaliação máxima de 92,8%. Quando perguntado sobre "qual país tem o agronegócio mais desenvolvido", o povo coloca o Brasil como campeão mundial - tudo isso no reino das percepções, pois se avançamos mais ainda, temos gargalos e deficiências consideráveis para sermos considerados o número um nesse setor, à frente de Estados Unidos, China e Japão, entre outros.

Quanto aos setores considerados os “mais avançados” e “orgulho nacional”, o agronegócio, na média do País, ocupa o quinto lugar, atrás dos de mineração...

(Soa a campainha.)

O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco/PR - MT) - ...petróleo, automobilístico, construção e eletroeletrônica, porém à frente de bancos, transporte, educação e saúde. Entretanto, no Centro-Oeste, o agronegócio figura ao lado de mineração e petróleo, considerado o mais avançado e “orgulho nacional”.

As profissões mais associadas ao agronegócio são: 1) [engenheiro] agrônomo; 2) engenheiro ambiental; 3) peão [de fazenda]; 4) médico veterinário; 5) administrador e 6) nutricionista. Isso também é revelador sobre o conceito de cadeia, em que o cidadão consumidor da cidade guarda a visão de que o campo é originador de muitos produtos transformados e, obviamente, dos alimentos e bebidas, como core dessa função.

Da mesma forma, meio ambiente, consumo de água e “estilo country” de ser são três ângulos presentes e percebidos como aspectos que marcam...

(Soa a campainha.)

O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco/PR - MT) - ...o agro na preocupação dos cidadãos urbanos, que também apontaram consciência a respeito da ciência, da tecnologia e da pesquisa para poder atuar na nova agropecuária. Como aspecto cultural, culinária, música, feiras e festas são ingredientes considerados pelo urbano como presentes na sua vida, vindos lá do campo.

Se nos últimos 30 anos mudaram extraordinariamente as cidades, o consumidor e o cidadão, da mesma forma o agronegócio não é mais o mesmo, e a cidade grande - os 12 maiores contingentes populacionais do Brasil e, consequentemente, os 12 principais colégios eleitorais (as cidades pesquisadas) - alterou suas percepções sobre um campo antigo, atrasado, dominado pelos barões, pelos coronéis e reis do gado extensivo para um novo campo com uma tecnologia...

(Soa a campainha.)

O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco/PR - MT) - ...educação e novos profissionais e profissões.

Qual a importância de tudo isso? Muda significativamente o olhar das lideranças do próprio setor sobre si mesmas e sobre o que a cidade pensa. E deveria alterar a atenção e a velocidade da gestão e da governança pública, de políticos e de executivos, responsáveis pelos pontos mais frágeis do agronegócio do País hoje: infraestrutura pós-porteira das fazendas, burocracia, tributação caótica e o necessário planejamento, seguro e ambientes propícios à organização das cadeias produtivas entre elas mesmas.

Precisa mudar o jogo do perde-perde, como assistimos na relação entre produtores de trigo e moinhos, entre os citricultores e os processadores, por exemplo. E isso vale para quase tudo: o leite...

(Soa a campainha.)

O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco/PR - MT) - ...o cacau, a cevada, o café, o frango, o suíno, o milho, a mandioca, a banana, o pepino, a alface, o feijão, o arroz, até o atualmente famoso tomate e assim por diante.

A cidade percebe o agronegócio como sendo não dependente de subsídios governamentais, ou seja, uma atividade mais privada. E ainda coloca esse setor da economia em níveis comparativos ao segmento da construção do ponto de vista da empregabilidade, e são as suas percepções.

A palavra "agronegócio" não é ainda decodificada pela maioria da população. Ao ser perguntado de forma espontânea, esse termo conta com 40% de "não sei dizer" [ainda não sei o que é]. A Região Sudeste é a que menos sabe espontaneamente sobre esse segmento, comparativamente às demais regiões.

Entretanto mais de 55% dos entrevistados declararam ter algum tipo de interesse sobre o setor.

Na população mais jovem, de 16 a 24 anos, a desinformação acerca do agronegócio é mais acentuada do que nas outras faixas etárias, o que exige das lideranças contemporâneas do agro uma atitude moderna da governança de redes sociais. Porque, se, ao mesmo tempo, é o jovem o mais desinformado, a pesquisa também revela serem as pessoas que têm mais computador, acesso à Internet exatamente as que são bem mais informadas sobre a visão da cadeia de valor do agronegócio e do seu entorno.

A cidade mudou, o campo também. Uma nova ordem para essa governança passa a ser necessária. O fato novo é: a cidade gosta do agronegócio!

            Esse artigo foi escrito, então, no Estadão, no dia de ontem, por José Luiz Tejon Megido, Srª Presidente, e o li porque considerei, como disse no início da minha fala, extremamente importante, pois há um reconhecimento, agora, medido por pesquisa, de que as cidades gostam do agronegócio.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2013 - Página 25790