Pela Liderança durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação contrária a julgamentos antecipados em investigação no Estado do Acre.

Autor
Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Anibal Diniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL, CORRUPÇÃO.:
  • Manifestação contrária a julgamentos antecipados em investigação no Estado do Acre.
Aparteantes
Wellington Dias.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2013 - Página 25885
Assunto
Outros > ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL, CORRUPÇÃO.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, FATO, INVESTIGAÇÃO, AUTORIA, POLICIA FEDERAL, REFERENCIA, CORRUPÇÃO, LOCAL, ESTADO DO ACRE (AC), REGISTRO, APREENSÃO, ORADOR, RELAÇÃO, ANTECIPAÇÃO, CONDENAÇÃO, PESSOAS, AUSENCIA, JULGAMENTO.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador José Pimentel, Srs. Senadores, telespectadores da TV, ouvintes da Rádio Senado, o que me traz à tribuna nesta noite em que fazemos um serão no aguardo da medida provisória dos portos, que está para ser aprovada na Câmara e que, acertadamente, conseguimos aprovar o requerimento para que a sessão se estendesse pelo tempo necessário para que pudéssemos receber a medida provisória dos portos e dar essa grande contribuição ao Brasil, essa resposta que o País está dando a esse problema de logística que, certamente, terá um saldo de qualidade a partir da aprovação da medida.

            Mas gostaria de utilizar o tempo de hoje para fazer alguns esclarecimentos necessários.

            Nós temos uma crise instalada por conta de uma operação ocorrida no Acre pela Polícia Federal. Esse assunto virou notícia nacional: O Jornal Nacional e os grandes jornais deram repercussão. Os integrantes da oposição, no Estado do Acre, tentam passar para a sociedade a ideia de que nós vamos ficar de cabeça baixa, que não vamos tratar desse assunto, que vamos dar o calado como resposta, quando, na realidade, a moralidade pública no Acre se instalou com os governos da Frente Popular, com o governo do PT, com Jorge Viana, com Binho e com o Governador Tião Viana.

            O Estado democrático de direito, hoje, se faz presente no Acre e, de maneira muito mais viva, no Brasil por conta também dos governos da Frente Popular. Foi o Presidente Lula quem deu totais condições para que os órgãos de Estado atuassem com maior liberdade e tivessem muito mais poder e capacidade de investigação, e no Estado do Acre não foi diferente.

            Quando Jorge Viana assumiu o governo, em 1999, o crime organizado estava incrustado nas estruturas de governo, estava dentro da Polícia Militar, estava dentro das estruturas de governo ditando as ordens, inclusive para o próprio governador. De lá para cá, muito se trabalhou, houve muito empenho e muita dedicação para transformar o Acre num Estado viável, num Estado respeitado, num Estado que atingiu um nível de civilidade inclusive.

            Todavia, é claro que quem está no governo, em qualquer governo, pode se deparar com situações desconfortáveis por conta de atitudes de pessoas isoladas, de grupos que precisam ter a devida correção.

            Mas nós não podemos, de maneira nenhuma, julgar por antecipação, estabelecer pré-julgamentos por conta da investigação que está sendo feita. Há uma investigação sendo feita, ela foi tornada pública, mas as atitudes de governo continuam sendo tomadas, com toda a responsabilidade, no sentido de dar segurança à população de que o governo do Estado do Acre está sendo conduzido com lisura, com respeito ao patrimônio público, com absoluta correção nos investimentos, embora tenha esse caso surgido.

            Pretendo, agora, ater-me às providências que estão sendo tomadas.

            Em primeiro lugar, foi a nota tornada pública pelo próprio governador, que diz o seguinte:

Ao tomar conhecimento de operação deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira, dia 10, o governador do Estado do Acre vem a público expressar o irrestrito apoio a toda e qualquer ação da Polícia Judiciária no combate de ilicitude de natureza funcional ou material. O governo do Estado é absolutamente transparente no exercício de suas funções e intransigente na defesa dos valores morais da função pública e pessoal. O governo do Estado sempre expressou tolerância zero contra qualquer prática de corrupção. Neste momento, o governo se reserva o direito de aguardar os devidos e plenos esclarecimentos dos fatos para adotar, sempre que necessário, as medidas em defesa da ética e da função pública. Ao mesmo tempo, o governo do Estado do Acre afirma que, enquanto não houver um juízo condenatório, quer seja na esfera judicial, quer seja na esfera administrativa, é justo fazer com absoluta consciência a defesa à integridade moral de secretários e técnicos de governo supostamente envolvidos em fatos tornados públicos. Não se condena antecipadamente e não se pune antecipadamente. A presunção de inocência é um direito constitucional garantido a todo e qualquer cidadão.

            Assina esta nota o Governador Tião Viana, Governador do Estado do Acre.

            Ao mesmo tempo, houve uma tomada de posição em solidariedade à atitude do governo do prefeito de Rio Branco, Prefeito Marcos Alexandre, e houve também uma nota de esclarecimento do Partido dos Trabalhadores, do Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores, nos seguintes termos:

O Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores do Acre vem a público manifestar-se acerca dos episódios relacionados à denominada Operação G7 desencadeada nesta sexta-feira pela Polícia Federal e que resultou na prisão de integrantes do governo do Estado do Acre e de empresários da construção civil. O Partido dos Trabalhadores reafirma o seu compromisso com a ética na vida pública e sua luta intransigente no combate á corrupção, compreendendo que nenhum governo, por sua dimensão, está livre de situações que, mínimas que sejam, possam colocar sob suspeita seus membros. O fundamental nessas situações é a atitude dos governos em apurá-las.

Nesse sentido, consideramos elogiável a postura do Senador Tião Viana ao apoiar o aprofundamento das investigações, numa clara demonstração de que tem um compromisso verdadeiro com a transparência em sua gestão, já demonstrado inclusive em recentes ações da Polícia Civil que desbarataram supostos esquemas de corrupção no Detran e na Sefaz.

Da mesma forma, diante da necessidade de aprofundamento das investigações e de comprovação dos fatos, consideramos imprudente emitir qualquer prejulgamento que venha a desabonar os investigados, alguns deles filiados ao Partido dos Trabalhadores. Defendemos os princípios constitucionais do devido processo legal e da presunção da inocência. Neste sentido, devemos aguardar os desdobramentos da investigação.

O Partido dos Trabalhadores no Brasil e no Acre tem um legado republicano quanto a democracia e transparência na esfera pública. Não devemos esquecer que foi em nossos governos que foram criados os orçamentos participativos, os portais de transparência, o Diário Oficial online, as controladorias, a Lei de Acesso a Informações Públicas e foram fortalecidas as atuações da Polícia Civil e Federal, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.

            No mesmo teor está a nota da Prefeitura de Rio Branco sobre a Operação G7: O Prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, divulgou a seguinte nota:

Nota de Esclarecimento.

A respeito da operação da Polícia Federal ocorrida hoje, dia 10 de maio, em Rio Branco, manifesto os seguintes esclarecimentos:

- Apoiamos toda e qualquer ação da Polícia, dos órgãos de controle externos e internos no combate à corrupção. Essas instituições foram fortalecidas durante os nossos governos nas esferas federal, estadual e municipal;

- A gestão da Frente Popular tem por princípios a ética, os valores morais, o zelo e a austeridade com os recursos públicos. Fui membro da equipe de Governo do Estado e sei da firmeza do Governador Tião Viana e de sua intolerância com a corrupção; e

- Não nos cabe neste momento qualquer julgamento prévio, sendo o mais sensato aguardar a apuração dos fatos, à qual somos amplamente favoráveis, evitando qualquer condenação antecipada e injusta.

            Esta é a nota do Prefeito de Rio Branco, assinada pelo Prefeito Marcus Alexandre.

            Vale ressaltar, Srs. Senadores e telespectadores da TV que nos acompanham, que a operação da Polícia Federal ela cumpre o seu rito e, depois, terminado esse processo investigatório, vai passar pela análise do Ministério Público e, posteriormente, pelo julgamento do Tribunal de Justiça.

            Mas vale sempre lembrar que, muitas vezes, antes de esse processo ser concluído, as pessoas já estão sendo julgadas e condenadas pelos meios de comunicação. É isso que nos preocupa, porque, se há evidências de diálogos comprometedores por parte de algumas pessoas - e nós entendemos que as pessoas que têm responsabilidade por terem cometido atos ilícitos devem pagar por isso -, nós devemos ter todo o cuidado no sentido de proteger aquelas pessoas inocentes que são envolvidas da mesma forma e são tratadas na vala comum.

            E vejam que as informações vão sendo postas de maneira atravessada. Por exemplo, diz-se que, na cidade de Tarauacá, foram executadas apenas 20% das obras do programa Ruas do Povo, apesar de 100% das obras já terem sido pagas. Na realidade, na cidade de Tarauacá, foram projetadas 69 ruas. Dessas 69 ruas, 46 já foram concluídas e as 23 ruas restantes estão programadas para 2013 e 2014.

            Na Vila Campinas, próxima a Rio Branco, foram programadas 57 ruas. Foram executadas 11 e restam 46 para serem executadas.

            O mesmo podemos dizer da cidade de Epitaciolândia, onde foram projetadas 263 ruas, todas executadas. Ou seja, 100% do que foi estabelecido como meta na cidade de Epitaciolândia foi concluído.

            Em Manoel Urbano, foi programada a pavimentação de 71 ruas. Foram concluídas 48, restando 23.

            Em Plácido de Castro, foram projetadas 89 ruas. Estão concluídas 17 e 72 estão em fase de execução.

            Dessa forma, a gente pode pegar todos os Municípios do Acre. Cada um tem uma meta, e o Governo do Estado executou, quase sempre, a maior parte dessa meta, restando a menor parte para os anos de 2013 e 2014.

            O programa Ruas do Povo é um programa que resgatou a dignidade de milhares de famílias no Estado do Acre, milhares de famílias que se encontravam isoladas por conta da quase inexistência de vias de acesso até suas residências. O Governador Tião Viana se lançou nesse desafio, um desafio extremamente ousado. Ele se lançou no desafio de pavimentar todas as ruas urbanas dos Municípios do Acre, um desafio extremamente ousado, e tem procurado, com todos os seus esforços, mobilizando toda a sua equipe, mobilizando o empresariado local, tentar concluir esse objetivo até 2014. É um objetivo que exige muita abnegação dos seus servidores.

            Podemos citar aqui o exemplo do Secretário de Obras, Wolvenar Camargo, que está detido, preventivamente, por conta das investigações que estão sendo efetuadas.

            Wolvenar Camargo é uma pessoa que veio de Minas Gerais para morar no Acre. Ele veio como arquiteto e praticamente iniciou sua carreira profissional no Acre. Ele aderiu ao serviço público, abdicando, inclusive, das vantagens que teria como arquiteto renomado que era, aliás, que é, um excelente arquiteto, um arquiteto muito, muito renomado, com muitas obras executadas no Acre. Ele aderiu a um chamamento para vir ao serviço público. Veio e ajudou Jorge Viana quando era Prefeito de Rio Branco, ajudou Jorge Viana no Governo do Estado, depois ajudou o Prefeito Angelim e agora está ajudando o Governador Tião Viana. Ele teve, na sexta-feira, sua casa invadida por conta dessas escutas e está preso. Veja o que escreveu o Senador Jorge Viana em seu blog, em seu site e na sua fan page:

Compartilho com vocês uma carta que chegou às minhas mãos escrita pelo Caetano, filho do Wolvenar. Conheço bem o Wolvenar, um dedicado técnico que nesses anos todos nos ajudou a reconstruir o Acre. Vi a batalha dele e da Helena para criar seus filhos. O Caetano tem 28 anos, é uma figura querida, cheia de sonhos, como muitos dos jovens acreanos. O Wolvenar é um profissional competente, honesto, talentoso e apaixonado pelo Acre. Para trabalhar e se dedicar ao nosso Estado, muitas vezes perdeu a chance de estar perto do filho Caetano e das filhas Liliane e Gabriela. Agora que enfrenta um dos maiores desafios de sua vida, que é lutar por justiça e enfrentar a injustiça, Wolvenar tem aquilo que todo pai sonha ter: os filhos do lado. Caetano escreveu uma carta bonita e forte que reproduzo aqui. Lendo essa carta, talvez as pessoas entendam o quanto tem sido duro para algumas famílias esse momento. O pior de tudo é o pré-julgamento e a agressão que eles vêm sofrendo. Concordo com o Caetano: o que estão fazendo com o seu pai, Wolvenar, é uma injustiça.

            Isso foi publicado pelo Senador Jorge Viana.

            A carta do Caetano diz o seguinte:

O que fizeram com meu pai é uma injustiça.

Posso ser leigo, não entender como as leis, os artigos, os parágrafos se desenrolam, porém, o pouco que eu imaginava ter conhecimento caiu por terra. Imaginava eu que todos nós, perante a lei, somos inocentes até que se prove o contrário e que, antes de qualquer coisa, todos nós temos direito à defesa e de termos conhecimento do que estamos sendo acusados antes de qualquer represália.

De repente, acordo um dia e descubro que realmente eu sou um sonhador (como pessoas que convivem comigo dizem, que vivo nas nuvens, no mundo da lua). Em uma manhã tão normal, como outra qualquer, vejo meu pai, sim, meu pai, Wolvenar Camargo Filho, cercado pela polícia na minha casa. Sabe aquele mineiro de nascença e acriano de coração? Esse é o meu pai, uma pessoa guerreira e corajosa, que se formou em arquitetura e que, como um bom cabeça dura, que sempre foi (como poderia ser diferente um descendente de italiano e, pra quem acredita, ainda por cima, nasceu ariano), ao conhecer o Acre, pouco antes de sua formatura, já havia decidido que iria voltar pra cá.

Foi assim que, há mais de 32 anos, com uma mala na mão e um sonho em mente, chegou aqui sem nada e fez daqui seu lar, escolhendo esta terra e a aceitando de coração, começando a crescer aqui e inclusive constituindo sua família. Mesmo passando dificuldades e estando longe de todos seus familiares e pessoas queridas, não desistiu e batalhou. E como batalhou!

Chegando aqui para morar em uma humilde casa (lembro-me de uma história marcante que ele e minha mãe contam, que, como não tinham condições, sentavam em sua varanda para poderem escutar o jornal da TV do vizinho), com muito esforço, conseguiu fazer sua vida aqui, sempre trabalhando árdua e honestamente para conseguir tudo que conquistou até hoje. Fez nesta terra, da qual hoje sou filho, seu nome profissional, sempre mostrando sua competência, responsabilidade, esforço, honestidade e sempre tendo como maior riqueza o seu nome, sua ética e sua honra. Um pai que, mesmo não tendo muito, nunca deixou faltar nada a nós três, seus filhos, que, mesmo em momentos de grandes dificuldades, fazia questão de nos manter bem, de nos prover estudos, de nos dar tudo que podia, e sempre foi assim. Um pai totalmente amoroso, que sempre nos ensinou a sermos corretos, educados e que nos mostrava sempre que a base de tudo são os estudos, que, se não batalharmos e estudarmos, não seremos nada nesta vida, uma pessoa que sempre lutou tanto, que sempre se dedicou ao máximo ao seu trabalho, sempre defendendo seus ideais.

Realmente, posso dizer, uma das pessoas mais fortes que conheci em minha vida, que, mesmo em frente a um câncer que lhe acometeu e lhe deixou sequelas, não se deixou abater, levantando sempre a cabeça e enfrentando seus problemas de frente. Uma pessoa que, por tanto empenho em seu trabalho, começou a apresentar sinais de cansaço, tendo sua saúde afetada, mas que, mesmo assim, nunca diminuiu seus esforços em relação ao seu trabalho e ao cuidado dos filhos.

De repente, me vejo perdido em meus pensamentos. Acho que, por um sentimento de indignação e impotência, vejo a imagem de meu pai sendo atingida de uma forma tão covarde, sem nenhum direito de defesa, sem realmente não haver nenhuma prova concreta, sem nenhuma explicação plausível. Simplesmente quiseram assim e assim foi feito. Não que eu ache que não deva haver investigação, que os fatos não devam ser apurados, mas deveria, primeiramente, haver respeito na forma com que as coisas são tratadas. Deveria haver consideração, tratar meu pai como culpado sem nem ao menos mostrar provas contundentes, sem ter um julgamento, sem haver uma real explicação, tratá-lo assim como um bandido é uma forma de descaso que nunca mais poderá ser desfeita.

Meu pai, que sempre fez de tudo para melhorar o Estado que tanto ama, que, por escolha, fez dele seu Estado do coração, que sempre batalhou para que houvesse um futuro melhor e que, principalmente, sempre priorizou a transparência. Isso, sem dúvida, nunca poderei chamar de justiça. Muito pelo contrário, tudo que está ocorrendo, tudo que vejo falar e nada provar, tudo o que temos passado só pode ser descrito com uma só palavra: o que fizeram com o meu pai é uma injustiça.

            Essa carta é do Caetano Camargo, filho do Wolvenar Camargo, Secretário de Obras do Governo do Estado do Acre...

            O Sr. Wellington Dias (Bloco/PT - PI) - Senador…

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - ..., que, por conta das investigações, foi preso preventivamente. Ainda que não tenha sido julgado, está sem o direito de defesa, já sendo condenado por pessoas como o Senador Petecão, que veio aqui para dizer que as escutas telefônicas que a Polícia Federal tornou públicas já são provas, já são a condenação das pessoas. Na realidade, condenação é a publicização exagerada, que faz com que honras que são fruto de uma vida inteira de trabalho sejam abatidas da forma como está sendo abatida por pessoas irresponsáveis e inescrupulosas.

            Há apoio às investigações? Sim. As investigações estão sendo feitas. Por que a imprensa, as pessoas que estão tripudiando sobre esses acontecimentos não dão tempo, não esperam o resultado das apurações para publicarem as suas conclusões? Não. Eles partem com aquela ideia de quem tem um site, quem tem um jornal na mão tem a reunião dos poderes do Ministério Público, da Polícia Federal, da Justiça, do Supremo Tribunal Federal, porque já saem condenando as pessoas, sem imaginar que as pessoas têm uma história, as pessoas têm uma vida e as pessoas têm um legado.

            Vai ver o que possui o Wolvenar! Wolvenar Camargo pegou um câncer. Sabe como foi tratado, Senador Humberto? Fazendo vaquinha. A gente teve que fazer vaquinha para mandá-lo para se tratar fora do Acre. E hoje é tratado aqui por um Senador Petecão, que deveria agradecer de outra forma os votos que teve do povo do Acre. Mas trata uma pessoa que sempre fez bem ao Acre como o companheiro Wolvenar como se fosse um bandido, tão-somente por causa de escutas telefônicas cruzadas que pegam parte de um, parte de outro diálogo, como se fosse uma condenação inquestionável, indefensável.

            Não é assim. Não é assim. Política a gente faz de cabeça erguida. E nós vamos fazer a mesma política defendendo os nossos ideais e defendendo o direito do povo do Acre de ter a sua opinião final sobre cada um dos acontecimentos. É claro que fica uma disputa desigual quando a grande imprensa, quando o Jornal Nacional solta uma informação sem apurar devidamente os fatos. O que tem ali, posto pelas investigações da Polícia Federal, é uma parte da história. Por que não vai ouvir a fundo o que foi planejado, o que foi estabelecido como meta, o que foi executado, o que está faltando para ser executado? Se há problemas em uma ou outra rua que foi executada, que se responda por essa rua, o que não chega a 5% do total das obras executadas.

            Problemas na BR-364 - esse é outro assunto que o Petecão traz costumeiramente -, nós próprios viemos aqui tantas vezes para dizer...

(Interrupção do som.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - ... problemas existem quando se faz... (Fora do microfone.) Quando se executa uma obra numa rodovia como a BR-364, é natural que, com o passar dos anos, os problemas aflorem. Mas não. Todas as vezes em que aparece um problema, já coloca em questionamento a honra de quem executou essa obra.

            Não é assim que se faz política. Nós sabemos o quanto é difícil conquistar as coisas, executar as coisas, transformar um Estado como foi transformado o Estado do Acre. Um Estado que era desacreditado, que não tinha empresas, que não tinha iniciativa privada, que não tinha... O Poder Público estava destruído, cinco meses de salário atrasado. Salário, que é sagrado, do servidor estava cinco meses atrasado quando Jorge Viana assumiu o governo. Hoje o Acre é um Estado superavitário, um Estado com capacidade de endividamento. A relação dívida/PIB do Acre é uma relação absolutamente confortável. Aí, vem aqui um Senador da República falar asneiras, dizer que o Estado está endividado, inviabilizado. Que nada! Nós temos um Estado absolutamente viável, tanto é que conseguimos recursos junto ao BNDES, junto ao Banco Mundial, justamente porque temos a comprovação de que a nossa economia, a relação dívida/PIB do Estado é uma relação que permite, que dá credibilidade para o Estado obter recursos de financiamento.

            Então, é sobre esse aspecto que a gente quer refletir. Tem problemas no Acre? Tem. Tem disputa política? Tem. E nós reconhecemos. E nós reconhecemos o direito de o povo escolher. Disse há pouco: o povo escolheu Jorge Viana Senador, escolheu Petecão Senador. Palmas para o povo! Foi uma decisão que estabeleceu um equilíbrio. Agora, vamos respeitar o sentimento do povo também e esperar que uma investigação dessa magnitude aconteça até a sua plena conclusão, com o trânsito em julgado e quem for culpado. Aí sim, a gente vai poder estabelecer uma posição definitiva, mas sair já, antecipadamente, festejando, dizendo que Deus trouxe esse momento para ele, tripudiando sobre uma situação tão desconfortável para o Acre, para as pessoas que estão vivendo isso... Para todo mundo é muito desagradável. Quem é que festeja porque alguém é pego cometendo um ilícito no Estado? É extremamente desagradável...

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - ... porque nós queremos transparência e decência na política. E o dia em que alguém pratica um ato ilícito é algo extremamente ruim para nós, que fazemos política com seriedade.

            Cada vez que aparece um escândalo mancha, de um modo geral, todos que fazem política, porque as pessoas nos olham de forma atravessada. Então, não dá para vir à tribuna do Senado comemorar porque tem algo errado acontecendo num setor ou noutro do Estado. Nós temos que lamentar que isso aconteça e combater com veemência qualquer ato ilícito, qualquer ato de corrupção.

            O Sr. Wellington Dias (Bloco/PT - PI) - V. Exª me permite?

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Ouço com atenção o Senador Wellington Dias.

            O Sr. Wellington Dias (Bloco/PT - PI) - Senador Anibal, quero, não só como Senador, mas também como Líder do Partido dos Trabalhadores... Eu já me manifestei aqui, primeiro a V. Exª, ao nosso Senador Jorge Viana, que está lá no Acre, ao Governador Tião Viana e ao Binho Marques, que esteve aqui hoje, para transmitir primeiro a nossa confiança em toda a história, em todo trabalho desenvolvido no Estado do Acre, trabalho que prima sempre por muita seriedade e por muito compromisso com a população, compromisso com o povo. Quando a gente passa dos 50 anos de idade - eu já cheguei aos meus 51 -, a gente passa por várias experiências da vida... Eu sei o quanto são dolorosos momentos como esse, o quanto são dolorosos momentos como esse, de um lado, porque a gente vive uma situação em que, como V. Exª disse, as pessoas hoje... Quando se abre uma investigação, o simples fato de abrir uma investigação - e isso é da lei e temos que dar todas as condições para os esclarecimentos. Mas já se têm, a partir daí, aqueles que atuam para uma prévia condenação. E esse é um problema grave. Eu sempre me refiro - e não pego nem no meu partido - a pessoas neste País. Lembro-me, neste instante, do Deputado Alceni Guerra, que conviveu aqui nesta Casa e que foi exposto, condenado e execrado em quantas capas de revista, em quantas matérias de jornais, em quantos discursos, quantas falas, enfim. Ele encarou o desafio de provar sua inocência. Lá na frente, comprovou sua inocência. Eu tive o privilégio de conversar com ele certa vez, quando visitava o Congresso Nacional. Mas quem vai apagar isso da sua história? Será que serão dadas todas as capas, todas as manchetes, todas as falas, o próprio reconhecimento de quem fez as condenações? Eu diria que não. Então, Senador Anibal, eu quero, neste instante, dizer a V. Exª da importância de dar o legítimo direito de defesa a essas pessoas. Comprovadamente, em um julgamento de alguém que cometeu qualquer crime, no nosso Partido, não tenho nenhuma dúvida, vai pagar pelo crime que cometeu, seja quem for. É assim que pensa o Partido dos Trabalhadores, mas nessa fase é o legítimo direito de defesa. Eu ouvi a carta do Caetano, dirigida ao povo do Acre, vendo essa situação do seu pai, Wolvenar Camargo, e quero aqui dizer, através das palavras dele, sabendo o tamanho da dor de muitos pais, de todas as pessoas envolvidas, que no meio, certamente, a história vai mostrar - e espero que seja breve - que é possível que haja culpados verdadeiramente, com as provas devidas, como manda a nossa legislação, mas também é possível que tenhamos inocentes. É por isso que o melhor é aguardar o julgamento. De nossa parte, toda a nossa força, o nosso apoio para os que neste momento sofrem com esse processo, que possam ter a oportunidade e as condições da defesa. Uma coisa é real, a verdade sempre vence. Se Deus quiser, espero que V. Exª e os nossos companheiros lá no Acre possam dar oportunidade de defesa a cada uma dessas pessoas que fazem parte do nosso Governo e que foram levadas a responder a esse processo.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Obrigado, Senador Wellington.

            O SR. PRESIDENTE (José Pimentel. Bloco/PT - CE) - Senador Anibal, para concluir, porque o Senador Valdir Raupp pretende fazer uso da palavra o quanto antes.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - O Senador Raupp está nos concedendo um pouquinho mais de tempo, Senador Pimentel. Seja generoso comigo, porque hoje o Petecão falou durante 40 minutos aqui.

            O SR. PRESIDENTE (José Pimentel. Bloco/PT - CE) - Já se vão 39 minutos, nobre Senador. Eu sou sempre tolerante.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Obrigado, Sr. Líder do Governo nesta Casa. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2013 - Página 25885