Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre as dificuldades enfrentadas pelo Brasil na área de transportes.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Considerações sobre as dificuldades enfrentadas pelo Brasil na área de transportes.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2013 - Página 25891
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • COMENTARIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, SETOR, TRANSPORTE, LOCAL, BRASIL, IMPORTANCIA, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI DE CONVERSÃO (PLV), MEDIDA PROVISORIA (MPV), REGULAMENTAÇÃO, ATIVIDADE PORTUARIA, MOTIVO, CONTRIBUIÇÃO, MODERNIZAÇÃO, PORTOS, ANALISE, DADOS, PESQUISA, REFERENCIA, PRECARIEDADE, QUALIDADE, RODOVIA, REGISTRO, MEMBROS, COMISSÃO, INFRAESTRUTURA, SENADO, REALIZAÇÃO, FISCALIZAÇÃO, OBRA DE ENGENHARIA, RECUPERAÇÃO, VIA TERRESTRE, ESTADO DE RONDONIA (RO).

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil vem enfrentando grandes dificuldades na área de transportes. Essa semana mesmo, ou melhor, hoje mesmo, estamos aqui, no Congresso, discutindo a MP dos Portos, a Medida Provisória dos Portos, uma importante iniciativa do Governo no sentido da modernização dos portos brasileiros, para torná-los capazes de carregar e descarregar com celeridade e eficiência os navios que levam e trazem os produtos que compramos e vendemos para o exterior.

            Todos os países desenvolvidos, ou aqueles que se desenvolveram, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tiveram um amplo programa de construções, de reformas, de revitalização dos seus portos. Até mesmo Cuba está hoje construindo um porto moderno.

            Estive lá há uma semana. Lá está a Odebrecht, já que Cuba está fazendo uma pequena abertura econômica do seu país, a exemplo da China e de outros países socialistas. Lá está uma empresa brasileira, a Odebrecht, construindo uma obra de US$1 bilhão, um porto moderno, o Porto de Mariel, que vai servir também como um polo industrial, uma ZPE - Zona de Processamento de Exportações. Será um porto que vai servir toda aquela região ali do Caribe, para escoar e receber produtos.

            E o Brasil, a sexta economia do mundo, ainda está com seus portos defasados. Muitos contratos estão se perdendo por falta de agilidade nos portos, por falta de eficiência nos portos brasileiros. Recentemente, a China deixou de comprar um carregamento de seis milhões de toneladas de grãos, porque os navios demoravam até 60 dias para atracar, carregar e partir de um porto brasileiro.

            Então, não dá mais. Isso que nós estamos fazendo aqui hoje, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, é o correto, é o justo, é o que deveríamos ter feito há muito mais tempo, que é uma lei moderna para a construção e a modernização dos portos brasileiros.

            Não menos difícil, Sr. Presidente, é a situação das estradas brasileiras, o que aumenta os custos do transporte rodoviário e gera enorme desperdício.

            De acordo com o levantamento mais recente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), realizado entre 25 de junho e 31 de julho do ano passado, dos 65.273 quilômetros de estradas pesquisados, mais de 39 mil, quase 60% do total, estavam em condições regulares, ruins ou péssimas. Apenas pouco mais de 26 mil quilômetros de estradas (40%) podiam ser considerados bons ou ótimos. Lamento dizê-lo, mas é muito pouco para um País rico como o Brasil!

            Eu já disse aqui que o Brasil fica alternando entre a sexta e a sétima economia do mundo. Como podemos ficar com nossas rodovias nessas condições? Se essa é a situação média no País, imaginem, Srªs e Srs. Senadores, a situação nos rincões mais distantes e menos aquinhoados, como o nosso Estado de Rondônia e outros Estados do Norte do Brasil! Lá se encontram em estado lamentável a BR-364 e a BR-425. De acordo com a pesquisa da CNT, a que já me referi, dos 3.777 quilômetros da BR-364 pesquisados no ano passado pela Confederação Nacional do Transporte, 3.127, ou seja, 82,79%, encontram-se em condições regulares, ruins ou péssimas. Destes, 1.727 quilômetros (55%) estão em situação ruim ou péssima. Em Rondônia, parte da BR-364 está nessas condições.

            A BR-425, que liga a BR-364 a Guajará-Mirim, passando por Nova Mamoré e por Guajará-Mirim, está numa situação ainda pior. Mas trago aqui um alento ao povo de Rondônia e ao povo do Amazonas, que se servem dessas rodovias, assim como ao povo do Estado do Acre, que também se serve dessa rodovia, porque a BR-364 é a espinha dorsal por onde passam todos os produtos que vão para a Zona Franca de Manaus, para o Estado do Amazonas e até para Roraima, para Amapá, muitas vezes, e para o Estado do Acre: as obras tiveram início.

            A BR-425 deve ter sua licitação aberta na próxima sexta-feira, dia 17. Já houve o início de obras no ano passado, mas elas foram abandonadas pela empresa. A empresa as abandonou, e tiveram de refazer o projeto e de licitar novamente. Novamente, os preços estavam muito baixos, e aí foi prorrogado o prazo da licitação para o dia 17. Espero que as empresas vencedoras possam entrar imediatamente nessa obra e trabalhar dia e noite para amenizar o sofrimento da população de Nova Mamoré e de Guajará-Mirim. A exemplo disso, a obra do primeiro lote da BR-364 já teve início; as obras deverão ser trabalhadas dia e noite.

            Logo após o início das obras da BR-425, eu, o Senador Acir Gurgacz e o Senador Ivo Cassol, que somos membros da Comissão de Infraestrutura do Senado, vamos convidar novamente o Diretor-Geral do DNIT, General Fraxe, e alguns outros diretores a percorrerem as obras da BR-425, a fazerem o que já fizemos na BR-364.

            O pior de tudo, Sr. Presidente, é que as obras de restauração das rodovias não estavam andando satisfatoriamente. No trecho de Vilhena a Pimenta Bueno, três empresas participaram da licitação. A vencedora desistiu, como também a segunda colocada. A terceira convocada fez um esforço grande, buscou até algumas empresas locais que tivessem usinas de asfalto para tentar fazer uma parceria para tocar a obra, mas acabou desistindo também. O problema parece ser o baixo valor oferecido para a realização da obra. É o chamado barato que fica caro. Há muitas obras brasileiras que, quando mergulham no preço, quando o TCU aperta muito, quando baixam os custos, as empresas acabam abandonando antes mesmo de iniciarem, ou, muitas vezes, abandonam as obras depois de iniciadas.

            Já entre Pimenta Bueno e Ouro Preto do Oeste, o consórcio vencedor da licitação ainda não havia iniciado as obras, apesar das informações em contrário do DNIT - em parte, verdadeiras; em parte, não, com todo o respeito.

            Por esses motivos, fomos em diligência, no início desta semana, à BR-364, em Rondônia, conforme requerimento aprovado na Comissão de Infraestrutura na semana passada. Lá estivemos junto com os Senadores Acir Gurgacz e Ivo Cassol e com os Deputados Marinha Raupp, Marcos Rogério, Nilton Capixaba e Carlos Magno. Também nos acompanhou na viagem o General Jorge Fraxe, Diretor-Geral do DNIT, cuja presença solicitamos em nosso requerimento à Comissão de Infraestrutura. E muito agradecemos, porque foi muito importante a presença do General e de sua equipe no trecho da BR-364, em Rondônia.

            Por isso, quero aqui fazer um agradecimento ao General Fraxe, um homem sério, um homem determinado, que está colocando nos eixos o DNIT, para melhor atender a população. O diálogo com o General Fraxe foi muito rico e serviu, tenho certeza, para que ele ganhasse um conhecimento mais aprofundado da nossa realidade, já que Rondônia fica muito distante e já que, principalmente no período do inverno, a situação se agrava ainda mais.

            Como se vê, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há muito que fazer nessa frente. A BR-364 é uma importante rodovia diagonal do Brasil, que se inicia em Limeira, no Estado de São Paulo, segue pela SP-310 até o seu km 292, onde entra na SP-326, indo até a divisa com Minas Gerais. Depois, atravessa Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, onde acaba em Rodrigues Alves, no extremo oeste daquele Estado.

            Trata-se, portanto, de uma rodovia de fundamental importância para o escoamento da produção de toda a Região Norte e da Região Centro-Oeste do País. Nós, como qualquer outro Estado da Federação, queremos ter condições de trabalhar e prosperar em benefício do povo de Rondônia e em benefício de toda a Nação brasileira. Mas precisamos ter as condições necessárias e adequadas para isso. Se não pudermos transportar a riqueza que produzimos para os consumidores, de nada adiantará produzi-la. De igual modo, precisamos comprar os artigos que consumimos para trabalhar e viver. E, sem estradas, nada disso é possível. Sem a BR-364, isso é ainda mais impossível. Essa rodovia é muito importante para Rondônia. Eu já disse aqui que a BR-364 é a vida do nosso Estado. É uma BR que foi aberta ainda por Juscelino Kubitschek, quando era Presidente do Brasil, e que acabou por desenvolver toda a Região Norte do Brasil.

            Por isso, apelamos às autoridades federais e, em particular, ao DNIT, para que acompanhem com atenção e com carinho as obras da BR-364, em Rondônia.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, são quatro lotes. Quanto ao Lote 1, já falei que as empresas desistiram dos contratos e que se está licitando novamente. O Lote 2 é o que visitamos, de Ji-Paraná a Pimenta Bueno, de Pimenta Bueno a Ji-Paraná. Esse lote está hoje com várias frentes de trabalho: três usinas de asfalto usinado, muitas máquinas na pista, muita gente trabalhando. Há o compromisso das empresas contratadas e do Diretor-Geral do DNIT, General Fraxe, de entregar essa obra ainda este ano. Essa obra se estenderia até meados do ano que vem, mas eles vão trabalhar dia e noite, para compensar. É importante trabalhar dia e noite - lá, durante seis meses, chove e, durante seis meses, faz sol, é verão - para compensar o tempo perdido.

            Quero aqui agradecer a compreensão tanto da direção do DNIT como das empresas contratadas, a CCL e a CCM, que vão tocar as obras, dia e noite, para terminar até o final do mês de novembro, até o final do verão.

            Essa é uma estrada crucial para o nosso Estado, bem como a BR-425, que, como já falamos aqui, vai de Abunã a Guajará-Mirim, e a BR-429, que vai de Presidente Médici a Costa Marques, passando por Alvorada, por São Miguel, por Seringueira, por São Francisco, por São Domingos, até a fronteira com a Bolívia, obra esta por que a Deputada Maria Raupp tanto trabalhou e que já está sendo concluída. As pontes licitadas também terão início em breve.

            A BR-435, que vai de Vilhena a Cerejeiras, passando por Colorado, deverá ser restaurada também este ano. A BR-174, que vai de Vilhena a Juína, deverá também ter sua restauração em breve, com o projeto para licitação para a pavimentação. A BR-421, que vai de Ariquemes a Montenegro e a Campo Novo, também está sendo conservada. E, na BR-319, que vai de Porto Velho a Manaus, está sendo concluída a ponte de ligação sobre o Rio Madeira; essa BR também deverá ser restaurada em futuro próximo.

            Nós precisamos muito, Sr. Presidente, da conexão de todas essas BRs com a BR-364, para que Rondônia possa continuar seu progresso. Com elas em boas condições, Rondônia, certamente, dará uma contribuição muito maior ao desenvolvimento nacional e ao desenvolvimento de toda a Região Norte do Brasil.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2013 - Página 25891