Pela Liderança durante a 72ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à gestão do governo do PT no setor de energia, com ênfase no mau aproveitamento de energia eólica produzida em estados da Região Nordeste.

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Críticas à gestão do governo do PT no setor de energia, com ênfase no mau aproveitamento de energia eólica produzida em estados da Região Nordeste.
Publicação
Publicação no DSF de 16/05/2013 - Página 26299
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • CRITICA, POLITICA ENERGETICA, GOVERNO FEDERAL, REFERENCIA, REDUÇÃO, VALOR, AÇÕES, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS S/A (ELETROBRAS), DEMORA, COMPANHIA HIDROELETRICA DO SÃO FRANCISCO (CHESF), CONSTRUÇÃO, LINHA DE TRANSMISSÃO, ENERGIA EOLICA, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN).

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Randolfe, eu vou contar uma história rápida, e é bom que V. Exª esteja sentado, porque é o retrato da gestão da República Federativa do Brasil neste momento. Senador Aloysio Nunes, Senador Aécio, V. Exª, que com muita propriedade se coloca como candidato potencial à Presidência da República, é bom que V. Exª ouça esta história sintética que eu vou contar.

            O Brasil, nosso País, tem dois patrimônios pelos quais todos nós brasileiros zelamos: a Petrobras e a Eletrobrás. A Petrobras, que é um patrimônio da sociedade brasileira, do Estado brasileiro, porque é a maior empresa de economia mista do Brasil. Grande empregadora, grande investidora, que exibiu, ao longo de muitos anos, lucros fantásticos e que, por conta do mau uso do governo do PT, recentemente transformou-se em uma empresa sobre a qual são lançados olhos de desconfiança. Quem olha a Petrobras já não vê mais a Petrobras como aquele grande orgulho nacional que era há cinco anos. Já veem a Petrobras como uma empresa cujo valor de mercado é muito menor do que era há cinco anos e a ação já não vale nem perto do que valia há cinco anos.

            Muito menos a Eletrobrás, que é o conjunto das geradoras de energia elétrica do Brasil. A ação da Eletrobrás vale hoje metade do que valia há três anos, por conta de algumas coisas, a começar de um modelo de setor elétrico malconcebido, para o qual investimentos privados não ocorreram com a fluidez necessária, a quem se impõe uma tarifa, como se você pudesse impor tarifa baixa por decreto, afugentando investidores e esvaindo o valor de mercado das empresas Eletrobrás.

            Eu digo isso porque quero contar uma história curta que diz respeito muito ao meu Estado, Senador Aloysio.

            O meu Estado tem hoje um eldorado chamado geração de energia eólica, não poluente, energia limpa, que, cada vez mais é produzida a custo competitivo, porque os cata-ventos, com a escala de produção, ficam cada vez mais em conta. E o meu Estado, pelo fato de ter uma corrente de ventos favorável, como tem a Bahia e como tem o Ceará, propiciou a que leilões fossem feitos para determinadas áreas que hoje estão ocupadas com um cata-vento ao lado do outro. São bilhões em investimentos. Dá gosto ver.

            Quando eu fui governador, eu criei um polo, que significava uma novidade na economia do meu Estado, que foi o turismo. A grande novidade no Rio Grande do Norte depois do polo turístico, depois de anos sem grandes novidades, é a energia eólica.

            Senador Aloysio, quero informar ao Plenário um dado que me chegou: há 26 parques eólicos no Rio Grande do Norte e na Bahia, prontos, com as hélices girando, produzindo energia elétrica que está sendo jogada para o vento, gastando dinheiro e gerando energia elétrica que está sendo paga pelo Governo para que seja dissipada. Ninguém consome. Como ninguém consome? Ninguém consome porque a empresa privada fez o que lhe competia: ganhou o leilão para fornecer energia elétrica por x reais o quilowatt, conseguiu fazer no tempo hábil a produção de energia, com os cata-ventos montados, produziu a energia e, como não tem a quem vender, está operando no vazio.

            Bom, mas as pessoas para quem a eólica iria produzir energia estão consumindo energia elétrica. De quem? De termelétricas. Que consomem o quê? Óleo diesel, carvão vegetal. Brasileiros? Não, importados. O Brasil não é autossuficiente mais, em petróleo, muito menos em gasolina, em óleo diesel e em BPF.

            Veja a insanidade: o que aconteceu com o parque eólico? Ele ficou pronto. Quem ganhou o leilão está produzindo e ganhando todo mês! Ganhando, porque o contrato diz que a energia que ele produziu tem mercado cativo. Para jogar onde? No vento. Por quê? Porque a estatal Chesf ganhou a concorrência para a produção dos linhões, para jogar a energia elétrica dos cata-ventos no sistema nacional da Eletrobrás - daí a queda da Eletrobrás -, que não estão prontos. O privado fez a sua parte; o público, a Chesf tinha a obrigação de fazer o linhão, a linha de transmissão para receber a energia elétrica das eólicas, que não está pronta, então, a energia elétrica é jogada no ar. E aqueles a quem se iria ofertar a energia elétrica estão comprando energia elétrica de termelétrica.

            Agora, sabe quanto significa isso, dos 26 parques eólicos que estão prontos na Bahia e no Rio Grande do Norte? Isso equivale, Senador Aloysio, não é pouco, não, a uma turbina de Itaipu, que é a maior geradora de energia elétrica do Brasil e uma das maiores do mundo. Somados, os 26 parques eólicos, que geram energia elétrica sem poluição, equivalem a uma turbina de Itaipu.

            Sabe quanto está se pagando de energia elétrica para jogar no mato? Eu tenho os números: R$33,6 milhões por mês. São R$336 milhões num período de dez meses em que os parques estão prontos, produzindo energia elétrica. O linhão não está feito por incúria administrativa de um governo que é governado por uma senhora que se dizia uma grande gestora, que é dessa área - a praia dela é essa - e que deixa esse tipo de brincadeira com o dinheiro público acontecer, com a sociedade.

            Agora, veja bem, a energia elétrica que o parque eólico está produzindo equivale à energia elétrica de uma turbina. Está sendo jogada no vento, e por ela a União está pagando R$33,6 milhões por mês, para jogar energia no vento, por culpa dela, União, pelo fato de não ter construído os linhões através da Chesf.

            O privado está fazendo energia. O público não está injetando energia no sistema elétrico. E quanto está custando ao País o suprimento da energia que o parque eólico poderia estar destinando? Está custando R$1,85 bilhão em combustível.

            Esses dados todos podem ser confrontados. Veja que loucura. Está se queimando gasolina ou óleo diesel ou BPF importados, gastando R$1,85 bilhão num período em que se gastou a mais R$336 milhões da energia eólica. Duas despesas que se joga no mato. Somam-se importações desnecessárias. Tudo por incúria administrativa de um sistema que perdeu o controle. A parte privada está cumprindo o seu papel. A parte pública não está cumprindo o seu papel. Resultado: está-se gastando, ou jogando ao vento, perto de R$1,5 bilhão só nos últimos dez meses.

            Este, Senador Jayme Campos, é o retrato real do Brasil hoje. Nós estamos falando de, ao mesmo tempo, gerar energia elétrica e poupar combustível. Gerar energia elétrica aproveitando a vocação de uma região pobre, que é o vento, evitando o consumo de uma coisa que o Brasil importa, que é combustível. E, por incúria administrativa, esse milagre, essa junção eficaz, que se planejou - e este Governo não sabe planejar -, está indo para o vento, está indo para o ralo.

            Este é o modelo de governo do Brasil. É uma historinha bem contada, curta, e que mostra. Eu quero que alguém me rebata, que diga: “Não, não é verdade. O parque eólico não está pronto. Não está se pagando isso pela energia elétrica gerada, mediante contrato, que não está se vendendo para ninguém. Não é verdade que o linhão não está feito, e é por conta da falta de linhão que a energia não está sendo injetada no sistema elétrico. E nem está se gastando esse R$1,85 bilhão em combustível para fornecer energia das eólicas com a queima de combustível.”

            Eu queria que alguém me contestasse, porque se isso está ocorrendo no meu Estado, que dirá, em escala semelhante, o que não pode estar ocorrendo de cabeça abaixo por este País?

            Por isso, Senador Jayme Campos, trago esses elementos, para esclarecimento à Casa, do que precisa mudar neste País. Mudar antes que seja tarde! E aqui trago elementos claros para que o Brasil tome conhecimento de como é que se está administrando a coisa pública e planejando o futuro deste País.

            E é o alerta, no melhor sentido, de um brasileiro que quer contribuir para um futuro mais competitivo de uma nação chamada Brasil.

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/05/2013 - Página 26299