Discurso durante a 77ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do aniversário, em 23 do corrente, dos 478 anos da cidade de Vitória, no Estado do Espírito Santo.

Autor
Ana Rita (PT - Partido dos Trabalhadores/ES)
Nome completo: Ana Rita Esgario
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro do aniversário, em 23 do corrente, dos 478 anos da cidade de Vitória, no Estado do Espírito Santo.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2013 - Página 27869
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, VILA VELHA (ES), ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).

            A SRª ANA RITA (Bloco/PT - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, prezadas colegas Senadoras, prezados colegas Senadores, é com orgulho que hoje à tarde venho a esta tribuna para falar da minha cidade, a cidade de Vila Velha, no Estado do Espírito Santo.

            Há 478 anos, no dia 23 de maio, chegava a nau Glória na Prainha, em Vila Velha. O cenário era de guerra: índios aimorés, entre botocudos e puris, receberam os portugueses com flechas, e só desistiram da luta diante de armas de fogo nas mãos dos colonizadores. Não demorou muito, o fidalgo Vasco Fernandes Coutinho, no comando da caravela, recebeu, por Carta de Doação e Carta Foral, a Capitania do Espírito Santo. Como no Brasil estavam sendo distribuídas as sesmarias, o Espírito Santo coube a Vasco Fernandes Coutinho.

            Formou-se, então, uma vila povoada por, aproximadamente, 60 colonizadores, com quase 30 casas e uma igreja. Mas o Fortim do Espírito Santo foi abandonado, após vários ataques indígenas.

            Os colonizadores acabaram descobrindo-o após explorar os arredores da ilha, uma grande ilha - é a atual ilha de Vitória, capital do Estado -, dando-lhe o nome de Ilha de Santo Antônio, em comemoração ao dia de Santo Antônio.

            Voltamos ao tempo da capitania hoje, porque, neste 23 de maio, comemoramos o Dia de Colonização do Solo Espírito-Santense. Precisamos lembrar o começo de tudo até para entender o que o Estado é hoje.

            A primeira vila capixaba foi erguida, por ordem de Vasco Coutinho, aos pés do Morro do Moreno. Na área, foram construídas cabanas, e ali plantaram sementes trazidas de Portugal. Em 1550, devido a acordos comerciais com Portugal e com Angola, foi aberto um armazém alfandegado em Vila Velha, e daí começaram os primeiros traços da economia do Estado. A propósito, essa economia surgiu com forte presença da agricultura, item que permaneceu como grande sustentáculo das divisas capixabas até o século XX.

            Depois da cana-de-açúcar, que não deu tão certo quanto em outros Estados - também capitanias -, veio a plantação do café, que, até hoje, põe o Espírito Santo em evidência diante do Brasil.

            Vila Velha, Srs. Senadores e Senadoras, é o berço de tudo, inclusive em termos de religiosidade.

            A primeira missão dos colonizadores foi construir a Igreja do Rosário. Segundo o pesquisador Gether Lima, a ideia de erguer o símbolo do cristianismo fazia parte de um convênio dos portugueses com a Santa Sé para difundir o cristianismo no mundo. E foi ao redor da Igreja do Rosário que a Vila do Espírito Santo foi sendo construída.

            A Igreja do Rosário é a mais antiga do Espírito Santo e considerada a mais antiga do Brasil. Na praça, ainda se ostenta a mesma beleza, com palmeiras imperiais e com obeliscos, em homenagem ao donatário e a Nossa Senhora dos Prazeres. Orgulha-nos dizer: a igreja é um bem tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ato que seu deu em 20 de março de 1950.

            Mas o símbolo máximo do cristianismo em nossa terra foi construído oito anos depois. No alto da pedra, foi erguido o Convento da Penha, justamente para proteger as relíquias do monumento e da Igreja do Rosário dos holandeses, que tentavam invadir a capitania. Também foi construído o Forte do Piratininga ou São Francisco da Barra, hoje o 38° Batalhão de Infantaria.

            Foram apenas 15 anos em que a cidade ficou sendo a capital, já que, em 1550, a Ilha de Nossa Senhora da Vitória se tornou a sede do Estado. Os índios a chamavam de Ilha de Guanaaní, e, ali, fundou-se Vila Nova, que, hoje, conhecemos como Vitória, a capital do nosso Estado.

            A sede da capitania precisou ser mudada por questão de segurança, já que eram constantes os ataques de indígenas, de franceses e de holandeses. Historiadores contam que eles não perceberam sequer que Vitória era uma ilha. Chamavam a área de Rio do Espírito Santo, não baía.

            Há uma história que merece ser relembrada, hoje, por todos nós capixabas, por nós, moradores orgulhosos de Vila Velha, que hoje, aos 478 anos, simbolicamente volta a ser a capital do nosso Estado. Isso se dará, com certeza, no dia 23, na próxima quinta-feira, quando o Governo do Estado do Espírito Santo...

            O SR. PRESIDENTE (Sérgio Souza. Bloco/PMDB - PR) - Senadora Ana Rita, conceda-me um minuto, por favor?

            A SRª ANA RITA (Bloco/PT - ES) - Sim, Senador.

            O SR. PRESIDENTE (Sérgio Souza. Bloco/PMDB - PR) - Quero só anunciar aqui a presença dos alunos do ensino fundamental da Escola nº 13, de Planaltina, Distrito Federal.

            Sejam todos bem-vindos ao Senado Federal!

            Obrigado, Senadora Ana Rita.

            A SRª ANA RITA (Bloco/PT - ES) - Obrigada, Presidente.

            Agradeço aos alunos aqui presentes e às professoras. Obrigada pela presença.

            Conforme eu dizia, Senador, a capital do Estado do Espírito Santo será transferida simbolicamente na próxima quinta-feira, dia 23 de maio, num ato que acontece todos os anos, com a presença do Governador do Estado, do Prefeito municipal e de diversas outras autoridades.

            Vila Velha é a cidade que eu adotei. Digo isso com muito orgulho, Sr. Presidente. E sei que Vila Velha também me adotou, quando eu tinha apenas seis anos de idade, primeiro por escolha dos meus pais e, depois, por minha livre escolha. Moro lá até hoje. Somos mais de 414 mil habitantes. Como toda cidade populosa - é a maior do Espírito Santo -, vive problemas sérios, e os alagamentos são frequentes. Já falei sobre isso aqui diversas vezes, desta tribuna.

            Em 2011, o Município foi beneficiado, por nossa iniciativa, com a liberação de R$5 milhões de verba do PAC, destinados para estudos de serviços de macrodrenagem. A ordem para a contratação de projetos foi assinada pela Ministra Miriam Belchior.

            No Orçamento deste ano, estão previstos R$15 milhões em emendas individuais que apresentei ao Orçamento da União, para beneficiar a população do Espírito Santo. Dos R$2,7 milhões que serão destinados ao Município de Vila Velha, R$1 milhão custeará obras de drenagem e pavimentação de ruas no bairro Cobilândia, e outros R$750 mil serão empregados na construção do Centro de Referência da Mulher, com mais equipamentos, com a finalidade de prevenir e enfrentar a violência contra as mulheres.

            Vila Velha merece se livrar, definitivamente das inundações. Por isso, além das emendas individuais, atuei em emenda de bancada, voltada para obras de macrodrenagem e controle da erosão marinha e fluvial desse Município. O custo é de mais ou menos R$100 milhões.

            O Município merece mais, porque tem um povo trabalhador. Graças a isso, possui um polo de confecção consolidado e cresce vertiginosamente no setor de comércio exterior, com seus terminais portuários. Cerca de 90% das mercadorias que são escoadas pelo Espírito Santo passam pela cidade, além de contar com a tradicional fábrica de chocolates Garoto. Quem é que não conhece os bombons Garoto? Nossa cidade tem cheiro doce, de Serenata de Amor, o bombom mais apreciado dentro e fora do País, e tem no céu as cores do manto de Nossa Senhora.

            Hoje, o cenário é de cidade moderna, que cresce, olha em frente. Mas mantém velhas referências: a Igreja do Rosário, a Gruta Frei Pedro Palácios, o Forte São Francisco Xavier e o Farol de Santa Luzia, que dão um ar especial à arquitetura da cidade.

(Soa a campainha.)

            A SRª ANA RITA (Bloco/PT - ES) - É em Vila Velha que encontramos um dos mais belos monumentos do Estado: o Convento da Penha. Do século XVI, o convento é considerado por muitos o símbolo do Espírito Santo. Do alto de um penhasco de 154 metros de altitude, orgulha-nos como monumento religioso mais importante da arquitetura capixaba.

            Terra abençoada é a nossa, com 32 quilômetros de litoral, praticamente todo recortado por praias, que atraem turistas de todo o Brasil e do exterior. Rústicas e tranquilas, muitas delas oferecem clima de vila de pescadores, igrejinhas e lagoas, para a prática de canoagem.

            Anualmente, o Município também realiza diversos eventos que fortalecem ainda mais seu potencial turístico, como a Festa da Penha, em homenagem a Nossa Senhora da Penha, considerado o terceiro maior evento religioso do Brasil. Como devota da padroeira do Estado, participo todos os anos da Romaria das Mulheres; de missas, como a das pastorais sociais, no Campinho; e da missa de encerramento da Festa da Penha, na Prainha.

            Ali, todos se lembram, a caravela Glória aportou há 478 anos, quando o primeiro capítulo da nossa história foi escrito. Ali, onde índios e colonizadores travaram batalhas, hoje os devotos de Nossa Senhora da Penha, a padroeira do Estado, caminham, cantam e rezam. São dias e dias de romarias, reunindo mulheres, homens, crianças, militares, civis, separados e juntos na mesma fé.

            Por tudo isso, pelo que foi e pelo que é para todos os capixabas, quero, aqui, parabenizar minha cidade. Parabéns, Vila Velha! Parabéns ao povo da minha cidade!

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2013 - Página 27869