Discurso durante a 78ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solenidade de devolução simbólica do mandato parlamentar do Senador Luiz Carlos Prestes e de seu suplente, Sr. Abel Chermont.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Solenidade de devolução simbólica do mandato parlamentar do Senador Luiz Carlos Prestes e de seu suplente, Sr. Abel Chermont.
Publicação
Publicação no DSF de 23/05/2013 - Página 28301
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, EX SENADOR, SUPLENTE, DISTRITO FEDERAL (DF), VITIMA, CASSAÇÃO, MANDATO, EPOCA, ANULAÇÃO, REGISTRO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB).

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, não há dúvida do significado de uma reunião como esta. Claro que o Brasil vive novos tempos, Sr. Presidente, e, desde a década de 30 até agora, foram horas de glória e horas dolorosas de sofrimento.

            Na história deste País, como na história da humanidade, à figura de Luiz Carlos Prestes se impõem o respeito e admiração de toda a humanidade. Podemos concordar ou discordar de suas ideias, principalmente porque ele era absolutamente apaixonado por aquilo que defendia, mas é inegável a capacidade dele de lutar, o idealismo nas horas mais dramáticas e mais difíceis de se assumir e lutar por aquilo que ele defendia.

            Tenho muito orgulho de dizer que foi lá no meu Estado, no Rio Grande do Sul, que o gaúcho Prestes, lá de São Luiz Gonzaga, iniciou uma caminhada, sob muitos aspectos reconhecida por todos como a caminhada mais histórica e mais intensa já feita na história da humanidade. Ele tinha tudo. Ele era o grande nome, respeitado, com credibilidade absoluta, por todos os que estavam no poder ou se preparavam para assumir o poder.

            Fiel a suas ideias, identificado com os seus princípios, Luiz Carlos Prestes, de modo especial, fez uma caminhada por todo o interior do Brasil. Quando ele, lá no Rio de Janeiro, tomou conhecimento da existência do verdadeiro Brasil, da fome, da miséria, da injustiça; quando ele tomou conhecimento que, de certa forma, as lutas daqui - tenentismo, de um lado; de outro... -, as modificações poderiam significar absolutamente a mesma coisa, ele teve coragem. Tomou posição, sofreu, lutou.

            A favor dele, a célebre causa em que ele, defendido pelo extraordinário criminalista brasileiro, que invocou o código de defesa dos animais para poder defender a vida e a integridade de Prestes.

            Acho que esta Casa hoje pratica um ato muito bonito, Sr. Presidente.

            Lamentavelmente, se nós olharmos para trás, no Senado da República, na sua história, são muito raros, talvez, os dias e os momentos que nem este. Vivemos cassações, vivemos ato institucional, vivemos atos que fecharam o Congresso, vivemos o Senado cercado por tropas militares, vivemos a imposição, vivemos o Senado, assustado, cassar o mandato do Presidente João Goulart, que estava no Brasil e, no entanto, foi afastado, considerado em lugar incerto e não sabido.

            Este talvez seja um dos momentos mais bonitos da história desta Casa, Sr. Presidente. Singelo, 50 anos depois, no peso das coisas materiais, sem significado, para o peso dos valores históricos, de grande importância.

            Haverá de, no futuro, escrever-se a história do Brasil e, quando se escrever, daqui para diante, a real história do Brasil, se haverá de dizer: foi naquele dia, foi exatamente naquele dia, naquela quarta-feira, que, sob a Presidência do Presidente Renan, o Senado se reuniu e devolveu o mandato de Luiz Carlos Prestes, e devolveu o mandato de seu suplente e companheiro Chermont.

            Isso é muito bom, Sr. Presidente. Isso nos deixa muito gratos. Isso nos deixa em paz com a nossa consciência. Que possamos divergir, debater, analisar, que bom que isso aconteça. Mas que possamos fazer no terreno das ideias, no respeito daquilo que é mais importante.

            De certa forma, Prestes, ao longo da sua luta e vendo hoje haverá de reconhecer que muito daquilo pelo qual ele lutava - e era considerado criminoso e era perseguido - hoje se reconhecem como direitos naturais da pessoa humana, que nasceu com direito ao trabalho digno, ao trabalho para comer, ao trabalho para viver, ao trabalho à democracia e ao trabalho para a liberdade.

            Eu cumprimento V. Exª e, de modo muito especial, ao prezado e querido líder do PCdoB, pela realização desta homenagem.

            A S. Sª a senhora viúva, um abraço muito fraterno. A senhora que teve longas noites e madrugadas incontáveis de dor e de tristeza deve viver neste momento um momento de paz e de encantamento, que serve ao seu espírito e ao seu sentimento de que a justiça sempre termina por vencer.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/05/2013 - Página 28301