O SR. ALFREDO NASCIMENTO (Bloco/PR - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Prezado Presidente, prezadas Senadoras e Senadores, falta pouco mais de um ano para o grande espetáculo mundial nos trazer a alegria de ver a bola rolando em nossos gramados. Porém, o sucesso da Copa do Mundo de 2014 depende de uma infraestrutura eficiente. Tenho certeza de que tudo foi planejado e projetado para oferecer conforto e qualidade na prestação de serviços aos milhares de turistas brasileiros e estrangeiros. Mas se não agirmos agora com mais celeridade na execução das obras, o show de bola que todos nós brasileiros esperamos ansiosos, certamente, ficará comprometido.

            Minha preocupação recai sobre as duas principais obras de infraestrutura do meu Estado do Amazonas, fundamental para suprir a demanda, cujo aumento é inevitável em época de Copa do Mundo. Estou me referindo ao aeroporto e ao Porto de Manaus.

            Considerado na avaliação dos usuários como o segundo pior aeroporto do país, a obra de ampliação do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, começa a apresentar resultados satisfatórios. Dados recentes mostram que a obra encontra-se com 61% dos serviços concluídos.

            No caso da obra de modernização, adequação e restauração do porto de Manaus a situação é bastante dramática. O processo licitatório ainda está em andamento. Ou seja, não há obras nos terminais portuários.

            Independente da realização da Copa do Mundo, essas duas obras são essenciais para o desenvolvimento do Estado do Amazonas. Por essa razão faço um apelo a todos os cidadãos do meu Amazonas, quanto a necessidade de fiscalizar e exigir a plena execução das obras, que juntas somam investimentos na ordem de R$ 400 milhões.

            A Infraero responsável pela obra do aeroporto ressalta que as etapas previstas no cronograma de execução vêm sendo cumpridas. Portanto, não há risco de atraso na conclusão dos serviços. A Infraero informou ainda que ao todo são 1.300 operários trabalhando diariamente para garantir a entrega da obra antes do Campeonato Mundial de futebol. Espero que após o término das obras, o Aeroporto Internacional de Manaus seja melhor avaliado. É preciso ampliar a capacidade dos aeroportos, mas acima de tudo é necessário oferecer um serviço de qualidade aos milhares de passageiros que trafegam nos aeroportos brasileiros.

            A situação do Porto de Manaus é bastante crítica. Infelizmente, as chances da obra não ser concluída a tempo são bastante reais. O relatório denominado Matriz de Responsabilidade, que especifica todas as ações, obras, valores e demais investimentos essenciais para a realização da Copa do Mundo, apresenta um diagnóstico desfavorável ao Porto de Manaus.

            De acordo com o documento, os dois armazéns do porto que passarão por adaptações para atender os passageiros, devem ser entregues à população até dezembro deste ano. O projeto de modernização do Porto de Manaus - considerado como uma das principais portas de entrada à capital amazonense - prevê ainda adaptação dos armazéns para abrigo de bagagens, ampliação de cais e defensas, urbanização de pátio para estacionamento e passarela coberta para pedestres. Para esse empreendimento o Governo Federal prometeu a liberação de R$ 89,4 milhões. No entanto, a obra sequer foi iniciada.

            Caras Senadoras e Senadores. Infelizmente a burocracia prevalece neste país, impedindo o Brasil de crescer e se desenvolver na sua real capacidade. Os amazonenses tem grandes chances de não receber o Porto de Manaus nas condições que descrevi por causa da burocracia, por causa da morosidade na tomada de decisões. O projeto básico dessa obra deveria ter sido concluído em março de 2011. O licenciamento ambiental até setembro de 2012, e o início das obras também em 2012. Mas pasmem, segundo a administração do Porto de Manaus, as obras estão em processo de licitação com previsão de início para primeiro de agosto deste ano.

            Não quero ser irresponsável, tampouco pessimista, mas não sei se as obras no Porto de Manaus ficarão prontas até o início da Copa do Mundo. As condições são desfavoráveis e o desafio é muito grande. Até quando vamos permitir que a burocracia vença a nossa vontade de executar, de fazer o Brasil avançar? Somos um país forte. Já superamos crises e delas estamos longe. Porém, as barreiras da burocracia, ainda, não conseguimos superar. Não é só o estádio de futebol que se faz uma Copa do Mundo, digna de elogios e referência para outras nações.

            Uma Copa do Mundo é feita, sobretudo, de infraestrutura e mobilidade eficientes, as melhores heranças que deixaremos para a sociedade brasileira após um evento dessa magnitude se chama logística. Fazer do Brasil sede de um evento internacional desse porte, é dar aos brasileiros melhores condições de vida. É promover de modo mais célere a construção de um transporte urbano mais adequado à realidade de cada estado que sediará a Copa.

            É ampliando a capacidade dos aeroportos que vamos melhorar a operação dos serviços aeroportuários. É adequando e modernizando os portos que mais cargas e passageiros poderão usar esse sistema de transporte, é investindo na rede hoteleira que vamos atrair mais o turismo. É por meio desse conjunto de grandes obras que seremos capazes de gerar novas carreiras e novas oportunidades de emprego. Agora, enquanto a burocracia, esse jogo de papeis carimbados for mais forte e ironicamente mais eficiente, nenhuma obra vai avançar em ritmo satisfatório neste país, seja para a Copa do Mundo, seja de qualquer programa do governo. Somos merecedores de um Brasil mais justo e igualitário. Para tanto é preciso exigir dos nossos gestores mais ação, mais agilidade e mais comprometimento com o povo brasileiro. A sociedade merece e o Brasil precisa.

            Muito obrigado.