Encaminhamento durante a 81ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Encaminhamento de voto de pesar pelo falecimento do Sr. Roberto Civita.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Encaminhamento
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Encaminhamento de voto de pesar pelo falecimento do Sr. Roberto Civita.
Publicação
Publicação no DSF de 28/05/2013 - Página 30602
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, REFERENCIA, MORTE, EMPRESARIO, PAIS, ESTRANGEIRO, ITALIA, REGISTRO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, BRASIL.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Honra-me, Senador Rodrigo Rollemberg, assim como o Senador Pedro Simon e o Presidente Luiz Henrique, que assinam comigo esta homenagem a Roberto Civita, inclusive somando-nos ao Senador Cícero Lucena e a outros que hoje já falaram a respeito desse editor.

            Roberto Civita nasceu em Milão, em 1936. Em 1939, a família foi morar nos Estados Unidos, onde permaneceu por dez anos. Em uma visita ao Brasil, seu pai, Victor Civita, entusiasmou-se com a possibilidade de fazer negócios no país e mudou-se com a família para São Paulo. Aos 14 anos, Roberto Civita assistiu ao lançamento da publicação O Pato Donald e, a partir do gibi, nascia, em 1950, a Editora Abril.

            Anos depois, Roberto voltou para os Estados Unidos para estudar física nuclear na Universidade de Rice, mas interrompeu o curso e formou-se em jornalismo na Universidade da Pensilvânia. Conseguiu um estágio na Editora Time, que controlava as revistas Time, Life e Sports Ilustrated. Durante um ano e meio familiarizou-se com todos os setores da empresa, da redação à contabilidade.

            Em 1958, quando regressou definitivamente para o Brasil, o pai, Victor Civita, perguntou-lhe o que pretendia fazer. Ouviu a resposta que apressaria a entrada da Abril no universo jornalístico: “Quero fazer uma revista de informação semanal, como a Time, uma revista de negócios como a Fortune e uma revista como a Playboy”.

            Assim, em 11 de setembro de 1968, a primeira edição da revista Veja chegava às bancas.

            Roberto Civita também participou intensamente das experiências pioneiras que resultaram no lançamento da Realidade, da Exame, da Quatro Rodas e da Playboy.

            Nada o deixava mais emocionado do que recordar a trajetória descrita pela primeira revista semanal de informação do Brasil. Foi ele quem a criou. Foi o primeiro e único editor de Veja.

            Risonho, cordial, otimista, Roberto Civita sempre acreditou que nenhuma atividade vale a pena se não for praticada com prazer. “Você está se divertindo?”, perguntava insistentemente aos profissionais com quem convivia.

            Sob o comando de Roberto Civita, a Abril investiu em televisão e Internet. Colocou no ar a TVA e a MTV, considerada o primeiro canal de TV segmentado do Brasil. Na internet, a primeira iniciativa foi com o BOL, Brasil Online, lançado em 1996, e mais tarde incorporado ao UOL.

            O rabino Henry Sobel contou que Civita tinha o costume de corrigir os erros de português do religioso, que o corrigia no inglês. “Ele era gente, muito bom, confiável. Ele era a locomotiva da Editora Abril, competente.”

            Mesmo a revista Veja tendo uma postura quase que sistemática, mais recentemente, de criticar o Partido dos Trabalhadores, ao qual pertenço, reconheço em Roberto Civita sua contribuição para o jornalismo brasileiro e o mérito em ter criado não só a revista Veja como todas as outras editadas pelo Grupo Abril desde que ele retornou ao Brasil.

            Como fizeram o Senador Pedro Simon e outros hoje, avalio que tanto o diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo, Ruy Mesquita, criador do Jornal da Tarde, assim como Roberto Civita foram dois grandes defensores da liberdade de imprensa, que nos deixam nesses últimos dias - há uma semana, Rui Mesquita e, ontem, Roberto Civita.

            A Presidenta Dilma Rousseff disse, por meio de nota oficial, que lamenta a morte do empresário que soube tornar a Editora Abril uma referência no setor.

            Muito obrigado, Senador Rodrigo Rollemberg, por permitir que eu possa, aqui, assinalar esta homenagem ao Roberto Civita.

            E permita que também aqui dê os meus parabéns a Fundação Escola de Sociologia e Política, que hoje completou 80 anos numa bonita cerimônia que teve uma brilhante palestra do Presidente Fernando Henrique Cardoso, recordando, dentre outras coisas, a sua convivência com Donald Pierson e com o Prof. Florestan Fernandes, Professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

            Também junto à Universidade de São Paulo, como professor, interagiu, ensinando tantas pessoas, das mais diversas gerações, a realizar pesquisas sobre os problemas sociais brasileiros, sobre as diferenças sociais, sobre os negros, sobre os mais pobres, sobre os indígenas.

            Foi uma cerimônia muito bonita, presidida pelo Professor Angelo Del Vecchio, que recebeu o Presidente Fernando Henrique Cardoso e tantos professores e intelectuais que foram alunos daquela casa ou que, como eu, tanto interagiram com professores e alunos da Escola de Sociologia e Política.

            Meus parabéns a todo o seu corpo docente e de estudantes.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/05/2013 - Página 30602