Discurso durante a 82ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal

Homenagem a Roberto Civita e outros empresários, por ocasião do Prêmio José Ermírio de Moraes.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a Roberto Civita e outros empresários, por ocasião do Prêmio José Ermírio de Moraes.
Publicação
Publicação no DSF de 29/05/2013 - Página 30760
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, EMPRESARIO, COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, INDUSTRIA, IMPORTANCIA, DESENVOLVIMENTO, SETOR.

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srs. homenageados, minhas senhoras e meus senhores, eu quero, antes de prestar homenagem aos três, prestar homenagem a duas figuras.

            Primeiro, uma lembrança curta e simples ao Dr. Roberto Civita. Um empresário que honrou o Brasil, especialmente no seu setor. Segundo, ao grande homenageado, que é José Ermírio de Moraes.

            Nunca é pouco lembrar o que foi José Ermírio de Moraes. E aqui está um que conviveu com ele quando a gente era estudante. E ele se reunia conosco para discutir como estavam as nossas faculdades, para discutir como podia nos ajudar, já era um senhor, talvez mais ou menos da nossa idade, mas mesmo assim era um senhor, e esse senhor deixou uma marca neste País.

            Quero prestar essa homenagem e dizer da minha gratidão pelo que ele representou, direta e até indiretamente, mais ainda.

            Segundo, quero manifestar aqui a satisfação de ser desta Casa, que tem a iniciativa de fazer uma homenagem como essa aos capitães da indústria, como se dizia quando eu era mais jovem, aos promotores da riqueza deste País, pelo empreendedorismo que realizam.

            Ao Sr. Francisco Ivens de Sá Dias Branco, quero manifestar aqui minhas homenagens; ao Sr. José Alexandre dos Santos, quero manifestar a minha homenagem; e, de uma maneira muito especial, porque tenho mais contato e convivência, ao Dr. Robson Braga de Andrade.

            Conheci o Dr. Robson Braga de Andrade e com ele convivi alguns dias em uma das atividades mais interessantes de que já tive oportunidade de participar, até por causa da minha profissão - eu sou engenheiro mecânico -, mas, sobretudo, pelo meu gosto pela educação, que foi participar da WorldSkills, em que se reúnem em uma olimpíada formidável as escolas técnicas do mundo inteiro para ver qual delas vai bater recordes, quais delas vai mostrar que são capazes de formar os melhores profissionais. É algo realmente que vale a pena ser visto, de que vale a pena participar.

            Eu fiquei muito emocionado ao ver pessoas ganhando medalhas, não apenas - e eu respeito muito quem pula mais alto, salta mais distante, corre mais rápido -, mas porque era capaz de fazer uma parede com tijolos de uma maneira mais rápida e melhor, porque era capaz de consertar um carro, porque era capaz de usar um torno mecânico, porque era capaz de fazer trabalhos de eletrônica; e ali ele ganhava uma medalha como se fosse um grande atleta, um atleta da atividade profissional.

            E em função disso é que quero, aqui, aproveitar a oportunidade e dizer a cada um dos senhores e senhoras que hoje ser capitão de indústria exige levar em conta a necessidade de um setor fundamental da infraestrutura do País que é o conhecimento.

            Nós temos nos esquecido de que o conhecimento não apenas sempre foi parte da infraestrutura, mas hoje é a parte mais importante da infraestrutura. Durante dias e dias aqui, não aqui, mas na Câmara - aqui tivemos poucas horas - debatemos o problema dos portos, que é uma parte da infraestrutura, mas não debatemos o problema das universidades, que é uma parte da infraestrutura, no mínimo, tão importante quanto os portos, as estradas e os aeroportos, até porque são as escolas que são o aeroporto para o futuro do País. Não sai avião de escola, mas sai um país inteiro, podendo voar ou não voar como deveria.

            Eu fico feliz de ver que o Senador Collor, na Comissão de Infraestrutura, vai fazer uma audiência exatamente para discutir a educação como parte da infraestrutura econômica do País. Talvez aí a gente comece a dar importância à educação, porque enquanto a educação é uma coisa de professor e de uma Comissão de Educação não se dá grande importância. Vai se dar importância quando for parte da infraestrutura e da Comissão de Economia, como também queremos fazer uma audiência.

            Eu digo isso para dizer ao Dr. Robson e a todos os demais que, com toda a minha admiração pelo trabalho que fazem nas escolas técnicas deste País, através não apenas na indústria, mas também na Confederação Nacional do Comércio, em cada uma das federações dos senhores, está precisando de algo mais. Está precisando de algo mais, Dr. Robson, que é não apenas o trabalho no micro, mas o trabalho no macro. Não apenas a promoção da formação de alguns, mas a revolução da educação de todos no Brasil.

            É preciso que o setor empresarial desperte e assuma a responsabilidade da força política que tem quando decidirem fazer este País ter o seu grande acordo geral por uma mudança na educação do País. A grande generosidade dos empresários brasileiros vai ser lutar para que a escola dos seus trabalhadores seja tão boa quanto a escola dos seus próprios filhos empresários. Essa que será não só a grande, o grande gesto de desenvolvimento do País, mas também o grande gesto de generosidade da classe empresarial desse País. Agora, é um gesto de inteligência, porque está provado que, daqui para frente, o grande salto que um país vai dar será através da educação do seu povo. Cada cérebro que nós não ajudamos a terminar um ensino médio de qualidade é um cérebro que não tem o potencial completo. É como se a gente pegasse poços de petróleo e os tapasse. É o que a gente faz com 80% das cabeças brasileiras, porque, no máximo, 20% terminam o ensino médio com qualidade; 80% do potencial energético deste País, que é a inteligência de suas pessoas, são sacrificados ao longo do processo.

            Cabe a vocês a luta para que o desenvolvimento brasileiro possa se realizar em toda a sua plenitude, e isso exige educação; exige portos, estradas, aeroportos, energia, mas exige educação, exige conhecimento.

            Tenho certeza de que o Dr. José Ermírio de Moraes seria um grande patrono dessa luta, se fosse possível, mas aqui estão os homenageados pelo nome dele, e um deles pode ser esse grande promotor de uma área que, muitas vezes, não se percebe que tem a ver com a economia de um país, que é a educação de seu povo.

            O Brasil precisa construir um sistema nacional do conhecimento e da inovação, e isso parte da educação de base até chegar às universidades, até chegar aos institutos de alta tecnologia, usando o setor empresarial em casamento com as universidades, mas é na educação de base que a gente começa a fazer aflorar o conhecimento de um povo.

            Concluo, prestando minha homenagem, mas também, como representante de uma parcela dos eleitores brasileiros, fazendo a minha sugestão - não me atrevo a dizer a minha cobrança - de que esse prêmio signifique muito mais do que um simples reconhecimento à atividade dentro de sua própria indústria, de sua atividade comercial, de sua atividade empresarial, mas, sim, assumindo cada empresário a responsabilidade diante do futuro deste País, para que, daqui adiante, possamos fazer com que a economia brasileira seja uma economia da mais alta tecnologia, com um povo - e graças a um povo - educado.

            Parabéns a cada um! E o Brasil espera ainda muito mais de cada um de vocês.

            Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/05/2013 - Página 30760