Discurso durante a 84ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da importância da relação Brasil-Alemanha na construção da história brasileira; e outros assuntos.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA EXTERNA.:
  • Defesa da importância da relação Brasil-Alemanha na construção da história brasileira; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 30/05/2013 - Página 31334
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, ITAMARATI (MRE), ATENDIMENTO, SOLICITAÇÃO, ORADOR, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, INFORMAÇÃO, REFERENCIA, GRUPO, BRASILEIRO NATO, ESTADO DE RONDONIA (RO), VIAGEM, MISSÃO, RELIGIÃO, PAIS ESTRANGEIRO, AFEGANISTÃO.
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, GEOLOGO.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, COOPERAÇÃO ECONOMICA, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA.

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu queria, antes de iniciar o meu pronunciamento sobre a relação Brasil-Alemanha - estamos comemorando o ano da Alemanha no Brasil - fazer dois breves registros.

            Quero aproveitar a oportunidade para registrar a atenção e a eficiência do Ministério das Relações Exteriores, através de sua Assessoria Parlamentar, o Embaixador Pedro Henrique Lopes Borio, e da Ministra Vera Lúcia Caminha Campetti, que, de pronto, após nossa solicitação, prestaram todas as informações a respeito de um grupo de brasileiros rondonienses, lá do meu Estado, que prestavam missão religiosa em Mazar-i-Sharif, no Afeganistão, onde estavam correndo risco de vida. Os mesmos foram removidos e deixaram a região sem qualquer registro de incidente nem complicação e já estão seguros na Espanha.

            Os nossos sinceros agradecimentos ao Itamaraty.

            Faço ainda um segundo registro, Sr. Presidente.

            Amanhã, dia 30, é Dia do Geólogo. Quero, aqui, parabenizar esses profissionais que prestam relevantes serviços ao País. Essa profissão foi regulamentada em 1962. Esses brilhantes profissionais prestam serviços em dez áreas distintas, como geologia do petróleo, hidrogeologia, geotécnica, pesquisa mineral, geoquímica e geofísica, entre outras. Então, as nossas homenagens, os nossos parabéns a todos os geólogos do Brasil!

            Começo, agora, Sr. Presidente, o meu pronunciamento sobre a relação Brasil-Alemanha.

            As relações Brasil-Alemanha vêm de longa data. Estreitaram-se a partir do início do século XIX, quando os primeiros imigrantes alemães chegaram ao nosso País, dotados do animus de aqui construir suas vidas - animus vem da alma. Então, eles vieram para o Brasil com a alma aberta para ajudar este País.

            Instalados especialmente nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, os colonos alemães e gerações de seus descendentes há quase dois séculos aportam expressiva contribuição para o desenvolvimento nacional.

            E aqui abro um parênteses, Sr. Presidente, para falar da minha família. Realmente, há quase 200 anos, mais precisamente em 1826, dois irmãos da família Raupp vieram da Alemanha, meus ancestrais, para trabalhar no Brasil. Eles vieram com outras famílias - Schäffer, Weber -, na época do Império, e foram mandados do Rio de Janeiro para o Rio Grande do Sul a fim de fundar uma colônia agrícola. Naquela época a Colônia São Pedro; hoje, o Município de Dom Pedro de Alcântara, na região de Torres, divisa com Santa Catarina.

            Eu nasci em Santa Catarina, porque minha mãe migrou para o outro lado do Rio Mampituba, que faz a divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina. Portanto, nasci em Santa Catarina, mas minha mãe voltou para o Rio Grande. Hoje ela mora em Capão da Canoa, Rio Grande do Sul, onde há muitos Raupps.

            O Ministro Marco Antonio Raupp, da Ciência e Tecnologia, é gaucho, de Rio Pardo, estudou em Cachoeira do Sul, seus familiares são de lá. Portanto, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina há muita gente da família Raupp.

            Todos os anos há uma festa de comemoração da família Raupp, quando se juntam de 700 a 800 pessoas da família. Foram alemães que vieram há quase 200 anos para prestar esse serviço ao nosso País.

            Vejam, senhoras e senhores, que também o Estado que represento nesta Casa, Rondônia, conta com uma cidade, Espigão d’Oeste, de cerca de 30 mil habitantes, que reúne expressivo número de pomeranos, denominação de muitos dos imigrantes alemães originais. É um dos vários Municípios brasileiros que têm o pomerano, idioma da região da Pomerânia, como língua cooficial.

            Faço esses concisos registros para lembrar que estamos em pleno "Ano da Alemanha no Brasil", oficialmente instalado no início deste mês, na cidade de São Paulo, pela Presidenta Dilma Rousseff e pelo Presidente da Alemanha, Joachim Gauck.

            Nos próximos 12 meses, nada menos que mil eventos deverão ser realizados em todo o País, celebrando essa relevante iniciativa bilateral.

            A Alemanha, sob a liderança da Chanceler Angela Merkel, é uma das nações europeias que se veem menos vulneráveis diante da severa e continuada crise econômico-financeira que atinge a Europa, o chamado Velho Mundo. O Brasil avança como o mais importante parceiro de negócios da Alemanha na América Latina. Os alemães, por seu turno, ocupam posto de destaque dentre os principais parceiros comerciais de nosso País.

            Mas o que me parece relevante, Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, destacar neste pronunciamento, é a boa notícia veiculada em recente edição do jornal Valor Econômico. De acordo com nosso principal diário de economia, empresas alemãs têm projetos de investimento no Brasil que alcançam a cifra de €10 bilhões, para o quadriênio 2013/2016.

            Quando se insinua um claro retraimento em função da crise que persiste na União Europeia e na América do Norte nos investimentos estrangeiros no Brasil, a intenção dos alemães deve ser saudada, estimulada e apoiada por todos nós. Parte significativa dos projetos de inversão no País provém de empresas já instaladas entre nós e situa-se nos setores automotivo, químico, de máquinas e equipamentos, e eletroeletrônicos. Com efeito, como salienta o Valor, os alemães desejam acelerar uma nova onda de cooperação econômica, enfatizando o modelo de joint ventures entre pequenas e médias empresas na área do desenvolvimento de tecnologias.

            Uma das grandes preocupações dos parceiros europeus é evitar a bitributação em impostos de renda e de capital. Por isso, faz-se necessário, com urgência, avançarmos cada vez mais na reforma tributária, na diminuição dos custos dos nossos impostos.

            O tema vem sendo discutido há quase oito anos, e agora, no bojo do “Ano da Alemanha no Brasil”, há grande expectativa em torno de seu definitivo equacionamento. Com déficit comercial crescente desde o advento da crise financeira mundial, o Brasil tem ainda grande oportunidade de buscar o reequilíbrio dessas contas que, no ano passado, garantiram à Alemanha um superávit de US$7 bilhões. O Brasil compra da Alemanha US$7 bilhões a mais do que exporta para a Alemanha. Nós estamos com um déficit comercial nessa balança, e precisamos avançar.

            O Senador Pedro Simon falava aqui da imigração alemã no Rio Grande do Sul, que muito contribuiu para a região, onde estão os meus parentes, em várias cidades, em vários Municípios - e S. Exa tem sempre lembrado isso aqui nesta Casa. De forma que nós precisamos avançar um pouco mais e diminuir...

(Soa a campainha.)

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO) - ... esse desequilíbrio da balança comercial entre o Brasil e a Alemanha. Precisamos vender mais, precisamos exportar mais para a Alemanha.

            Creio que é extremamente importante, Srªs e Srs. Senadores, o direto envolvimento e acompanhamento dos Ministérios da Fazenda, das Relações Internacionais e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nesta grata e manifesta intenção dos alemães.

            Nossas autoridades precisam ser um pouco mais proativas e agressivas, aproveitando essa extraordinária disposição dos empresários e do governo alemão, em momento tão importante das relações bilaterais, como neste "Ano da Alemanha no Brasil".

            A economia brasileira, que ora sinaliza com a perda de algum ímpeto, certamente agradecerá os investimentos da Alemanha no Brasil.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/05/2013 - Página 31334