Pela Liderança durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao tratamento dado pelo Governo Federal à inflação e a outros assuntos.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Críticas ao tratamento dado pelo Governo Federal à inflação e a outros assuntos.
Aparteantes
Aloysio Nunes Ferreira.
Publicação
Publicação no DSF de 05/06/2013 - Página 33161
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • REGISTRO, APREENSÃO, ORADOR, RELAÇÃO, AUMENTO, INDICE, INFLAÇÃO, MOTIVO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, COMENTARIO, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, PAIS, REFERENCIA, SETOR, SEGURANÇA PUBLICA, EDUCAÇÃO, SAUDE, CRITICA, DILMA ROUSSEFF, FALTA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, AUSENCIA, DIVULGAÇÃO, GASTOS PUBLICOS, VIAGEM.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, preocupa-me, e tenho certeza de que ao Brasil também, o que se chama de inflação.

            O Governo da Presidenta Dilma, há muito, esconde a real inflação brasileira. O brasileiro, principalmente as donas de casa, aquelas que vão ao supermercado fazer a compra mensal, ou a compra semanal, ou a compra diária, há muito tempo sabe que o preço sobe mais do que aquilo que é anunciado pelo Governo Federal. Assim como o Governo Federal esconde a avaliação do seu próprio governo; assim como o Governo Federal esconde os principais gastos do Governo. Hoje, não se tem acesso - e é proibido - aos gastos que a Presidenta da República faz nas suas viagens.

            Aonde nós chegamos, Brasil? Para onde estamos caminhando, Brasil? O que se pode fazer, meu querido povo do Estado do Pará, que eu represento, com muita honra, neste Senado, Pará de Nossa Senhora de Nazaré, a minha Padroeira? Chegamos a patamares insuportáveis.

            A imprensa do Brasil começa a divulgar a realidade por que passa o País. Um País em que não se pode andar nas ruas porque a violência impera. Jovens que, pela força da lei, matam aos dezesseis, aos quinze, aos catorze anos de idade.

            A corrupção neste País é generalizada. A corrupção tomou conta de norte a sul deste País.

            A saúde mata. As estradas matam. O Governo esconde a estatística das mortes. O Governo não diz quantos brasileiros tombam, por dia, nas estradas federais.

            O Governo brasileiro esconde as filas dos hospitais. Estamos passando, agora, a era da gripe A, e o Governo cruza os braços. O Governo não toma nenhuma atitude, e o País começa a perder os seus filhos, de norte a sul. Só no meu Estado, já tombaram dezenas e dezenas de paraenses afetados pela gripe A.

            Brasileiros, a inflação chegou, infelizmente.

            Há quanto tempo combatemos a inflação neste País! Lutamos. Passaram vários governos, e ela teve decretada a sua morte no governo Fernando Henrique Cardoso. Volta agora no governo da Dilma. As revistas nacionais - pego a Época, uma das revistas mais lidas neste País, e vem a sua capa mostrando o orçamento familiar - capa, Brasil, capa da revista: “Orçamento familiar. Restaurante: tem ouro na comida?” Quem da classe média consegue ainda levar a sua família a um restaurante? Quem? Me diga! “Hospital: pela hora da morte; carro: melhor ir de ônibus; escola: a pública não melhorou? Viagem: vamos deixar pra depois; empregada: ainda existe? Total - O salário acabou antes do mês.”

            Este é o País de hoje. Este é o País do PT. Este é o País dos mensaleiros. Este é o País que esconde dinheiro na cueca. Este é o País da impunidade. Este é o País que nem mensaleiros vão presos. Este é o País que a Presidenta não deixa nenhum membro importante do seu Partido ir para cadeia.

            Este é o País que criou isto aqui que eu tenho na mão, meu caro Pedro Simon. Chama-se farinha de mandioca. Minha querida Senadora, meu querido Aloysio, parece ouro. Parece ouro, mas não é. É farinha de mandioca, comida que não pode faltar na mesa dos paraenses. E me perguntou o Senador: “Mas eles não comem arroz?” Comem!

            Mas eles não comem feijão? Comem. Mas não pode faltar a farinha, senão eles não comem.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco/PSDB - SP) - Paulista também gosta. Paulista também gosta de farinha de mandioca. E é caro lá também. Está tão caro...

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Mas não é como o paraense.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco/PSDB - SP) - Talvez não.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Paraense só come com a farinha. É o açaí, é o feijão, é o peixe com a farinha.

            Senador Pedro Simon, há seis meses, o quilo desta farinha custava R$2,80. Seis meses atrás! Eu comprei hoje no supermercado. Era R$2,80 há seis meses.

            Eu resolvi fazer este pronunciamento porque vinha para Brasília e eu não posso viver sem isto aqui. Eu só como com farinha, Senador. Eu sou caboclo lá do Marajó. Nasci no Marajó, me criei no Marajó. Qualquer comida que tenha na minha mesa tem que ter a farinha, senão eu não consigo comer direito. Eu entrei no supermercado para comprar um quilo de farinha e eu me lembrei de que, há seis meses, Requião, custava R$2,80 o quilo da farinha. Impressionante, Requião. Custa R$14,00 hoje. Impressionante. Está aqui o preço. Fiz questão de trazer o saquinho com o preço: R$13,69. Eu fiquei impressionado. Aí eu decidi, na viagem que eu fazia para cá...

            Eu ia falar sobre corrupção hoje. Eu ia mostrar até um filme de corrupção hoje aqui. Aí eu disse: Mãe do céu, Virgem de Nazaré, eu tenho que falar sobre a inflação brasileira. Não posso deixar de falar.

            Como, Senadora Lúcia Vânia, a classe média pode viver com o salário que ganha hoje? É falso.

            É falsa, Senadora, essa ideia de que o Bolsa Família colabora com os brasileiros. É falsa. Nunca, nunca seremos contra o Bolsa Família, porque fomos nós que o criamos, foi Fernando Henrique que o criou. Mas, agora, não há saúde, agora não há educação. Agora há violência, agora há inflação. E essa inflação é o câncer mais poderoso do dinheiro da família brasileira. Lutamos, mas lutamos muito contra esse câncer, lutamos décadas, décadas e décadas. Avisamos aqui. Este Senador subiu por várias vezes a esta tribuna e falei ao povo brasileiro: a inflação está voltando. Alertei várias vezes - e ela chegou -, assim como eu alerto sempre.

            Tudo o que falo aqui, Pedro, tem acontecido. Tudo o que eu falo aqui tem acontecido. É só olhar as notas taquigráficas deste Senado. Eu falei que nós estamos numa ditadura política. O Governo, hoje, manda na Câmara e manda neste Senado. Faz o que quer. Aprova o que quer. Onde? Como? Em que País?

            A Presidenta da República faz despesas e ninguém pode fiscalizar.

            Presidente, a Presidenta Dilma pode viajar para onde ela quiser, e V. Exª, como Senador, não pode saber quanto ela gastou. É mais uma inovação. O que é isso, Presidente? O que se chama isso? Que palavra nós damos para isso? Quando o Senado Federal, quando o Congresso Nacional, Pedro, querido Pedro - sou teu fã há muito tempo -, como, Pedro, nós não podemos ter acesso às despesas que a Presidenta faz nas suas viagens? Como se chama isso, Pedro Simon?

            Ditadura. Pedro, ditadura!

            Que direito, que direito tem ela de esconder os seus gastos quando sai do País? Já queriam esconder os gastos da Copa do Mundo. Fizeram sem licitação. Isso é um absurdo, Pedro! Para onde nós estamos caminhando, meu lutador, meu incansável lutador pela glória deste País? Eu sei o quanto lutaste por este País; quantos lutaram aqui por este País!

            Nós estamos chegando a um funil, Pedro. Eu não estou exagerando nada. Eu não estou fazendo oposição irresponsável. Eu não estou fazendo uma oposição antiética. É a minha preocupação com a minha Pátria.

            No meu Estado, Pedro, temos o açaí, o tão gostoso açaí, o tão procurado açaí. Hoje, Pedro, é impossível um pobre comprar um quilo de farinha, um litro de açaí e três ovos para almoçar. É assim que o paraense pobre faz: ele vai ao quintal, junta três ovos no galinheiro ou no mato, de pato ou de galinha. Ele pega (...) pegava, quando era barato, a farinha de mandioca, ia à esquina e comprava. Existem três tipos de açaí: o fino, o médio e o grosso. Ele comprava geralmente o fino. Sabe quanto custa o litro do açaí fino hoje? R$12,00! Quanto custa um ovo, um ovo no supermercado, minha querida Senadora? Um ovo, quanto custa?

            Aí a Presidenta diz que acabou com a miséria no Brasil!

            Presidenta, saia um pouco do seu gabinete, Presidenta. Mas não vá fazer política no Rio Grande do Norte. Olhe outros Estados do Brasil.

            Vossa Excelência está desesperada com a queda que Vossa Excelência teve agora. Não foi a queda no corredor da sua casa, não, foi a queda na sua popularidade, Presidenta! Aliás, essa queda demorou muito.

            O País está à beira do abismo, Presidenta, na economia e em tudo, Presidenta! Vocês levaram o País para a anarquia.

            O PT implantou a roubalheira no País. Todos os governos tiveram corrupção, todos, sem exceção de nenhum. Mas, no do PT, os caras estavam ansiosos para roubar.

            Presidenta, agora não tem jeito. Não tem jeito, Presidenta. Vocês se esqueceram de fazer a infraestrutura do País e não vão conseguir fazê-la em um ano. Podem chamar quem quiser. Podem chamar qualquer economista do mundo, que agora ele não dá jeito em conter essa inflação, Presidenta.

            Vocês se esqueceram da saúde, da educação, das estradas, as assassinas estradas brasileiras.

            Pegue, Presidenta, pegue: quantos brasileiros morrem de acidentes nas estradas federais? Pegue, Presidenta! Olhe! Olhe quantos brasileiros morrem! Não tem uma, Presidenta! Eu tentei achar uma, não achei uma que se diga: está boa! Nenhuma estrada brasileira federal tem condição de tráfego.

            Como é que a senhora quer acabar com a inflação, Presidenta? Não tem mais jeito! Não tem mais jeito!

            Paraense, eu fui comprar, ó! Para comer hoje à noite, paraense. Eu tinha os R$14,00 no bolso, porque eu ganho bem como Senador da República. Mas eu tenho certeza de que muita gente na minha terra, lá no meu querido Marajó (...)

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Fora do microfone.) - (...) lá no meu querido Marajó, lá no interior, não teria condições de comprar um quilo de farinha por R$14,00.

            Agripino, é isso que está desequilibrando a Presidente do Brasil. Por isso ela está fazendo a campanha antes do tempo.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Quando o trem desce, não há como segurá-lo, Agripino. E o trem está descendo para o bem do nosso Brasil.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/06/2013 - Página 33161