Discurso durante a 88ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo por mais atenção à pesquisa e à qualificação de pessoal em ciência e tecnologia, especialmente na Amazônia.

Autor
Alfredo Nascimento (PR - Partido Liberal/AM)
Nome completo: Alfredo Pereira do Nascimento
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.:
  • Apelo por mais atenção à pesquisa e à qualificação de pessoal em ciência e tecnologia, especialmente na Amazônia.
Publicação
Publicação no DSF de 06/06/2013 - Página 33641
Assunto
Outros > POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
Indexação
  • DEFESA, AMPLIAÇÃO, INVESTIMENTO, PESQUISA, QUALIFICAÇÃO, PESQUISADOR, CIENTISTA, AUMENTO, PRODUTIVIDADE, CIENCIA E TECNOLOGIA, REGIÃO AMAZONICA.

            O SR. ALFREDO NASCIMENTO (Bloco/PR - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, o Brasil ocupa a 14ª colocação entre os países de maior produtividade científica. Essa posição não deve ser vista como motivo de orgulho por nós, brasileiros, se levarmos em consideração, que os investimentos que temos feito no campo científico nos coloca na lanterna do estímulo à produçao científica. O Brasil está atrás dos países desenvolvidos, como Estados Unidos (1º), Inglaterra (3º), Alemanha (4º) e Japão (5º) e mesmo das economias em desenvolvimento, para quem temos servido de exemplo, como a China (2º lugar) e a Índia (10º).

            Existe uma correlação direta entre o investimento em ciência e tecnologia e o desenvolvimento econômico. os países desenvolvidos são a prova concreta de que isto é verdade: o crescimento de suas economias também está associado ao desenvolvimento tecnológico. No Brasil, particularmente, na Região Amazônica há muito que se avançar nesse sentido.

            É preciso ampliar os investimentos no setor, que historicamente, nunca superaram os 3% do total investido no país. Além disso, é fundamental formar e fixar recursos humanos na região, fortalecer as universidades e institutos de pesquisa e, principalmente, definir uma agenda de prioridades no campo científico, de modo a construir e sustentar novos ciclos de desenvolvimento econômico e social para a populaçao dessa regiao.

            No momento em que o Brasil discute e busca novos estímulos para fazer crescer sua economia, nao podemos perder o bonde da história e ignorar a importância da ciência e teconologia como indutor das oportunidades de que precisamos para avançar. No mundo em que vivemos hoje, o desenvolvimento está vinculado à inovação e, para isso, é preciso ousadia e perspicácia para destinar recursos para pesquisa, formação e capacitação de recursos humanos.

            É preciso incluir e envolver o Amazonas nessa pauta e otimizar as suas potencialidades. Nosso estado tem grande contribuição a dar nesse esforço. Não podemos mais ignorar e subutilizar o potencial da região onde se concentra a maior biodiversidade do mundo e também onde está instalado um dos mais importantes centros de pesquisa do país.

            A Amazônia legal brasileira, incluído o estado do Amazonas, registra investimentos desproporcionais para uma região que representa mais de 60% do território nacional e é responsável por 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. No entanto, ainda assim, nossa produção científica ultrapassa a média nacional.

            Os investimentos são essenciais e apenas parte do problema. Nossa região também enfrenta a escassez de mão de obra qualificada. Faltam recursos humanos. O Brasil vive um colapso na oferta de pesquisadores e na Amazônia a situação não é diferente. A carência de mestres e doutores inibe diretamente o avanço em pesquisas. Prova disso é que apenas 1% da biodiversidade da Amazônia já foi explorada cientificamente.

            A título de ilustração, no Brasil anualmente se formam 11 mil doutores. Deste total, pasmem, apenas 40 pesquisadores são especializados em biologia na Amazônia. O Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (INPA) - cuja excelência na área de biodiversidade é reconhecida em todo o mundo, vem perdendo sua mão de obra. Hoje, todo o trabalho executado pelo INPA é realizado por 676 servidores. Até o final deste ano, aproximadamente 10% do quadro estarão aposentados. A renovação de profissionais é tímida e não supre a demanda para novos projetos. Além disso, a falta de profissionais qualificados representa empecilho relevante na expansão das atividades do INPA.

            A carência de profissionais capacitados é o maior desafio e o mais urgente a ser superado pelo governo federal. Do contrário a qualidade e a quantidade dos trabalhos científicos, principalmente aqueles desenvolvidos na Região Amazônica, ficará prejudicada.

            A valorização dos institutos de pesquisas, dos pesquisadores e suas carreiras e, fundamentalmente, do incentivo a criação de futuros cientistas é uma das chaves para que o Brasil volte a ocupar seu espaço entre as mais importantes economias mundiais. Para nós, no Amazonas, também é o caminho para o desenvolvimento dentro da cultura de preservação de nossas riquezas naturais. O domínio do conhecimento nos permitirá, ainda, enfrentar e combater um dos crimes que hoje mais cresce no país e prejudica o Amazonas, e a Amazônia de modo geral: a biopirataria.

            O que está em jogo é a construção de um novo ciclo de desenvolvimento do Brasil e de nossa gente. Um povo que precisa de mais educação e de acesso ao conhecimento que permitirá criar novas oportunidades de desenvolvimento. Para isso, é preciso investir mais e melhor. É necessário também estabelecer uma articulação interministerial bem planejada para assegurar recursos e formação de um expressivo quadro de profissionais em pesquisa de modo a garantir a qualidade dos trabalhos científicos em desenvolvimento não só na Amazônia, mas em todo o país.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/06/2013 - Página 33641