A SRª ANA RITA (Bloco/PT - ES. Sem revisão da oradora.) - Eu gostaria de me posicionar com relação a esse fato. Eu acho que uma coisa é entrada de pessoas que não são da assessoria e que permanecem no plenário.

            Muitas vezes, nós colocamos pessoas para dentro, que vêm dialogar conosco e que, resolvido o assunto, vão embora.

            O que aconteceu aqui, hoje, é que as pessoas entraram, permaneceram e ficaram fazendo lobby aqui dentro. Isso é uma coisa. Restringir a presença da assessoria por causa disso, na minha opinião, não é o melhor caminho, porque a assessoria cumpre um papel importante no momento em que precisamos de informações. Nós precisamos dialogar com nossos assessores.

            Uma outra coisa, Sr. Presidente, vou aproveitar a oportunidade para fazer um comentário sobre o que aconteceu hoje, pela manhã. Eu não ia nem fazer esse comentário aqui, mas acho que o momento é oportuno e que vale o registro.

            Como o senhor sabe, eu sou Presidenta da Comissão de Direitos Humanos, que tem uma relação muito próxima com os movimentos sociais. Eles buscam na Comissão um espaço para trazer as suas denúncias, as suas reclamações. E nos cabe acolher essas pessoas e ouvi-las.

            O que aconteceu hoje, pela manhã? Um grupo de pessoas muito sérias - inclusive, entre elas, um missionário - queria ter acesso às dependências do Senado para trazer um documento para a Comissão de Direitos Humanos. Eram dez pessoas apenas. Tiveram a maior dificuldade de acessar o Senado, de entrar pela porta principal do Senado, porque, segundo os servidores que lá estão, a orientação da Presidência desta Casa é de que não podem entrar pessoas dos movimentos. E disseram uma frase assim: “Vocês estão de vermelho. É proibido entrar gente de vermelho aqui dentro”.

            Isso é muito grave, Sr. Presidente, porque havia, sim, liderança do Movimento Sem Terra, de chapéu vermelho e camisa vermelha. Isso dá uma demonstração muito clara de um preconceito muito grande com relação aos movimentos sociais. E esta Casa não pode ter essa postura.

            Então, precisamos orientar os nossos servidores para que haja, sim, um controle na entrada. Isso é necessário, real. Mas impedir que as pessoas tenham acesso, isso não pode ser.

            Eu tive que solicitar ao Senador Paulo Paim, que estava na audiência pública, que ajudasse a fazer com que as pessoas entrassem. Mesmo com a presença do Senador Paulo Paim, ligaram para a assessoria da Mesa, para que autorizassem a entrada das pessoas.

            Então, se for dessa forma, vai ficar muito difícil para a Comissão de Direitos Humanos dialogar com os movimentos sociais - se, de fato, houver essa orientação de impedir a entrada das pessoas.

            Eu acredito que essa não é uma orientação de V. Exª. Eu acredito que não é uma orientação da Mesa desta Casa. Mas os servidores estão se comportando dessa forma na entrada do Senado.

            Então, acho que é importante verificar isso para que não tenhamos esse tipo de constrangimento, como aconteceu hoje pela manhã.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.