Discurso durante a 96ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexões sobre a política em Rondônia; e outro assunto.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE RONDONIA (RO), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA INDIGENISTA, POLITICA DO MEIO AMBIENTE, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Reflexões sobre a política em Rondônia; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 15/06/2013 - Página 37148
Assunto
Outros > ESTADO DE RONDONIA (RO), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA INDIGENISTA, POLITICA DO MEIO AMBIENTE, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • ELOGIO, VIDA PUBLICA, DEPUTADO ESTADUAL, ORADOR, EX GOVERNADOR, CRITICA, GESTÃO, GOVERNADOR, ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL, ESTADO DE RONDONIA (RO).
  • CRITICA, GESTÃO, ORGÃO, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE, GOVERNO FEDERAL, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), MOTIVO, DIFICULDADE, LIBERAÇÃO, LICENÇA AMBIENTAL, OBRA PUBLICA, MELHORIA, ACESSO, AEROPORTO, BRASILIA (DF), AMPLIAÇÃO, RODOVIA, REGULAMENTAÇÃO, EXPLORAÇÃO, RIQUEZAS, NATUREZA, TERRAS INDIGENAS, DESTINAÇÃO, RECURSOS, BENEFICIARIO, COMUNIDADE INDIGENA, REIVINDICAÇÃO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com alegria que eu quero aqui cumprimentar os nossos estudantes que estão nesta sexta-feira, dia 14 de junho, nesta Casa, no Senado Federal, fazendo uma visita. Aos professores que também os acompanham, o nosso abraço.

            É também com alegria e satisfação, Sr. Presidente, que eu quero aqui deixar o meu abraço e a minha gratidão para toda a população, nos quatro cantos deste País afora.

            Constantemente, quando uso a tribuna desta Casa, recebo e-mail, ligação de amigos, de admiradores, de pessoas que estão no Nordeste, no Centro-Oeste, no Norte, no meu Estado de Rondônia, e também no Sul, mandando mensagem e, ao mesmo tempo, estímulo para que a gente continue na vida pública, trabalhando diuturnamente em prol deste grande e rico País que é o nosso Brasil. Trabalhando para todos os Estados e também para o meu Estado de Rondônia, Estado rico e forte, que me recebeu, em 1977, de braços abertos, com 18 anos de idade, juntamente com o meu pai, Reditário Cassol, a minha mãe, Elga Cassol, e meus cinco irmãos.

            Graças a Deus, neste Estado que me recebeu de braços abertos, Rondônia, pude constituir minha família, e hoje, com imensa alegria, a minha esposa, que me acompanha toda semana vindo a Brasília, meus filhos, que no dia a dia têm dado continuidade aos trabalhos do Grupo Cassol, Júnior, Juliana, Karine.

            A nossa maior alegria, Sr. Presidente, ex-Governador e Senador Cristovam, após os filhos crescerem, é ver os netos que vêm no dia a dia e enchem a nossa casa trazendo felicidade e paz. Muitas vezes, tentamos buscá-la, mas, ao ligar os canais de televisão, vemos o que está acontecendo nacionalmente e acaba sendo ruim.

            Sr. Presidente, em algum momento, vou ter que dar uma parada aqui porque estou com um aparelho que mede a pressão 24 horas por dia. Nós, que estamos na vida pública, infelizmente, acabamos tendo que ter uma precaução maior, uma vez que nossas atividades, que muitas vezes podem parecer fáceis, são árduas. Mas elas também são, acima de tudo, gostosas porque refletem o anseio da população, a necessidade de pessoas comprometidas com a causa pública.

            Eu falava agora há pouco e o Presidente Cristovam até disse: “Olha, você é bom de garganta porque você, falando ao celular, dava quase para ouvir no microfone.” Eu peço desculpas. Eu estava falando ao telefone com o meu grande amigo, particular amigo, parceiro de todas as horas, uma das pessoas que me trouxeram para a vida pública. Um foi o Salomão, que foi meu secretário de Estado, é meu assessor em Rondônia, continua junto conosco; o outro é o João Cahulla, que foi um grande propulsor, no começo de 90, quando se criava a expectativa de uma Rolim de Moura melhor, quando ganhamos a administração.

            É muito fácil, Sr. Presidente. As lideranças da comunidade, da sociedade trabalham para que entremos na vida pública e, depois, deixam o abacaxi para descascarmos sozinhos. Depois de ganhar as eleições em 97, em Rolim de Moura, falei que aqueles que tinham me colocado naquele local tinham a obrigação e o dever de me ajudar a construir uma cidade melhor.

            Foi assim que fiz e foi dessa maneira que o João Cahulla virou meu chefe de gabinete, meu secretário particular. Depois, coordenou a minha campanha para Governador do Estado de Rondônia, quando a maioria da classe política não acreditava. E nós, com um projeto de moralização, de devolução da credibilidade para o povo, tanto da zona rural quanto para a classe política, os servidores públicos, os moradores da cidade, do perímetro urbano, conseguimos ganhar o Governo do Estado e, lá, ele assumiu a cadeira de Chefe da Casa Civil. No meu segundo mandato, na minha reeleição, coloquei-o como meu candidato a vice-governador na chapa junto comigo. Muitos até me chamaram de louco, mas, no primeiro mandato, havia uma candidata junto comigo e um vice, que acabaram me dando trabalho naquela época.

            O vice é uma pessoa que, além de estar de bem com a sociedade, tem que estar de bem com o governador, com o prefeito, com aquele que conduz o trabalho no dia a dia, e o João Cahulla sempre fez isso. Foi meu Vice-Governador, assumiu o Governo do Estado de Rondônia, foi Governador por nove meses, continuou o trabalho que eu vinha fazendo junto com a população, e, ao mesmo tempo, foi candidato à reeleição. Não tivemos sucesso, isso é verdade, mas não fomos nós que perdemos, João Cahulla, não foi você que perdeu, não. Quem perdeu, na verdade, foi a comunidade, foi a população, foi o povo do nosso Estado de Rondônia.

            Por que eu falo que acabou perdendo? Muito simples. Prometeram que, na nova Rondônia, no novo governo, haveria diálogo; que, no novo governo, não haveria greve. Prometeram que, a nova Rondônia seria um paraíso e que tudo seria diferente. E não foi isso que aconteceu.

            Ao mesmo tempo em que tudo isso aconteceu, João Cahulla, que está me assistindo, está nos acompanhando, pôde a população, no dia a dia, perceber a diferença. A diferença, Sr. Presidente, que existe com aquele que governa com inteligência, com aquele que administra com sabedoria, com aquele que exerce o cargo com competência.

            Infelizmente, o governo da nova Rondônia enganou o povo do meu Estado; o governo da nova Rondônia iludiu a população do meu Estado. Hoje é greve para tudo quanto é lado. A Polícia Militar que tinha viatura, que tinha estrutura, que tinha condições de trabalhar, hoje não tem nem material de limpeza; nem papel higiênico há no banheiro. Enfim, a situação no nosso Estado não está boa.

            Mas eu dizia para o meu amigo e companheiro João Cahulla que não desistisse, que continuasse firme, porque a melhor coisa que há são as pessoas, Sr. Presidente, nossos eleitores fazerem um comparativo entre aquilo que foi feito e aquilo estão fazendo. Para saber o tanto que foi importante a administração do Ivo Cassol naquela época, como também o que foi que o governo da nova Rondônia prometeu.

            Não foi diferente com o Governador João Cahulla; isso é normal da pessoa, é normal do nosso cidadão. Apesar de as coisas estarem andando, progredindo e crescendo, a pessoa, o ser humano vai buscar algo melhor. Isso é de nós, seres humanos. A mesma coisa com um político, que entra na vida pública como Vereador, depois, quer ser Deputado Estadual, quer ser Prefeito, quer ser Deputado Federal, Senador, Governador e, se puder, até Presidente da República.

            Mas a melhor coisa é a comparação entre o gestor do passado e o gestor do presente. Eu me recordo da época do Teixeirão, lá atrás, na época do território de Rondônia.

            Quando o Estado de Rondônia foi criado, os partidos políticos, comandados, na época e até hoje - o Governo do Estado também -, pelo PMDB, pelo próprio PMDB, fizeram uma revolução no Estado para tirar o Governador Jorge Teixeira. Quando o Governador Jorge Teixeira, que era aquele cara duro, competente, sério, de palavra, foi tirado do Palácio, ele foi vaiado por servidores, por políticos e acabou, depois, morrendo de desgosto. Pouco tempo depois, essas mesmas pessoas andavam pelos quatro cantos do Estado de Rondônia, perceberam o erro que cometeram e passaram a dizer o seguinte: “nós éramos felizes e não sabíamos”.

            O salário dos servidores públicos do meu Estado atrasou. As coisas complicaram. Os encargos sociais não foram pagos. Vários governos se sucederam, e eu e o meu Vice, que virou Governador, João Cahulla, fomos os únicos Governadores que, em oito anos, pagamos os encargos sociais dos servidores em dia, sem atrasar um centavo.

            Se dependessem, na aposentadoria, do dinheiro que depositado no Iperon, na época dos ex-governadores, com certeza, os servidores estariam passando fome. Mas nós, João Cahulla, na nossa gestão, além de devolvermos a credibilidade e a confiança para o povo do nosso Estado, resgatamos a sua dignidade.

            Tivemos, na Assembleia Legislativa, no segundo mandato, Deputados comprometidos com a causa pública, vários parceiros e amigos, a exemplo do Deputado Tiziu Jidalias, que foi meu Líder naquela Casa, que foi e é uma grande liderança política da grande região de Ariquemes. Ao mesmo tempo, todo esse trabalho foi comandado pelo Deputado Neodi Carlos, nosso Presidente da Assembleia Legislativa - eu falava com ele ontem -, um guerreiro, um empreendedor. Ele é da região de Machadinho. Machadinho, que está virando celeiro agrícola por iniciativa dele, está hoje, nesses dias, colhendo soja e plantou arroz. Ele é realmente um empreendedor e, como Presidente da Assembleia Legislativa, Sr. Presidente, deu um exemplo para o Brasil, devolvendo mais de R$100 milhões para os cofres públicos. Nós fizemos obras importantes nos quatro cantos do meu Estado com o retorno do recurso que a Assembleia Legislativa do meu Estado economizava. Que exemplo bonito!

            Que bonito seria se a maioria das câmaras municipais devolvesse também recurso, dinheiro para a prefeitura fazer obras na área da saúde, da educação, enfim, naquilo que há necessidade! E aí eu falaria para o prefeito, para os secretários: divulguem, falem dos vereadores, falem da Câmara quando fazem isso, porque é um trabalho, é uma devolução que, na verdade, significa crédito para aqueles que economizaram, que não gastaram simplesmente porque tinham esse direito de gastar, como alguns dizem, de qualquer maneira. Então, é isso que eu quero aqui destacar.

            Além do Deputado Neodi, essa grande liderança, parceiro de todas as horas, Deputado Estadual que continua lá trabalhando, defendendo, tendo sido junto comigo um guerreiro para moralizar o nosso Estado de Rondônia, também não foi diferente com o Deputado Luiz Cláudio, outro guerreiro, que foi meu Secretário de Agricultura e que continua defendendo o setor produtivo. Só que, infelizmente, neste ano, Deputado Luiz Cláudio, o governo da nova Rondônia nem sequer distribuiu sementes de feijão. E hoje o quilo de feijão, na prateleira, está R$10,00 e, se facilitar, vai para R$12,00, vai para R$13,00, vai até para mais.

            Os agricultores do meu Estado, Sr. Presidente, foram pegos de surpresa, porque o comércio, as casas agropecuárias não se prepararam para comprar sementes, pois, todo ano, na época em que eu fui Governador, nós distribuíamos sementes de feijão e o agricultor devolvia o mesmo peso para nós distribuirmos às famílias carentes para ajudar na cesta básica. Portanto, o Deputado Luiz Cláudio foi outro guerreiro, outro parceiro.

            O Deputado Maurão de Carvalho, companheiro do meu Partido, também foi um verdadeiro parceiro. O Deputado Luizinho, que começou em Vilhena e foi para a Alvorada, é outro guerreiro, como o Deputado Tucura também. O Deputado Lebrão, da BR-429, que hoje tem a filha como prefeita do Município de São Francisco, e o Deputado Jair Miotto, cujo filho hoje é prefeito de Monte Negro.

            Enfim, eu tenho e continuo tendo vários parceiros, Deputados, companheiros de todas as horas, que me ajudaram a moralizar e consertar esse Estado, a exemplo do Deputado Federal Carlos Magno, que foi prefeito de Ouro Preto e fez um trabalho extraordinário. Ele é um grande técnico agrícola e foi quem ajudou a fazer a ocupação da Amazônia, Rondônia, como técnico. Foi Deputado Estadual, foi secretário de Estado e hoje é Deputado Federal.

            É assim que nós temos trabalhado. É por isso que Rondônia tem dado certo. E hoje a história é a mesma daquela época do Teixeirão. Para aqueles que, em 2010, diziam que o Ivo Cassol foi ruim, foi casca de ferida, foi grosso, foi ditador, eu quero aqui deixar bem claro: o bom gestor é aquele que tem competência para administrar a própria casa, o próprio comércio, a própria empresa. Esse é o gestor. É aquele que sabe dizer “sim”, é aquele que sabe dizer “não”. E não aquele que promete algo que não pode cumprir, que não pode pagar, a exemplo do que acontece hoje no Estado de Rondônia, onde há fornecedor que está, há um ano, um ano e meio, sem receber. A situação é precária.

            Quanto à saúde, no meu tempo, Sr. Presidente, os hospitais eram lotados, mas havia medicamento, havia material ortopédico, havia material para penso. Hoje, infelizmente, cirurgias são canceladas, porque falta agulha ou falta linha para costurar.

            É triste ver o nosso Estado dessa maneira, mas vamos desistir por causa disso? Não, Sr. Presidente. Não, meus amigos e minhas amigas de Rondônia. Vamos levantar a cabeça. Errar é humano! Vamos começar a planejar, já, 2014.

            E de que maneira pensar em 2014? Com uma composição nova e, ao mesmo tempo, com o fortalecimento de novas lideranças políticas, para ajudar a compor.

            Agora, para isso, é importante uma coisa: não trazer os caciques políticos, que são acostumados a mamar às custas do dinheiro público, com a miséria da nossa população e em cima da saúde, da educação e da segurança pública. Ao contrário, nós temos de ter essa consciência, essa responsabilidade, como eu fiz em 2002, quando peitei todos os políticos do meu Estado; vencemos e fizemos a diferença. Reintegramos mais de 10 mil demitidos, fizemos concurso para mais de 18 mil pessoas, e as coisas funcionavam, o governo se entendia. No meu governo, eu não aceitava que um secretário falasse uma coisa e outro, de outra Pasta, falasse outra.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, friso isso porque vejo hoje muitas obras importantes paradas no País.

            Eu não consigo entender Brasília. Nesses dias, eu quase perdi o voo para o meu Estado, Sr. Presidente, porque saem daqui vários eixinhos, eixão e não sei mais o que; são tantas as principais que existem aqui, mas, quando você vai ao aeroporto, diminui para duas pistas. Aí, na baixada, há uma área que é uma reserva, que não sei como é tratada aqui, mas é um parque ecológico. Não pode duplicar e botar mais uma pista!

            Agora, eu pergunto para vocês daqui de Brasília: de quem é o governo de Brasília? É do PT. Quem é a Presidente da República? É do PT. Nós, seres humanos, não podemos perder para um lagarto, perder para uma minhoca, perder para um calango. Que País é este em que nós vivemos? A caneta de quem é? É do Governador.

            E por falar em Governador, o jogo inicial da Copa das Confederações será amanhã; nem começou e já trancaram Brasília. Para chegar aqui já está sendo uma novela. Por que não fazem isso amanhã? É tão fácil, gente! Isso é um jogo só, é só um jogo.

            Mas eu quero continuar falando aqui sobre a possibilidade da construção de uma terceira pista, uma quarta pista.

            É esse o modelo, é esse o exemplo que nós vamos dar para os demais governadores de Estado, é esse o modelo que nós vamos dar para os demais presidentes - lógico que eles vão de helicóptero, por cima, então, não vão passar por isso, ou vêm parando todo mundo, jogando todo mundo fora, para passarem direto.

            Não podemos, simplesmente, por interesse internacional ou interesses escusos, parar uma usina como Belo Monte, parar a Usina do Rio Madeira, parar uma obra na rodovia, como a BR-101, a sua duplicação.

            Todo mundo sabe que é por lá que têm que passar essas obras estruturantes. Nós falamos ontem pela manhã com o General Jorge Fraxe, do DNIT, com o Diretor de Licenciamento do Ibama. E eu não culpo nem o Ibama, não culpo a Sedam; eu só peço para a Presidente Dilma, que é uma mulher arrojada, determinada, mandar um projeto para esta Casa, mas um projeto de cima para baixo, para todas as obras estruturantes de interesse nacional. Nós não podemos deixar interesses individuais atrapalharem, pararem essas obras.

            O problema das nossas obras no Brasil não é falta de dinheiro, é falta de entendimento dos próprios órgãos. Eles têm que se entender. Nós não podemos aceitar o Ibama jogar para o lado... Está aí um exemplo do que está acontecendo hoje com a Funai, com os índios, essa guerra contra quem produz.

            Eu digo o seguinte, Sr. Presidente, índio não quer mais terra, índio quer ter o direito de tirar das suas reservas, da sua terra, a riqueza que lá existe, para não viver com o pires na mão, pedindo esmola, para não pedir esmola nem para a Funasa, nem para o Governo, nem para ninguém.

            Nós temos a maior jazida de diamantes do mundo em Espigão d’Oeste, na reserva Roosevelt. (Pausa.)

            Mas, ao mesmo tempo, Sr. Presidente, temos a maior jazida de diamantes do mundo no Estado de Rondônia. E os índios não têm o direito de tirar. Mas o diamante sai no contrabando. O diamante sai da nossa terra, do nosso Estado, do nosso País, contrabandeado, para outros países. Então, na verdade, os índios precisam - eu gostaria que os índios estivessem me assistindo - (...)

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PR - RO) - (...) brigar para poderem tirar das suas propriedades, fazer o manejo florestal. Hoje, as madeiras saem, e saíram do meu Estado até com autorização do Ministério Público Federal. Saíram com autorização. Se é o senhor que autoriza, o senhor vai preso. Se for eu que autorizo, respondo a processo, vou preso. Mas o procurador do meu Estado autorizou tirar madeira de área indígena. Resultado: é ilegal, é crime. Por que não começar a legalizar, como ocorre no Canadá, para que os nossos índios possam tirar da sua propriedade, um direito que eles têm como os demais brasileiros? Ele também é brasileiro. Foi ele que veio antes de nós para cá. Nós somos descendentes de alguma coisa; eles não são descendentes de nada, são brasileiros puros. Essa é a diferença.

            Mas, não. Os nossos índios são escravos da burocracia, do sistema. Eles podiam explorar as riquezas que há dentro da reserva. E não há só diamante, não. É cobre, Sr. Presidente, é ouro. As maiores riquezas estão todas dentro das áreas indígenas. Os índios podiam estar andando com carro zero, não só o cacique. Os demais índios podiam ter casa nova, casa boa. Ah, agora, vamos fazer casa para eles do Minha Casa, Minha Vida. Libera, para poderem tirar essa riqueza das áreas indígenas, que eles não precisam de esmola de ninguém.

            Mas, não. É só interesse de algumas ONGs, de alguns xiitas ou mesmo da Funai, querendo que eles continuem nessa miséria, querendo que continuem nesse confronto com pessoas que estão ali, há 20, 30, 50, 150 anos, já com escritura pública, dada por órgão público. E, agora, vai lá o governo, toma, joga para fora, como se aqueles produtores fossem bandidos. Se for assim, na Bahia, em Porto Seguro, terão de tirar todo mundo de lá, quando se descobriu o Brasil, também havia índio. Havia índios nos quatro cantos.

            No meu Estado, os índios não querem mais ampliar as suas áreas de terra, não querem conflito com os vizinhos. O que eles querem é ter o direito de explorar a riqueza que há dentro da sua propriedade. É isso que essa Casa, é isso que a Presidente do Brasil, é isso que o Ministro da Justiça precisa fazer urgentemente, Sr. Presidente, sob pena de vermos mais e mais e mais conflitos com morte, como está acontecendo todo dia com índios por aí.

            Os índios do meu Estado, infelizmente, constantemente - como falei hoje do índio João, um dos líderes da Aldeia Rio Branco -, até, no Luz para Todos, eles têm dificuldade para ser atendidos; até nos medicamentos eles têm dificuldades; quando, na verdade, têm uma área imensa que podem fazer o manejo florestal, sem precisar derrubar, e, ao mesmo tempo, não precisarem ficar dependendo de ninguém e ter seu próprio dinheiro para poder fazer as suas coisas. Não na ilegalidade, mas na legalidade. É isso que precisamos fazer.

            Não estão fazendo? Vão continuar do jeito que está? Então, quero dizer para vocês aqui, desta tribuna: estamos sendo roubados! Estamos sendo roubados! Mas, como, se a área é indígena? É área indígena, mas é do Brasil; é nossa, do Governo Federal. Estamos sendo roubados, porque a jazida de diamante da Reserva Roosevelt, em Espigão do Oeste, continua a extração ilegal de diamante até hoje. Lá, assassinaram 29 garimpeiros. Fez-se barulho na hora, ninguém denunciou ninguém e ficou por isso mesmo.

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Até quando vão continuar esses conflitos? Até quando marginais vão ficar lá dentro, enganando índio e os índios, ao mesmo tempo, têm de estar enganando as demais autoridades para poder vender o seu produto, o próprio diamante, para o contraventor, para o contrabandista. Até quando isso, Sr. Presidente?

            É isso que temos de parar. É por isso que estamos vendo, hoje, o País da maneira que está.

             Tenho outro exemplo: a BR-319 - se o senhor me permitir mais cinco minutinhos - que interliga Porto Velho a Manaus. Em 1977, quando fui com meus pais para Rondônia, tinha um caminhão Chevrolet verde; no tempo da seca, eu puxava madeira de Colorado, que começou a abrir para Vilhena; e, no tempo das águas, eu fazia Porto Velho - Manaus com banana. Eu tinha um caminhãozinho, e lá só se podia andar com meia carga. Eu saía às cinco horas da manhã; às seis horas da tarde eu estava dentro de Manaus. Eu estava lá no Rio Amazonas, atravessando o Rio Amazonas, a BR-319 asfaltada.

            Nós estamos no novo milênio, 40 anos depois, praticamente, e não existe mais a BR, meus amigos estudantes aqui presentes. Não existe mais a BR-319. Foi com dinheiro emprestado que fizeram aquela BR. A interligação do País de Norte a Sul, Centro-Oeste a Oeste, Norte e Nordeste, e o Norte, hoje é só por água.

            A máfia que existe no transporte fluvial de Porto Velho - Manaus, Manaus-Porto Velho quer, de toda maneira, inviabilizar a 319, mas aí vem a questão ambiental. Uma BR que já existe, no meio, não tem licença para poder fazer e recuperá-la - 40 anos depois! O Governo quer fazer, mas aí os órgãos ambientais não aceitam. É nisso que a Presidente Dilma precisa usar a caneta e mandar um projeto para esta Casa. Quem precisa dessa rodovia não é o Amazonas, não. Quem precisa é o Brasil! É o Brasil que precisa! Nós que precisamos, Sr. Presidente!

            Eu ouvia ontem os Senadores Blairo Maggi, Jayme Campos na Comissão de Agricultura - a duplicação da BR de Rondonópolis até Cuiabá! São obras estruturantes de interesse nacional. Não são de interesse de uma empresa, ou de um político, ou de alguém individual. É de interesse nacional!

            Então, meus alunos que estão aqui presentes, obras de interesse nacional, que é para a infraestrutura, desenvolvimento e progresso. Precisa, sim, ter o dinheiro à disposição, mas evitar também os entraves da burocracia de um sistema que foi criado. A maioria dessas situações foi criada lá atrás, de governo a governo, e hoje, infelizmente, nós estamos sentindo o gosto amargo.

            Da mesma maneira, eu vejo tantas obras - o senhor que foi governador, e eu que fui governador também, e nós temos aqui também um que foi governador também do Distrito Federal - que o Tribunal de Contas da União mete a caneta, porque diz que está irregular.

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Gente, no preço básico para uma obra de construção civil, só muda o frete de um Estado para outro. A areia, a brito e o cimento são os mesmos; a mão de obra é a mesma. No preço da terraplanagem para se fazer uma obra em Brasília, em São Paulo ou em Rondônia, muda simplesmente o frete de um Estado para outro. Você pode ter um preço base nacional; mas, hoje, o que vemos é distorção nacional. E aí se pára uma obra aqui, outra obra ali, outra obra lá, e nós, infelizmente, capengando, pedindo esmola, quando deveríamos estar dando exemplo nacionalmente.

            Um exemplo que aconteceu, nesta Casa, da medida dos portos, sobre a qual eu ouvi V. Exa há pouco discursando, que não deu tempo nem de rever exatamente o que estávamos aprovando.

            O Governo Federal demorou muito, criticou muito a privatização, mas, no final, teve de concordar que o que o Governo Federal e o governo do Estado não dão conta tem de ser passado para quem dá conta de fazer. Porque, infelizmente, hoje o nosso gargalo nas nossas rodovias, nas nossas (...)

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - (...) ferrovias e nos nossos portos tem engessado o nosso Brasil, e nós temos perdido clientes em nível nacional. O nosso custo Brasil é muito caro. O feijão e o arroz que são colocados nas mesas das nossas casas ficam mais caros.

            Eu sou produtor, mas, para isso, nós temos de ter facilidades. Nós não podemos deixar o lobby dos fabricantes de caminhões inviabilizar a construção das ferrovias no nosso País. Não podemos deixar isso! Não pode o lobby simplesmente atrapalhar. “Ah, mas vai garantir emprego.” Está garantindo emprego em São Paulo, mas não está garantindo emprego aqui, em Brasília; não está garantindo emprego em Rondônia; não está garantindo emprego na maioria dos Estados. 

            Não somos contra as fábricas de carros, de caminhões. Eu sou contra viabilizar e priorizar e, ao mesmo tempo, não ter a rodovia, como acontece com a BR-364, de Vilhena a Porto Velho, que infelizmente é uma porcaria cheia de buraco.

            E aí nós temos o trecho da BR-364 de Nova Mamoré (...)

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - (...) a Guajará-Mirim, Sr. Presidente - só para concluir, mais cinco minutinhos - que é a 425. Nós estivemos lá com a Bancada Federal caminhando, acompanhando. O Presidente da Assembleia, Hermínio, também mandou um vídeo para o nosso Presidente da Comissão de Infraestrutura, o Senador Fernando Collor, também reivindicando. Foram licitados dois lotes. Um lote deu participação e o outro lote deu deserto. E esse lote que deu deserto tem que licitar de novo.

            E você sabe quem foi, Sr. Presidente, que participou? Antes, foi a empresa Delta, a empresa complicada envolvida em tantos rolos e escândalos nacionais. E aí o povo do meu Estado é penalizado com isso.

            Então, eu preciso e precisamos - eu falei para o general - urgentemente da ordem de serviço do trecho que já foi licitado para concluir a licitação.

            Ao mesmo tempo, Sr. Presidente - pasme aqui pelo que eu vou dizer para o senhor -, tanto nós brigamos para a construção da ponte do Rio Madeira (...)

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - (...) na BR-364, que interliga Rondônia ao Acre, mas, infelizmente, por uma liminar da Justiça, cancelou-se a licitação. O lobby daquela empresa - são meus amigos empresários - que está lá faturando com as balsas no rio. 

            Mas nós não podemos deixar os interesses de uma empresa de um grupo prevalecer sobre a demanda e a vontade da população do Acre e de Rondônia. É inaceitável!

            Precisamos que o DNIT, urgentemente, recorra, porque estava em processo licitatório e o Juiz deu a liminar para cancelar a licitação.

             (Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Com isso está penalizando, Sr. Presidente, toda população daquela região.

            Não é o Ivo Cassol que está pedindo aqui. Aqui é o Senador Ivo Cassol que está solicitando. Nós precisamos interpretar a lei.

            (Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Nós temos a rodovia que interliga o Brasil com o Oceano Pacífico, a Transoceânica. Toda ela foi construída por um país pobre, que é o Peru, financiada pelo Brasil. Lá há rios muitos maiores que os nossos, e lá já tem ponte e aqui no nosso nós não temos.

            Então, é triste ver as dificuldades que nós temos.

            Da mesma maneira, para concluir a BR-364, Sr. Presidente, vários lotes foram licitados, a empresa pegou ordem de serviço; outros estão fazendo a conclusão da BR-364, das licitações, mas precisamos, urgentemente, a duplicação, a terceira faixa, porque o povo do meu Estado não consegue mais andar colocando em risco as suas vidas e a dos seus familiares e amigos naquela rodovia.

            Só para concluir, mais dois minutinhos, Sr. Presidente, para concluir, mais cinco minutinhos, dois minutos para concluir.

            Obrigado, pela compreensão, Sr. Presidente. É que hoje é sexta-feira e, ao mesmo tempo, amanhã é o jogo do Brasil. Esperamos que o Brasil, os nossos jogadores façam a diferença, porque, infelizmente, nos últimos jogos, a não ser no último, fizeram a diferença.

            Além disso tudo, eu quero aqui, Sr. Presidente, agradecer a compreensão dos meus amigos, das minhas amigas, das lideranças políticas do meu Estado, dizer para a população, para os amigos e as amigas que sempre me acompanham, os que não acompanhavam e hoje estão, de cabeça erguida, ajudando, pegando firme nessa bandeira, a minha irmã Jaqueline, que está à frente do PR, no meu Estado, comandando e fortalecendo o grupo das mulheres para fazer a diferença e o melhor, as pessoas que não fazem parte da política ainda, que venham se somar à gente, venham trazer sangue novo (...)

            (Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - (...) para que nós possamos fortalecer não só o Estado, mas, principalmente, também, aqui o Governo Federal no próximo ano.

            Então, Sr. Presidente, quero, aqui, agradecer a todas as senhoras - especialmente às senhoras do círculo de oração - aos senhores, aos jovens, às crianças, a todos os amigos da terceira idade que, quando vão à igreja, ou mesmo em casa, Sr. Presidente, estão sempre orando pelas autoridades, estão sempre orando pela pessoa do Senador Ivo Cassol.

            Obrigado, de coração! Muitos políticos não sabem dar valor, mas eu sei o valor, o peso e o poder da oração.

            Agradeço a Deus! Continuo orando por todo mundo, independentemente de cor partidária, pelos novos prefeitos, pela Presidente, para que Deus possa nos iluminar, dando saúde e paz; do restante, Sr. Presidente, nós corremos atrás.

            Um abraço, obrigado. Que o Brasil seja vitorioso amanhã.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/06/2013 - Página 37148