Discurso durante a 94ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da importância da piscicultura para o Estado de Rondônia.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PESCA.:
  • Registro da importância da piscicultura para o Estado de Rondônia.
Aparteantes
Acir Gurgacz.
Publicação
Publicação no DSF de 14/06/2013 - Página 36856
Assunto
Outros > PESCA.
Indexação
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, EXPLORAÇÃO, ATIVIDADE ECONOMICA, PISCICULTURA, REGIÃO, ENFASE, MUNICIPIO, PIMENTA BUENO (RO), ESTADO DE RONDONIA (RO).

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Jorge Viana, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, minhas senhoras e meus senhores, o potencial da piscicultura, em Rondônia, tem sido alvissareiro. Segundo estimativas dos técnicos, deve ser explorado em grande escala nos próximos anos.

            Na verdade, a exploração dessa atividade econômica já vem sendo gradativamente desenvolvida, culminando agora com a introdução da primeira cadeia de produção de pirarucu de cativeiro em escala comercial. Ontem, escapava à economia rondoniense um projeto econômico de alta envergadura; hoje, não mais. Hoje ela está presente na economia de Rondônia.

            Mais especificamente, o polo de produção está concentrado na cidade de Pimenta Bueno, localizada a 500km de Porto Velho. Há pelo menos 20 anos, o pirarucu tem sido objeto de atração comercial na cidade, quando, prestes à extinção na região, foi resgatado como produto lucrativo. Historicamente falando, os pioneiros nessa nova exploração comercial, originariamente madeireiros e outros empresários, deram-se conta, naquela ocasião, de que o aproveitamento de madeira nobre - tão rentável até aquele momento - não mais lhes traria compensações econômicas, por conta da crescente escassez das árvores já detectável pelos desbravadores.

            Hoje, não é só o Município de Pimenta Bueno que produz Pirarucu, Sr. Presidente. Eles foram os pioneiros, mas já se espalhou por quase todos os Municípios de Rondônia a criação de pirarucu em cativeiro.

            Eu falei que ia falar do peixe de Rondônia, do pirarucu, do tambaqui, e aqui o Senador Acir disse assim: “Eu estou criando. Estou lá com uns 500 pirarucus.” E olha que um pirarucu pode chegar a 200kg. É claro que não precisa deixar chegar a esse peso para poder abater e comercializar. Mas é uma coisa empolgante, apaixonante a criação de peixe, principalmente do pirarucu, que é um animal que já esteve para ser extinto, mas que, agora, já é comercializado em grande escala, mandando-se os alevinos, os filhotes, para o Mato Grosso, para o Pará e para outros Estados.

            Concedo, com muito prazer, um aparte ao nobre Senador Acir Gurgacz.

            O Sr. Acir Gurgacz (Bloco/PDT - RO) - Meus cumprimentos, Senador Raupp, pelo seu belo pronunciamento e pelo tema que aborda nesta tarde. A criação de pirarucu é uma nova fonte de renda para os nossos agricultores. É uma maneira de o nosso agricultor aumentar o dinheiro no bolso, como temos colocado claramente, para que ele possa melhorar a sua qualidade de vida, dar mais conforto a sua família. Neste momento, o programa do Governo do Estado, elaborado pelo nosso Governador, Confúcio Moura, e pelo seu Vice, Airton, é de fundamental importância para esse segmento. É um apoio muito grande que o Governo dá aos nossos agricultores e que, realmente, vai transformar o Estado de Rondônia no maior produtor de pescados em cativeiro em nosso País. Políticas públicas, dessa forma, é que vão fazer a diferença para o nosso Estado, e nós estamos vendo isso acontecer. V. Exª coloca claramente o que está acontecendo em Pimenta Bueno. É claro que o que está sendo colhido em Pimenta Bueno é o resultado de um trabalho de longo prazo, no qual os nossos amigos de Pimenta Bueno já investem há muito tempo. Mas, somando isso à política pública do Estado, o resultado será um grande sucesso para a economia do nosso Estado, trazendo divisas para os Municípios e para o Estado de Rondônia. Portanto, está de parabéns V. Exª pelo seu belo pronunciamento nesta tarde. Muito obrigado.

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO) - Obrigado a V. Exª pelo aparte, que peço seja incorporado ao nosso pronunciamento.

            Imaginem a hora em que os produtores de Rondônia descobrirem - agora já estão sabendo, porque a sessão está no ar - que o Senador Acir, um empreendedor nato e competente, está criando pirarucu! Agora, todo mundo vai criar pirarucu em Rondônia, porque isso dá uma renda extraordinária para as famílias.

            No entanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a opção pela criação do pirarucu não foi fácil. O processamento tende a ser delicado, exigindo ênfase tecnológica muito acentuada, tanto na fase de reprodução da espécie, quanto na fase de alimentação em açudes e represas da região. Sua domesticação para fins de produção em escala comercial requereu período longo de estudo e aprendizado. Para alcançar tamanho sucesso, a assistência técnica prestada pelo Sebrae, pela Emater e por outros órgãos tem sido de indiscutível excelência e sua colaboração no desenvolvimento organizacional do negócio de inegável relevância. Hoje, Rondônia conta com cerca de 50 piscicultores, se valendo de 100 hectares de tanques para o cultivo em cativeiro.

            Pelo lado da demanda, Sr. Presidente, o pirarucu se revelou uma valiosa mercadoria nos melhores centros gastronômicos do mundo. Antes considerado apenas como o bacalhau da Amazônia, hoje abastece os mercados mais refinados da Europa e dos Estados Unidos. Do ceviche à moqueca, o pirarucu, que se caracteriza pela carne tenra, saborosa e sem espinhas, oferece versatilidade incomparável na preparação de pratos das mais conceituadas cozinhas do Brasil e do exterior.

            De tão cobiçado, o pirarucu propiciou aos cidadãos de Pimenta Bueno a instalação, na região, da primeira unidade de uma grande empresa nacional ligada ao setor de exportação de peixe nativo. E com ela inaugurou-se a primeira produção de pirarucu em cativeiro em escala comercial. Não por acaso, Rondônia prevê para 2013 uma comercialização de 800 toneladas, equivalente a 80 mil peixes da espécie.

            Para tanto, o Ministério da Pesca e Aquicultura e o Ibama montaram um rigoroso serviço de vigilância sanitária, por meio do qual se controla a qualidade do produto a ser exportado. Por isso mesmo, legalizado e com certificação de origem, o pirarucu de Rondônia tende a ser um dos mais demandados pelo mercado global.

            As vantagens econômicas identificadas na criação do pirarucu são enormes. Em primeiro lugar, em função de suas condições anatômicas, adquire tamanho gigantesco em período muito breve de confinamento em tanques. Mais que isso, tem ganho de peso muito superior a qualquer outra espécie num intervalo de apenas um ano, em contraste com o salmão, por exemplo, que leva, no mínimo, o dobro de anos para atingir tamanho ideal de abatimento.

            Já dissemos aqui que o pirarucu pode chegar a 200 quilos. Três ou quatro pirarucus equivaleriam a um boi, uma rês; mas ele deve ser comercializado com, no máximo, 15 ou 20 quilos para a carne ficar mais saborosa.

            .Para se ter uma ligeira ideia do lucrativo negócio, um único produtor pode comercializar 340 peixes da espécie e conseguir, numa única transação, nada menos que R$40 mil! Segundo os economistas, o lucro líquido pode chegar a 40% do capital investido. Qual outro capital que dá tamanha lucratividade?

            Quando se fala sobre piscicultura no Estado de Rondônia, não se pode deixar de falar da produção do tambaqui, que representa a maior produção de pescado. O Estado é um grande produtor de tambaqui em cativeiro, no Vale do Jamari, na Zona da Mata e na região do Município de Pimenta Bueno, e hoje praticamente nos 52 Municípios de Rondônia.

            O tambaqui é nativo da Região Amazônica, e sua carne é altamente apreciada em toda a Região Norte, é chamado, inclusive, de "nelore das águas rondonienses." O nelore é o nosso melhor gado da região, então o tambaqui é o nelore das águas.

            Atualmente, são produzidas 40 mil toneladas anuais desse peixe, e o Estado tem a intenção de dobrar essa quantidade, graças aos incentivos do Governo do Estado, do Governo Confúcio Moura, que tem se dedicado e incentivado a criação de peixe em cativeiro.

            Anos atrás foi implantado um projeto de rastreabilidade do tambaqui de Rondônia, desenvolvido pelo Sebrae, Embrapa, Universidades e outros parceiros. Essa ação, juntamente com o uso de tecnologia, foi extremamente positiva, e contribuiu decisivamente no aumento da produção e comercialização desse pescado, que já correu o risco de ser extinto.

            Diante desse resumido relato, Senhor Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de encerrar minha intervenção enaltecendo de público tão próspera iniciativa produtiva dos piscicultores de Rondônia. Mais que isso, gostaria de elogiar o povo rondoniense pela bela imagem de competência e prosperidade, que tem atravessado mares e alcançado terras distantes, configurando assim um novo tempo de modernização econômica em nosso Estado.

            Eram essas, Sr. Presidente, as palavras que eu queria deixar neste momento sobre a piscicultura próspera do Estado de Rondônia.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/06/2013 - Página 36856