Discurso durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alerta para a necessidade de o Governo Federal dar um novo rumo à economia brasileira.

Autor
Cyro Miranda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Cyro Miranda Gifford Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Alerta para a necessidade de o Governo Federal dar um novo rumo à economia brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 12/06/2013 - Página 35749
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RELAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, MOTIVO, DEFICIT, BALANÇA COMERCIAL, AUMENTO, INFLAÇÃO.

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco/PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em primeiro lugar, gostaria de dizer que tenho o privilégio, através desta tribuna, de parabenizá-lo pelo dia de hoje, pelo seu aniversário, e desejar-lhe uma estrada longa, bem pavimentada, com sabedoria. Que Deus o proteja!

            Srªs e Srs. Senadores, comunicação da nossa Casa, do Senado, Rádio, TV e Agência, amigos.

            Nunca vimos tantas manchetes e matérias, ao longo de apenas uma semana, apontando um cenário tão sombrio para a economia brasileira: “Equipe econômica abandona metas”, diz O Estado de São Paulo; “Risco Brasil sobe 25% em um mês e é o maior é um ano”, continua mais adiante; “Alimentos voltam a subir, dólar dispara e atropela BC”, diz o Correio Braziliense de hoje; “Brasileiros empurram 2013 com a barriga”, dizia O Globo ontem. O fato é que, - lamentavelmente, uma percepção geral, tanto de especialistas quanto dos eleitores - o Governo Dilma perdeu as rédeas da economia.

            É sintomático quando, diante de um grave quadro como o que vivemos, autoridades do Governo tentam minimizar a queda da popularidade da Presidente Dilma. Não conseguem entender que os problemas do Brasil não se resumem às críticas da oposição e dos pessimistas de plantão.

            Aliás, há mais de um ano, estamos, Sr. Presidente, através desta tribuna, alertando o Governo desse problema e desse caos econômico de que estamos à beira.

            A equipe econômica precisa cair na real e analisar com a devida atenção as razões que levaram a Standard & Poor's a rever a nota do Brasil. Talvez entendam que a forma como a economia está sendo conduzida levará o País a jogar por terra o esforço de duas décadas no sentido da estabilização. A agência justificou o rebaixamento diante do crescimento fraco do País, do investimento declinante do setor privado e da deterioração da política fiscal do Governo.

            É exatamente esse aspecto que nos preocupa mais, como um brasileiro, que, mesmo em campo político oposto, não torce pelo fracasso do Governo Dilma. Se a Presidente fracassar, será o fracasso do Brasil.

            Mas será que a equipe econômica e a própria Presidente têm consciência de que estão no rumo errado, ou pensam que apenas alguns ajustes poderão salvar o Governo de um fiasco?

            O quadro negativo da economia não é momentâneo, tampouco pode se justificar por cenários externos. O Brasil foi conduzido à situação atual por uma sucessão de erros de natureza macroeconômica. O maior de todos foi acreditar nesse mito do Estado forte, que interfere nos setores produtivos de forma arbitrária e sem lógica, quebra regras contratuais e assusta os investidores; gasta a rodo criando novos ministérios e secretarias e parece acreditar que ninguém está vendo a queda acentuada das condições de estabilidade e do poder aquisitivo.

            A gigantesca máquina pública fez encolher o superávit primário de 4,33% do PIB no primeiro quadrimestre de 2012 para 2,7% no mesmo período de 2013.

            O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco/PTB - RR) - Senador Cyro, V. Exª me permite uma interrupção breve? É para anunciar a presença nas nossas galerias dos alunos do Ensino Fundamental da Escola Classe da 314 Sul, Asa Sul, daqui de Brasília, Distrito Federal. Sejam bem-vindos à nossa sessão.

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco/PSDB - GO) - Que sejam muito bem-vindos.

            Em um ano, Presidente, perdemos mais da metade do superávit.

            Senador Lindbergh, nesse ritmo, em mais um ou dois anos, já não teremos a economia necessária para o pagamento dos juros de dívida pública.

            O déficit externo, por sua vez, passou de US$17,4 bilhões para US$33 bilhões.

            Senador Alvaro Dias, a balança comercial está negativa em mais de US$5 bilhões.

            Há grande probabilidade de um aumento substancial da dívida do Governo e da erosão da estabilidade.

            Já ficou claro para o mundo que a elevação substancial do crédito por parte dos bancos públicos para estimular a demanda doméstica poderá apresentar problemas de qualidade e liquidez.

            O BNDES terá uma conta salgada pela frente, que contribuirá para o provável desequilíbrio fiscal nos próximos anos.

            Em 2009, R$44 bilhões em empréstimos do BNDES eram passíveis de receber subsídios do Tesouro. Em 2013, esse valor saltou sete vezes e é de R$320 bilhões.

            O quadro que constatamos hoje, Sr. Presidente, em que a credibilidade do Brasil se perde, é o resultado de sucessivas manobras contábeis para tentar esconder o excessivo gasto público.

            A verdade é que o Governo está passando um cheque sem fundo que vai cair nas mãos do sucessor da Presidente Dilma.

            Nesse ritmo, será preciso refazer todo o percurso em direção à estabilidade econômica, há muito abandonada pelo Governo.

            Vejam, Sras e Srs. Senadores, a que ponto chegamos: a caderneta de poupança pode voltar a render 0,5% ao mês, mais TR, a partir de agosto, quando, segundo as expectativas, a taxa de juros deve chegar a 9% ao ano.

            Estamos próximos à inflação de dois dígitos!

            O Governo não consegue perceber o que a dona de casa e o contribuinte já viram há muito tempo: o salário perdeu o poder de compra e ameaça, sobretudo, os milhares de brasileiros que migraram para a classe média.

            Tudo está subindo: os preços das mensalidades escolares, dos planos de saúde, do transporte e da compra do mês.

            Não é por acaso que o aumento do consumo das famílias no primeiro trimestre foi inexpressivo em relação ao último trimestre de 2012.

            Será que o Governo pensa que a dona de casa que vai toda semana fazer as suas compras de supermercado com a mesma lista não vê que, mês a mês, o seu poder de compra está sendo reduzido e que cada vez ela leva um produto a menos para a casa?

            Entre os pequenos empresários, o crédito está mais caro e a demanda mais fraca, o que reduz investimentos e contratações.

            As políticas de incentivos fiscais e ao consumo estão esgotadas.

            Tanto as empresas quanto as famílias colocaram o pé no freio.

            Só há uma maneira de reverter esse quadro: o Brasil precisa de um choque de gestão, com metas fiscais e marcos regulatórios estáveis.

            Sr. Presidente, eu, como partido de oposição, torço para que a Presidente Dilma perca as eleições, mais pela vontade dos brasileiros e não pelo caos econômico.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/06/2013 - Página 35749