Pela ordem durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações a respeito do elevado custo para o escoamento da produção de grãos no Mato Grosso; e outros assuntos.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL, POLITICA AGRICOLA.:
  • Considerações a respeito do elevado custo para o escoamento da produção de grãos no Mato Grosso; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 12/06/2013 - Página 35797
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL, POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, RELAÇÃO, EXCESSO, VALOR, CUSTO, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA, GRÃO, LOCAL, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), REGISTRO, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, INFRAESTRUTURA, RODOVIA, ANALISE, DADOS, REFERENCIA, ECONOMIA NACIONAL, ENFASE, REDUÇÃO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), AUMENTO, INFLAÇÃO, DEFICIT, BALANÇA COMERCIAL, SOLICITAÇÃO, APOIO, GOVERNO FEDERAL, OBJETIVO, FACILITAÇÃO, RENEGOCIAÇÃO, DIVIDA, PRODUTOR RURAL.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, no dia 7, sexta-feira passada, durante seminário promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio, o Movimento Pró-Logística da Aprosoja - Associação de Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso anunciou que o escoamento da produção de grãos em meu Estado é o mais caro do mundo e que o setor chegou a pagar US$145 por tonelada, para escoar a produção.

            Domingo, dois dias depois, reportagem do programa Fantástico, volta a denunciar as lastimáveis condições de nossas lentas, esburacadas e perigosas rodovias que, diariamente, nos roubam vidas humanas e nos sabotam o progresso.

            Nossas péssimas estradas, com quase 60% das cargas e 96% dos passageiros, ocupam, no ranking de qualidade em 144 países, a humilhante posição 123. A desastrada gestão de investimento em infraestrutura, somada ao nível estratosférico da corrupção comprovada nessa área, é motivo de preocupação e desonra para todos nós, brasileiros.

            Nos últimos dias, quando abrimos os jornais ou ligamos a TV, temos a nítida sensação de que o nosso País está andando de costas.

            Nem a desenfreada expansão dos programas e ações socioeleitorais, nem o inchaço da máquina pública, para distribuição de benesses, nem os enormes esforços de propaganda e de maquiagem orçamentária, nem mesmo o mirabolante contorcionismo político de antecipação da campanha presidencial, nada disso tem sido capaz de disfarçar o indisfarçável.

            A verdade, Sr. Presidente, dos números incontestes aí está para comprovar o tamanho do retrocesso.

            Se compararmos os índices de 2010 com os de hoje, vamos constatar, com tristeza e decepção, que nosso PIB do primeiro trimestre despertou, vertiginosamente, de 7,5% para o vergonhoso patamar de 1,2%!

            Estou concluindo, Sr. Presidente.

            A inflação subiu de 5,9% para 6,5%. Nosso saldo comercial caiu de 20 para US$7,7 bilhões. A produção industrial medida em abril, que era de 10,5%, registrou crescimento negativo em 1,1%.

            As taxas de poupança e investimento caíram, a dívida bruta e o déficit em conta corrente subiram, enquanto o endividamento das famílias pulou de 39,16 para nada menos que 44% de sua renda, em meio à cegueira do faz de conta eleitoreiro que nos transformou em impotentes fantoches na roleta russa de nossa economia decadente.

            Só não vê quem não quer, Sr. Presidente, que o propalado Programa de Aceleração do Crescimento convive com o atraso e a estagnação.

            Em comentário no seu blog, na última quinta-feira, a Jornalista Míriam Leitão enfatiza:

A bolsa não reage... A indústria continua 1,8% abaixo de maio de 2011. O déficit em conta corrente chegou a 3% do PIB e já não é mais inteiramente financiado pelo investimento estrangeiro. Voltamos a depender de capital especulativo.

            O malabarismo e os demais artifícios circenses para fantasiar o tenebroso cenário se anunciam agora nas mais flagrantes dissimulações.

            Nas palavras do economista Mário Mesquita, ex-diretor do Banco Central:

De tudo, a política fiscal foi a que mais perdeu credibilidade”. Mesquita lembra que hoje é preciso expurgar números para se saber qual é o superávit primário e explica que a dívida líquida deixou de ser referência: houve abalos ao tripé macroeconômico sem que se tenha colocado nada no lugar. Enquanto a dívida líquida descontava as reservas, era uma coisa. Agora, descontam-se empréstimos a entidades públicas. Começou em 2010. O Governo vai usar bônus do pré-sal para ajudar no primário. Vamos queimar poupança, nesse caso, para financiar gastos correntes. As contas estaduais, pouco a pouco, estão perdendo as amarras.

            Portanto, Sr. Presidente, vamos puxar o freio de mão e corrigir os rumos da Nação. Caso contrário, Sr. Presidente, com certeza, vamos ter os olhos vendados, insistindo em andar de marcha a ré.

            Espero que o Governo, realmente, recoloque a Nação nos trilhos do desenvolvimento. Sobretudo, temos de nos preocupar com o fato de a inflação estar aí crescendo. As perspectivas não são das melhores.

            Entretanto, Sr. Presidente, conforme conversava com V. Exª com relação ao lançamento do Plano Safra, do Pronaf da agricultura familiar, queremos cumprimentar o Governo. Tive uma audiência, há poucos minutos, no Banco do Brasil, com o Dr. Walter e com outro Vice-Presidente daquela instituição, o Senador Osmar Dias, mostrando a nossa preocupação, de que não adianta o Governo lançar um Programa de R$130 bilhões - Programa Safra - e também R$20 bilhões para o Pronaf, e o cidadão não ter acesso, na medida em que, lamentavelmente, estamos tendo dificuldade, mesmo os que querem pagar, porque o Banco do Brasil terceirizou para uma subsidiária a cobrança. Com isso, o cidadão tem que ligar para um 0800, que praticamente é um robô que atende as pessoas que querem, muitas vezes, não só renegociar, e alguns querem, de fato, quitar para ter acesso a novos financiamentos.

            De maneira que quero fazer um alerta para o próprio Governo Federal, de maneira geral, sobretudo para a instituição Banco do Brasil, a fim de que facilitemos esse acesso ao Programa Safra, a esse grande volume de recursos, ao produtor rural, seja grande, médio e, principalmente, o pequeno. E, ontem, em Cuiabá, infelizmente, tive o desprazer, posso dizer assim, de receber um grupo de pequenos produtores, ou seja, pessoas da agricultura familiar, do assentamento São Pedro, lá na região norte do Estado, perto de Paranaíta, que querem renegociar sua dívida de R$8 mil, R$10 mil, mas não estão tendo acesso, Senador Suplicy, porque ligam para um 0800, que não é mais do que um mero robô e não dá nenhuma solução, inviabilizando para alguns milhares, porque temos, hoje, alguns milhões de brasileiros que dependem da agricultura familiar. Mato Grosso, particularmente, tem quase 300 mil, que, neste caso, não estão tendo acesso a esse financiamento, Senador Flexa Ribeiro, inviabilizando, com certeza, a agricultura familiar do nosso Brasil.

            Muito obrigado, Senador Sérgio.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/06/2013 - Página 35797