O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco/PSOL - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, tivemos, esta tarde, a lamentável informação do falecimento do intelectual, historiador Jacob Gorender, que se encontrava internado em Unidade de Terapia Intensiva há um mês e meio.

            O Sr. Jacob Gorender se destaca como um dos mais renomados historiadores deste País. A trajetória de Jacob Gorender se mistura a alguns dos principais acontecimentos do País no século XX. Um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro e do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, autor de uma centena de obras sobre história e sobre a formação econômica e histórica do povo brasileiro, entre elas A burguesia brasileira, Combate nas trevas, um dos mais ricos relatos sobre a atuação das organizações da resistência armada à ditadura militar, e O escravismo colonial, defensor da revisão da Lei da Anistia, com muita convicção, e um dos principais denunciadores do horror que foi a ditadura militar em nosso País, Gorender completou, recentemente, 90 anos, marcados por uma trajetória de lutas, de coerência política e de coerência intelectual.

            É Marx que define, que faz a definição, do termo “práxis”. Práxis é a unidade entre a teoria e a prática. Gorender, com certeza, é um dos intelectuais brasileiros que levou a cabo a prática na sua atuação e na sua militância política, as ideias que defendia e o que estudou. A obra de Gorender é fundamental, indispensável para entender a história de resistência do povo brasileiro, a formação econômica e histórica do Brasil e, em especial, para entender o horror que foi a ditadura civil-militar brasileira de 1964 até 1985.

            Estamos encaminhando, Sr. Presidente, para a Mesa, voto de pesar. Registramos aqui o nosso pesar, o nosso lamento pela perda desse personagem fundamental para o Brasil, para a esquerda brasileira, para a intelectualidade e para a historiografia de nosso País.