Discurso durante a 102ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre as medidas anunciadas pelo Governo Federal na área da saúde; e outros assuntos.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA. TRIBUTOS. SAUDE.:
  • Comentários sobre as medidas anunciadas pelo Governo Federal na área da saúde; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/2013 - Página 39364
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA. TRIBUTOS. SAUDE.
Indexação
  • REGISTRO, APOIO, ORADOR, RELAÇÃO, POPULAÇÃO, REALIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, CRITICA, UTILIZAÇÃO, VIOLENCIA, DESTRUIÇÃO, PATRIMONIO PUBLICO.
  • DEFESA, REJEIÇÃO, PROJETO DE LEI, REFERENCIA, ALTERAÇÃO, ALIQUOTA, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS), PASSAGEM AEREA, COMENTARIO, NECESSIDADE, CONCESSÃO, ISENÇÃO FISCAL, TRANSPORTE INTERMUNICIPAL, MOTIVO, BENEFICIO, POPULAÇÃO CARENTE, CRITICA, REDUÇÃO, TRIBUTOS, INDUSTRIA AUTOMOBILISTICA.
  • REGISTRO, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, SAUDE, MOTIVO, INSUFICIENCIA, INVESTIMENTO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, MEDICO, NACIONALIDADE ESTRANGEIRA, REALIZAÇÃO, EXAME, OBJETIVO, AUTORIZAÇÃO, EXERCICIO PROFISSIONAL, LOCAL, BRASIL.

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Srªs e Srs. Senadores, é com alegria que, mais uma vez, nesta segunda-feira, utilizo a tribuna desta Casa, especialmente quando o Brasil, os nossos jovens, não só os nossos jovens, mas a população em termos gerais foi às ruas se manifestar, especialmente com aquilo que já estava entalado e tinha que colocar para fora o grito de guerra.

            Essas cenas nós já assistimos, nós já convivemos, nós já vimos, e todo mundo se recorda. Isso aconteceu no passado. Aconteceu no passado, em outros governos, e muitos deles, no passado, foram feitos por uma questão política, por briga de poder, por briga de espaço. Na época, nós não tínhamos a facilidade que hoje tem a Internet, que hoje tem a facilidade de comunicação entre todos os usuários, nos quatro cantos do Brasil e, da mesma maneira, nos quatro cantos deste grande universo.

            Ao mesmo tempo em que essas pessoas estão se manifestando, estão reivindicando, estão gritando contra tudo aquilo que, na sua concepção, tem deixado a desejar em várias áreas. Começou, na verdade, pelo transporte coletivo urbano, se alastrou em outras áreas, e muitos também fizeram e estão fazendo essa manifestação, e continuam fazendo, quando ela é ordeira, ela é pacífica, ela traz a esperança, especialmente quando há paz.

            A exemplo disso, quero aqui, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, parabenizar o povo do meu Estado de Rondônia pela manifestação que fez na última quinta-feira, em Porto Velho e em alguns Municípios do interior. Foi uma manifestação pacífica, ordeira, reivindicando também o que é de direito de cada um.

            Então, parabéns aos meus irmãos rondonienses, às irmãs rondonienses que foram às ruas e, em um processo democrático, civilizado, deram um exemplo para o Brasil.

            Mas quero também parabenizar os demais Estados da Federação em que a maioria se manifestou de maneira pacífica, ordeira. Em contrapartida, dentro de todas as manifestações, infelizmente, sempre aparecem alguns arruaceiros, alguns bandidos, assaltantes, criminosos que se utilizam de uma manifestação pública em busca dos seus direitos. Em contrapartida, alguns fazem o que fizeram em nível nacional: depredar o patrimônio público. Mas não é só isso. Também saquear o comércio, saquear as casas, como aconteceu em alguns lugares.

            Quero dizer mais. Os que forem à rua e os que estão indo para a rua de cara limpa, mostrando a cara para a população, a esses nós temos que erguer os braços e dizer: parabéns a vocês. Vocês querem o melhor para os nossos filhos. Vocês querem o melhor para a nossa família. Mas aqueles que usam capuz, que escondem a sua cara, que utilizam o espaço de um movimento em que temos 99,9% de pessoas decentes e sérias, esses que vão encapuzados, a polícia tem que continuar coibindo, porque é inaceitável. Infelizmente, são pessoas de má índole, que estão se utilizando dessa manifestação para beneficiar a si próprias, destruindo o patrimônio público e, ao mesmo tempo, o patrimônio particular.

            As senhoras e os senhores que estão assistindo em casa ou no comércio, em todo lugar, vocês que estão aí, de repente, dizendo “mas o que esse Senador está falando, ele está contra a manifestação”. Não, eu estou a favor da manifestação pacífica, ordeira. Mas eu pergunto às senhoras, aos senhores: vocês concordariam que passasse alguém agora em frente à sua casa, em frente ao seu estabelecimento, quebrasse seus vidros, queimasse seu carro, roubasse o seu computador, levasse embora a sua geladeira? Você aceitaria? Com certeza não.

            Então, o que estou dizendo aqui é isso: eu sou a favor da manifestação pacífica e ordeira. Eu sou contra esses desmandos. E os Governadores de cada Estado e a Presidenta do Brasil precisam sim colocar polícia, separar os maus elementos e punir na forma da lei, para que eles não estraguem, não prejudiquem os demais, que estão reivindicando um direito e uma expectativa da sociedade.

            Por mais expectativa que tenha, a CAE, amanhã, vai aprovar o PLS nº 310, de 2009, um projeto autorizativo para diminuir imposto. O que eu não consigo entender, e aí eu fico triste, é por que existe isenção de imposto de ICMS para quem anda de avião. Quem anda de avião é a classe média alta, quem anda de avião é quem tem condições. No entanto, quem anda no transporte coletivo municipal urbano ou intermunicipal paga impostos.

            Dou o exemplo do meu Estado, Rondônia. Eram 17% de ICMS do transporte intermunicipal, e nós baixamos, senão me engano, para 8%. Baixamos para 8%. Com isso, os preços das passagens continuam os mesmos.

            Ouço os gritos dos quatro cantos do Brasil em que o pessoal fala da diferença e do aumento que houve nas passagens urbanas, nos coletivos, mas muita gente está deixando de gritar nos quatro cantos do Brasil sobre as passagens intermunicipais, que as passagens interestaduais. Vou dar um exemplo: quando saímos do Governo, em 2010, a passagem de Rolim de Moura/Porto Velho custava R$75,00, a passagem de Ji-Paraná/Porto Velho, senão me engano, custava R$50,00. Hoje, dois anos e meio depois, a passagem de Rolim de Moura/Porto Velho, intermunicipal, custa R$104,70, aumentou quase 40%; a passagem de Ji-Paraná, R$73,00, a passagem de Cacoal, R$93,00; Vilhena/Porto Velho, R$139,00. Em dia de promoção da Trip consegue-se embarcar de Ji-Paraná, de Vilhena, de Porto Velho para Vilhena, para Ji-Paraná nesse mesmo valor.

            Portanto, o grito está nos quatro cantos. Infelizmente, há governo que tem subestimado a inteligência do nosso povo e - o que não dá para entender - dá incentivos fiscais para as companhias aéreas. Eles ganharam na Justiça. Mas ninguém, neste Brasil, teve a coragem de entrar na Justiça para derrubar o ICMS dos que usam o transporte coletivo urbano estadual ou municipal, os coletivos nos quatro cantos deste País.

            Quem anda de ônibus é quem não tem carro. Quem anda de ônibus é quem tem dificuldade, precisa ir ao trabalho pegando três, quatro ônibus. E, para pagar esse custo, infelizmente, deixam, muitas vezes, de comprar um litro de leite a mais ou um quilo de carne ou uma roupa para os seus filhos.

            O que me entristece é ver a continuação da isenção de imposto para quem compra um carro. Eu tenho batido aqui a tecla não de agora, mas desde a época em que fui Governador. É inadmissível! É inaceitável, gente! Não dá para aceitar! Quem compra carro tem dinheiro. Ah, você não está concordando porque comprou um carro? Você tem dinheiro, comprou um carro. Bota três contos a mais. Vamos usar esse dinheiro da diferença do imposto do carro. É a mesma coisa para quem fuma: tem que pagar mais imposto, está pagando bastante. Quem bebe bebida alcoólica é também do mesmo jeito: tem que pagar mais imposto. Agora, quem compra um litro de leite tem que pagar imposto? É inaceitável. Um litro de leite, gente, infelizmente, para o agricultor, é mais barato do que uma garrafinha de água. E olha a diferença do litro de leite para as nossas crianças, especialmente na amamentação e na saúde de cada um.

            Então, há coisas no País com que não podemos compactuar, não podemos aceitar, não podemos admitir, mas, infelizmente, estão aí, perpetuando. Olha, mas nós temos que gerar emprego.

            A indústria automobilística não para, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores. A indústria automobilística continua produzindo. O que não aguentamos mais é esse gargalo em que vivem os grandes centros. Nós não temos dinheiro para a infraestrutura urbana, nós não temos dinheiro para a saúde, e se dá isenção para quem compra um carro. Quem tem R$30 mil tem R$33 mil para comprar um carro. Eu sou a favor, sim, de nós praticarmos juros para quem compra carro não de 0,9% ao mês, não de 0,7% ao mês. Juros, sabe de quanto? Zero ponto dois, 0,1% ou praticamente nada de juros, como tem algumas montadoras vendendo carro sem cobrar juro nenhum para fomentar o comércio dos veículos, para incentivar e motivar a geração de emprego e o consumo. Mas tem que ser, na prática, diminuindo o custo. Com certeza, qualquer um que está me ouvindo aqui vai ter uma compensação muito maior, porque 1% de juro ao mês em cima de R$100 mil é R$1.000,00 no final do mês. Portanto, se conseguirmos ter uma redução em cima de quem consome e vai adquirir o veículo com juro subsidiado, com certeza...

            É igual nos Estados Unidos, é meio por cento ao ano. Vamos dizer que da mesma maneira foi feito, há poucos dias, e me coloco aqui como consumidor. O Governo Federal incentivou que quem comprasse caminhões, máquinas da indústria e veículos novos pagaria juros de 2,5%. Eu, Ivo Casso, empresário, meu filho, Júnior, que cuida das empresas do grupo Cassol, nós adquirimos não um caminhão. Adquirimos cinco caminhões caçamba, adquirimos máquina e implementos agrícolas. Compramos vários, compramos caminhão carreta para transportar a produção, porque aproveitamos o incentivo do Governo Federal. Nós não aproveitamos por causa de isenção de imposto, não. Aproveitamos por causa dos juros de 2,5% que o Governo Federal, Presidente, incentivou. Eu, as minhas empresas, da minha família, do meu filho junto comigo, nós adquirimos.

            Então, sou contra isenção para quem compra carro. Tem que dar juros baixos para incentivar a indústria a gerar emprego e a gerar renda. O dinheiro da arrecadação dos impostos, nós vamos colocar no Rio Grande do Sul, para que o Governador do Rio Grande do Sul possa ter mais dinheiro para atender à infraestrutura das rodovias estaduais como também da malha rodoviária não só do interior, mas também da capital, Porto Alegre e demais Estados, tanto no Ceará como em tantos outros lugares. Mas, não! É muito fácil ficar fazendo festa com o chapéu alheio, dando isenção, as prefeituras capengas e não há dinheiro em muitos hospitais para comprar remédio.

            Aí vem outra situação grave. Tem uma boa: vão pegar o dinheiro dos royalties e colocar para a educação. Ótimo! Fico feliz com isso. Assim acaba essa vergonha, essa briga por esse dinheiro que se viu até agora. Mas espero que esse dinheiro dos royalties não fique só para o Espírito Santo e para o Rio de Janeiro, porque isso também é subestimar o resto da população brasileira. Tem que ser dividido pelo número de habitantes em cada Estado, em cada Município desta Federação, levando em conta a pobreza de cada Estado e não o fato de ser o Estado produtor de petróleo. Aliás, o Estado não é produtor, porque, na verdade, nós temos a produção de petróleo em alto mar.

            Mas, além disso, eu não vi nada para a saúde. Não vi nada, e a saúde está capenga. O Ministério da Saúde faz muita propaganda, mas não libera quase nada, nem as emendas dos Parlamentares ele libera. Eu falo por mim: ano passado, nenhuma das minhas emendas, que eram para atender Municípios de Rondônia, foi liberada, nenhuma foi liberada, nem para comprar ultrassom, nem para comprar equipamento hospitalar para atender os Municípios, nenhuma foi liberada. Poucos dias atrás, estive no Palácio com o Claudinei, e ele me garantiu que vai rever isso, porque já estava dentro da cota a que o Parlamentar tem direito. Infelizmente, porém, o Ministério da Saúde não tem liberado os recursos.

            Mas não é só isso. Quanto, na verdade, o SUS paga por um parto? Quanto o SUS paga por uma consulta? Quanto o SUS paga para um atendimento de saúde? O programa é ótimo, a distribuição do dinheiro na área de saúde para ajudar os Municípios e os Estados é boa, mas é deste tamanhozinho assim ó, não paga as despesas.

            Dou aqui como exemplo a Santa Casa das Irmãs Marcelinas de Porto Velho, que faz um trabalho extraordinário e teve que diminuir seu quadro porque não aguenta mais pagar as despesas com os profissionais da área da saúde, com a compra de remédio e com a compra de material hospitalar porque o sistema de saúde não cobre.

            E eu não vi nada, não vi sair dinheiro de lugar nenhum. Pega essa isenção dos carros, pega esse dinheiro aí, e passa tudo para a saúde. Os Municípios têm que investir 15% na saúde, Sr. Presidente, mas a maioria investe 25%, 30%. Nós tínhamos que pegar uma parte da receita líquida da União e deixar exclusivamente para a saúde. No passado, eu me recordo, havia aqui a cobrança de imposto sobre o cheque. Todo mundo acompanhou isso, existia a lei, mas, infelizmente, utilizaram esses recursos para programas eleitorais, para cobrir furos do outro lado, e a saúde continuou na UTI, a saúde continuou jogada às traças. E aí se cobra do governo do Estado, cobra-se dos Municípios, é obrigação deles.

            Esta Casa tem criado muitas leis, deixando o abacaxi para os prefeitos e os governadores descascarem. Isso é muito fácil. Tenho certeza de que, no dia em que o Senador Inácio Arruda e o Senador Paulo Paim forem governadores dos seus Estados e o Congresso Nacional fizer uma lei em que o Estado tenha que arcar com uma despesa extra, eles ficarão muito tristes.

            Temos que criar leis, sim, mas também temos que criar receitas, porque, com a lei e com a receita, temos a fonte para pagar. Da maneira como a Presidente colocou, ou seja, todos os recursos do pré-sal indo para a educação, atendendo a demanda para o ensino integral, eu concordo. Mas, na saúde, estamos capengas.

            E, por falar em saúde, ouvi o discurso da Presidente. Sei a preocupação que ela tem com a situação que o Brasil está vivendo. Mas, ao mesmo tempo, no seu discurso, ela colocou que vai liberar, nos próximos dias, que médicos cubanos venham para o Brasil a fim de atenderem nas áreas onde há deficiência de atendimento.

            Quero fazer um pedido à Senhora Presidente: a senhora que sempre tem pautado a administração pública com rigor, com seriedade e competência, vamos primeiro liberar os médicos que já estão formados no Brasil, que já estudaram em Cuba e nos países vizinhos, mas que, infelizmente, não passaram nesse teste que a associação ou o sindicato dos médicos do Brasil obriga a que eles façam. A maioria não passa, e isso é proposital, é para valorizar a profissão. Tenho muitos médicos que são meus amigos e digo isso porque já passei por esse problema na pele, como prefeito e como governador.

            Em primeiro lugar, Sr. Presidente, precisamos liberar os médicos que já estão formados e estão aqui no Brasil. De que maneira eles podem ser integrados? Especialmente para eles atenderem primeiro nessas regiões mais distantes e carentes, como, por exemplo, Costa Marques, Pimenteiras, no meu Estado de Rondônia, e nessas regiões de faixa de fronteira, onde nenhum médico formado quer atender. Não há médicos para atender por lá, mas também não se deixa que os outros atendam.

            E por que esses médicos não querem ir para lá? Porque a mãe deles não mora naquela região. Se morasse, com certeza, iriam aceitar. Se tivessem um parente por lá, se tivessem uma filha naquela região, com certeza iriam aceitar. Mas não aceitam. Infelizmente, é esse o preço que nós pagamos.

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Mas, além disso, Sr. Presidente, eu quero aqui parabenizar o trabalho. Não estou aqui os menosprezando. Os médicos fazem um trabalho extraordinário, são meus amigos, muitos têm ajudado a fazer. Em muitos lugares públicos, há o faz de conta - um faz de conta que trabalha. E o Estado e o Município pagam, porque, se não pagam, estão ferrados. E aí a coisa não produz.

            Eu passei isso na pele. Eu senti dentro do meu corpo isso. Não foi fácil corrigir isso. Lá, quando eu fui prefeito, eu passei por isso. Médico quer pegar três, quatro, cinco contratos. Nem ocupa a moita, nem desocupa a moita. Fica lá com os contratos. Quer ganhar em todos. Isso há ainda no meu Estado.

            E, ao mesmo tempo, só no Estado de Rondônia, há quatro cursos de Medicina: Unir; Facimed, em Cacoal; São Lucas, em Porto Velho; Fimca, em Porto Velho. Estão se formando em torno de 180, 200 médicos por ano.

            E eu pergunto para vocês: eles querem fazer residência; quantas vagas há? Vocês já pararam para refletir? Quantas vagas há? A maioria dos médicos não tem espaço para, após formado, fazer residência.

            Conversava com meu amigo e sua esposa hoje, junto com a minha esposa, no Aeroporto de Ji-Paraná, o Reinaldo Ceriotti, lá de Espigão d’Oeste, sobre a Ingrid - filha da minha amiga, ex-prefeita e deputada estadual, assessora do meu irmão lá em Rolim de Moura - que quer fazer radiologia. A dificuldade que é para ter espaço para fazer residência.

            No nosso Brasil, que precisa de tantos médicos, nós não temos espaço para fazer residência. E olha que esses médicos querem trabalhar de graça. Olha que esses médicos querem fazer residência para se profissionalizarem, se capacitarem, para poderem ajudar a nossa Nação, os nossos Estados, ajudar nossas regiões. E não podem fazer residência.

            Eu, quando fui Governador do Estado de Rondônia, criei residência em várias áreas no meu Estado. Tive dificuldade na época, mas hoje está lá a residência. Quase que o Governo que está aí, da nova Rondônia, perdeu. Nós fomos atrás do MEC; corremos atrás do Ministério da Saúde. Conseguimos reativar. Mas infelizmente, no Brasil inteiro, não se aproveitam hoje 10% dos médicos para fazer residência. Essa denúncia eu faço aqui desta tribuna, aqui nesta Casa.

            Aí não adianta trazer médico de fora. Primeiro, nós precisamos aqui dar espaço em hospital particular. Precisamos que o Governo Federal, a Presidente Dilma crie uma bolsa residência. Crie uma bolsa residência para que esses jovens médicos, recém-formados, possam fazer residência. Eles querem fazer residência. Mas não; são só médicos que vão poder consultar, assinar receita e encaminhar para fazer a saúde básica da família, enquanto, na verdade, a maioria quer ser cirurgião, quer fazer pediatria, quer fazer cardiologia, quer fazer radiologia, a exemplo das duas médicas amigas minhas, da minha família, que estão sempre junto comigo, que não conseguiram até agora e são pessoas já formadas praticamente há quase um ano.

            E aí se fala: “Olha, vamos trazer gente de fora, caso não se preencham as vagas”. Então, pode se preparar, Presidente, já pode trazer, mas, antes de a senhora trazer, eu gostaria que a senhora primeiro nos ajudasse aqui nesta Casa: mande um projeto de lei na forma de medida provisória - porque já vieram tantas medidas provisórias que uma a mais não vai fazer diferença - para convalidar esses médicos que estão no Brasil, estão apoiando, estão ajudando e têm dificuldade.

            E o intercâmbio com Cuba? Nem assim consegue o pessoal daqui, com a dificuldade que há. Não, mas o teste é “facinho”.

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Lógico, é fácil, é fácil mesmo. Então, vamos fazer uma prova aqui? Vamos fazer uma prova desse teste que é praticado para esses médicos que estudam fora? Vamos pegar esse mesmo teste e colocar nas mãos dos médicos formados nas nossas universidades federais? Com certeza, a maioria não passa. É igual ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil: a maioria não passa, tem dificuldade. Mas, por causa disso, vão ser maus profissionais? Não! Não vão ser maus profissionais, não; vão ser ótimos profissionais também. Têm conhecimento, têm competência. O que nós precisamos é dar credibilidade; precisamos dar apoio; precisamos dar segurança.

            Então, Presidente, a proposta da Presidente Dilma é importante para o Brasil, é fundamental para o Brasil, mas, para isso, nós precisamos urgentemente que a nossa Presidente faça imediatamente a convalidação desses que se formaram em países vizinhos. Alguns dizem o seguinte: “Ah, mas há um médico aqui que se formou aqui na Bolívia”. Onde é que você viu médico da Bolívia? Vamos colocar nas mãos deles as pessoas para serem tratadas? Vamos! Mas, se eles não fizeram residência, eles não vão fazer cirurgias; vão fazer o tratamento da saúde básica. É disso que se precisa nessas cidades mais distantes: é a consulta, é o trabalho corriqueiro, que muitos farmacêuticos faziam até tempos atrás - porque hoje é proibido também aos farmacêuticos fazer; esse é o complô. Antigamente, você chegava na farmácia - eu cansei de fazer isso, Sr. Presidente - e dizia: “Olha, eu quero um remédio para a garganta; eu estou com a garganta inflamada”. Hoje não pode. Hoje você tem que primeiro ir ao médico, pagar a consulta lá; aí você dá uns trocos lá, depois você passa lá e tem a receita na mão. Antigamente podia. A não ser que você chegue na farmácia e peça o remédio que você quer. Ele não pode dizer: “Para a garganta, é bom isso; para gripe, é bom isto aqui; para outra, é bom isto aqui” Agora, você tem uma inflamaçãozinha, mas o farmacêutico não pode lhe receitar.

            Então, nós precisamos, sim, nossa Presidente Dilma, é convalidar urgentemente essas pessoas, os nossos amigos brasileiros que saíram do Brasil, foram nos países vizinhos. E podemos fazer mais, Presidente - Presidente, quando eu falo, é a nossa Presidente Dilma. E podemos fazer mais. Na medida provisória, todos esses profissionais que se formaram nos países vizinhos, que trabalhem na faixa de fronteira, Senhora Presidente. Se colocarem 150 quilômetros com a divisa de faixa de fronteira com os países vizinhos, esses lugares distantes, todas as pessoas vão trabalhar. Eu conheço muitos amigos e amigas que estão indo na Bolívia, que estão indo em Cuba, estão estudando - alguns já são formados -, e não conseguem trabalhar, quando eles poderiam estar lá na ponta, fazendo atendimento básico, dando remédio para a febre, dando remédio para gripe, dando remédio lá para a virose.

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - E aí os exames principais não é o medico que faz. Ele olha no olho, ele olha na garganta, ele bate no peito, olha aqui e olha lá e diz: “Agora, o restante quem vai fazer é o exame de sangue, é o exame de urina, é o resto dos exames que vai dizer se há alguma infecção, alguma coisa a mais”. Então, tem que se dirigir a outro local.

            Portanto, hoje nós precisamos, urgentemente - é para ontem já -, é trazer esses profissionais para a legalidade. E aí, sim: o restante que faltar vamos trazer de fora; mas trazer de fora não para ele ficar em São Paulo; é trazer de fora não para ele ficar em Brasília, porque aqui tudo é bonito; lá no meu gabinete, no 16º andar, você olha de um lado e vê aquele lago bonito; você abre a janela do outro, você vê aquelas...

(Interrupção do som.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Mais um minutinho aqui, Senador Inácio Arruda. Eu já concluo aqui.

            Muitos dos profissionais que se formam hoje, a exemplo de Rondônia, onde se formam em torno de quase 200, 80% saem de lá e vão embora para outras regiões. Por quê? Porque são pessoas de outros Estados que se formam lá e que voltam para seus Estados. Alguns ficam, a exemplo do que citei agora aqui.

            Então, portanto, nós precisamos urgentemente alocar recursos, mas não recursos municipais, porque o Município já está quebrado; o Município já está com o pires na mão; o Município, na verdade, já foi estuprado, arrebentado, sem ter direito de fazer o BO, sem fazer nada. É assim que estão os Municípios. Meu irmão, por exemplo, na cidade de Rolim de Moura, não paga as contas, e todos aqui continuam em busca de migalhas.

            Então, nós precisamos que os recursos da saúde sejam direcionados, na verdade, para a saúde. Mas, de onde vamos tirar? Eu já dei a fórmula: acabem com o incentivo dos carros, chega de dar incentivos fiscais para carro, pega esse incentivo e bota para a saúde. Se arrumaram dinheiro para botar na educação, que é dos royalties, por que não pegamos, então, a isenção dos carros e colocamos na saúde? Com isso, nós vamos ter os recursos, Sr. Presidente, e, com certeza, nós vamos ter menos sofrimento nas filas, porque só quem está na fila, quem está dentro dos hospitais, quem precisa do atendimento médico sabe a situação que está vivendo a nossa população nos quatro cantos.

            Por mais que as pessoas tenham se desdobrado, temos muitos políticos ruins. Vamos ser bem claros aqui também. Temos muitos prefeitos que, infelizmente, são carnes de pescoço, são nós cegos, são ruins de serviço. Criaram uma expectativa em época de eleição, enganaram todo mundo, e a população de eleitores se deixa levar muito fácil. Mas nós também temos muita gente boa, nós temos muita gente séria, e as pessoas sérias, competentes, comprometidas com a causa pública precisam ter apoio desta Casa. Elas precisam ter apoio do Congresso Nacional, precisam ter apoio do Governo Federal.

            Eu passei pela prefeitura e fiz, Presidente. Eu fui homenageado, em 2000, como o 22º melhor prefeito do Brasil, uma das melhores saúdes do Brasil. Então, não é difícil de fazer. Agora, para isso, nós precisamos responsabilizar todos aqueles que têm o compromisso e a obrigação de ajudar a fazer um Brasil melhor.

            É por isso que as manifestações estão nas ruas, é por isso que a população não aguenta mais.

            Vejam, nos Estados Unidos, você compra uma coisa hoje, volta daqui a dois anos lá, e o preço é o mesmo. Aqui, você compra o tomate hoje e, amanhã, você paga o dobro.

            As especulações têm que acabar também tanto de um lado quanto de outro, para que a gente possa garantir estabilidade e para que o País possa viver em paz. Portanto, é fundamental o controle da inflação.

            Vou mandar aqui um recado para o Presidente do Banco Central. Não sou economista, a minha faculdade é a faculdade da vida, sou empreendedor de sucesso, sou político de sucesso. Vocês não controlam, Presidente e diretores do Banco Central, inflação aumentando juro, não. Vocês controlam inflação botando mais dinheiro no mercado, com juros subsidiados, na medida certa e na dose certa. Aumentando os juros, vocês aumentam a crise; se vocês aumentam a crise, vocês aumentam a demanda; aumentando a demanda, aumenta a inflação. E aí o Brasil está no prejuízo que está hoje.

            Então, portanto, com a experiência que eu tenho na iniciativa privada é que eu quero contribuir para um Brasil cada vez maior e melhor, onde todo mundo ganhe.

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Ao mesmo tempo, com todas essas manifestações nas ruas, eu quero pedir que elas sejam pacíficas, que sejam ordeiras e que as pessoas que estão em casa ou indo à igreja orem; orem por aqueles que estão nas manifestações, pelas autoridades, por todo mundo, para que a gente possa trabalhar em conjunto com um só propósito para o Brasil e para uma Rondônia cada vez melhor.

            Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/2013 - Página 39364