Pela ordem durante a 101ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexões sobre as manifestações que ocorreram no país nessa última semana.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • Reflexões sobre as manifestações que ocorreram no país nessa última semana.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2013 - Página 39071
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, CONVOCAÇÃO, MEMBROS, PARTICIPAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, AUTORIA, JUVENTUDE, PAIS, COMENTARIO, IMPORTANCIA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Presidente.

            Antes de vir à tribuna, procurei me informar com todos os companheiros, e notícia nenhuma veio do Palácio. Dizem...

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Que estão em reunião ainda.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Parece que estão em reunião, mas ninguém viu entrar lá ou sair ninguém de lá, a não ser o Sr. Carvalho. Não sei, não sei, mas continuo na expectativa. Volto a dizer que temos de fazer realmente algumas reflexões.

            Depois que saí ontem, aliás hoje, desta Casa, não consegui dormir e meditei muito. Que situação estranha é essa! Que situação esdrúxula! As passeatas geralmente eram feitas pelo PT, pela CUT e pela UNE, nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, para buscar melhor salário, melhor isso, melhor aquilo. Elas eram feitas e se encerravam. No Governo do PT, ficou diferente, porque a CUT e a UNE caíram fora.

            O Governo botou debaixo das suas asas todas as organizações não governamentais oficiais. Ficaram as ONGs. É verdade que as ONGs, no mundo inteiro, têm um papel muito destacado. Aqui, no Brasil, há ONGs importantes, há ONGs ilustres, mas, infelizmente, há ONGs que são um escândalo! Tivemos de fazer uma CPI sobre as ONGs, e esse é um dos fatos negros do Senado. Fizemos a CPI, e apareceram ONGs comandadas pelo PSDB fazendo escândalos, e apareceram ONGs comandadas pelo PT também fazendo escândalos. Então, o que aconteceu? O PT e o PSDB se reuniram, e nós não apuramos as do PT, não apuramos as do PSDB e encerramos a CPI sem nenhuma conclusão.

            Então, essa falta de credibilidade do nosso Congresso existe por causa dessas questões.

            Houve um momento em que nós cassamos o Presidente da República, e o povo foi todo à rua a favor do Congresso Nacional. Quando ele, Presidente, viu que seria cassado, pediu que o povo fosse para a rua de camisa verde e amarela. Vejam que o Presidente Collor teve a sensibilidade de tentar se identificar com a Bandeira do Brasil e com as cores verde e amarela. Mas a coisa já estava tão adiantada, tão adiantada, que o pessoal foi de preto.

            Agora, o Presidente do PT mandou as pessoas irem de camisa vermelha e disputarem o espaço com as outras pessoas. Mas o que é isso, meu Deus do céu? E se diz isso depois de uma reunião com a Presidenta Dilma, com o Presidente Lula, com o Mercadante, com o Santana - o homem da publicidade - e com o Presidente do PT Nacional. Saíram da reunião, e o Presidente do PT Nacional fez uma convocação pelo Brasil afora para o PT, de camisa vermelha, ocupar os espaços e disputar os espaços.

            Agora, no jornal, aparece a Dona Dilma dizendo que não deveria fazer isso. Mas, na verdade, passa pela cabeça de alguém que o Presidente Nacional do PT, que estava em uma reunião de duas horas com o comando do PT, mandaria fazer isso sem falar com a Presidente da República?

            Aí marcam a reunião para agora, às 9 horas. É meio-dia. Falei com tudo que é jornalista, falei com um bando de gente, e ninguém tem notícia nenhuma. Não sabem quem chegou ao Palácio. Só o Carvalho chegou ali. E o Ministro Carvalho ainda deu para a imprensa uma notícia correta, mas que ele não tinha nada que ter dado: está preocupado com a Jornada da Juventude e com o Papa. Era hora de falar nisso?

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Nós, eu e V. Exª, estaremos lá. Já combinamos que nós vamos à Jornada da Juventude com o Papa.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Mas, numa hora como esta, no meio desta confusão, lembrar que o Papa vem aqui e que pode dar confusão? O Ministro dizer isso? Há momento para tudo! Se você vai a um velório, você beija a viúva e lhe dá os pêsames, mas não vai falar: “Vai passar o fim de semana onde?” Em uma reunião como esta, num momento como este, não é hora de falar que está muito preocupado com o que pode acontecer na comunidade, com o que pode acontecer com a juventude e com o Papa. Passei a estar preocupado, porque, se ele está preocupado, alguma coisa deve estar acontecendo.

            Lula, quando nasceu... Perdão! O PT, quando nasceu, nasceu muito bem. Eu o olhava com inveja, porque o MDB já estava deixando de ser aquele meu MDB na hora da luta, da resistência. Se já estava se aproximando dos cargos, eu via que toda aquela minha paixão de achar que nós éramos os heróis da Pátria só ocorria na oposição. Quando chegava a algum cargo, a gente se entregava.

            Era de se esperar que o PT fizesse isso. Vamos fazer justiça que o Governo do Lula teve um lado positivo: salário família etc. e tal. Teve um lado positivo. Vamos falar, com justiça, que a Dilma mostrou um lado positivo. Inclusive, o andamento do mensalão, embora não tivesse muita atividade, foi um lado positivo do Governo dela.

            Agora, hoje, estamos em um momento chave. Já está anunciado que a Presidenta falará à Nação, e até já disseram o horário: na hora do Jornal Nacional, às 20h15. É verdade? Não sei. Acho difícil que ela não fale. Mas, se é para falar e não dizer nada, se é para falar e dizer o que não deve, é melhor não falar. A Dilma deve falar com seus eleitores, com o povo brasileiro. Ela é a Presidente da República e foi eleita com um mar de votos do povo brasileiro, de ricos e de pobres, de brancos e de pretos, de gaúchos, de amazonenses. Ela foi eleita. Reparem que, até pouco tempo, ela obtinha o maior índice de popularidade que um presidente da República obteve até agora; ganhou de Lula, ganhou de todos os outros. Não pode, de uma hora para outra, a Presidente desaprender. Não pode, de uma hora para outra, a Presidente ficar insensível. Não pode, de uma hora para outra, a Presidente ficar sem saber o que dizer.

            A Presidente assumiu a Presidência da República, e veio o PAC nº 2. Se não se sabe o que foi feito e o que não foi feito do PAC nº 1, muito menos se sabe o que é feito do PAC nº 2!

            O PT quase dobrou o número de ministros no Governo da Dilma com relação ao Governo Lula. Digo que dobrou o número entre os ministros do PT e os da confiança da Dilma, que, na verdade, são do PT também.

            E aí o Brasil passou a viver em clima de Copa do Mundo, em clima de Jogos Panamericanos, em clima de Liga dos Campeões.

            Há um projeto de lei de minha autoria, que é a Lei de Licitações. Era um projeto que veio da Câmara e que chegou aqui. Àquela época, eu me dava bem com o MDB, e me deram o projeto para eu relatar. Hoje, se me dão um projeto para relatar, trata-se de nome de estrada, de nome de rua. Fizemos um estudo muito grande, muito profundo. E, à época, ele foi considerado, em âmbito internacional, como um avanço muito grande na moralização das questões.

            Agora, para a Copa do Mundo, retirou-se tudo que é compromisso, não há Lei de Licitações, não há nada! A direção do Congresso nomeou uma comissão por conta dela, para fazer uma nova Lei de Licitações. E fico me perguntando... Primeiro, não quero discutir, mas os nomes não são os que eu botaria. Segundo, numa hora como esta, nesta agitação em que estamos, o Governo já saiu mal, mudando as licitações para a Copa do Mundo. Os estádios da Copa do Mundo não precisam passar por licitações, não precisam de absolutamente nada. É um corre-corre. No meio disso, fazer uma nova lei? Sinceramente, não consigo entender. Sinceramente, não consigo entender.

            E há essa proposta de retirar dos promotores o direito de fazer denúncia. Este é o momento para isso? Estamos no meio de uma discussão! Está lá o mensalão! Há o mensalinho de Minas Gerais, e não se sabe o que dali vai sair, o que não vai sair. Está aí uma discussão intensa com relação a essa matéria. Vamos deixar para mais adiante! Vamos fazer uma discussão genérica de todo o contexto, não apenas subir a Polícia Civil e tentar baixar a Promotoria.

            Então, reparem que, no meio de toda essa confusão, entre as leis que vêm a julgamento, não há uma delas de consenso, não há uma que signifique a busca de um entendimento positivo.

            É isto que a Drª Dilma tem de entender: o que o seu Governo quer, qual o objetivo do seu Governo.

            O grande mal foi que, no início, quando ela governou com categoria, afastou seis ministros que não produziam o necessário, e ganhou toda essa credibilidade que ela tem. Mas, agora, é uma daquelas falas que marcam. O que ela vai falar, hoje, às 20 horas, pela televisão, o que ela vai anunciar e o que ela vai fazer vão carimbar o Governo dela.

            Se ela baixou 10, 12 pontos nas pesquisas, antes dessa confusão toda - meu Deus do céu! -, o que acontecerá, se a sua fala for negativa e se o seu PT fizer alguma coisa parecida com o que fez ontem, na reunião de São Paulo?

            O Senador Cristovam fala e repete a preocupação e a ansiedade dele para o Congresso debater, discutir e buscar alguma coisa para fazer. Outro dia, ele se dirigiu ao Presidente do Senado, titular, que lhe respondeu: “É muito importante, Senador Cristovam. Vamos nos reunir, vamos discutir e vamos ver o que podemos fazer, o que é da nossa ação.” Eu já senti que não vai sair muita coisa de lá. Eu não sei se não era para a gente tentar reunir um grupo de Parlamentares, de todos os partidos, que topem fazer uma reunião e até discutir com a sociedade uma pauta em torno daquilo que nós vamos decidir.

            Eu acho altamente negativa as reuniões dos Presidentes da Câmara e do Senado e dos Líderes das bancadas. Com todo o respeito, não vejo nos Líderes das mais diferentes bancadas o sentido de buscar uma solução, o sentido de se enquadrar no quadro que nós estamos vivendo e tentar fazer alguma coisa. Sinceramente, eu não vejo. Por isso, talvez, a gente possa se reunir e fazer aquilo que eles não fazem.

            Infelizmente, a Presidente fala na sexta, e nós só vamos nos reunir na segunda-feira. Deus queira nos ajudar que, nessa sexta, nesse sábado e nesse domingo, haja uma trégua. Vamos apelar para isso. Que se pare para pensar, porque foram dez dias em que os nervos devem estar à flor da pele por parte de todos.

            Vamos esperar o pronunciamento da Presidente. Vamos ver, Senador Paim, se o PT desta vez não manda o seu pessoal de camisa vermelha confrontar outros que lá estão.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2013 - Página 39071