O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Flexa Ribeiro, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, minhas senhores e meus senhores, queria, antes de iniciar meu pronunciamento, agradecer a presença no plenário do meu suplente, primeiro suplente no Senado Federal, Senador Tomás Correia, que assumiu no ano passado por quatro meses - e acho que trabalhou por quatro anos -, trabalhou muito, elogiado por todos os colegas, trabalhando nas comissões e aqui no plenário do Senado, defendendo os interesses do povo, do nosso povo do Estado de Rondônia.

            Sr. Presidente, nesta semana, o Brasil dá ao mundo uma demonstração inequívoca da consolidação da sua democracia, da nossa democracia.

            Em todo o País, milhares de pessoas vão às ruas manifestar sua insatisfação com muitas das questões que ainda estão a reclamar mudanças de rumos, apesar de já termos caminhado em direção à solução de problemas que são cruciais na vida brasileira, como a fome, a miséria e o desemprego.

            O Brasil vive hoje, como chamam os economistas, o pleno emprego. Isso é muito bom, mas ainda faltam melhorias em muitas áreas.

            A legítima indignação com o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo foi ganhando proporções cada vez maiores, contagiando cada vez mais pessoas, se alastrou pelo resto do País e aglutinou todo um conjunto de reivindicações igualmente legítimas, comuns a todos os brasileiros - mais qualidade na educação, na saúde, nos transportes, na segurança pública.

            Repercutiu em todo o mundo o volume das manifestações, coisa que não ocorria há mais de duas décadas. Tão impressionante quanto o número de manifestantes foi o fato de que a origem dos protestos foi genuinamente popular: emanou do próprio seio do povo, que soube se valer do poder dos meios de comunicação, da Internet e das redes sociais para se organizar e, assim, intensificar a força do movimento.

            A inaceitável violência com que os manifestantes foram tratados em certos episódios pelas forças de segurança não foi capaz, felizmente, de manchar a natureza eminentemente pacífica das manifestações, que, afora eventos isolados protagonizados por vândalos contumazes, correu na mais perfeita paz, de forma ordeira e, portanto, legítima. Que as próximas manifestações, que certamente ocorrerão, mantenham esse mesmo caráter pacífico e ordeiro.

            Na qualidade de Senador da República e presidente nacional do maior partido político do País, o PMDB, que representa milhões de brasileiros no Congresso Nacional e em prefeituras, governos estaduais, câmaras de vereadores e assembléias legislativas em todo o território nacional, avalio os protestos como manifestações saudáveis da vontade popular. Democráticas, portanto.

            A história do PMDB é rica no engajamento, no apoio às manifestações populares e à participação ativa nos movimentos populares mais importantes da história recente do Brasil, afinal de contas, o PMDB nasceu como um movimento: o movimento democrático brasileiro. Muitos o chamavam de Manda Brasa, mas foi o movimento democrático brasileiro que ganhou as ruas com o povo naquele momento. Foi assim na luta pela redemocratização do País, pela anistia e por eleições diretas para Presidente da República, como exemplos - poderíamos citar vários outros exemplos.

            Nossa posição, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores, portanto, é de apoio a todos esses movimentos populares, mas com a importante ressalva de que repudiamos com veemência quaisquer manifestações que se traduzem em violência, em baderna, em depredação, em destruição do bem público e do patrimônio histórico, como aconteceu no Paço Municipal, no Rio de Janeiro, e em outros prédios públicos e privados em todo o Brasil. Tenho certeza de que 99,9% ou mais dos manifestantes também repudiam isso e até estão tentando impedir que esse tipo de coisa aconteça nos movimentos.

            A qualidade do nosso sistema representativo é medida pela satisfação do povo com as políticas públicas e as decisões governamentais. E o povo, detentor soberano do poder, nos termos do art. 1º da nossa Constituição, Constituição que também teve forte apoio do PMDB, liderado por Ulysses Guimarães, hoje dá sinais de que ainda está insatisfeito. O povo dá sinais de que ainda está insatisfeito.

            É o momento de aproximar ainda mais representantes e representados. E, para isso, precisamos ouvir o clamor das ruas, analisar as suas demandas e, dentro das regras democráticas, buscarmos as mudanças exigidas pela vontade popular.

            As manifestações e os protestos, repito, são perfeitamente legítimos e, dado o volume da participação popular, são altamente representativos. Mas legítimos também, Sr. Presidente, devem ser os meios de se buscar o Brasil que o povo almeja.

            Tenho certeza de que o Brasil que emergirá ao final desse processo que ainda não se concluiu será um Brasil mais fortalecido - uma democracia consolidada, amadurecida e em perfeita sintonia com a vontade do seu povo.

            Eram essas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as palavras que eu queria deixar aqui em nome do PMDB nacional.

            Muito obrigado.