Pela Liderança durante a 103ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Contentamento com os movimentos populares realizados nos últimos dias no País, principalmente por causa das bandeiras levantadas.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • Contentamento com os movimentos populares realizados nos últimos dias no País, principalmente por causa das bandeiras levantadas.
Publicação
Publicação no DSF de 26/06/2013 - Página 39710
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • DEFESA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, POPULAÇÃO, PAIS, OBJETIVO, REFORMULAÇÃO, MODELO POLITICO, BRASIL, MELHORAMENTO, QUALIDADE, SERVIÇOS PUBLICOS, SAUDE PUBLICA, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA, TRANSPORTE COLETIVO URBANO, ENFASE, COMBATE, CORRUPÇÃO.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (Bloco/PTB - RR. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Jorge Viana; Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, quero dizer que, semana passada, estive lá no meu Estado, durante a semana toda, e fiquei muito feliz de ver que, ao contrário do que pensam, vamos dizer assim, os Estados mais desenvolvidos, lá no meu Estado, pequeno, distante, aconteceram, durante esta semana, quatro manifestações públicas que eu diria altamente sintonizadas com as demais que aconteceram pelo Brasil afora.

            Eu realmente fico muito feliz de ver não só o povo do meu Estado de Roraima ir às ruas protestar, mas também fiquei, digamos assim, muito incentivado pelo que vi em todas as capitais do Brasil, inclusive em cidades do interior, porque, realmente, se o foco inicial, o motivo inicial era a redução da passagem dos ônibus, viu-se ali nos cartazes, nas manifestações, que várias pautas que estavam atravessadas na garganta do povo foram colocadas lá, como, por exemplo, a questão que sempre discutimos aqui dos hospitais sucateados, da falta de médicos, de escola pública de má qualidade, de polícia despreparada ou sem equipamentos para agir, todos eles com salários aviltantes até. Tudo foi colocado. Como foi colocada também a questão da corrupção, o combate à corrupção.

            Eu digo, inclusive, que a corrupção é a mãe de todos esses males. Por que é que falta dinheiro para saúde, para educação, para segurança? Porque a corrupção no Brasil leva - o ralo da corrupção - pelo menos de 40% a 50% dos recursos públicos. E fazem corrupção inclusive na área de saúde, fazem corrupção na educação, fazem corrupção nas polícias, e isso realmente precisa acabar.

            E eu pergunto: por que não acaba? Por que não se tem uma lei severa a respeito da corrupção? “Ah, a culpa é do Executivo, que não deixa aprovar muitos dos projetos que estão aqui”. A culpa é de todos! Não adianta querer dividir agora a culpa disso ou daquilo e também desviar o foco das reivindicações para, puramente, a reforma política, puramente inclusive aventar-se a possibilidade de convocação de plebiscito ou de uma Constituinte exclusiva, como se o que faltasse no Brasil fosse uma lei “a”, “b” ou “c”. E, se está faltando, se o Poder Executivo quiser, tem maioria aqui para aprovar o que for preciso para aprovar.

            Mas o que é certo é que nós também, parlamentares, temos que absorver esse clamor das ruas. E nós temos aqui no Senado, já há algum tempo, uma frente contra a corrupção. E eu entendo que - talvez até pela minha formação, pela minha cabeça de médico -, se nós não formos à causa dos males, não adianta ficar tratando os males periféricos porque o mal central vai permanecer, que é justamente o mal da corrupção. E isto a gente vê todo dia: notícias de corrupção aqui e acolá. E o que é pior: o próprio órgão do Governo, que é a Controladoria-Geral da União, a CGU, ano passado ou retrasado, publicou um relatório com dados de que, em quatro anos anteriores a esse relatório, foram desviados, só de um órgão da saúde, a Fundação Nacional de Saúde, R$500 milhões. E fica por isso? E não se modifica o modo de gestão, a fiscalização?

            Ora, não adianta, por exemplo, o Governo passar para tal lugar tantos milhões de reais se não há a fiscalização dos órgãos de controle. Inclusive, ontem os auditores fiscais do Tribunal de Contas do Estado de Roraima publicaram uma nota de apoio aos movimentos, e uma nota dura, bem clara, de que eles querem, inclusive, ter mais instrumentos para fiscalizar, e concitam até outros órgãos de fiscalização para que trabalhem juntos.

            O momento a que nós estamos assistindo - ainda está na Câmara a questão da PEC no 37, que quer proibir o Ministério Público de investigar - é um momento inclusive de pensar, de fazer as coisas de maneira rápida e correta. Não é afastando o Ministério Público de investigação que nós vamos melhorar o poder de investigação. Nós temos é que ter claramente o que compete às polícias e o que seja da competência das polícias, e que o Ministério Público possa investigar em casos que estejam devidamente regulamentados, ou seja, ter de fato na lei onde, como e quando o Ministério Público também pode investigar. Porque, quanto mais órgãos investigarem, melhor. Menos chance de corrupção. Aliás, na Itália, só se acabou com o esquema da máfia fazendo um mutirão, uma chamada Operação Mãos Limpas, em que Executivo, Legislativo e Judiciário, juntos, trabalharam de maneira intensa e conseguiram desbaratar a máfia que dominava o País.

            Então, eu quero aqui deixar registrado o meu contentamento com esses movimentos, principalmente com as bandeiras levantadas. Com todas eu concordo, mas repito: a mãe desses outros males todos é a corrupção. Então, nós temos que centrar na melhoria dessas ações, mas centrar no câncer, no mal maior, que é justamente a corrupção neste País.

            E fiquei feliz de ver jovens universitários, jovens recém-formados, já formados há muito tempo. Aliás, quem estava ali, Senador Jorge Viana, só eram jovens: ou jovens de idade e de ideias ou jovens só de ideias, porque até gente que participou de outras manifestações estava lá presente, dizendo da alegria de poder estar ao lado dos filhos nessas manifestações.

            Eu espero que o povo, de maneira ordeira, continue essa mobilização para que, realmente, o nosso Brasil possa ser o país que deve ser: um país grande, honesto e justo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/06/2013 - Página 39710