O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, primeiro, agradeço a V. Exª por ter ficado até esta hora dirigindo os trabalhos desta noite neste plenário do Senado Federal.

            Presidenta, as manifestações que o povo brasileiro está fazendo não são só de jovens. A pesquisa do Ibope, brasileiros e brasileiras, mostra que a maioria é de jovens, mas não é só de jovens. Uma boa porção desse bolo é de adultos.

            É aquela classe de que eu falei muitas vezes aqui, a classe que está massacrada. E muitos queriam ir às ruas, mas não podem mais ir por causa da idade, que são os aposentados. Esses então, brasileiros, sofrem a falta de assistência do Governo. E o Governo só não fala claramente, mas o Governo mostra a sua indiferença, como se lhes dissesse: pode levar a breca - como se diz na minha terra, pode levar o farelo. Se esses aposentados pudessem ir às ruas, seriam mais alguns milhões que estariam lá dizendo: “Fora, Dilma!”.

            Eu cansei esta mão, brasileiros; vocês todos viram quantas vezes esta mão bateu nesta tribuna pedindo clemência ao povo brasileiro. Por três vezes, Líder da Oposição, ou da Minoria - como queiram falar -, logo no início do ano, cheguei aqui e disse que a minha bandeira principal seria o combate à corrupção. Levantei esta bandeira. Um ano antes, batalhei 365 dias. Todas as semanas eu vinha aqui pedir a cabeça de corruptos, principalmente de um senhor chamado Pagot, que era diretor-geral do DNIT, onde o caixa do PT estava estabelecido.

            Bilhões! O furo, quando foram ver, era de bilhões de reais. Quando se viu que não tinha mais jeito, tiraram o Pagot. Quem se lembra do Waldomiro? Foi o primeiro da era Lula. Depois do Waldomiro, centenas e milhares de corruptos vieram às telas de televisão e aos jornais. O Ibope mostra que a coisa começou com as tarifas das passagens aéreas, das passagens rodoviárias, aéreas, enfim.

            Mas, logo em seguida, vem em primeiro plano a corrupção.

            A Dilma tirou uma série de ministros, é verdade. Por que a Dilma tirou uma série de ministros? Porque eles praticaram a corrupção. E onde estão esses ministros? Livres, soltos, achando graça, de barriga cheia, nem se importam... Nada, absolutamente nada aconteceu com os ministros. Nada! Ninguém ouve falar mais em nenhum nome desses ministros. Foi tudo encoberto. Será que o povo brasileiro, gente, é tão bobo para não sentir o que está acontecendo neste País?

            Veio o julgamento dos mensaleiros. Vários foram condenados, mas todos pertencem ao Governo da Presidenta. E eu falei logo aqui, cheguei a apostar o meu mandato, disse que eu renunciaria ao meu mandato se algo pegasse algum deles.

            Eu cheguei a dizer aqui várias vezes: “Petista não vai preso neste País”. Eu cheguei a dizer aqui - está nas notas taquigráficas: “Diretores de órgãos públicos, podem roubar porque nada acontece com vocês”. Por várias vezes eu falei isso. O que aconteceu com os mensaleiros? Absolutamente nada até agora!

            O povo brasileiro assiste a tudo, mas chega um momento em que este povo fica saturado de tudo isso. A Presidenta vem à televisão, brasileiros e brasileiras, e diz que agora - isto é até engraçado - as penas para os corruptos vão ser mais sérias.

            Ora, Presidenta, por que Vossa Excelência pelo menos não colocou na cadeia aqueles que merecem ir? Há políticos que praticaram a corrupção, que foram condenados, que estão sendo processados e estão aqui entre nós! Nada, absolutamente nada aconteceu, Dilma! Tu não puniste ninguém, Dilma! Tu só fizeste farofa, Dilma! “Ah! Agora nós temos que punir severamente os corruptos.” Pelo menos penalize aqueles que roubaram a Nação e que levaram um mundo de dinheiro, quase R$1 trilhão por ano, Dilma! Acorda! Bom, agora tu acordaste, mas já está tarde. Agora está tarde, Dilma! Tu não deves estar dormindo. Mas, sinceramente, Dilma, tu abusaste do povo brasileiro, tu e o Lula. Mentiram demais; faltaram com a verdade demais ao povo brasileiro. Mentiram nas pesquisas, mentiram na inflação. Faltaram com a verdade, e a verdade agora está posta nas ruas.

            Quantas vezes falei da saúde? Quantas vezes o povo brasileiro tem que acordar às cinco horas da manhã, ir para a fila para pegar uma ficha para marcar ainda uma consulta? Ela diz que vai construir não sei quantos hospitais. Hospitais grandes, de alta complexidade, não se constrói, Dilma, do dia para a noite. E por que, minha Senhora Dilma, Vossa Excelência não fez isso há muito tempo? Há quantos anos vocês estão no Governo vendo tudo acontecer?

            Na semana atrasada, antes de o povo ir para a rua, eu trouxe um quilo de farinha. Eu falei aqui que fui comprar essa farinha porque eu não sei comer sem farinha. Eu nasci no Marajó, sou paraense da gema, e não sei comer sem farinha; quando não tem farinha, eu não como; quando não tem açaí, eu também não como. Então, é vício, eu me viciei nisso. O último quilo de farinha que eu, chefe de família, tinha comprado, foi no Município de Salinas, no Pará, a R$2,80. Fui comprar agora: R$13,90. E, aí? Aí que a grande inverdade que os petistas pregam - e se acostumaram a fazer isso - é faltar com a verdade ao povo brasileiro.

            Eles dizem que não tem inflação, gente! As pesquisas de opinião pública nunca falaram a verdade! Quando se caiu na casa do sem jeito, que não dava mais para esconder nada, começou a vir à tona. Aí muitos diziam: “Ah, mas isso é um fenômeno. Ah, o povo na rua é um fenômeno. Ah, eu não esperava. Ah, foi de repente”. O povo sabe. A Dilma pensava que estava enganando o povo. Pensava. Mas o povo sabe que o salário que ganha não dá mais para comprar absolutamente nada para dentro de casa. Porque a inflação real chama-se inflação galopante; não é nem essa que estão anunciando, não é nem essa que está posta, é bem mais alta que essa! É só pegar a área de serviço, uma consulta médica, um serviço hospitalar, você não tem condição de pagar! Um plano de saúde, você não tem condição de pagar! Não tem condição de pagar! Um plano de saúde bom, ou mais ou menos, custa R$5 mil/mês. Soma tudo isso, brasileiro. Soma o dinheiro que mandaram para Cuba, o dinheiro que deram para a Venezuela, soma o dinheiro que deram para o Haiti. Soma tudo, brasileiro, e veja quanto tu pagas de imposto. Sabe quanto tu pagas de imposto, brasileiro? Mais de 1 trilhão por ano. Este ano vai dar R$1,5 trilhão. Olhe para trás e veja a tua vida, como tu vives!

            Este Parlamento, por exemplo - já vou terminar, Presidente, e agradeço a bondade de V. Exª -, quantas ordens vieram para esta Mesa, quantos de nós lutamos para não passar projetos tipo a PEC nº 37. Olha gente, no meio de tanta injustiça, porque este País é injusto com os seus filhos, o País é injusto. Aquele que rouba uma galinha está preso. Citei o exemplo de uma mulher, há 15 dias atrás, que estava presa há 3 meses e o meu advogado chegou e falou que ia tratar desse caso, Senador. 

            A filha chegou com a mulher na padaria e pediu à mãe: “Mamãe, estou com fome. Compre um pão para mim”. A mãe não tinha dinheiro. Mexeu no pão e foi presa. Amigos, brasileiros e brasileiras, 30, 60, 90 dias e a mulher continuava presa por causa de um pão. Os mensaleiros ficaram milionários e não pegaram um dia sequer de cadeia! É por isso que o povo está nas ruas, Brasil! É por essas injustiças que há dentro deste País, implantada por este partido!

            A PEC nº 37, só para descer, eu vinha dizendo que estávamos numa ditadura política, que o Senado estava engessado, que os políticos estavam de mãos amarradas e aí mandam essa PEC nº 37.

            Sabem o que significa isto aqui, brasileiros e brasileiras: a PEC nº 37? Significa dizer assim: “Agora está tudo na minha mão. Agora eu mando em tudo. Só vai preso quem eu quiser. Só vai ser investigado quem eu quiser”, porque ela tira de um dos órgãos mais sérios deste País, de um dos órgãos mais respeitados neste País, de um dos órgãos em que ainda se confia neste País, que é o Ministério Público Estadual, Federal. Tira-se desse órgão a atribuição de investigar criminalmente. Aí está-se começando a encaminhar em direção a uma ditadura, e o povo não quer isso.

            O Papa Bento XVI, quando viu a coisa no Vaticano começar a complicar - inclusive ele falou em corrupção -, renunciou. Dilma, tu já ouviste falar demais em corrupção, Dilma! Não fizeste nada! O Papa renunciou. Renuncia, Dilma! Faz a mesma coisa que o Papa fez. Renuncia, Dilma!

            Presidenta, muito obrigado por sua atenção. Peço desculpas por dar-lhe todo esse trabalho.