Discurso durante a 106ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas às propostas do Governo Federal em resposta às manifestações populares.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Críticas às propostas do Governo Federal em resposta às manifestações populares.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 29/06/2013 - Página 40888
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ASSUNTO, PARTICIPAÇÃO, JUVENTUDE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PAIS, REGISTRO, IMPORTANCIA, UTILIZAÇÃO, MIDIA SOCIAL, INTERNET, OBJETIVO, REIVINDICAÇÃO, MELHORIA, POLITICAS PUBLICAS, COMBATE, CORRUPÇÃO, REPUDIO, MINORIA, MOTIVO, EXCESSO, VIOLENCIA, DESTRUIÇÃO, PATRIMONIO PUBLICO, CRITICA, ATUAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, COLABORAÇÃO, LEGISLATIVO, EXECUTIVO, RESOLUÇÃO, PROBLEMAS BRASILEIROS.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Não há dúvida de que, se nós fôssemos revisar o que a gente fez nesses 40 anos em que estamos nessa caminhada, muitas vezes, aconteceu o que está acontecendo, hoje, com o Senador Cristovam.

            Ele leu um discurso, já escolhido Ministro da Educação, o PT já eleito Presidente, mostrando o que tinha, o que existia e o que deveria ser feito.

            É impressionante o número de pessoas, que se encontram comigo na rua ou que escrevem, que são impressionadas com o que chamam de paixão do Cristovam pela educação. Chegam a dizer que ela é maior do que a de qualquer outro que tenha havido antes dele e se referem, de um modo especial, a Darcy Ribeiro, que fez um trabalho fantástico, desde a criação da Universidade de Brasília, até a criação das escolas, junto com o Brizola, de turno integral. No sambódromo, que é usado por quatro dias do ano pelas escolas de samba, ele fez uma escola integral, que durante todo o ano funciona.

            O importante é que se eu lesse, agora, esse discurso, retratando o que está acontecendo hoje, eu não teria nada para mudar; eu teria de repetir.

            Que bom que V. Exª tenha chegado, Presidente, porque V. Exª é um dos quadros integrantes do Governo e, com grande competência e seriedade, vem como Líder do Governo nos últimos 16 anos, e agora, apesar de afastado da liderança, e demonstra sua imensa capacidade. Na verdade, os grandes projetos, as grandes tramitação que andam por aqui partem de V. Exª.

            No ano passado, nesse mesmo período, havia a angústia do mensalão. “Não vai dar em nada, vai ser um fiasco.” E havia a angústia da CPI do Cachoeira. Chegou este ano e a CPI do Cachoeira realmente foi um fiasco. Uma das páginas mais tristes do Senado. Um dia se escreverá sobre isso.

            CPI é uma comissão de Parlamentares que se reúne quando é feita uma denúncia contra a, b ou c e eles vão apurar aquela denúncia para ver se há verdade ou não, se é crime ou não, desejam fazer um trabalho de investigação.

            Na CPI do Cachoeira não foi isso. A Polícia Federal e a Procuradoria fizeram um trabalho perfeito, completo, mostrando absolutamente tudo, todos os crimes, toda a responsabilidade. A CPI podia ter recebido o dossiê e mandado para a Procuradoria-Geral da República dizendo: “Execute.” Mas o que CPI fez foi arquivar. Passou o tempo e não decidiu nada. Deu como absolvidas as pessoas e até o Cachoeira, que está condenado a 40 e tantos anos por outros crimes, noutros tribunais, na CPI do Senado, nada. Arquivaram.

            O grande fato da CPI que fracassou, foi compensado com o extraordinário movimento das fichas limpas. O que há de mais escandaloso no Brasil? Tenho repetido isso mil vezes, se tivermos de iniciar, realmente, um processo de moralização, de seriedade, de integridade da Nação brasileira, a primeira coisa que teremos de fazer é terminar com a impunidade. O que quer dizer isso? O cara mata, degola, rouba, faz o que quer e não acontece nada. O dinheiro que ele roubou ele aplica onde quiser, não volta, e cadeia ele nunca verá. Essa é a unanimidade. Agora, o novo Presidente do Supremo está querendo fazer um novo processo, cobrando dos tribunais que as decisões sejam mais rápidas para que esse absurdo não aconteça.

            Mas, a ficha limpa foi uma grande decisão. E já há um projeto sobre a ficha limpa na Câmara dos Deputados voltando atrás, mudando tudo. Ia ser aprovado. Quando os jovens vieram aqui na frente, quando saiu essa onda que está acontecendo, voltaram atrás, mas deixaram na gaveta. Está lá na gaveta para, se surgir uma ocasião mais propícia, eles levarem adiante.

            O fato novo no Brasil é essa gurizada nas ruas. Eu diria ao Senador Cristovam que essa questão não é Brasil, é universal. A tecnologia veio, avançou, mas nós, por exemplo, na época das Diretas Já, na nossa luta contra a ditadura, nós tínhamos do outro lado a grande mídia, que era uma na mão de meia dúzia de famílias que faziam o que queriam e, como nós, não resolviam nada. Hoje é diferente. Os jovens aproveitaram essa tecnologia moderna, que é uma novidade que está revolucionando o mundo. Os jovens, hoje, não dão muita bola para a TV a, b ou c das televisões clássicas. Eles vão lá na Internet. São as redes sociais de comunicação, em que os jovens mais simples, mais humildes, mas que têm um telefone, fazem a sua união, a sua equipe, os seus amigos, e, como aconteceu no Egito: “Vamos nos reunir a tal hora e em tal lugar.” Não havia chefe, não havia ninguém, não havia panfleto, não havia nada, e a ditadura no Egito não sabia o que fazer. Esses jovens, fazendo lá o que estão fazendo aqui, derrubaram a ditadura de 30 anos. Esta é uma realidade nova: a comunicação da mocidade.

            É claro, Presidente, que nós vamos ter que discutir, que aprimorar, que ver para onde vai isso. Os jovens que estão indo para a rua dizem com toda a clareza, procuram os vários gabinetes e conversam dizendo que eles estão indo para a rua debater, para discutir um novo Brasil.

            O quebra-quebra, as vigarices, as roubalheiras estão acontecendo com gângsteres, que aproveitam isso para se infiltrarem, e o estranho é que até agora a Polícia não tenha encontrado uma fórmula através da qual ela possa solucionar essa questão.

            No Rio, aconteceu um caso fantástico: filmaram um jovem endoidecido querendo quebrar e quebrando os vidros das portas da Prefeitura do Rio de Janeiro. Lá pelas tantas, ele pegou um ferro enorme e o atirava doidamente até derrubar a porta. Mas isso levou cinco minutos. Depois, no dia seguinte, vendo o filme na Globo News, a Polícia o reconheceu. “É aquele ali, é aquele ali.” Pegaram o cara, prenderam, e já há meia dúzia de processos por violência e por radicalização.

            O problema é que agora nós temos que fazer esta distinção entre o protesto, a gritaria, a briga e não fazer o que eles querem fazer, a pancadaria e coisas assim. O absurdo de atirarem pedras numa obra que é a mais bonita de Brasília, que é o Palácio das Relações Exteriores, de quebrar o vidro da nossa Catedral, isso é coisa de vândalos.

            Os jovens vieram aqui, vieram ao gabinete da Presidência, conversaram com os Srs. Senadores, deram a carta daquilo que eles querem e disseram com todas as letras: “Não há violência nas nossas manifestações. Não há radicalização. Nós não queremos nada, nós queremos é debater o Brasil e o seu futuro.” E isso eu espero que continue. Não com o brilhantismo de V. Exª, Senador Cristovam, mas com a insistência que eu tenho.

            Faz muito tempo que eu venho debatendo isso. Eu venho debatendo isso lá atrás, quando não existia isso. Eu vinha apelando para os jovens na época da ditadura e vinha para a tribuna para dizer que eles tinham que ter coragem para ir às ruas, que eles deviam fazer isso, que era um movimento que eles tinham que fazer.

            Eu fiz. Eu era um guri e, lá em 1953, 1954, na hora da Petrobras, eu fui para a rua. Até fui preso e apanhei, porque nós colocamos a torre da Petrobras em cada praça da cidade. E ser a favor da campanha “O petróleo é nosso” era considerado crime, coisa de comunista. Mas a mocidade saiu para a rua. E a mocidade ajudou muito a lei a ser aprovada, a lei do monopólio do petróleo.

            Agora, hoje, eu acho -- e V. Exª, que é um dos grandes Líderes, Senador Jucá -- que se deveria aproveitar e fazer essa distinção. Esses gângsteres que estão se metendo, que estão atrapalhando, são ladrões e vigaristas que estão roubando. Então, eles aproveitam. A gurizada está indo para esse lado, está ali, eles vão lá no outro lado, que não tem Polícia, e terminam invadindo, fazendo quebra-quebra e roubando, que nem em Minas Gerais, no dia do jogo: havia uma representação de automóveis em que queimaram todos os carros, 30, não sei quantos carros. Esses vigaristas eu acho que o Governo devia fazer, eu acho que a Polícia devia se encarregar é dessa gente, e podia fazer essa seleção.

            Mas eu não tenho como deixar de reconhecer que isso está crescendo no Brasil. Meu filho, que entrou na faculdade este ano, 18 anos, desde o ano passado, quando ele entrou, 17 anos, a primeira coisa que ele trouxe para casa foi: “Pai, olha, me deram isto aqui” -- e começou a me ensinar que a gurizada da Faculdade de Direito da PUC do Rio Grande do Sul estava entrando nessa movimentação de fazer trabalho via isso e via aquilo, e quis participar. E lá está o Pedrinho, participando.

            Eu me lembro do meu tempo, se bem que, no meu tempo, na época do “O petróleo é nosso”, quando Getúlio Vargas ainda era Presidente, era pacífica, ninguém apanhava por causa disso. O máximo que a Polícia fazia era nos tocar para fora, não deixar a gente subir na torre.

            Esse movimento, para mim, é irreversível. Jovens, eu agradeço as cartas que eu tenho recebido de vocês e as visitas também. Eu não tenho ido exatamente porque a orientação que eu recebo é de não ir. E acho correto neste momento a gente não ir. Acho correto. Acho correto eles terem esse sentido apartidário, de andarem, de debaterem e fazerem essas coisas por conta própria. Talvez fosse o caso de eles se reunirem -- se não fosse político, fosse lá o que fosse -- para, na hora de organizarem a pauta, eles terem certa coerência e certo entendimento de ir naquilo que deve ser feito.

            É interessante como realmente o Brasil… A única diferença, Senador Cristovam, quando falo que o seu discurso poderia ser lido hoje -- e ele está aqui --, a única diferença que tem é que a mocidade do Brasil não é mais a mesma daqui.

            Esse discurso, se V. Exª fizesse hoje pela primeira vez, ia ter eco ali. Estaria publicado na Internet, e a gurizada estaria espalhando para os outros, e todo o mundo estaria lendo, que é o que está acontecendo.

            Eu tenho que pensar, refletir, analisar, porque é impressionante como a minha vida, como a dos outros colegas vive numa fiscalização total. E o interessante é que eles não apenas dizem “olha, você está indo bem”. Eles querem mais. Eles cobram no sentido de que devemos fazer aquilo que devemos fazer.

            Há uma estafa.

(Soa a campainha)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - V. Exª não estava aqui, Presidente, e, como V. Exª não estava aqui, não tinha ninguém, nós determinamos que, nesta sessão de sexta-feira, quando V. Exª vier falar aqui, pode falar quatro horas.

(Intervenção fora do microfone.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Eu que estou dizendo a V. Exª que também não se preocupe que terá o tempo necessário. (Risos.)

            Então, a grande verdade é que falta aqui, no Congresso Nacional, neste momento, alguém que tivesse condições de reunir, de comandar e de chefiar. E falta a mesma coisa lá no Executivo.

            Indiscutivelmente, a política, a arte de fazer esse debate não é especialidade da Presidente Dilma. Uma mulher de grande valor, de grande qualidade, de grande competência, mas que nunca fez a jogada política. Ela fez a sua luta emocionante como combatente contra ditadura.

            Ela fez um trabalho positivo no Governo do Rio Grande do Sul e aqui em Brasília, mostrando competência. E não há dúvida de que, se há duas coisas que a gente tem que reconhecer no nosso amigo Lula é que a Dilma, como Presidente, e o prefeito que ele escolheu para São Paulo foram duas vitórias pessoais dele em que ninguém acreditava. Ele acreditou e deu certo.

            Mas a Srª Presidente podia, neste momento em que vem atirando para um lado, atirando para o outro…

            Primeiro, a ilustre Senadora, hoje Ministra lá de Santa Catarina, uma bela senhora, mas que, cá entre nós, não pode, de repente, sair de Santa Catarina, uma passagem pelo Congresso, e virar coordenadora política. Não é fácil!

            Nós aqui tivemos a melhor das impressões da Chefe da Casa Civil: simpática, competente, capaz. Mas, cá entre nós, chefiar a Casa Civil numa hora como esta? É maldade o que fizeram com ela!

            Então, eu me pergunto com quem a Dona Dilma se aconselha dentro do seu Ministério. Uma a gente já sabe: é o Mercadante, que está vivendo o auge da sua vida política. Todo mundo sempre reconheceu que o Mercadante era um grande economista, estudioso, conhecedor, profundo conhecedor! Aí, ele vai para o Ministério da Ciência e Tecnologia, onde, em sua rápida passagem, se saiu muito bem: ele deu linhas que o seu sucessor está levando, e está indo bem.

            Aí, foi para o Ministério da Educação…

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - …e, no Ministério da Educação, ele está se saindo excepcionalmente bem.

            E é convocado para a parte política. De repente, a Dona Dilma deixa de lado o Vice-Presidente da República, o Presidente da Câmara, o Presidente do Senado, o Presidente do PT, o Presidente de outros partidos e apresenta suas propostas.

            Ela chamar os governadores, reunir os governadores e comunicar o que ela vai fazer é falta de experiência. Ela tinha que reunir, discutir, debater e aí, com competência, levar os governadores àquilo que ela achasse certo. A arte de ganhar uma discussão é muito, muito delicada. Nunca me esqueço um livro que li e que hoje tento fazer meu filho compreender. A melhor maneira de você ganhar uma discussão é você perder. Como? Você fala, ele responde. Daí, você bate na mesa, que é porque é, porque é. Ele vai respondendo: “Não é, não é, não é”. E você nunca vais ganhar a discussão dele. Agora, se você disse e ele responder, e você parar e disser “mas isso que você está dizendo é impressionante, acho que é isso realmente”, o cara já fica calmo. Daí, começa a discutir a proposta dele e começa a dizer: “Mas eu acho que pode fazer mais isso, mais aquilo”. Aos poucos, você vai vendendo as suas ideias para ele como se fosse ideia dele, e daí a pouco sai dizendo: “Você é um herói, eu estou com a sua ideia”. Quer dizer, o cidadão com que ele está falando acata a ideia, só que não é mais a que ele deu aqui, é a que o cidadão apresentou.

            A Doutora Dilma não pertence a essa escola. Ela reúne e diz: “É assim”. Eu acho que o momento que estamos vivendo é um momento de -- vou fazer justiça -- o Renan está fazendo aqui. É uma hora difícil, cá entre nós. Inclusive, entre manifestos que andam por aí, alguns deles atingem o próprio Renan. Mas ele está fazendo.

            É claro que a Imprensa está gozando da nossa cara, mostrando, ontem, Espanha e Itália, um jogo espetacular, e aqui não assistimos nada. Estava todo mundo aqui. E, anteontem, o Brasil e Uruguai, um jogo espetacular, e estava todo mundo aqui. E votamos o projeto que estava aqui, há anos, na gaveta como a classificação da corrupção, e foi aprovado com tranquilidade.

            E nós, que lá na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, perdíamos por três votos de um lado e o resto tudo do outro lado, tirando fora os promotores do processo policial, dando exclusividade aos policiais, os Senadores do PT e de outros partidos se abraçavam aos policiais e cantavam o Hino Nacional. Veio o momento da rua, veio o esclarecimento. E aqui, praticamente por unanimidade, achamos que quem tinha razão eram os promotores. Ganharam com 400 votos a 7 na Câmara dos Deputados, numa inversão total. Porque o povo foi à rua. Esclareceu, explicou, e o povo aceitou e a sociedade aceitou e nós também aceitamos.

            Acho que o Renan está fazendo a sua parte. Alguns acham que está um pouco atabalhoado, digamos assim, exagerado. De repente, vamos criar o fim do imposto sobre passagens de estudantes e tem que ser votado até o dia 15. Acho até bom isso do que não votar nunca. Por isso é que eu digo: V. Exª tem razão. Que a Dona Dilma chame o Lula, que chame o Presidente da Câmara e o Presidente do Senado, os Líderes e alguém do seu Ministério e vamos encontrar uma fórmula em conjunto. Em primeiro lugar, não é isso que estamos discutindo.

            Se fizermos uma reunião com todo mundo -- o MDB, V. Exª é meu colega e sabe, está todo mundo dividido, cada um tem a sua ideia; o PT, cada um tem a sua ideia, se é assim, se é assado, se é plebiscito, se é referendo, se é voto distrital, a divergência é generalizada. Não há ninguém que tem princípio. Por exemplo, o Partido Libertador, antigamente, que era parlamentarista. Então, eles botavam no programa deles e insistiam para criar o parlamentarismo. Nós não temos isso. Isso é uma coisa generalizada. Então, nós podemos discutir em conjunto o que é bom para o Brasil,, onde nós podemos nos encontrar.

            Em vez de ver de saída as coisas que nos dividem, vamos ver de saída as coisas que nós podemos argumentar e fazer junto. Isso pode ser feito, meu deus do céu! E fazer neste momento aquilo que Moncloa fez, por razões muito mais graves que as nossas. Uma guerra interminável, um ódio interminável, eles reuniram todas as partes e chegaram a um entendimento, assinaram o Pacto de Moncloa e cumpriram.

            Olha, eu não quero dizer nada, desculpem-me, mas, quando Itamar assumiu a Presidência da República, foi uma situação horrível, difícil. Em primeiro lugar, ele fez todo o esforço. Eu fiz todo o esforço para não mostrar que nós estávamos fazendo um esquema para derrubar o Sr. Collor, como foi feito para derrubar o Getúlio, como foi feito para derrubar o Jango. Eu não aceitei ser ministro do Itamar por isso. Eu não vou aceitar, porque até hoje, lá no Rio Grande do Sul, dizemos horrores de desaforos daqueles que eram da UDN, derrubaram o Getúlio e, depois, foram ocupar os postos dele.

            Então, se nós nos reunirmos e fizermos esse entendimento, o que é o melhor? Qualquer solução resolve. A solução do referendo resolve, porque aí vamos fazer um entendimento nosso, um entendimento que seja de nós todos. Podemos apresentar à sociedade com a maior tranqüilidade. Por isso eu acho que não é contra ou a favor da Dilma. Eu concordo com uma tese. Não é coisa dela, da Dona Dilma. Deve ser coisa do Lula ou coisa parecida. Mas essa foi uma ideia extravagante. A Dilma tirou a Petrobras, tirou a crise que nós estamos vivendo e estamos todos nós na mesma crise, que é a da instituição, da responsabilidade. Foi uma decisão inteligente. Mas, justiça seja feita, não vamos culpar a Dilma pelo pessoal que está nas ruas…

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Não vamos culpar a Dona Dilma, porque a gurizada está nas ruas. E a gurizada, além de ir para as ruas e debater como está debatendo, o Governo tinha de fazer alguma coisa. Estão debatendo, estão discutindo, estão criando uma situação delicada. Repare, hoje, normalmente, era absolutamente compreensível que o Papa não viesse mais. Não que me passe pela cabeça que no Brasil existiria algo no sentido de… Mas o que pode existir em qualquer sociedade do mundo é um doido que termine sendo levado por essas coisas, por esse sentimento. O negócio é até de maldade, quer dizer, está jogando o Brasil e o Uruguai e os caras estão fazendo um quebra-quebra do lado de fora. Estavam jogando um jogo espetacular, Itália e Alemanha, o mundo inteiro estava olhando, e o mundo inteiro olhando do lado de fora aquilo que está acontecendo. E isso está levando uma imagem ruim para o Brasil. É ruim para a Dilma? É ruim para a Dilma, mas a Dilma passa. É ruim para o Brasil. Para nós todos isso é ruim.

            Seria a coisa mais linda do mundo se os debates fossem da mocidade caminhando, protestando, debatendo, discutindo, sem os massacres que os caras estão fazendo, sem o ridículo que esse caras estão fazendo.

            Agora, se a Dilma aproveitou, aproveitou. Se ela deixou de lado a crise da Petrobras, a crise do câmbio, a crise do dólar, a crise do PIB, que virou “pibizinho”, e entrou nessa, entrou. Mas aí nós não temos muito que fazer, ela tinha que fazer alguma coisa. É isso que nós estamos discutindo, é isso que está sendo discutido. Então, ela está fazendo.

            Então, a essa altura não cabe a nós dizer: não, vai responder a Petrobras, vai responder isso, vai responder aquilo, vai ver o negócio do “pibizinho”, vai ver o negócio do não sei o quê. E ela, reciprocamente, para cima de nós . Eu acho que isso podia. A Dilma podia ter alguém com a competência que tinha, por exemplo, o ex-Ministro da Fazenda. É que tinha muita gente. Não sei qual é o atual Ministério dela, porque é uma coisa muito engraçada, eu praticamente não conheço ninguém. Mas ela podia reunir um grupo e nós nos reunirmos, e não tenho nenhuma dúvida que eu chegaríamos a um entendimento. Mas uma pauta hoje, preliminar. Essas são as coisas absolutamente necessárias que nós temos que fazer. Vamos fazer, vamos discutir e vamos chegar a um entendimento.

            Vem lá a Dilma e disse: “constituinte exclusiva.” Eu acho que o que fizemos é certo, não tem como fazer. Então, não dá. Vem ela agora e diz: “vamos fazer então, o plebiscito.” Vem um do lado de cá e responde: “plebiscito não, só referendo.” Nós vamos sentar e discutir isso tudo, inclusive o conteúdo. E não é uma reunião, um dia está a Dona Dilma lá com o PT, outro dia está a Dona Dilma lá com o PT, outro dia está a Dilma lá com os governadores e lideranças partidárias. Agora, está marcando uma reunião só com o PSDB. Qual a graça? Um vai bater no outro. Reúne todos. Nosso problema não é discutir o que cada um tem de culpa, porque todos nós temos culpa. Não dá para alguém atirar pedra. Todos nós temos culpa.

            Nós estamos vivendo um momento assim, sério. Acho que nunca, como hoje, o mundo inteiro esteve olhando para o Brasil. Nunca! Acho que se nós olharmos para trás, para os nossos mil e tantos anos de existência, nós nunca vamos ver o Brasil sendo manchete no mundo inteiro, porque é um negócio… Afinal a mocidade do mundo inteiro, dois milhões de jovens vão para o Rio de Janeiro. Está dando essa pauleira toda. Os campeões das Confederações, essa pauleira toda. No ano que vem será o campeonato mundial, sei lá o quê. Essa é uma discussão que está em todo lugar. Se nós aproveitarmos para, nesse sentido, fazer isso, acho que não há por que não fazer.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PDT - DF) - Senador, me permita.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Ouço V. Exª, Senador Cristovam.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PDT - DF) - Senador, o senhor está trazendo aqui uma sugestão que, lamentavelmente, talvez não aceitem. A Presidenta Dilma deveria sair desse círculo fechado que reúne a Base aliada com a oposição, mesmo que venha a se reunir com Senadores do bloco tal ou tal. Ela tem que se reunir com grupo muito mais amplo. Por exemplo, eu acho que ela poderia chamar para uma reunião os ex-presidentes da República e perguntar-lhes o que eles estão achando, inclusive o Lula, com quem ela se reúne, e também o Sarney, o Fernando Henrique e ouvi-los. Existem nomes neste País, além desses três, que passaram por grandes experiências -- o senhor mesmo, não por ser Senador, mas pelo tempo que tem como político, por tudo que passou. Devia convidá-los para conversar. Acho que tudo isso só seria possível se ela não tivesse a grande adversária a seu lado, que é a candidata Dilma. Como é que ela chama a oposição para conversar se a oposição daqui a poucos meses vai disputar com ela? O que a oposição leva para ela? Pelo nosso instinto de sobrevivência, pode ser coisa que vá prejudicá-la e não que vá beneficiá-la, e o que ela apresenta à oposição é provável que seja para beneficiá-la e não para beneficiar o Brasil, necessariamente. Ela tem que encarnar a Nação brasileira. Isso se chama estadismo. O estadismo é até uma coisa que dá para se fazer como candidato e como Presidente, antes da eleição. Se não encarnou a Presidência, se continua candidato, não consegue ser estadista. Tinha que ter a lucidez, com base em um grupo de pessoas que dessem legitimidade, inclusive o Conselho da República, que é uma entidade prevista pela Constituição. Tinha que fazer uma reforma ministerial. O momento exige uma reforma ministerial. Não é só no parlamentarismo que se muda ministério, não. O presidencialismo, em alguns momentos difíceis, tem que fazer isso. Aliás, vamos fazer justiça, o Presidente Collor tentou isso. Quando ele estava numa situação difícil, fez um ministério de notáveis. Mas já era tarde. Já era tarde, já tinha perdido o Congresso, já não ia conseguir mais nada. Mas, noutros países as pessoas fazem isso. E um ministério que não fosse prisioneiro de interesses eleitorais. Agora, para isso, ela não pode ser candidata. Esse é o problema. A Presidenta Dilma, como eu quero repetir, tem como grande adversária a candidata Dilma. E plebiscito, responde sim ou não? Essas coisas são mais complicadas. Vamos ver o que a gente fez anos atrás, presidencialismo e parlamentarismo. Não existe presidencialismo e parlamentarismo puro. Cada um desses tem uma variedade enorme de maneiras de agir. E, além disso, por que a gente não pode inventar uma coisa nova, que não tenha o nome nem de presidencialismo, nem de parlamentarismo? Por que não? Será que a gente não tem competência, no século XXI, para continuar um sistema que vem lá do século XVIII? Pode haver uma coisa diferente, sim. Plebiscito não resolve isso.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PDT - DF) - Um referendo, depois de uma proposta, sim, pode dar legitimidade ao que for construído, do ponto de vista de grupos, debates, conversas, que a gente não vai ter no plebiscito. Porque no plebiscito, não há muitas conversas. Há um falando a favor, um falando contra. No máximo lá na escola, no trabalho, alguns discutem um pouco, mas não aprofundam. O aprofundamento é interior. E aí eu volto a insistir e concluo. Eu temo que essas propostas que saíram aí não foram da Presidenta Dilma, foram da candidata Dilma. E se a gente vai fazer um plebiscito da candidata Dilma, e não da Presidente Dilma, o risco de um fracasso é muito grande.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Eu agradeço a V. Exª. E eu daria -- não daria nada, porque se desse, já disseram: se valesse a pena, ninguém dava, vendia --, mas eu daria um exemplo à Presidente Dilma. Já falei várias vezes desta tribuna. O Presidente Itamar.

            O Presidente Itamar assumiu a Presidência na pior situação que se possa imaginar. Basta dizer que ele assumiu a Presidência, e, 10 dias depois, estávamos com a CPI dos Anões do Orçamento, que foi um pavor. Cassaram-se mais de 10 Deputados, aqui, no Congresso Nacional.

            Assumiu Itamar a Presidência; eu lhe levei a proposta, e ele se entusiasmou. Reuniu-se lá no Palácio. Ele convocou, convidou pessoalmente, pelo telefone, todos os presidentes de partido e todos os líderes de bancada. Sentamos à mesa redonda; e, ali do lado, estavam sentados todos os Ministros do governo Itamar. E esclareceu: meu governo é um governo que nasceu no Congresso Nacional. O Presidente Collor foi consagrado pelas urnas, o Congresso o afastou; eu nunca pedi, nunca busquei, mas o Congresso determinou que eu assumisse. E assumi. Mas, para eu governar, não tenho legitimidade; a legitimidade me foi dada pelo Congresso. Então quero governar com o Congresso. E quero governar com os partidos que estão aqui. E quero que, durante o meu governo, toda vez em que um presidente de partido tiver um problema sério, grave, com relação ao meu governo, telefone, e está marcada uma reunião nossa de novo. Quando vocês acharem que o meu governo tem problema, tem crise, chamem-me. E a recíproca é verdadeira: se eu achar que o governo está com problema, está com dificuldade, eu os convoco.

            Eu não sei, desculpem-me a sinceridade, mas não precisou nenhuma convocação. Nem o Brizola, que estava lá; nem o Lula, que estava lá; nem o Arraes, que estava lá. Nenhuma dessas pessoas precisou fazer uma reunião, porque não houve nenhuma crise no governo do Itamar.

            E ele falou: “Nós vamos fazer um plano assim.” E anunciou o Plano Real e já disse, ao mesmo tempo: “Vai ser feito no Congresso não por medida provisória, mas com o debate de toda a sociedade e de todos os partidos.”

            Se a Dona Dilma quisesse fazer isso, se ela resolvesse fazer uma espécie de Pacto de Moncloa e reunisse todo mundo nessa hora e dissesse: “Vamos discutir e encontrar uma fórmula”, eu acho que seria algo espetacular. Em vez desse tom autoritário “Convoca os governadores” -- aí vêm os governadores; ela se reúne com os governadores de todo o Brasil para comunicar que ia convocar uma Constituinte. Mas se ela chamou todos os governadores, converse com eles primeiro: deixe-os falar, discutir, debater, participar. Mas parecem alunos de colégio: chegaram e sentaram: “Eu quero comunicar a vocês que eu vou fazer uma Constituinte exclusiva.”

            Não podia dar certo! Como não deu certo.

            Quer pessoa mais simpática que o Aécio? Se fosse o Serra (…) O Serra era complicado! Mas o Aécio é exageradamente simpático. Chama o Aécio. Ele está indo já; participou da reunião com o Governador de Pernambuco. Ótimo! Vamos fazer esse entendimento. Tenho essa convicção, senão nós vamos ficar aqui até terminar outubro, quando passou o ano, sem fazer nada.

            Presidente, faça isso. Veja em volta da senhora quem tem esse jogo de cintura que o Lula tem. De repente, o Mercadante está tendo. Lá no Senado - lembram? -- a gente nunca achava. Eram mil qualidades: simpático, competente e capaz. Não, simpático eu retiro. Era competente e capaz, mas a simpatia não era o seu jeito. Ele era meio… E, no entanto, ele está se saindo bem. Vamos reconhecer que ele está se saindo bem.

            Escolha um grupo e faça essa reunião, Presidenta. Tenha a capacidade de ver o que a senhora está fazendo. É um conflito? É um conflito. A senhora está aproveitando esse conflito todo para sair de uma situação que era difícil para buscar um entendimento? Ótimo, faça isso, mas faça para valer.

            Não criar outro desentendimento. Já há Líder do MDB, agora há pouco, falando aqui que eles desconfiam que essa história é um esquema que não dá para entender, que é para fazer algo a La Chávez e companhia. Eu não acredito, mas tem gente que desconfia. Eu não acredito.

            Muita gente acha, inclusive, que o problema é que com a Dilma não dá, e querem que volte o Lula. Eu não acredito porque, em primeiro lugar, eu acredito que o Lula não faria o lançamento da Dilma à reeleição, como ele fez, ele não seria taxativo ao dizer que ele não é candidato.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - E depois, da maneira como estão sendo conduzidas as coisas, se a Dilma tiver que cair fora porque deu errado, o Lula não entra no lugar dela. Vão ter que inventar um outro candidato. A Dilma e o Lula estão juntos, representam o mesmo pensamento. Assim como o Lula foi ótimo e ela veio e ganhou, e ganhou certo, se ela fracassar “Nós temos que tirar porque ela não dá”! Não vamos colocar o Lula, que foi o criador; vamos ter de buscar outra pessoa.

            Então, eu não acredito nisso que estão dizendo. Sinceramente, não acredito. Mas que ela deve fazer isso, deve: reúna. Se quer botar mulher, bote. Está cheio de mulher competente aí. Tem que botar a mulher exata no lugar exato. Faça isso. Convoque os partidos. Reúna e vamos chegar a um entendimento.

            Se nós formos analisar -- V. Exa que é Líder, cá entre nós, nas suas reuniões -- lá no MDB nós não temos unanimidade. Poderíamos até ficar calados para não falar, mas se forem discutir, todo mundo quer constituinte, todo mundo quer plebiscito, todo mundo quer isso. Não é verdade, porque essa não é uma questão ideológica, não é uma questão de ética, nem de moral, nem de nada. É uma questão de que cada um tem o seu pensamento. E isso vale para todos os outros partidos. Se nós formos analisar, se nós formos reunir todas as Lideranças de todos os partidos e fizermos uma votação, eu aposto, ponho a mão no fogo que a divisão vai ser geral. Todo mundo vai votar em tudo. Eu acho que era a hora e que é o momento de fazer isso.

            Primeiro apelo. Falo dessa parte com autoridade, porque sempre estive do lado dos jovens. Sempre fiz um apelo dramático para os jovens irem para as ruas. Sempre disse que não esperem nada do Congresso, não esperem nada do Supremo, não esperem nada do Executivo. Com os jovens indo para as ruas, a coisa é diferente. E está provado. Continuem. Mas falo aos jovens e falo aos secretários de segurança: essa quebradeira que está dando aí não tem nada a ver com o movimento dos jovens, é gente que está se aproveitando disso. Agora, o governo tem que ser firme nessa parte.

            Eu vi outro dia, a televisão mostrou, um grupo quebrando e um grupo dos jovens brigando com os que estavam quebrando, querendo afastá-lo. Eu vi. Então, o governo tem de tomar uma providência no sentido de deixar bem caracterizado o jovem que está fazendo uma demonstração pacífica de debate e o resto.

             Eu faria um apelo: tomem providências para que, nesse domingo, não aconteça nada de mais grave no Maracanã. Tomem providências para que, nesse domingo, não aconteça mais nada no Maracanã.

            Eu sou uma pessoa que gostou demais da escolha do Papa Francisco. É verdade que ele é argentino, mas, apesar de ser argentino, ele é um homem extraordinário. As decisões que ele está tomando! Ele nomeou uma comissão de inquérito para investigar o Banco de Roma. Aquela história de não fazer nada, botar um e não sei o quê, vamos ver o que é e o que não é. Não. Ele fez uma comissão de inquérito para investigar o Banco do Vaticano, diretamente ligado a ele. Não é ligado a fulano ou a beltrano, não. É diretamente ligado a ele. Ele é um homem que está fazendo as coisas para valer.

            Ele estava no papamóvel, andando em volta da Praça do Vaticano, viu uma criança nos braços do pai, numa situação (…) ele se levantou, pegou a criança, botou na cadeira do papamóvel e foi ao lado. Então, é um homem dessa sensibilidade.

            E acho que a Globo mostrou ontem que ele ficou 15 dias em Aparecida e redigiu o grande documento da reunião que foi feita do mundo inteiro, em Aparecida. Acho que a vinda dele vai ser muito importante.

            Aliás, eu peço a V. Exª -- Dr. Renan está muito atarefado --, pois há um pedido de uma Comissão para que se leve a presença do Senado ao Papa. Eu acho que nós não vamos porque com essa confusão que está aí -- nós aqui e lá -- de qualquer maneira, acho que seria uma tragédia se o Papa não viesse aqui por não ter condições.

            Por isso, faço o apelo de que saiamos bem nesse domingo. Já temos um lado que ficou bom -- estávamos todos muito preocupados --, o Prefeito do Rio de Janeiro deu uma declaração, quatro dias atrás, de que se o Brasil perdesse para o Uruguai, ele se matava. A imprensa começou a dizer que estava torcendo pelo Uruguai e queria que ele cumprisse a tarefa dele. Mas, como o Uruguai já caiu fora, esse problema não existe. Vamos fazer no domingo uma grande festa, sem os quebra-quebras.

            Se eu tivesse a simpatia e a competência de V. Exª, eu iria à Dilma e faria. Vamos ser sinceros, nosso Vice-Presidente da República é excepcional. Dizem que o Vice-Presidente do Lula, meu grande amigo, foi um grande substituto e ajudou muito, isso é verdade! Mas ajudou, principalmente, porque sendo um dos maiores empresários do Brasil, o fato de dar apoio ao Lula tranquilizava os empresários, pois, se ele estava ali, o Presidente não iria para um lado diferente. Michel é mais do que isso! Michel é um estadista, um constitucionalista. Michel tem prestígio em seu partido e em outros partidos.

            Eu achei que, assim como Lula, José Alencar falava e comentava e discutia uma série de assuntos que ele entendia muito e era respeitado por Lula, essa questão que estamos debatendo agora é área do Vice-Presidente. Então, ela estaria ali ao lado para discutir e conversar. É o mínimo que ela pode fazer para não acontecer o que aconteceu. Cá entre nós, ela reuniu os prefeitos e os governadores do Brasil inteiro para comunicar que faria uma convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, sem antes falar com o Vice-Presidente, sem antes falar com o Presidente da Câmara? Sem antes falar com o Presidente do Senado? Sem antes falar com o Presidente do Supremo Tribunal Federal? É um negócio “pedir para levar”. Pedir para levar. V. Exª pode fazer essa aproximação. Não tem ninguém com mais capacidade -- ninguém! --, do que o Vice-Presidente, que pode conversar com a Presidente da República.

            Eu achei formidável a reunião que apareceu, inclusive a fotografia. Foi um dos raros sorrisos abertos que ela deu para o Presidente do Supremo. Agora, o Presidente do Supremo, que está ali na fotografia -- os caras não entendem --, é que ele está de pé porque acho que ficaram muito tempo, e ele meio de pé; então, ficou uma posição meio esdrúxula, mas as informações que eu tive foram absolutamente positivas.

            Eu faço esse apelo.

            Presidente, eu me lembro de duas ou três vezes em que se falava com o Dr. Ulysses, e ele dizia: “Pedido de Presidente não é pedido, é ordem; nós temos obrigação de ir lá”. E isso ele dizia inclusive na época da ditadura. E, mesmo assim, não o chamavam. Mas ele dizia: “Pedido é ordem”.

            Eu vejo aqui todo mundo dizendo a mesma coisa: um PSDB chateado, até com uma nota pronta, não sei o quê, mas fez questão de dizer: “Não fomos convidados, mas, se formos, iremos à hora e ao local que a Presidente indicar”. Então, vamos isso, vamos fazer um fim de semana.

            Peço aos jovens que endureçam um pouco mais na fiscalização.

            Eu peço à polícia do Rio… É o meu conterrâneo gaúcho que é o Secretário de Segurança do Rio de Janeiro. Ele é um gênio. Eu ouvi uma palestra dele, ele tem uma capacidade, ele devia ser ainda mais bem aproveitado. O que ele está fazendo nos morros do Rio, essa forma que ele está entrando é algo que nunca ninguém tinha pensado. Até então, quando a polícia entrava numa favela do Rio, era o ódio de toda a favela, porque, quando entravam os traficantes, os bicheiros, eles entravam ali, davam dinheiro, e a polícia entrava para dar cassete, e ele transformou isso, e a polícia pacificadora está ali. Antigamente, o cara podia ficar um, dois dias no máximo, depois tinha que mudar, botar um outro cara, porque não aguentava mais de um dia. Agora, não: ela está ali, fica ali, e muitas das coisas difíceis, muitos problemas que há na comunidade, quem vai levar para o governo é o cara da polícia. Então, o cara da polícia vai lá, foi ver, traz o problema da educação. Então, ele passa a ser participante da questão.

            Eu acho que pode ser. Eu peço a Deus…

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - … que ilumine a Presidente. E que a Presidente faça a sua parte.

            E não sei por que, eu acho que V. Exª, mais do que o Renan… Porque o Renan, em primeiro lugar, ele está… Eu acho bacana, ele está, ele já foi Presidente, não sei o que, um bolo de gente, ele quer fazer tudo o que não fez, ele está na corrida agora. E, em segundo, porque em V. Exª eu tenho mais essa tranquilidade. Achei muito impressionante a categoria com que V. Exª saiu da Liderança do Governo. Saiu da Liderança, mas está tendo uma atividade agora duas vezes mais do que quando era Líder. Tudo que é importante passa pelas mãos de V. Exª. O que demonstra competência.

            Muito obrigado.

(Manifestação das galerias.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Muito obrigado. (Fora do microfone.) Você que vai falar?


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/06/2013 - Página 40888