O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Blairo Maggi, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, antes de falar sobre o tema que muitos aqui colocaram hoje - o plebiscito, a reforma política, o referendo -, quero fazer dois registros. O primeiro, relativo à tragédia ocorrida em São Paulo, quando, acho que na quinta para sexta-feira última, um grupo de cinco rapazes ingressaram numa residência muito humilde, numa favela no Jardim da Conquista, próximo de São Mateus, e, ali, armados de quatro facas e dois revólveres, esses cinco rapazes solicitaram a algumas famílias... Havia pelo menos 12 pessoas, bolivianos, que, trabalhando ali na Zona Leste de São Paulo como pessoas que realizam confecções para determinada empresa, e, por não terem ainda os seus documentos plenamente legalizados em São Paulo e no Brasil, são pessoas não abriram contas em bancos. Portanto, as suas modestas economias acumuladas depois de algum tempo estavam guardadas com eles. Já havia este grupo realizado assaltos algumas vezes - pelo menos três vezes naquela casa -, mas os bolivianos resolveram não fazer as queixas ao distrito policial ali de São Mateus, uma vez que estavam preocupados com a sua situação de legalidade em território brasileiro.

            Mas eis que, nesta última quinta-feira, exigiram que aquelas famílias lhes dessem recursos. E havia a família de Ediberto Yanarico Quiuchaca e de sua esposa, Veronica Capcha Mamani - ele de 28 e ela de 24 anos -, pais de um menino que completaria 6 anos, o menor Brayan Yanarico Capcha.

            E então, diante daquele grupo de bolivianos, o grupo de assaltantes resolveu exigir ainda mais dinheiro. O pai, Ediberto Yanarico Quiuchaca, que já havia entregado R$3,5mil, foi buscar no automóvel mais R$1 mil. Deram R$4,5 mil nas mãos dos assaltantes, que, entretanto, continuaram a ameaçar. E o menino Brayan, de 5 anos, estava chorando, solicitando que não matassem a sua mãe e o seu pai. Mas, por estar chorando, eis que um dos rapazes acabou desferindo um tiro na cabeça de Brayan, causando a sua morte.

            Eu quero transmitir a minha solidariedade a essa família de bolivianos, ao Sr. Ediberto e a Srª Verônica. Eu estive no velório, que se realizou num cemitério de Guarulhos, pois a família já estava tendo o apoio do Consulado da Bolívia em São Paulo, que providenciou o devido traslado, que se dará de hoje para amanhã para a Bolívia. O casal vai seguir com o corpo de seu filho num caixão.

            Ali estavam inúmeras famílias de bolivianos que, inclusive, ontem, deram recursos modestos de R$10, de R$20, e assim por diante, para que aquele casal pudesse ter pelo menos algum recurso.

            O Consulado da Bolívia estava providenciando as passagens para o casal e o traslado do corpo. É muito importante que venhamos a refletir sobre o grau de violência que, infelizmente, está acontecendo em nosso País, em especial na minha cidade, São Paulo.

            Quero transmitir a minha solidariedade ao casal boliviano pela morte de Brayan, Edberto Yanarico Quiuchaca e Veronica Capcha Mamani, e dizer-lhes do meu compromisso de lutar, primeiro, pelos direitos de bolivianos que, por vezes, por falta de alternativas de trabalho e sobrevivência adequados em seu próprio país, vêm buscar sua sorte e melhores possibilidades de trabalho em São Paulo. São milhares de bolivianos. A colônia de bolivianos em São Paulo é bastante grande. Estava lá o Padre Melo, que é responsável pela pastoral da solidariedade aos imigrantes estrangeiros em São Paulo. Quero cumprimentar a advogada Dr. Patrícia Vega, que tem procurado ajudar os bolivianos.

            Quero transmitir que, na noite de sábado, fui até o Distrito Policial de São Mateus e conversei com o Dr. Fernando e os delegados responsáveis pela apuração dos fatos. Informa hoje a imprensa que, segundo esses delegados, três já foram presos e afirmaram à polícia que o autor do disparo realizou aquele ato trágico de matar o menino de forma tal que seus próprios comparsas não o compreenderam e até pensaram em matar aquele rapaz, que ainda se encontra foragido, assim como outro que faz parte do grupo. Acho que é importante que nós venhamos a refletir por que razão alguns assaltantes resolvem realizar uma ação que significa uma tragédia imensa.

            E quero ressaltar que a Ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, encaminhou uma mensagem, durante o ato religioso, de solidariedade e pedindo desculpas, da parte do Governo brasileiro e do povo brasileiro, pela tragédia causada àquela família boliviana.

            Nós precisamos pensar nos meios de ampliar os direitos sociais por todos os países das Américas, em especial, no Mercosul, para que as pessoas possam ter maior liberdade de circulação. Que a liberdade de circulação seja não apenas para o capital, para os bens de serviço, mas, sobretudo, para os seres humanos, que são os mais importantes. E que a integração do Mercosul e de todas as três Américas possa se dar o quanto antes, com condições sociais adequadas para todos que vivem nas Américas.

            Eu tenho expressado bastante que, um dia, do Alasca à Patagônia, nós precisaremos ter uma renda básica de cidadania como um direito universal de todas as pessoas, não importa a sua origem, raça, sexo, idade, condição civil ou socioeconômica, como um direito universal de todos participarem da riqueza comum de nossas nações e dos continentes nas Américas. Então, possamos todos refletir sobre isso.

            Quero também informar que a responsável pelos direitos da criança e do adolescente da própria Secretaria dos Direitos Humanos, da Ministra Maria do Rosário, também expressou que todas as crianças, mesmo que filhos de imigrantes, precisam ter direitos iguais assegurados.

            Depois de aqui registrar essa tragédia tão triste, gostaria também de, tal como os Senadores Jorge Viana, Paulo Paim, Ivo Cassol e outros aqui, requerer, Sr. Presidente, nos termos do art. 222 do nosso Regimento, a inserção em ata de voto de aplauso e congratulações à Seleção Brasileira, jogadores e comissão técnica, que, no domingo, ontem, 30 de junho, conquistou o tetracampeonato da Copa das Confederações da FIFA.

            Na noite de domingo, o Brasil venceu a Espanha por 3x0, no Estádio Mário Filho , o Maracanã, e levou o título da Copa das Confederações de 2013. Com a vitória, tornamo-nos tetracampeões desse torneio, que reúne o atual campeão do mundo e os campeões de cada confederação continental.

            A atuação, individual e coletiva, do time brasileiro foi excepcional. Fred fez dois gols, e Neymar fez outro fantástico. A Espanha, apesar de ter um time excelente, não conseguiu segurar o Brasil, que formou um time com uma maneira definida de jogar e soube usar muito bem a vantagem de jogar em casa.

            No primeiro tempo, o Brasil entrou num ritmo frenético e não deu espaço aos espanhóis. Hulk cruzou na área, Fred e Neymar brigaram pela bola com Piqué e Arbeloa. Mesmo caído, Fred conseguiu finalizar para fazer 1x0 para o Brasil. Isso aconteceu com menos de dois minutos de jogo.

            A Espanha ameaçou o Brasil aos 40 minutos, quando Pedro entrou sozinho na área e tocou, tirando Júlio César, o goleiro da seleção brasileira, da jogada. Mas aí a estrela do zagueiro David Luiz brilhou, e ele conseguiu impedir o gol em cima da linha, uma jogada extraordinária de David Luiz.

            Aos 44 minutos do primeiro tempo, Neymar partiu para o ataque, tabelou com Oscar, dominou dentro da área e, com uma bomba de perna esquerda, fez 2x0 para o Brasil.

            Logo no começo do segundo tempo, como num replay do primeiro, Fred marcou aos dois minutos, fazendo 3x0. A torcida foi ao delírio, e todos passaram a gritar “O campeão voltou!” - referindo-se, portanto, à nossa condição de pentacampeão mundial de futebol. Enquanto isso, a seleção tocava a bola, com um jogo alegre, sem perder a objetividade.

            Parabéns aos jogadores e à comissão técnica. Todos os brasileiros estão muito felizes com a belíssima atuação de nossos craques. O espetáculo no Maracanã foi inesquecível. Tivemos uma noite de apoteose. O trabalho tem de continuar para que essa noite se repita no próximo ano, durante a Copa do Mundo de futebol.

            E quero aqui registrar o nome de nossos 23 campeões.

            Goleiros: Júlio César, Diego Cavalieri e Jefferson.

            Zagueiros: Thiago Silva, Réver, David Luiz e Dante.

            Laterais: Daniel Alves, Jean, Marcelo e Filipe Luís.

            Meias: Fernando, Luiz Gustavo, Hernanes, Paulinho, Oscar e Jadson.

            E os atacantes, que tanto brilharam: Neymar, Fred, Lucas, Hulk e Bernard.

            Neymar e Fred receberam a Bola de Ouro e a de Prata, os grandes prêmios, além de terem sido os maiores artilheiros, ao lado de outro jogador da Espanha.

            Também cumprimentamos a Comissão Técnica.

            Técnico: Luiz Felipe Scolari (Felipão).

            Carlos Alberto Gomes Parreira - Coordenador Técnico.

            Flávio da Cunha Teixeira (Murtosa) - Assistente Técnico.

            Paulo César Paixão de Araújo - Preparador físico.

            Anselmo Pereira Sbragia - Preparador físico.

            Antônio Carlos Pracidelli (Carlão) - Treinador de Goleiros.

            Os Médicos: José Luiz Runco, Serafim Borges Ferreira, Rodrigo Campos Pace Lasmar.

            Luiz Alberto Rosan e Odir de Souza Carmo - Fisioterapeutas.

            Guilherme Augusto Pessoa Ribeiro, Rodrigo Santos Paiva, Thiago Mendes Larghi, José Haroldo Castelo Branco, Adenir Silva, Antônio de Assis Silva e Rogelson da Silva Barrato, estes dois últimos roupeiros.

(Soa a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Esses jogadores deram extraordinária cooperação para que o Brasil ontem fosse respeitado em todo o mundo. Certamente, a Presidenta Dilma esteve muito feliz com esse evento.

            Quero apenas, Sr. Presidente, cumprimentar aqueles que estão, neste instante, considerando o melhor para o Brasil e dispostos a dialogar com a Presidenta Dilma Rousseff sobre como avançar para termos a melhor decisão para o nosso projeto de reforma política e eleitoral. Aqui reitero minha confiança, inclusive, para que o...

(Interrupção de som.)

(Soa a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Quero cumprimentar o Senador Randolfe Rodrigues que, embora tão crítico, por vezes, das ações do Governo da Presidenta Dilma, esteve hoje à tarde dialogando com ela sobre as manifestações do povo, as suas reivindicações e também sobre os passos que deveremos dar para a reforma política.

            Meus cumprimentos ao Senador Randolfe Rodrigues, que teve um diálogo tão produtivo com a Presidenta Dilma Rousseff.

            Muito obrigado.