Pela Liderança durante a 107ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Saudação à professora Suely Salgueiro Chacon, nomeada reitora da Universidade Federal do Cariri – CE; e outros assuntos.

Autor
Inácio Arruda (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ENSINO SUPERIOR. HOMENAGEM. ESPORTE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA. :
  • Saudação à professora Suely Salgueiro Chacon, nomeada reitora da Universidade Federal do Cariri – CE; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 02/07/2013 - Página 41386
Assunto
Outros > ENSINO SUPERIOR. HOMENAGEM. ESPORTE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, ECONOMISTA, ESTADO DO CEARA (CE), MOTIVO, POSSE TEMPORARIA, REITORIA, UNIVERSIDADE FEDERAL, INAUGURAÇÃO, REGIÃO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, INVESTIMENTO, INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL, ENSINO SUPERIOR, OBJETIVO, ESPECIALIZAÇÃO, POPULAÇÃO, REFERENCIA, NECESSIDADE, REGIÃO NORTE.
  • CONGRATULAÇÕES, RELAÇÃO, ATUAÇÃO, VITORIA, SELEÇÃO, BRASIL, FATO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL.
  • COMENTARIO, MELHORIA, SITUAÇÃO FINANCEIRA, POPULAÇÃO, PAIS, PERIODO, GOVERNO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REGISTRO, RECONHECIMENTO, NECESSIDADE, MELHORAMENTO, INFRAESTRUTURA, SERVIÇO PUBLICO, BRASIL, MOTIVO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, SOCIEDADE, APRESENTAÇÃO, APOIO, SENADOR, PROPOSTA, GOVERNO FEDERAL, REALIZAÇÃO, PLEBISCITO, REFORMA POLITICA.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero anunciar, especialmente para o meu Estado, algo que interessa ao Nordeste e a todo o Brasil.

            Acaba de ser escolhida para comandar a Reitoria da Universidade Federal do Cariri a professora graduada em Economia, mestre em Economia Rural e doutora em Desenvolvimento Sustentável, graduada pela Universidade Federal, mestre pela Universidade Federal e doutora pela Universidade de Brasília, a Professora Suely Salgueiro Chacon, que vai comandar a mais nova universidade federal do meu Estado, o Estado do Ceará, que é a Universidade Federal do Cariri.

            É muito significativa essa indicação porque, mesmo sendo uma reitora pro tempore, ela foi escolhida em lista tríplice, e o nosso Ministro da Educação, respeitando a lista tríplice que foi fruto de um debate entre os membros daquela comunidade que hoje são professores da Universidade Federal do Ceará (UFC), escolheu uma mulher, com título de doutora, preparada, que já está atuando na Universidade Federal do Cariri.

            Parabéns, Professora Suely Chacon! Parabéns a todos que compuseram a lista. Parabéns a todos os professores que estão instalados na nova universidade nos Municípios de Juazeiro, Crato e Barbalha e nos campi também de Icó e Brejo Santo, no Estado do Ceará.

            Trata-se de uma universidade que atende parte significativa do Nordeste, porque está encravada em uma região de proximidade direta com os Estados de Pernambuco, Piauí, Paraíba e também Rio Grande do Norte. Então, você tem ali o epicentro, o raio que atinge vários Estados nordestinos. Isso significa investimentos para a instalação da universidade de aproximadamente R$200 milhões.

            Alguns desavisados que circulam, inclusive nesta tribuna, poderiam dizer que o Governo está ampliando os gastos, que seria a gastança governamental. Mas trata-se de uma universidade, senhoras e senhores, para formar e preparar bem o povo do Ceará e do Nordeste brasileiro, com 27 cursos; entre esses, cursos de Engenharia, de Medicina, de Enfermagem e de Farmácia. Provavelmente, já há debate na região no sentido de que deveríamos ter um curso de Paleontologia, porque temos ali um dos maiores sítios paleontológicos do Brasil, no Estado do Ceará, que se estende a Estados vizinhos como Pernambuco e parte do Piauí. É necessária a formação dos arqueólogos que estamos necessitando para os empreendimentos que são realizados no Brasil. Precisamos fazer esse mapeamento arqueológico da nossa Nação, quando estamos buscando o desenvolvimento.

            Então, cerca de R$200 milhões serão investidos na sua instalação. E levará algo em torno de dois ou três anos para que a tenhamos em pleno funcionamento.

            Serão 197 professores contratados por meio de concurso público, com mestrado e doutorado, dando qualidade de partida para essa grande universidade. São mais de 200 funcionários técnicos, com formação superior, e mais outros 300 funcionários que serão contratados. Aproximadamente 700 vagas serão abertas para que possamos instalar essa grande universidade. Ela já começa grande. Fico olhando a nossa universidade federal, que começou pequena em Fortaleza. Ela já resguardou a criação de duas universidades novas no meu Estado, o Ceará: a Unilab, que é a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, instalada no Município de Redenção, e agora a Universidade Federal do Cariri.

            Estamos nesse processo de ampliar a formação de qualidade do nosso povo. E é exatamente por aqui que eu entro no debate sobre a realidade de hoje e das mobilizações, as bem-vindas mobilizações, a despeito, evidentemente, de haver ali provocadores, gente da extrema direita, que quer ver o Brasil pegar fogo, que quer incendiar o nosso País, no sentido do retrocesso - como já fizeram tantas vezes em nosso País -, que quer esse tipo de ação.

            Mas a esmagadora maioria do povo, as milhares e milhares de pessoas que ocuparam as ruas, em cada canto do País, tem outro sentido. Quer mais universidades, quer ampliar as universidades, quer mais educação, educação infantil, mais creches, mais escolas de qualidade, mais educação básica de qualidade. Essa massa que foi para a rua quer um professor e uma escola; não quer um professor correndo em três escolas; quer um posto de saúde e o médico lá, trabalhando o dia inteiro, sem precisar - feito maluco - dar um expediente de manhã em um posto de saúde, sair correndo para um hospital e ir correndo para a sua clínica particular, à tarde, porque, se não fizer isso, não terá um salário decente.

            Nesse sentido, falo da nossa conversa com a Presidenta, dos Líderes do Senado Federal. Em uma hora, nós reivindicamos, e a Presidenta assertivamente assumiu o compromisso de receber os médicos, com as suas entidades, para dar esse sentido avançado e progressista da mobilização popular no Brasil, para sair dessa teia fantasmagórica da direita que controla parte da mídia brasileira e que joga no quanto pior melhor, na desgraça, na questão da ideia, digamos assim, de que o Brasil não tem jeito. Pelo contrário, é que estão ampliando as universidades.

            Todo o meu Estado está sendo coberto de universidades federais, de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. O Governador do Estado está construindo 140 escolas técnicas de formação média. Você vai terminar o curso médio e vai ser já um profissional, o que nós não tínhamos.

            Então, esses são os avanços que nós conseguimos. E a rua vai dizendo o quê? Queremos mais! Queremos que avance mais! Querem que larguemos essa política que ainda resta entre nós. Queremos que o Governo largue essa política que ainda resta entre nós, do acocho monetário, em que você tem que cercear o País pelo caminho do arrocho monetário, dos juros elevados, de um câmbio que quem controla não é o País, não é o interesse nacional, não é a economia brasileira; flutua de acordo com os interesses chamados puramente mercadológicos. Esse tipo de veneno é que eles querem manter, e nós enxergamos o sentido das ruas no outro rumo, no outro movimento: o povo quer avançar mais. O povo apoiou e apoia a Presidente Dilma na sua política de construir mais um milhão de casas dentro do Programa Minha Casa Minha Vida. Apoiou as iniciativas para que a gente pudesse ter um programa de mobilidade urbana, mas considerou insuficiente. Precisa de mais. O povo olha para São Paulo, uma das maiores cidades do mundo, e pensa: “Puxa vida, São Paulo tem menos de cem quilômetros de metrô! O que faziam os governantes de São Paulo? O que estavam fazendo?”

            Uma cidade que crescia exponencialmente e ainda cresce, meu caro Paim, tem menos de cem quilômetros de metrô. O Rio de janeiro, a segunda maior cidade do Brasil, tem menos de cinquenta quilômetros de metrô, rodando agora, neste instante. Brasília, a Capital Federal... Esta Capital já devia ter nascido...

            Nós temos que fazer homenagem a Kubitschek. Imagine como trataram mal Kubitschek na época em que ele resolveu construir Brasília, Paim. O que disseram desse homem? Imagine como era a educação naquela época: só quem tinha educação era a elite muito rica. Imagine como era a saúde naquela época! E o cabra teve coragem de construir Brasília!

            Claro que faltou muita coisa. Ora, Brasília não é cortada de metrô, tem uma linha só, aquela comprida que chega à Rodoviária. Por que não se corta essa cidade de metrô? Por que não se planeja isso? Por que não se entrega esse projeto à Presidente Dilma. “Está aqui, Presidente: duzentos quilômetros de metrô ou trezentos quilômetros de metrô para a cidade de Brasília”, para que haja uma malha metroviária dentro da cidade de Brasília e para que a gente possa ligar Brasília às cidades circunvizinhas através de trens e trens velozes, não é aquele trem que não chega nunca, que o sujeito termina achando que é melhor vir no carro dele e ficar no engarrafamento durante três ou quatro horas no meio do caminho.

            Isso é possível de ser feito. Tudo isso significa investimentos e gastos públicos de forma ousada, que começou a ser feito no Brasil, ou se retomou com o Presidente Lula e continuou com a Presidente Dilma. E tudo é pouco, porque as demandas são tão elevadas que tudo é muito pouco.

            Então, eu vejo nesse sentido. Proclamo essa vitória da nossa Universidade Federal do Cariri e o anúncio da nossa colega e digo: Paim, são R$200 milhões, serão muito bem usados pelo povo do Ceará, não tenho dúvida. Nós vamos usar muito bem esse dinheiro, preparando-nos ainda mais para ajudar o Brasil a enfrentar crises como essa, não com retrocesso, não com a direita, não com os conservadores, porque estes já tiveram o seu tempo e, no seu tempo, o que eles fizeram, em grande parte, foi vender o País. Eles não merecem mais o crédito do povo brasileiro. Não há mais crédito para eles. Eles são o para trás, eles são o atraso, eles são o retrocesso. Nós temos que dar o passo adiante, o passo mais avançado para o nosso País.

            É assim que eu vejo a mobilização do povo e é assim que nós estimulamos que o povo continue nas ruas, para não só o Congresso votar, mas também para a gente mexer com a política econômica brasileira, no sentido de permitir que ela vá mais adiante.

            Veja, Paim, a vitória extraordinária da Seleção Brasileira. São garotos, jovens. Ontem, foi anunciado um Neymar, que sai lá de uma comunidade pobre e vai dando passos até se transformar numa estrela do futebol, ou um Fred, que sai da Baixada Fluminense, para a gente citar dois exemplos, para mostrar ainda o Brasil, como ele ainda é. Então, eu quero também estender os meus parabéns à seleção alegre, que jogou com arte e com raça, dadas ali pelo David Luiz, pelo nosso goleiro, que foi buscar a bola mais difícil para evitar que a seleção mais sofisticada do momento, que é a Espanha, de um país em crise profunda... Lá o problema não é aumentar os direitos; lá, é não perder os direitos. Aqui nos mobilizamos para ganhar e avançar nos direitos; e lá, na Espanha, na Europa, os trabalhadores estão perdendo os seus direitos. Aqui nós estamos nos mobilizando para ampliar o que nós conquistamos.

            Então, parabéns a Brasília, que recebeu o primeiro jogo da Seleção Brasileira.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Ao Felipão.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Ao Felipão; a Fortaleza, que recebeu o segundo jogo e foi onde o povo cantou o Hino Nacional, pois tinha canto em que o povo não queria cantar, não. Lá, no Ceará, nós cantamos sem a música, no peito e na raça, para poder aumentar o fogo da arte da Seleção Brasileira. Depois, todo mundo seguiu a orientação vinda ali do Nordeste: o Mineirão teve de cantar e o “Maraca”, ontem, teve de cantar o Hino também completo.

            Então, Fortaleza, Brasília, Mineirão, Pernambuco, com o seu novo estádio de futebol; a Fonte Nova, que voltou, é uma nova Fonte Nova. Foi um empreendimento também ousado do Brasil, que enfrentou resistência, pois os que gostam de assistir à Copa do Mundo na Europa, que gostam de assistir nos Estados Unidos, não a queriam aqui, não. E nós a fizemos. É claro que tem defeitos, mas o Brasil passou no teste. A Seleção do Felipão - é evidente, os nossos parabéns - a Seleção do Felipão...

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Gaúcho, de Passo Fundo.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Gaúcho, Passo Fundo, olha aí. Então, passou no teste. Mas os estádios também passaram.

            Muitos agourentos diziam: “Não dá tempo! Não vão fazer! O povo não vai chegar ao estádio!” Não queriam que acontecesse; aconteceu e foi importante para o Brasil, a despeito das manifestações - claro -, porque elas são bem-vindas e têm o sentido de nos mostrar os erros, os defeitos, o que precisa corrigir, não só para que tenhamos estádios bons, mas para que tenhamos boa mobilidade, para que tenhamos educação de qualidade, para que tenhamos saúde de qualidade e para que tenhamos segurança de qualidade.

            Acho que esse é o caminho que nós temos de fazer avançar. Nós estamos mostrando a nossa capacidade, a nossa engenharia, a nossa arte, o nosso drible capaz não só de vencer a Copa das Confederações, mas também de ir buscando resolver os caminhos da infraestrutura.

            Presidente, estando com a nossa maior liderança nacional, que é a Presidente Dilma, os líderes têm buscado dialogar. A Presidente tem buscado comandar o debate com o movimento social, com os líderes partidários no Congresso Nacional, com sua base na Câmara e do Senado, com os dirigentes de partidos, com as centrais sindicais, com as organizações juvenis, para que a gente possa apurar, apurar o sentido do movimento, para onde devemos conduzi-lo, sem nenhuma ingenuidade de que se trata de uma batalha política, senão a gente fica meio ingênuo, achando que tudo está sendo feito pura e espontaneamente. Não. Tem gente que tem lá os seus interesses e põe na rua os seus interesses. E são legítimos, não há dúvida de que são legítimos. Mas nós temos de ter o nosso sentido. O nosso sentido - tenho a impressão - a nossa Presidente busca examinar. Ela está ouvindo.

            Lembro-me, no diálogo com a Presidente, de duas coisas. Primeiro, que nós tratamos muito da questão da saúde. Sobre a questão da saúde, surgiu, inclusive, a proposta de se fazer uma reunião com as entidades médicas para examinarmos as propostas. Há muitas propostas no Congresso Nacional, propostas que tratam do direito civil obrigatório, de que os médicos formados na escola pública trabalhariam dois anos, no mínimo, nas áreas mais remotas do País. Há a proposta de carreira de Estado para os profissionais da área de saúde. Isso implica dedicação exclusiva. Então, há um debate nas categorias. Quer dizer, com uma carreira de Estado, só se pode trabalhar no setor público, em mais nada. É um exemplo que existe em alguns países europeus e, mais próximo de nós, em países com a economia mais parecida com a nossa. É o caso do Canadá, onde há uma carreira de Estado, não tem um serviço privado. O serviço é público, a carreira é pública, e só se trabalha no serviço público. Então, há que se ter um debate.

            A Presidente, acho que de forma correta, disse: “Vamos receber os médicos por meio de suas entidades”. Mas ela apresentou um diálogo com os movimentos de moradia - cerca de nove instituições, entre elas a Confederação Nacional das Associações de Moradores. Tive a honra de ser diretor dessa grande organização popular. Uma senhora, já de idade, olhou para a Presidente e disse-lhe: “Presidente, nesses dez anos de governo do campo democrático, do campo popular, que pensou mais o País, o seu povo, que buscou interagir com as cotas sociais, os negros na escola, tem gente que não gosta, não!”

            Mas os negros na escola, com cota; os pobres na escola, com Prouni, com Reuni, na escola pública, no ensino superior - há gente que não gosta, porque nunca deu direito aos pobres -, com Bolsa Família, com Pronaf, com programas de incentivos em áreas estruturantes do Brasil, com mais ferrovia, com mais rodovia. Tudo isso fez com que a nossa vida melhorasse muito dentro de casa. Nós c conseguimos o televisor de plasma, conseguimos a tela fina dentro de casa, o fogão novo, a geladeira nova, o ar-condicionado, está tudo ali. Compramos o carro. Mas, e agora? O que fazer com o carro? Não há como andar.

            A vida melhorou dentro de casa e, fora de casa, a vida é muito difícil. A vida tem apresentado dificuldades. A mobilidade é uma tragédia, já citamos. As duas maiores cidades do Brasil, juntas, têm menos de 150km de metrô rodando. Vergonha. Vergonha da ausência de planejamento.

            Como este País estava abandonado, largado às traças! Retomou-se. Houve um período em que só se vendia tudo, não se planejava nada. E a lei era proposta para criar mecanismos que impedissem o Governo Federal de gastar, o Governo municipal de gastar, o Governo estadual de gastar em investimentos que permitiriam uma infraestrutura mais adequada.

            Então, todo mundo tem celular, todo mundo está encontrando o caminho de se interligar à rede internacional de computadores. Mas, quando você chega lá fora e que quer se comunicar, cai a ligação, não funciona direito. Foi tudo privado. É tudo privado. Venderam tudo. Mas não funciona direito. Os pedágios se espalharam no Brasil inteiro, aumentando o custo do País.

            Então, são essas questões que estão fora, às vezes, da sua casa. Dentro de casa melhorou um pouco, mas lá fora piorou a realidade do nosso povo.

            Foi o diálogo de uma liderança popular com a Presidente da República que ela reproduziu para nós, na reunião de Líderes do Senado. E os temas são vastos: vão da corrupção à saúde pública, educação, mobilidade, segurança. Em todos esses temas, durante esses últimos dez anos, nós tivemos conquistas. E nós ampliamos os direitos em todos.

            O poder de combater a corrupção aumentou com a CGU, com auditores, com contratação; a Polícia Federal ficou mais do que independente; o Ministério Público atua, aliás, às vezes, seletivamente, porque protege uns e denuncia outros, em determinados casos, e faz isso mesmo, porque nós conhecemos, mas a sua atuação se ampliou, o seu papel se ampliou no Brasil; melhoraram-se as Defensorias Públicas estaduais e até mesmo a da União; a própria Advocacia-Geral da União também ampliou o seu papel.

            No meu Estado, para se ter ideia, com a Copa do Mundo, nós estamos ganhando o maior hospital de urgência e emergência, que vai ficar na região metropolitana da minha cidade. Com a Copa do Mundo, ganhamos um VLT e estamos ganhando 12km de metrô. Ampliamos vias públicas, vamos ter um terminal de passageiros no Porto de Mucuripe e vamos ampliar o terminal aeroportuário.

            São conquistas que vieram juntas, num movimento internacional e nacional, externo e interno. São vitórias, mas muita coisa há para fazer, e acho que é aqui que nós temos que caminhar com a Presidente Dilma, reforçando a sua liderança, que é muito importante. O meu Partido tirou uma nota de apoio, Presidente Paim, de apoio à Presidente Dilma. Pelo contrário, essa é a hora de fortalecer a Presidente da República. Não é a hora de se tramar marmotas, como se tem feito ao longo da história do Brasil. Vamos colocar as marmotas de lado. Os interesseiros por marmota, vamos deixá-los à margem.

            Reforcemos a sua liderança, num diálogo aberto com a sociedade. Esses temas todos, que exigem grande debate - saúde, educação, mobilidade, segurança pública -, alguns podemos resolver, já, mais de imediato, do ponto de vista do financiamento.

            A educação, nós já estamos discutindo há um bom tempo, os royalties, o Fundo Social do Pré-Sal. E apresentei projeto de lei encaminhando também para a educação os recursos dos royalties na mineração, para ampliar a formação do povo, porque esse é o melhor caminho. É da educação que eu tiro o médico, o psicólogo, o enfermeiro, o farmacêutico, o sociólogo, o professor, o advogado, o engenheiro. Todos são retirados da educação. Então, se você incentivar aqui, você amplia o poder do nosso País.

            Na saúde, a Câmara houve por bem determinar que um quarto dos royalties seria destinado à saúde pública. Estamos de acordo, mas não basta. É preciso pegar o projeto que está na Câmara dos Deputados, do Imposto sobre Grandes Fortunas, e agregar à saúde pública brasileira, já que nos roubaram, aqui no Senado Federal, a CPMF, de forma criminosa, tirando R$40 bilhões da saúde no ano seguinte de sua votação. Em 2007, nós votamos essa matéria e, em 2008, teríamos R$40 bilhões a mais na saúde, e esse dinheiro foi roubado, criminosamente, da saúde brasileira. E é bom que se diga: parte da grande mídia brasileira fez campanha para derrubar a CPMF, um dinheiro que ia para a saúde pública brasileira.

            Na educação, estamos caminhando. Na saúde, temos possibilidades. Na mobilidade, apresentou-se a proposta do passe livre, que também devemos acolher. Na Comissão de Assuntos Econômicos, debate que já passou pela Câmara e está aqui no Senado, vamos aprovar uma lei que trata da questão da mobilidade, de forma ampla, exonerando-se todos os setores da atividade, o que permitirá facilitar a vida do povo que trabalha, porque é quem precisa de mais mobilidade.

            Aqui, no Senado, está a PEC dos Pedestres para proteger o pedestre, aquele que quer andar na calçada. A calçada é pública. Ninguém é dono de calçada. A calçada faz parte da via pública, e também está aqui entre nós.

(Soa a campainha.)

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - E temos o problema grave da segurança pública nacional. Penso que, talvez, o Congresso Nacional e o povo têm de fazer um amplo debate sobre o papel das polícias militares no Brasil. O que fazer? Ela ainda herda, em nosso País, o estigma de ser um instrumento mais da segurança nacional do que da polícia, que deve dar segurança ao cidadão. Então, nós temos de desatar esse nó. É uma hierarquia como se fosse uma das três forças do País, uma hierarquia absolutamente militar em termo de Forças Armadas. E ela não tem esse sentido, pois ela é uma polícia voltada para a segurança pública. Então, essa carreira tem de ser alterada, tem de ser modificada. Nós temos de encontrar um meio, no amplo diálogo com a sociedade brasileira.

            O nosso Partido teve a decisão de apoiar o plebiscito para tratar da reforma política. Evidentemente, tem de haver um debate entre os partidos.

            Quais são os temas que nós vamos tratar com a população? A população quer ser ouvida diretamente. E, muito corretamente, a Presidente da República propôs plebiscito. E o plebiscito, como quem convoca é o Congresso Nacional, nós temos que encontrar a melhor maneira de tratar de um dos temas mais importantes do País. Em todas as épocas, em todos os instantes, a política vai estar no comando. É a política no comando.

            Nenhuma mobilização, seja através das centrais sindicais, através das lideranças estudantis ou através dos sítios, dento das redes de computadores, seja qual for - porque há os americanos, o Twitter e o Facebook, o Google e companhia limitada -, são os equipamentos controlados de uma nação, a gente tem que saber para não ser ingênuo. Então, seja por que meio for, a população precisa ser ouvida a respeito dessa questão básica, fundamental, que é o clamor das ruas, que vai continuar, que nós vamos apoiar. E nós vamos buscar, junto com o povo, tirar o melhor proveito para o Brasil. Acho que é esse o sentido da mobilização do povo brasileiro, que se levanta de forma correta em torno de mudanças que precisam ser feitas de forma mais rápida.

            A maioria desses temas estão aqui, no Congresso Nacional. Nós já poderíamos ter resolvido e encerram, porque já apoiamos o plebiscito. O PCdoB já deu nota de apoio à Presidente, já anunciou o seu apoio ao plebiscito. Agora, é o que fazer com ele.

            Por exemplo, cláusula de barreira, nós já derrubamos no STF, não pode entrar em plebiscito; a questão das coligações, que uns acham que deve ser mantida para presidente da república, deve ser mantida para governador, deve ser mantida para senador, deve ser mantida para prefeito, mas tem que ser liquidada para deputado federal, deputado estadual e vereador. Por quê? Porque atende a partidos de cunho mais ideológico, como é o caso do PCdoB, como é caso de outros partidos que têm essa natureza? Então, vamos examinar como colocar essa questão.

            Uma mudança grande na vida política brasileira, no plebiscito, a questão do financiamento. Aqui há um debate com a direita brasileira. A direita vai dizer o seguinte: “não quero o financiamento público.” É o discurso da direita. Porque a direita sempre encoberta - no Brasil, até nem existe partido de direita -, defendendo a sua tese, dos grandes jornalões, vai ficar contra o financiamento público de campanha. Ela não quer. Ela quer o financiamento por baixo dos panos, ela quer às escondidas, porque ela sabe que está protegida, porque ela sempre foi protegida e vai continuar sendo protegida. Por isso não quer o financiamento público das campanhas. E nós queremos que seja feito o financiamento público. Essa, sim, é uma pergunta do plebiscito que nós temos que examinar, como vamos debater. Porque a direita tem fortes instrumentos, se manifesta antes dos partidos, se manifesta antes do povo, denuncia, julga e condena. Ela tem esses instrumentos. Ela faz isso todo dia.

            Aqui há uma questão chave: vamos passar o financiamento público, e, para ter financiamento público, precisamos fortalecer, então, as instâncias partidárias. Como vamos fazê-lo? Há uma alternativa usada em quase toda a América do Sul, Paim: os países vizinhos ao Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, para colocar aqui a nossa Região Sul do Brasil, usam o voto em lista. Os países ali ao norte - para ficar mais perto do meu Ceará -, todos usam o voto em lista para escolher os seus parlamentares, para escolher o parlamento. Por quê? Porque o eleitor define quantas vagas na Câmara Federal o PCdoB vai ter; quantas o PT vai ter; quantas o PMDB vai ter; quantas o PSDB vai ter. E o PT, o PCdoB, o PSDB e o PMDB definem entre os seus quadros, discutidos internamente, qual é a ordem de preencher as vagas...

(Soa a campainha.)

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - já previamente decididas pela população de que o meu partido tem direito a x vagas.

            Então, é esse debate que nós vamos ter que travar com a sociedade na questão da reforma política garantir uma reforma que aproxime o sentimento de programa partidário com o sentimento popular, para o povo cobrar o programa partidário; para não se assustar com as decisões de um Deputado ou outro. Não! Ele veio aqui, ele representa o conjunto de uma parte da população, mas, ao mesmo tempo, ele está assentado em um programa partidário. E é esse programa que nós vamos cobrar; é sobre esse programa que a sociedade vai debater e vai escolher.

            Portanto, Sr. Presidente, ao concluir, eu digo que o povo avançou, e o nosso País avançou. Lula ajudou o Brasil a avançar. Grande parte do ódio de uma certa mídia é contra o Presidente Lula, porque ele é operário, metalúrgico, deu certo, botou o País de pé.

            E concluo dizendo que vinha lendo um texto maravilhoso do Celso Amorim.

            E concluo dizendo que vinha lendo um texto maravilhoso do Celso Amorim, tratando de uma parte da diplomacia brasileira durante o período Lula, quando ele foi Ministro das Relações Exteriores. Algo muito interessante, explica, muitas vezes, esse azedume das elites brasileiras em relação ao operário, ao torneiro mecânico: a capacidade de Lula de ajudar o Brasil a ficar de pé e de se colocar com altivez no mundo. Tem parte da elite que não gosta, quer um país subordinado, quer um país rastejante. O Lula colocou o País de pé, esse povo que está aí. Então, o País melhorou com eles.

(Soa a campainha.)

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Agora, pode melhorar mais, e nós temos de dar força à população para continuar a sua mobilização para enfrentar o problema da reforma política e as questões que lhe afligem na área da saúde, da educação, da mobilidade, da segurança pública; por mais direitos. É o sentimento das ruas, fazer o País avançar mais, acabar com essa dinheirama jogada nas mãos dos banqueiros em juros, R$219 bilhões no ano de 2012. Eles querem mais, eles clamam por mais! Eles não têm sentimento. Esses mercadores rentistas não têm sentimento nenhum e são os mesmos que apóiam movimentos golpistas pelo mundo afora.

            Por isso, Sr. Presidente, nosso apoio à Presidenta Dilma Rousseff, pela também coragem de ir a público dizer: Precisamos ouvir as ruas. O meu Governo abre as portas do Palácio para que o povo possa entrar, dizer o que deseja e nós possamos sentar com os ministros e dizer que o povo deseja isso, que o povo quer mudanças mais rápidas, mais velozes.

            E cabe a nós, que estamos governando o País, ajudar a nossa Presidenta a dar a velocidade que o povo reclama, meu caro Senador Paim.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/07/2013 - Página 41386