Pronunciamento de Paulo Davim em 18/06/2013
Comunicação inadiável durante a 98ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Reflexão sobre as manifestações ocorridas no País nos últimos dias.
- Autor
- Paulo Davim (PV - Partido Verde/RN)
- Nome completo: Paulo Roberto Davim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Comunicação inadiável
- Resumo por assunto
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MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
- Reflexão sobre as manifestações ocorridas no País nos últimos dias.
- Publicação
- Publicação no DSF de 19/06/2013 - Página 37982
- Assunto
- Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
- Indexação
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- COMENTARIO, APOIO, REALIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PAIS, DEFESA, JUVENTUDE, CONTINUAÇÃO, REIVINDICAÇÃO, MELHORIA, SAUDE, BRASIL.
O SR. PAULO DAVIM (Bloco/PV - RN. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Paulo Paim, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, a exemplo de companheiros nossos que estiveram na tribuna desta Casa e a ocuparam para levar as impressões sobre a grande mobilização que nós estamos testemunhando no Brasil, eu vejo que nós lutamos 21 anos para gozarmos o direito de vivenciá-la.
Nós, na época, também fomos às ruas pedir essa liberdade de expressão, vivenciar a democracia na sua plenitude. Na época, nós desejávamos que os ouvidos que teimavam em não querer ouvir o clamor popular nos ouvissem. Naquela época, Sr. Presidente, nós desejávamos muito que os governos interpretassem o significado dos movimentos populares.
É mais ou menos o que está acontecendo no Brasil. É um direito legítimo. Isso nada mais é do que um bocejo da democracia de uma Nação sonolenta. Isso nada mais é, Sr. Presidente, do que a sensação mais plena numa democracia que começa a ser vigorosa no nosso País.
Excessos? Claro que os excessos existem. Claro! Precisamos separar o joio do trigo. Essa mobilização deixou a sociedade atordoada, deixou os analistas políticos perplexos, deixou os políticos amedrontados, porque foi algo grandioso.
Eu tenho absoluta certeza, Sr. Presidente, de que não foram só os R$0,20 de reajuste de passagem que levaram tantos jovens, tantos estudantes, trabalhadores e trabalhadoras a ocuparem as ruas das grandes cidades do Brasil. Claro que não foi isso, Sr. Presidente! Existe uma insatisfação latente nesses jovens, nesses estudantes. E é aí, Sr. Presidente, que eu chamo a atenção de todos nós.
Os políticos, os governantes, nós precisamos, agora, ter a sensibilidade de médicos, para saber interpretar os sinais e sintomas dessas manifestações, para saber fazer uma boa anamnese do contexto que aí se nos antepõe. Precisamos ouvir, e não reprimir.
Ora, seria um contrassenso mandar a polícia reprimir algo genuinamente democrático. É claro que compete às autoridades policiais e aos governantes, em última instância, proteger o bem público. É claro. Agora, a ação da polícia tem de ser uma ação pontual, uma ação em cima daqueles que tentam usurpar o direito legítimo da juventude brasileira, aqueles que, travestidos de militantes, nada mais fazem do que vandalismo e depredam propriedades públicas e privadas, tentando tirar a legitimidade de um movimento que, sinceramente, Sr. Presidente, pinta com cores vivas a democracia no Brasil.
Nós precisamos interpretar essa lição. Não serão os R$0,20 das passagens. É claro que não! Esses jovens querem muito mais. Eles querem ampliar os seus direitos como cidadãos e como cidadãs. Esses jovens querem uma política de mobilidade urbana que satisfaça os seus anseios. Esses jovens querem perspectivas diferentes para as suas vidas. Esses jovens querem mais recursos para a educação. Esses jovens querem segurança, e esses jovens também querem uma saúde digna.
Aí, Sr. Presidente, vai o meu apelo: que esses jovens também abracem a causa da saúde do Brasil, esse sistema público de saúde que nós temos, que é um dos melhores sistemas de saúde do mundo, o melhor concebido.
O SUS, Sr. Presidente, está no dia a dia da gente.
Eu vejo um copo de água sobre a sua mesa, e o senhor sabe que nesse copo de água existe o SUS, porque quem cuida da qualidade da água é o SUS.
Se o senhor vai para um restaurante com a sua família, ali, percebe a presença do SUS, porque quem cuida da qualidade dos alimentos é o SUS.
Esse SUS é um patrimônio do povo brasileiro, e o povo brasileiro se utiliza do SUS,...
(Soa a campainha.)
O SR. PAULO DAVIM (Bloco/PV - RN) - ... mas não abraça a causa, não defende esse SUS.
Eu já vi tantas mobilizações, manifestações. Manifestação pelo casamento de pessoas do mesmo sexo, milhares de pessoas; eu vi a manifestação pela liberação da maconha, milhares de pessoas; eu vi, como vi ontem, a manifestação contra o reajuste dos ônibus, milhares e milhares de pessoas pelo Brasil inteiro. Mas eu não vi ainda, Sr. Presidente, uma manifestação em defesa de mais verba para a saúde, porque a saúde precisa do apoio popular, do apoio da sociedade, e não só da mobilização dos servidores da saúde. É algo estratégico.
Portanto, eu acho que é o primeiro passo. O Brasil vive um momento de plena democracia. O Brasil testemunha, eu digo até que um tanto quanto assustado, o rugir da democracia que se enraíza definitivamente na nossa sociedade. Não precisa ter medo, precisa saber conviver com a democracia. Dizer que é democrático é muito fácil. Difícil é viver plenamente a democracia.
Fica aqui, Sr. Presidente, o meu mais irrestrito apoio à manifestação popular pelo Brasil afora. Evidentemente, também fica o meu repúdio a essa horda de vândalos que tentam tirar a legitimidade de um movimento tão bonito da juventude. Para os vândalos, a polícia e a lei. Para o povo brasileiro, para a juventude, o aplauso e a nossa compreensão.
Muito obrigado.