Discurso durante a 113ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apoio à iniciativa do Governo Federal de contratação de médicos estrangeiros; e outros assuntos.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Apoio à iniciativa do Governo Federal de contratação de médicos estrangeiros; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 09/07/2013 - Página 44576
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • APOIO, GOVERNO FEDERAL, LANÇAMENTO, PROGRAMA DE GOVERNO, SAUDE, CONTRATAÇÃO, IMPORTAÇÃO, MEDICO, OBJETIVO, GARANTIA, ASSISTENCIA MEDICA, POPULAÇÃO, TERRITORIO, INTERIOR, PAIS.
  • SOLIDARIEDADE, CATEGORIA PROFISSIONAL, MOTORISTA, TAXI, ESTADO DE RONDONIA (RO).

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, é, ao mesmo tempo é uma alegria e uma satisfação cumprimentar os demais Senadores, cumprimentar e deixar o meu abraço aos nossos telespectadores que nos acompanham tanto pela TV Senado quanto pela Rádio Senado nos quatro cantos deste grande Brasil.

            É uma alegria e uma satisfação também deixar o meu abraço aos meus amigos e às amigas do meu querido Estado de Rondônia, que sempre têm recebido a gente de braços abertos nessas feiras agropecuárias que nós temos no nosso Estado de Rondônia

            Neste final de semana, concluiu-se a Feira Agropecuária de Vilhena, uma das melhores feiras da Região Norte do País, uma feira diferente, comandada pelo Presidente de Honra, Hilário Bodanese, e pela diretoria, pelo Presidente e por todos os diretores, Augustinho Pastore, a quem quero deixar o meu abraço e agradecer por sempre estar nos recebendo de braços abertos.

            Mas, ao mesmo tempo também, Sr. Presidente , nós temos a alegria e a felicidade de ter mais cidades com exposição agropecuária, a exemplo da cidade de Ji-Paraná, cuja feira começou no último sábado e se estende até o próximo domingo. Em nome do Lira, que é o Presidente, a toda a comissão organizadora eu quero deixar o meu abraço e agradecer a esses empreendedores que trabalham para fazer essa festa para a população, para a comunidade local, especialmente regional, para o Estado de Rondônia e também para o Brasil.

            Nós, hoje, nesta segunda-feira, estamos recebendo muitos prefeitos e vereadores aqui em Brasília, no meu gabinete. Há pouco, eu recebi, no meu gabinete, a maioria dos vereadores do Município lá da região, do Rio Mamoré, do Rio Guaporé, do Rio Madeira, que é do Município de Nova Mamoré, os vereadores e aquelas lideranças que têm defendido a gente, junto com o Deputado Carlos Magno, onde ficou confirmado, mais uma vez, que direcionei emendas de minha autoria para adquirir uma patrola para arrumar as estradas vicinais para escoar a produção, pois, infelizmente, há muitas dificuldades nas suas estradas.

            Além disso, estamos recebendo, em Brasília, hoje, vereadores e prefeitos não só de Rondônia, mas do Brasil inteiro.

            Recebi, em meu gabinete, a Prefeita do Vale do Guaporé, a Lebrinha, como é conhecida a Gislaine, do meu Partido, uma guerreira, que pegou o Município destroçado, arrebentado e está recuperando a credibilidade, para dar nova… E, ao mesmo tempo, estímulo à população do Vale do Guaporé.

            Também recebi lá o Prefeito Enedino, de Colorado D’Oeste, cidade que sempre recebeu a gente de braços abertos, como São Francisco e outras cidades. Ele foi reeleito pelo Partido Progressista, juntamente com o Josemar, nosso Vice-Prefeito, e o Vereador que também fez parte e está junto com a gente nessa caminhada.

            Mas não foi só isso. Também recebi em meu gabinete o Prefeito da cidade do Alto Alegre dos Parecis, conhecido por todas as pessoas daquela região, no Estado de Rondônia, pelo trabalho que a gente tem feito junto, e, ao mesmo tempo, a reivindicação dos Prefeitos e de amigos que têm reclamado e têm falado constantemente da saúde precária que o povo brasileiro vive nos quatro cantos deste País.

            Recebi uma mensagem do meu amigo, amigo há muito tempo, há mais de 30 anos, amigo e parceiro de todas as horas, o Luiz Tremonte. Na semana passada ele me ligou perguntando o que o Senador Ivo Cassol, o que o amigo Ivo Cassol poderia fazer para ajudar, para facilitar, uma vez que ele estava e está morando com sua família em São Paulo e que sua sogra tinha sofrido um derrame e estava hospitalizada. Mesmo tendo um plano de saúde, Senador Flexa Ribeiro, e tendo sido servidora pública, não havia sequer uma vaga no hospital de São Paulo para ela.

            Então, portanto, era um direito líquido e certo seu. Como servidora pública, por ter trabalhado num hospital na Grande São Paulo, e por ter plano de saúde, ela teria direito ao atendimento necessário naquele momento crucial. Mas, infelizmente, não havia, naquele momento, naquelas horas e no dia seguinte, um médico especialista para fazer aquela cirurgia de que tanto, nos dois lados, ela necessitava para salvar sua vida. Mas, infelizmente, recebi uma mensagem do meu colega Luiz Tremonte dizendo que, infelizmente, sua sogra já tinha tido morte cerebral.

            Ao mesmo tempo, com tristeza, ele dizia “agora eu sei o motivo por que a população brasileira foi às ruas”. Com certeza, Luiz Tremonte, amigo de muitos e muitos anos, falou a realidade e sentiu na pele o que nós brasileiros estamos sentindo: a falta da saúde, nos quatro cantos do Brasil, por este Brasil afora, com profissionais da área da saúde.

            Muita gente tem ouvido discursos e mais discursos dizendo que a saúde está uma maravilha. Com certeza, de repente a saúde que está boa é a do Ministro; de repente, a saúde que está boa é a do Deputado ou dos Senadores, mas a saúde da maioria do nosso povo brasileiro, infelizmente, está na UTI, por falta de equipamentos, por falta de estrutura hospitalar, por falta de profissionais.

            Além disso, se, num grande centro como São Paulo, para se fazer uma cirurgia, para ter um atendimento, sequer o plano de saúde atende, vocês imaginem quem está morando no Pará, quem está morando distante e não tem, muitas vezes, um plano de saúde!

            Eu vejo isso com tristeza. Nós, esta Casa, temos a obrigação e o dever de continuar cobrando para que se invista mais dinheiro.

            Por falar em investir mais dinheiro na saúde, no passado, há pouco tempo, havia a CPMF, que era para ser utilizada para se fazer uma saúde decente, para se fazer uma saúde séria. Infelizmente, esse dinheiro, que era para ser investido na saúde do povo brasileiro, foi colocado em outros locais, especialmente em outras áreas, a exemplo de programas sociais. Eu não sou contra programas sociais; eu sou a favor de programas sociais, mas com uma condição: não podemos colocar fazer esses programas sociais com dinheiro como o da CPMF, deixando de cuidar da área da saúde.

            Por causa da saúde, hoje, nos quatro cantos do Brasil, o povo está gritando. O povo foi às ruas reclamar da saúde, foi reclamar da corrupção que existe nos quatro cantos, dessas obras superfaturadas, de casos como o da Petrobras, que comprou, no Texas, uma empresa falida que custava US$ 42 milhões, uma refinaria obsoleta, por US$1,180 bilhão, R$2,5 bilhões! Ao mesmo tempo, nós estamos pagando um juro alto, um custo caro, que acaba saindo da pele, acaba saindo do couro de todo o povo brasileiro.

            É por essa razão que, mais uma vez, ocupo a tribuna desta Casa para dizer que é fundamental, que é importante que o Ministério da Saúde, por intermédio da posição que a nossa Presidente da República tomou esta semana, libere milhões ou bilhões para investimento na saúde.

            Mas não basta construir um novo hospital. Você tem um custo de manutenção, você precisa de profissionais. Nós precisamos de profissionais nos quatro cantos deste País, mas, para isto, precisamos não apenas de novos cursos de Medicina, mas também que os nossos médicos que se formam hoje façam residência nos hospitais públicos e particulares. Por incrível que pareça, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Paim, nós temos quantas mil pessoas se formando por ano? Nem 10% dessas pessoas, Senador Flexa Ribeiro, têm acesso a fazer uma residência; 90% só têm vontade, têm garra, têm determinação, mas não têm espaço. O que está faltando neste País é mais oportunidade.

            Vou dar um exemplo para vocês. Como Governador do Estado de Rondônia, recebi, à época, diretores do MEC no meu Estado que não queriam, não aceitavam que duas faculdades particulares, a São Lucas e a Fimca, no meu Estado, fizessem a residência, fizessem o trabalho do dia a dia dentro dos hospitais, porque queriam que só a Unir fizesse isso. Se nós temos faculdades particulares pelo Brasil afora que até hoje não construíram hospital público para poder atender nessa área do seu curso de Medicina, imaginem nós da Amazônia que temos dificuldade! Eu disse naquele momento: “A regra aqui, no meu Estado, é para todos, para o curso de medicina da Unir, para o curso da Fimca, para o curso da São Lucas, para o curso da Facimed de Cacoal, porque o que queremos é mais profissionais para atender na área da saúde”.

            Além disso, nós também precisamos da compreensão dos nossos médicos. Nós temos os médicos… Eu tenho vários e vários amigos médicos, a exemplo do Dr. Amado, na pessoa de quem quero mandar um abraço a todos os profissionais da saúde do meu Estado de Rondônia e do Brasil, pelo trabalho extraordinário que fez como diretor do hospital e faz como médico no meu Estado de Rondônia, como o Dr. Milton, que foi meu Secretário de Saúde em Rondônia, que foi, ao mesmo tempo, o baluarte quando conseguimos fazer uma saúde que tinha superlotação, mas não faltava medicamento, não faltava material penso, não faltava profissional, porque trabalhávamos diuturnamente para atender à demanda reprimida que havia.

            Ao mesmo tempo, nós precisamos, urgentemente, antes de importar 10 mil médicos, 20 mil médicos de outros países, vamos, primeiro, legalizar os médicos irmãos nossos, brasileiros, que saíram do nosso Estado, que saíram do nosso País e foram para Cuba para poder estudar e fazer Medicina, que foram para a Bolívia, que foram para a Argentina, que foram fazer seu curso.

            Aí alguns profissionais dizem o seguinte: “Mas, Senador Ivo Cassol, esses médicos não estão preparados. Eles não estão aptos porque tem que fazer a prova, tem que fazer isso.” Nós concordamos com vocês que tem que fazer a prova, mas, muitas vezes, a prova já foi feita para a maioria não passar, propositadamente. Então, na área da saúde, nós não podemos admitir isso. Na área da saúde, nós temos que ter profissional sobrando. Da mesma maneira que nós temos aqui, no Brasil, médicos formados nas nossas universidades e que não fizeram residência, não têm especialização, não é diferente com o médico que vem de fora.

            Eu conheço várias e várias pessoas que foram estudar na Bolívia. Quer um exemplo? Um amigo meu, de Porto Velho, o Dr. Délio, não pode atuar. Ele é um excelente médico, mas não pode trabalhar porque não é permitido. Mas ele pode fazer esses testes, pode fazer tudo isso que está à disposição. Mas, infelizmente, sabe-se da dificuldade que existe para que essas pessoas passem nesses testes.

            Onde nós poderíamos botar esses médicos hoje, Senador Paim e Senador Flexa Ribeiro, meus caros amigos dos quatro cantos do Estado de Rondônia e do Brasil? Vamos colocar esses médicos nas faixas de fronteira, naquelas cidades a que os bacaninhas que acabam de se formar não querem ir. A maioria não vai para essas cidades de fronteira, a maioria não vai para essas cidades mais distantes, a maioria desses recém-formados não vai para esses locais quando está começando, a exemplo do Amazonas, do Acre, do Amapá, de Rondônia, de Mato Grosso, de Mato Grosso do Sul e de tantos outros Estados da Federação brasileira. É lá que nós temos que colocar esses médicos para atenderem a essa demanda reprimida.

            Nós temos o Município de Costa Marques, Senador Paim, nosso Presidente, que até há poucos dias não tinha um médico para atender a 10 mil pessoas lá. Não tinha ninguém. O pessoal saía, atravessava o rio e ia do outro lado para ser atendido na Bolívia. Inaceitável! Nós temos Guayara-Mirim, que é do lado boliviano. Guajará-Mirim de um lado e Guayara-Mirim do outro. Os médicos de Guayara-Mirim, da Bolívia, fazem cirurgia de cataratas de graça para o povo do Brasil. O povo brasileiro vai para o outro lado para ser operado e do lado de cá eles não podem ser atendidos porque dizem que eles não têm profissionais para isso.

            É isso que eu não admito! É com isso que eu não concordo! É isso que me revolta! Não estou aqui menosprezando ninguém. Eu defendo e estou aplaudindo os nossos médicos brasileiros. Mas nós não podemos admitir que fechem cartel de um lado ou fechem cartel do outro, especialmente com a vida humana. Profissionais de altura, nós precisamos. Se nós temos, em Rondônia, médicos que estão do outro lado, só um rio nos divide… É só um rio que nos divide, gente. É o Rio Mamoré, é o Rio Guaporé, a divisa lá de Rondônia com a Bolívia. De um lado, fazem cirurgias, fazem tratamento, os médicos podem atender; mas o médico não pode passar para o outro lado, porque, se passar para o lado de cá, ele nem médico é. Mas nós vamos para o outro lado. O povo de Rondônia vai para o outro lado, está sendo operado do outro lado, porque, no lado de cá, o Governo brasileiro não oferece isso.

            Então estou aqui junto, convalidando a ideia, a iniciativa da Presidente Dilma. Estamos convalidando, Sr. Presidente. Estamos convalidando, porque nós estamos precisando de mais médicos, não só de mais hospitais. Nós precisamos, acima de tudo, que os médicos possam fazer residência e especialidade. Caso contrário, daqui a pouco nós vamos ter que importar 80% dos profissionais para cuidar da saúde do povo brasileiro. Por mais que tenha médico hoje formado, o número por habitante é muito pouco ainda, comparado a muitos países de primeiro mundo.

            Portanto, está de parabéns a Presidente Dilma nessa reivindicação. A saúde tem que ser melhorada. O povo foi às ruas conclamando por saúde, segurança pública. O povo não foi às ruas pedir plebiscito para reforma política. O que precisa é a reforma dos políticos, a exemplo da nossa Casa. É inaceitável que, para assistir a um jogo, tenha que pegar um jatinho da Embraer, pegar um jatinho não sei de quem. Não podemos aceitar isso. Nós temos que dar exemplo nisso tudo. Tudo bem, parabéns para o meu colega, parabéns para os colegas que foram lá e devolveram o dinheiro. Pelo menos fizeram justiça, estão fazendo a coisa certa. É isso que precisa fazer. Mas, ao mesmo tempo, queremos lembrar que, pouco tempo atrás, a coisa era diferente, e quem pagava a conta era o povo. E vai continuar pagando.

            O que a população quer, Sr. Presidente, não é, na verdade, uma reforma política, porque os caciques são os mesmos, os mandachuvas vão continuar iguais. O que nós precisamos é de uma transformação, uma mudança de conduta dos políticos em prol da população do nosso País e dos nossos Estados.

            Mas, além disso tudo, eu quero aqui aproveitar, além de colocar essa opinião, especialmente na área da saúde, para colocar uma preocupação que me eleva. Eu quero mandar um abraço para os taxistas dos quatro cantos do Estado de Rondônia.

            Meus amigos taxistas, com quem tenho falado diuturnamente, têm me procurado. Está programada para os próximos dias uma operação no meu Estado de Rondônia. Eu fiquei oito anos como Governador do Estado de Rondônia, e nunca admiti fazer uma operação contra o táxi lotação. O táxi lotação está no meu Estado para diminuir a passagem dos ônibus, porque há um cartel fechado no meu Estado.

            Uma passagem de ônibus de Colorado para Vilhena é mais de R$150,00; uma passagem de Comodoro, que é mais longe, para Porto Velho é R$90,00. No meu Estado de Rondônia até hoje ainda não foi licitado o transporte coletivo intermunicipal. A passagem de Rolim de Moura, que era R$75,00, hoje é R$104,00, um ou dois anos depois. O que é que segura a passagem dos ônibus ainda baixo? Os taxistas que fazem a lotação, que transportam o passageiro pelo mesmo custo que o ônibus está levando.

            Se um táxi pode levar quatro passageiros pelo mesmo custo, por que os taxistas, os ônibus e vice-versa?

            Então, no meu ponto de vista, precisamos ter concorrência com o transporte coletivo intermunicipal, como tem interestadual, porque no meu Estado o interestadual é barato, o intermunicipal é caro e os taxistas é que fazem o táxi lotação.

            Tem uma operação, tem uma programação, a partir da segunda-feira da semana que vem, para coibir, como aconteceu no passado quando o PMDB mandou no meu Estado -- e o PMDB vai estar de volta. Mas, ao mesmo tempo, vão prejudicar a população como um todo. A população do meu Estado é que vai pagar a conta mais cara ao adquirir a passagem. Ao mesmo tempo, os taxistas estão segurando o preço para baixo, para ser mais competitivo e ajudar todo mundo.

            Com isso tudo, Sr. Presidente, quem acaba sempre pagando a conta… É igual à manifestação que teve nos quatro cantos do País. O que era a manifestação dos quatro cantos do País? Começou por causa de R$0,20. Não começou por causa de R$2,00. Foram a gota d’água os R$0,20! É isso que está acontecendo em outros lugares.

            Quando fui Governador do Estado de Rondônia, juntamente com o João Kaula, nós fizemos um projeto de lei autorizando o taxista a trabalhar, o direito de ir e vir, levando os seus passageiros. Até agora o Governador do Estado de Rondônia e o Vice-Governador do Estado de Rondônia não tiveram coragem de colocar em prática e isso me estranha muito. O Ministério Público, que tinha que defender o povo… Eu tenho cópia do Ministério Público, que vai fazer uma grande operação a partir da segunda-feira da semana que vem.

            E quero chamar a atenção do Procurador do Ministério Público do meu Estado e dos demais promotores, porque estão cometendo uma injustiça. Se os taxistas do meu Estado estão ilegais, eu quero fazer uma pergunta para o Ministério Público: como é que está a legalidade do transporte coletivo intermunicipal? Também está ilegal. Não foi feita a licitação. Não foi feita a concorrência pública. Então, se os taxistas não estão corretos, as empresas de ônibus também não estão corretas. Portanto, eles não têm, e não teriam, de maneira nenhuma, uma concessão garantida individual.

            O que nós precisamos, sim, é dar oportunidade para disputa e concorrência. Vou dar um exemplo para vocês. Já imaginou se a dona de casa, a senhora que está me assistindo, tivesse na sua cidade só um mercado para fazer compra? Com certeza, iria pagar mais caro. Então, tem que haver mais mercados. O produtor rural, que vai à casa veterinária, que vai à casa de material de construção, quem vai construir e fazer compras, imagine se houvesse uma casa só de material de construção. Com certeza, iria pagar mais caro. A pessoa ia encontrar mais facilidade de ganhar mais dinheiro. Mas, quando há concorrência, existe, acima de tudo, respeito pelo cidadão brasileiro. E a concorrência é o meio e o caminho mais curto para facilitar e, ao mesmo tempo, aprimorar a vida de todo o mundo.

            Portanto, quero dizer, mais uma vez, aos taxistas do meu Estado de Rondônia: “Eu sou solidário a vocês”. A associação dos taxistas pode entrar na justiça. Existe uma lei estadual que nós fizemos. Infelizmente, estão governando o Estado de Rondônia para causa própria, estão governando para si próprios. Com isso não podemos concordar. Vamos buscar nossos direitos! Vocês têm como buscar seus direitos. Nós precisamos garantir o direito de ir e vir em todas as categorias, em todas as áreas.

            Hoje, quantas companhias aéreas nós vemos trabalhando nos quatro cantos do País! Pelo menos, há concorrência. Hoje, a passagem está um assalto! Hoje está cara. Para ir ao Rio Grande do Sul, Paim, não sei quanto está, mas, para ir a Rondônia, eu vou lhe falar: a passagem, que custava R$400,00, hoje custa R$1,5 mil! Não sei se é por causa da época de férias. Não sei se a população agora está viajando muito. Mas alguma coisa de errado tem.

(Soa a campainha.)

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - No Rio Grande do Sul não é diferente.

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Também não é diferente.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Disparou o preço.

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Disparou de tudo quanto é lado.

            Dizem que dava prejuízo. Prejuízo é aumentar a passagem de R$400,00, R$500,00 de Brasília a Porto Velho para R$700,00, R$800,00. Não! Hoje a passagem é R$1,5 mil, R$2 mil. Isso é um absurdo! Então, esses exageros… No mínimo as companhias combinaram. No mínimo, as companhias fizeram um acordo irregular, imoral, prejudicando a população. Ah! Mas estávamos no prejuízo. O prejuízo que as companhias têm, que nós temos acompanhado, é pequeno. Não é aumentando a passagem em 400%, 500% que vai cobrir o prejuízo. Aí vai ser o contrário, aí vai assaltar a população brasileira. Nós ainda, Senador, temos nesta Casa o subsídio que cobre a nossa despesa de ir e vir, mas e o povo, que bota a mão no bolso e paga? As nossas passagens são cobertas pelos recursos da União, pelo imposto que a população paga, mas a maioria da população voa e paga, como eu também, quando viajo com a minha família, pago, mas não aumentava da maneira que tem aumentado. Então, o que está acontecendo hoje, no Brasil, e aí a Presidente Dilma, mais uma vez, tem que bater firme…

            Presidente Dilma, não alise, não dê moleza, porque lavar cabeça de burro é perder água e sabão. Pode botar no toco esses que abusam em todas as áreas, desde o transporte coletivo urbano, interestadual, ao transporte aéreo e qualquer produto que tem por aí. A senhora tem a caneta na mão, tem a prerrogativa, tem tudo. Temos que coibir esses que, de uma maneira ou de outra, querem prejudicar a estabilidade econômica, querem desestabilizar a tranquilidade que a população tem nos quatro cantos deste País.

            Portanto, Presidente Dilma, a senhora está correta quando vem em público e assume. De um lado, pode até ser desgaste, mas, de outro lado, são vidas humanas. Nós temos que ter respeito pela população, nós temos que ter respeito pelo nosso semelhante. Não podemos admitir, de maneira nenhuma, como vejo nos jornais: só podemos concordar que médicos que não se formaram aqui, no Brasil, ou que não fizeram o teste, não sei como é o nome que dão aqui no Brasil…

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Revalida.

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Como é que é?

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco/PMDB - AL) - Revalida.

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - … revalida, para revalidar. Não querem revalidar coisa nenhuma, a verdade é essa. De cada mil pessoas é uma que passa, duas que passam, no máximo três pessoas. Mas a qualidade é baixa. Então, quero fazer aqui um desafio. Eu quero fazer um desafio, Sr. Presidente! Eu quero que façam um teste para todos os médicos que se formaram nas faculdades do nosso Brasil. Façam esse mesmo teste para todo mundo que passou para as faculdades de medicina do nosso Brasil. Eu quero saber quantos vão passar. Eu quero saber quantos vão revalidar aquilo que aprenderam na sala de aula, porque a maioria -- todo mundo sabe -- não tem interesse que haja mais concorrente e concorrência para prejudicar em alguma área. Mas eu quero dizer para vocês, meus amigos médicos: há espaço para todos! Vocês já se profissionalizaram, estão capacitados, mas há cidade neste Brasil em que ninguém quer ir trabalhar. Há cidade neste Brasil a que ninguém quer ir. Igual a Pimenteiras, igual a Cabixi, igual a Costa Marques, igual a São Francisco, igual a Alta Floresta, igual a Alto Alegre, igual a Parecis. Ninguém quer ir!

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - E está longe da faixa de fronteira, Sr. Presidente, 50, 60km. E outra é a barranca do rio.

            São nesses lugares que nós temos que autorizar sim, nesta Casa -- com 150km de distância nas margens da divisa --, que se coloquem esses profissionais, para eles irem trabalhar lá, se capacitar lá, se profissionalizar lá, e fazer outros cursos, fazer fora, porque há muitos cursos por aí, para depois, futuramente, aí sim, poder mudar de cidade, poder ocupar outro espaço, porque daí pode até atrapalhar essas outras pessoas que façam.

            Portanto, eu quero aqui, mais uma vez, agradecer esse espaço, essa atenção e dizer, Sr. Presidente, que eu vejo com tristeza a maneira com que a gente tem assistido, infelizmente, à saúde nos quatro cantos do Brasil. E muito entristece a gente quando pessoas ocupam unidade pública…

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - … mesmo tendo plano de saúde, igual à mãe, ao mesmo tempo, da Cleide, que é amiga nossa de muitos anos, do amigo Luiz Tremonte e sua sogra, mesmo com plano de saúde, não foram atendidos; foram atendidos depois de três dias. Até o Senador Suplicy intermediou no dia, para que pudesse ser atendida lá em São Paulo. Depois não foi preciso, mas o plano de saúde só foi atender sabe quando? Depois que teve morte cerebral! Tem plano de saúde neste País que só quer ganhar dinheiro, só quer faturar. E aqui nós temos que exigir isso, regulamentar e colocar penalidade pesada em cima dessas pessoas, porque nós não podemos brincar com vidas humanas.

            Então, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu agradeço de coração, mais uma vez, esta oportunidade e dizer que me coloco à disposição da população do nosso País, para que nós, políticos, possamos mudar…

(Soa a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - … e melhorar nossa conduta, a maneira de fazer política, para atender a aclamação da população, e não, simplesmente, fazer plebiscito, pensando que mudar o sistema político é a solução de tudo.

            Portanto, eu agradeço a Deus por tudo, peço e continuo pedindo especialmente às senhoras que me assistem, aos senhores que me assistem, às lideranças religiosas que sempre, nas suas orações, estão orando pelas autoridades.

            Obrigado de coração.

            Que Deus abençoe todo mundo, e o restante, pode ter certeza -- que é o que a população mais sempre busca --, é saúde e paz, o resto nos corremos atrás.

            Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/07/2013 - Página 44576