O SR. PAULO BAUER (Bloco/PSDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Srª Senadora Vanessa Grazziotin, que preside esta sessão e inicia os trabalhos desta data. Cumprimento, igualmente, as Srªs e os Srs. Senadores presentes, também as senhoras e os senhores cidadãos que nos acompanham pela TV Senado.

            Nesta tribuna, desde minha posse, tenho falado sobre temas de interesse nacional, como a gestão do Governo Federal, as mudanças e os avanços que precisamos realizar na legislação vigente, o crescimento econômico do País, os avanços sociais e políticos que precisamos promover. Também tenho apresentado a V. Exªs informações e reivindicações do povo catarinense, que tenho a honra de representar nesta Casa. Certamente, ainda abordarei esses temas muitas e muitas vezes ao longo do mandato.

            Na data de hoje, entretanto, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, peço licença para, nestes poucos minutos de que disponho, fazer um registro, uma homenagem póstuma a um grande amigo, um bom chefe de família, um avô querido, um empresário criativo e honrado, um vereador atuante e um prefeito dinâmico, ético e trabalhador, que muito fez para que sua cidade, a querida Jaraguá do Sul, situada na região nordeste de Santa Catarina, iniciasse um ciclo de desenvolvimento que a destaca até hoje como cidade que cresce economicamente e socialmente muito acima dos índices nacionais.

            Desejo homenagear meu pai, Victor Bauer, falecido no último dia 16 de junho, aos 78 anos de idade. Amanhã se completa um mês do seu falecimento.

            Venho aqui falar de Victor Bauer não apenas como um filho tomado pela saudade, mas também como o Senador da República de Santa Catarina que homenageia um homem público que foi seu modelo, seu conselheiro, seu amigo e, acima de tudo, sua inspiração.

            Victor Bauer começou sua carreira política muito jovem: aos 24 anos já era eleito para seu primeiro mandato de vereador. Tenho recordações desse período, Senadora Ana Amélia, apesar de ser, na época, uma criança com pouca idade. Lembro-me dele se desdobrando para conciliar a vida pública com a administração da nossa empresa familiar. Muito trabalho durante o dia na fábrica do Café Bauer, mais trabalho ainda à noite nas reuniões da Câmara Municipal de Vereadores.

            As visitas, as reuniões comunitárias, a participação nas festividades, em todo o Município, faziam parte da vida da nossa família. Eu sentia orgulho em vê-lo dedicar-se por inteiro às questões da comunidade e às discussões de seus problemas.

            Ainda na minha infância, quando estava com 7 anos de idade, eu o vi vencer sua primeira eleição para prefeito. Foi uma disputa eleitoral memorável. Nela fomos todos envolvidos: minha mãe, Elvira, e meus irmãos, Ieda Marilu e Victor Júnior. Participávamos das carreatas e dos comícios. Meu irmão, Alberto, o mais novo, ainda bebê, não participou daquela campanha. Anos mais tarde, vivenciou, como nós, outras grandes e memoráveis campanhas eleitorais, pois Victor Bauer, como candidato ou não, de todas participava ativamente, exercendo sua liderança política na plenitude.

            Durante o mandato de quatro anos como prefeito, foram centenas as vezes que acompanhei o trabalho do meu pai na prefeitura, nas reuniões, na fiscalização de obras, nos despachos e audiências em gabinetes. Muito me alegrava poder dar a minha contribuição quando, no contraturno da escola, eu permanecia na antessala e no próprio gabinete do Prefeito Victor Bauer. Eu era o garoto que levava seus recados por escrito para os mais diversos chefes de serviço e funcionários da administração municipal.

            Eu observava meu pai e aprendia. A vida toda, aprendi muito com ele. Aprendi com sua simplicidade, com sua firmeza no exercício da autoridade, com seu espírito de justiça, com sua coragem política, com sua capacidade para o trabalho e para agregar seus concidadãos e, principalmente, aprendi com seus exemplos de austeridade, honradez e honestidade.

            Ele nunca foi homem de meias palavras. Mostrava-se preocupado com as questões que tantas vezes abordamos aqui no Senado Federal. Dizia, Senador Mozarildo Cavalcanti, que o País só iria para frente se a gente acabasse com a roubalheira. E ele dizia isso frequentemente. Quando as notícias dos jornais divulgavam escândalos e mais escândalos, atos indignos, atos antiéticos, ele dizia: “Tem que acabar com a robalheira. Aí o Brasil vai para frente”. E eu acho que ele tinha muita razão no que dizia.

            Também dizia que era preciso acabar com a pobreza, criando mais oportunidades de trabalho. Que se deveria fazer justiça punindo exemplarmente e rapidamente quem descumprisse leis e normas. E, principalmente, que se deveria exigir que cada pessoa trabalhasse muito porque, como sempre dizia: "Quem trabalha ganha. E vai para frente". E só trabalhando é que vamos para frente, todos sabemos disso.

            Victor Bauer foi um grande homem público. Em dois mandatos como prefeito, revolucionou Jaraguá do Sul, transformando-a de um Município basicamente agrícola em uma potente cidade industrial, uma das mais importantes de Santa Catarina e com destaque no Brasil.

            Ele promoveu uma completa reforma na estrutura de gestão da cidade; elaborou e colocou em prática um moderno plano diretor; construiu as ligações do centro a todos os bairros e localidades rurais do Município; pavimentou as principais vias urbanas; e criou o serviço municipal de água e esgoto, garantindo, enfim, o abastecimento de toda a cidade.

            Victor Bauer construiu o parque de exposições da cidade e levou a eletrificação a todas as propriedades rurais de Jaraguá do Sul, promovendo enorme impulso na produção agroindustrial. Promoveu também a integração regional, sendo um dos idealizadores da Fidesc, hoje Amunesc, que uniu as forças dos Municípios do norte e do nordeste catarinenses.

            Ele sempre me ensinou a importância da educação. E, como prefeito, colocou essa ideologia em prática, fortalecendo o ensino fundamental e investindo no ensino superior, por meio da Fundação Educacional Regional Jaraguaense.

            Victor Bauer deixou sua marca nesta vida. Seu legado nunca será esquecido. Como político, honrou seus eleitores. Como cidadão, honrou todos os seus pares, fossem amigos ou concorrentes. Foi um homem que cumpriu, e muito bem, sua missão de marido, de pai, de sogro, de avô e, até recentemente, de bisavô.

           Encerro, senhoras e senhores, dividindo com todos o texto de uma carta escrita por minha mãe, que meu saudoso pai me entregou em 2011, no dia em que eu tomei posse como Senador da República. Esta carta está colocada sob o vidro da mesa de trabalho do meu gabinete, para que eu sempre lembre porque estou aqui e como devo exercer este mandato, honrando o nome, a história e agora a memória de meu pai, como também o amor e carinho de minha mãe.

           Nesta carta está escrito:

Paulo, se você enveredou pela senda da política, saiba que não foi por acaso. Deus colocou em suas mãos o destino de sua Pátria. Desperte sua consciência íntima para assumir essa tremenda responsabilidade. Muito lhe foi dado, e por isso muito lhe será pedido. Não deixe que a vaidade e os interesses pessoais o desviem da missão que o trouxe ao mundo. Conduza a Pátria à felicidade e à paz. Que Deus te abençoe nesta missão.

Com muito amor e carinho,

Seus pais, Victor e Elvira.

            Que Deus te abençoe, meu pai. Tenha certeza de que, enquanto eu estiver neste mundo, sempre sentirei você perto de mim, me ajudando, me guiando e me protegendo.

            Muito obrigado.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Senador Paulo Bauer…

            O SR. PAULO BAUER (Bloco/PSDB - SC) - Pois não, Senadora.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Eu quero apenas me solidarizar com o pronunciamento de V. Exª. A educação do cidadão e a formação de seu caráter começam em casa, no berço. A sua atuação aqui é um orgulho para os seus pais, o seu pai, Sr. Victor, que o enxerga de algum lugar e que o senhor citou com tanto emoção. Eu conheço algumas cidades catarinenses, mas Jaraguá do Sul tavez seja uma das que primam pelo empreendedorismo. É uma cidade diferente das que eu conheço. A semente que ele plantou ali germina em outras gerações com as quais ele muito contribui para colaborar com o desenvolvimento econômico, social e cultural dessa cidade e também de Santa Catarina. Ali está uma das empresas mais importantes do Brasil, Jaraguá do Sul, que o mundo inteiro conhece. Eu queria cumprimentá-lo e dizer que sua mãe, com essa carta, mostra a relevância que tem uma mãe na formação do filho. Como mulher, eu estou também encantada ao ouvir a leitura emocionada que V. Exª faz de um gesto tão afetuoso e tão importante, como se ela lhe desse um grande presente, mas mais importante, porque esse tem um valor intangível, um valor que mostra a grandeza das pessoas, a grandeza dos homens e, sobretudo, valores que os políticos precisam seguir. E eu concordo muito com seu pai. Aliás, estava comentando aqui com o Senador Mozarildo Cavalcanti que quando tratamos de problemas da saúde um dos mantras, digamos, repetidos aqui pelo Senador Mozarildo é este: tem que acabar com a corrupção para sobrar dinheiro para a saúde. Seu pai, sabiamente, já dizia essa verdade há muitos anos. Parabéns. E minha solidariedade à família por essa perda irreparável.

            O SR. PAULO BAUER (Bloco/PSDB - SC) - Muito obrigado Senadora Ana Amélia, agradeço a V. Exª pela manifestação.

            Senador Mozarildo, com prazer, ouço V. Exª.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco/PTB - RR) - Senador Paulo Bauer, eu realmente fiquei emocionado com a homenagem que V. Exª presta não ao seu pai propriamente, mas ao homem público que foi o seu pai. É realmente importante lembrar à sociedade e aos eleitores que a maioria dos homens públicos é de bem. Aqueles que estão na vida pública como vereador, deputado estadual, federal, prefeito ou governador e que cometem atos de corrupção não são maioria. E, como maioria, devemos reagir cada vez mais. Como disse a Senadora Ana Amélia, eu tenho sempre dito que a desculpa… Por exemplo, no debate da renovação da CPMF, eu fui contra a continuidade e disse, mesmo sendo médico, que a CPMF começou com uma finalidade exclusiva, que era a saúde. Depois, foi levada para outros setores. Por fim, era utilizada até para fazer superávit primário nas contas do governo. Fora a roubalheira na aquisição de medicamentos, material hospitalar, etc. Eu sempre dizia que a doença da saúde é a corrupção. E é assim na saúde. Eu ressalto que considero corrupção mais grave justamente a feita na saúde, porque mexe com o quê? Com a saúde e a vida das pessoas. Então, eu quero parabenizá-lo e dizer que fico orgulhoso de ver um exemplo como o do seu pai e o seu próprio, que tem sido aqui um homem e um Parlamentar correto, presente, atuante. Portanto, é bom que a gente saiba que não devemos desistir da política porque existem maus políticos.

            O SR. PAULO BAUER (Bloco/PSDB - SC) - Muito obrigado, Senador Mozarildo, pelas suas palavras; incorporo-as ao meu pronunciamento.

            Obrigado, Senadora Vanessa Grazziotin. Encerro o meu pronunciamento.