Discurso durante a 118ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações a respeito do início da operação, em caráter experimental, de interligação da capital amazonense com o sistema nacional de energia.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Considerações a respeito do início da operação, em caráter experimental, de interligação da capital amazonense com o sistema nacional de energia.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 16/07/2013 - Página 47367
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • REGISTRO, OPERAÇÃO, AMPLIAÇÃO, SISTEMA, ENERGIA ELETRICA, REGIÃO AMAZONICA, ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIO, MANAUS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), LIGAÇÃO, EXPERIMENTAÇÃO, SISTEMA NACIONAL, ENERGIA, OBJETIVO, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senadora Ana Amélia.

            Srs. Senadores, Srªs Senadoras, companheiros e companheiras, Srª Presidente, na última sexta-feira, à noite -- cheguei a Manaus à tarde, saindo do Senado na sexta-feira, porque aqui ficamos deliberando até a sexta-feira, na semana passada --, lá pelas 22h30, portanto, às dez e meia da noite, a cidade de Manaus viveu um apagão, que durou aproximadamente 3 horas. Acabou a luz, e a pane não envolveu somente a cidade de Manaus, mas todos os Municípios da região metropolitana: Iranduba, Manacapuru, Rio Preto da Eva; todos os Municípios que compõem a região metropolitana de Manaus.

            Já tenho falado, seguidamente, com dirigentes da Amazonas Energia, empresa pública vinculada à Eletrobras, e hoje conversei com um dos seus diretores, Dr. José Maria Muniz, que já foi também presidente da empresa. Dizia-me o Dr. José Maria Muniz que, em breve, a Operadora Nacional do Sistema interligado deverá noticiar as razões do apagão.

            Veja bem: isso para nós, Senador Mozarildo, é uma novidade, porque, até então, se faltava energia, na cidade de Manaus, nós procurávamos a Amazonas Energia, empresa ligada, repito, à Eletrobras. Agora, não. Agora, nós temos de procurar a ONS.

            Mas isso é uma boa notícia, porque significa que Manaus já está interligada ao sistema elétrico brasileiro. Há mais de uma semana, o sistema está operando em Manaus de forma experimental, Senadora Ana Amélia.

            Repito: foi de três horas aproximadamente. É muito complicado uma cidade, uma região de 2 milhões de habitantes, que tem indústrias que funcionam sem parar, 24 horas, sofrer um apagão dessa dimensão. E o Dr. José Maria Muniz disse o seguinte: “Não tenho como explicar tecnicamente, mas, em breve, a direção da ONS, do Operador Nacional do Sistema, deverá falar do ocorrido e levar as suas explicações.”

            Entretanto, creio que, indiretamente, o problema do apagão tem a ver, sim, com a operação inicial, com essa fase experimental da energia gerada a partir da hidreletricidade da Hidrelétrica de Tucuruí, ou seja, três anos e meio, Senador Mozarildo Cavalcanti. Após o leilão da linha de transmissão, que conhecemos como Linhão Tucuruí-Manaus-Macapá, três ano e meio, uma linha total de aproximadamente 2.000km de extensão e de um projeto com custo mais ou menos de R$3,5 bilhões de investimentos, a capital amazonense, há mais de uma semana, foi interligada ao sistema interligado nacional. Estamos ligados agora, Senadora Ana Amélia, com o Rio Grande do Sul, com o Paraná, com São Paulo, com todo o Nordeste brasileiro. E a operação não é comercial ainda, repito, a operação se dá em caráter experimental, somente 100 megawatts estão sendo trazidos do Linhão até a cidade de Manaus.

            Manaus é uma cidade que tem geração e que utiliza em torno de 1.500 megawatts de energia, sendo que, hoje, a metade aproximadamente da geração vem através do óleo diesel e do óleo combustível, e a outra metade vem do uso do gás natural, que vem do próprio Estado do Amazonas, da cidade de Coari, através do gasoduto.

            E esse feito, Srª Presidente, esse impacto, é de uma importância fenomenal porque, ao tempo em que agrega as necessidades do sistema interligado à necessidade de aproximadamente 1.000MW, nós estamos colocando também, em contrapartida, a geração de Balbina, em torno de 250MW, e todas as termelétricas, tanto aquelas a gás natural como a óleo combustível.

            Isso é importante porque serve para recompor energia em outras unidades da Federação, ou seja, em outros Estados brasileiros, quando houver momentos ou situações críticas, como a diminuição das reservas de água.

            É um marco. Considero este um momento histórico não só para o setor elétrico brasileiro como para o Estado do Amazonas, porque a Amazônia, que, diga-se de passagem, é a região que possui a maior capacidade de geração hidrelétrica do País, ainda tem, em grande parte de seu território, energia gerada a óleo diesel ou até mesmo a gás natural. Ou seja, somos e seremos os últimos a nos beneficiar da geração de energia hidrelétrica. O linhão que vem de Tucuruí traz energia gerada no Estado do Pará até a cidade de Manaus.

            Repito: esse é um feito muito importante. A partir de agora, Senador Mozarildo… A inauguração ainda não ocorreu, pois apenas 100MW ainda são gerados e utilizados de forma experimental. A perspectiva é de que, até o final do ano, pelo menos a metade do sistema elétrico da cidade de Manaus, que consume, repito, cerca de 1.500MW, seja gerado a partir de Tucuruí, e a outra metade a partir do uso do gás natural, o que é um grande ganho, não apenas econômico -- e já vou dizer por que --, mas também ambiental significativo.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senadora Vanessa, permita-me um aparte?

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Só um segundo, Senador.

            E um ganho do ponto de vista da segurança que temos na geração dessa energia. E essa segurança é necessária porque falo de uma cidade que abriga um importante polo eletroeletrônico.

            A partir de agora, Senador Mozarildo, com essa ligação e, em breve, a ligação de Macapá, cujo projeto é mesmo -- o linhão que vai de Tucuruí para Manaus e para Macapá --, faltará apenas a cidade de Boa Vista, capital do Estado de V. Exª, a que vou me referir após conceder a palavra ao Senador Paulo Paim, que tem um importante registro a fazer.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senadora Vanessa, fiz questão de pedir um aparte a V. Exª, que é também uma líder sindical do nosso País. Nós estamos recebendo aqui uma delegação de sindicalistas da China. Fiz questão de fazer o aparte a V. Exª só para registrar isto. São seis líderes: o Sr. Qi Taisheng, Vice-Presidente da Confederação; o Sr. Bai Ming, Diretor da Center for International também; o Sr. Guo Zhaoyi, Vice-Presidente; o Sr. Yang Pgihz, membro da mesma Shandong Provincial Federation; o Sr. Zhang Ziwen, membro da Shandong Provincial Federation; e o Sr. Wang Guo Dong, também membro da Shandong Provincial Federation. É claro, eles entenderam. Eu não falo chinês, de jeito nenhum, mas eles reconhecem a minha boa vontade. Então, faço esse registro. Eles estão acompanhados do Calixto, que é o Presidente da Nova Central; e do Moacir, que é o Secretário-Geral. Era isso. Obrigado a V. Exª.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Se V. Exª não fala o mandarim, pelo menos pronuncia muito bem as palavras. Está num bom caminho para que seja fluente na língua falada pelo país mais populoso do Planeta e pelo qual temos uma grande admiração, Senador Paim.

            Então, cumprimento nosso querido companheiro Calixto, que aqui está, da Nova Central, e todos os dirigentes sindicais da China.

            Sejam todos muito bem-vindos ao nosso País!

            Muito obrigada, Senador Paim.

            Mas, Senador Mozarildo, dizia eu que, a partir de agora, teremos apenas uma capital brasileira que ainda não está interligada ao sistema nacional, que é a capital de Roraima, a cidade de Boa Vista. Entretanto, o projeto já está concluído. Já existe um projeto concluído para que haja a ligação de energia entre a cidade de Manaus e a cidade de Boa Vista.

            Eu assisti, há pouco tempo, um pronunciamento do Senador Jucá, a que eu me somei, fiz questão de me somar às preocupações de S. Exª e de me colocar à disposição para ajudar e contribuir naquilo que for preciso, que for necessário. O Senador Romero Jucá veio à tribuna para lamentar que o Ibama, instituto de meio ambiente do País, tenha paralisado as obras, quaisquer questões relativas à obra.

            Ora, nós, que somos da região, sabemos: há uma estrada, a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista em Roraima. Então, não haverá desmatamento de uma árvore, de nada, absolutamente nada, para que esse linhão seja viabilizado. Então, creio que é muito importante que os problemas ambientais sejam resolvidos, e Boa Vista poderá comemorar em breve, como nós, no Amazonas, em Manaus, estamos comemorando. Não digo definitivamente, porque ainda está em caráter experimental, mas comemorando essa que é uma conquista, uma vitória muito importante.

            Concedo um aparte a V. Exª, Senador Mozarildo.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco/PTB - RR) - Senadora Vanessa, primeiro, o linhão de transmissão de Manaus para Boa Vista, na verdade, foram paralisadas as obras a pedido do Ministério Público Federal do Amazonas, porque a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista, ou Boa Vista a Manaus, atravessa uma reserva indígena. Mas, como diz a lei, o domínio da rodovia federal pertence à União. Mesmo assim, foram suspensas as obras. Eu sou defensor… Não consigo entender… Por exemplo, no meu Estado, pelo menos três fontes poderiam gerar energia hidrelétrica barata para abastecer o Estado e talvez até para exportar. No entanto, não vão à frente. Hoje, em Roraima, nós consumimos energia vinda da Venezuela, com o risco de, de vez em quando, haver apagões, pois a hidrelétrica de Guri, na Venezuela, está sucateada. E agora vamos, com a interligação, de novo ser dependentes de Tucuruí, que, dito assim, é na Amazônia, mas a uma distância enorme. E quando surge um problema -- imagina, uma capital como a de V. Exª --, não se sabe o que aconteceu, e a população paga o pato. Eu acho que tudo que vier para ajudar está bom, mas quero aproveitar o pronunciamento de V. Exª para dizer que entendo que essa interligação não deixa nem o seu Estado nem o meu Estado, digamos, tranquilos em relação a ter uma energia limpa e segura.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Senador, eu concordo com V. Exª. Entretanto, digo que é um grande avanço. Nós brigamos durante muito tempo, V. Exª sabe disso porque acompanhou, para que tivéssemos um gasoduto capaz de levar o gás natural de Coari, Província de Urucu, até a cidade de Manaus, para que substituíssemos a geração de energia, a partir do diesel, pelo gás natural. Depois de muito tempo, o Presidente Lula, assumindo a Presidência da República, tomou a decisão, e hoje nós temos metade da energia gerada em Manaus através do gás natural. E isso continuará. A outra metade virá a partir da Usina Hidrelétrica de Tucuruí.

            O que eu considero um grande feito, Senador Mozarildo, Sras e Srs. Senadores, é nós termos no País um sistema energético interligado. Isso é algo fenomenal, é algo fantástico.

            As usinas termelétricas de Manaus que utilizam e geram energia com a queima de óleo diesel não serão desmontadas. Elas permanecerão lá e serão utilizadas cada vez que se apresente um problema no sistema elétrico brasileiro, não importa que esse problema seja lá em Pernambuco, lá no Rio Grande do Sul ou lá no Estado do Acre. Não importa. O que importa é que a haja essa diversidade com predominância… E digo que o Brasil é um dos países que tem a maior fonte de energia considerada como limpa, que é a fonte da água, a energia hidrelétrica, ou seja, energia hidráulica, e isso é muito importante. Repito: as grandes hidrelétricas previstas no plano para serem construídas estão quase todas na Região Amazônica.

            Nós sempre reclamamos do Poder Público por quê? Porque nós, numa região, geramos energia, mas naquela mesma região não aproveitamos a energia gerada. Então, essa é uma notícia importante para que estejamos interligados ao sistema nacional e gerando energia elétrica em Manaus, metade a gás -- digo, até o final do ano assim será, segundo informações seguras que tenho -- e metade a partir da energia de Tucuruí.

            A cidade de Manaus -- e talvez por isso tenha acontecido o apagão, Senador Mozarildo, não quero aqui afirmar nada porque nenhum dos técnicos e dos dirigentes das empresas com os quais eu conversei deu qualquer certeza -- está em obras em relação à energia.

            São várias subestações novas -- Jorge Teixeira, Distrito Industrial -- que estão sendo construídas para melhorar a distribuição de energia em Manaus e, assim, receber a energia vinda de Tucuruí.

            Esse projeto de melhora da distribuição de energia só em Manaus tem um custo de aproximadamente R$572 milhões. Então, possivelmente, o apagão deve ter ocorrido porque grandes transformadores estão sendo substituídos e porque, quando há substituição de um grande transformador, a parte que fica como reserva é automaticamente desligada, e qualquer problema leva à falta de energia. 

            Enfim, quero dizer que, como todo o povo da minha cidade, eu aguardo as explicações da ONS, mas é com muito prazer que eu registro essa obra realizada na Região Amazônica, esse linhão que saiu de Tucuruí, foi a Manaus, pronto, e a outra parte, que foi a Macapá, no Estado do Amapá. Salvo engano, 70% das obras estão prontas. Nós estamos organizando -- a visita já era para ter acontecido, acontecerá possivelmente em agosto; por conta dos acontecimentos nacionais, tivemos que transferir para agosto -- uma visita, uma ida dos Senadores e Senadoras, Deputados e Deputadas ao linhão, tanto o trecho do Amapá como o trecho do Amazonas, para vermos que obra grandiosa, Senadora Ana Amélia. Algumas das torres são mais altas do que a Torre Eiffel, de Paris. Essa obra toda foi feita agredindo o mínimo o meio ambiente. Não vou dizer que nada, porque toda ação humana agride o meio ambiente, mas uma agressão mínima, que não trará prejuízo àquela que é a maior floresta tropical do Planeta.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.

            A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco/PP - RS) - Recentemente, Senadora Vanessa, visitamos, numa organização feita pelo Comando Militar do Sul, Itaipu Binacional, que, de fato, nos impressionou muito, não só o porte da obra, o significado da obra, mas também todos os programas de preservação ambiental que estão ganhando prêmios internacionais pelo cuidado que se tem tomado ali, e também -- claro -- a relevância de projetos de defesa na área de grandes estruturas terrestres, como Tucuruí, Itaipu, Angra e tantas outras, em relação ao Programa Proteger, das Forças Armadas. Então, nós queremos também fazer esse registro.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - V. Exª me provoca. Já que suscitou isso, lembrou-me de outro fato: junto com a energia, vai também o cabo ótico para a Internet. Nossa Internet, portanto, terá uma melhoria de qualidade significativa, Senadora.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/07/2013 - Página 47367