Discurso durante a 110ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para a necessidade de mudanças por meio da construção de uma agenda positiva para o Brasil.

Autor
Blairo Maggi (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Blairo Borges Maggi
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL, REFORMA POLITICA.:
  • Destaque para a necessidade de mudanças por meio da construção de uma agenda positiva para o Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 05/07/2013 - Página 43234
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL, REFORMA POLITICA.
Indexação
  • REGISTRO, APREENSÃO, ORADOR, RELAÇÃO, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, CRESCIMENTO, INDICE, INFLAÇÃO, REDUÇÃO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), COMENTARIO, IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, REFORMA ADMINISTRATIVA, REFORMA POLITICA, AMBITO NACIONAL.

            O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco/PR - MT. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é hora de trabalhar, o Brasil precisa de uma agenda positiva

            Passada a euforia da conquista da Copa das Confederações, o sentimento que aflora na população brasileira é de êxtase.

            Mas o nosso já é de preocupação, uma vez que a Balança Comercial Brasileira registrou um déficit de US$ 3 bilhões no primeiro semestre deste ano, o maior em 18 anos.

            As informações são do próprio Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior divulgadas nesta segunda-feira.

            Não bastasse essa apreensão, temos a inflação, que sobe a passos largos, enquanto o crescimento reduz, pois o BC já reduziu a projeção do PIB com queda de 3,1 para 2,7%.

            Esses números não nos animam, pelo contrário, mostram que temos muito trabalho pela frente, em algumas questões eu diria até de enfrentamento.

            Na infraestrutura, por exemplo, sabemos que a precariedade na logística brasileira é o que impede o país de produzir e exportar mais.

            Se tomássemos, dentre outras medidas, a decisão do orçamento impositivo, evitaríamos as peças de ficção que se tornaram os orçamentos hoje, e trabalharíamos com números mais reais, fazendo aquilo que é possível fazer, tornando obras palpáveis aos olhos da população e dando respostas à questões emergentes em áreas como saúde, transporte público, segurança e educação.

            De encontro a isso, os estados e municípios vivem de pires de mão, porque constantemente se vêem obrigados a trabalhar com os anúncios de desoneração feitos pelo Governo Federal, fruto de arrecadação dos caixas municipais, o que fere toda a base do planejamento no Brasil.

            Os estados, por vezes, trabalham de forma isolada, esperando retorno e reconhecimento que por vezes não chegam.

            Mato Grosso bateu recorde de produção na safra de grãos, atingindo 43 milhões de toneladas em 2013, isso representa 23,4% de participação na produção total nacional.

            O agronegócio, carro-chefe da economia mato-grossense, foi responsável por 98,2% das exportações no estado, e numa receita global de US$ 7,01 bilhões (em exportações), US$ 6,88 bi foram originados com as vendas de produtos do agronegócio.

            Números que só mudaram e foram possíveis ao longo de 30 anos, com passos firmes e decisivos, na construção de uma agenda positiva, porque sem diálogo, vontade política e sem projeto não se faz, não se constrói, nada.

            Quando ainda era governador do estado de Mato Grosso, chamei à mesa de debate ambientalistas e produtores rurais para que juntos chegássemos a um consenso, uma vez que, todos queriam um estado capaz de oferecer a mesma qualidade de vida de outros países com economia semelhante e até inferior à do Brasil.

            Penso que precisamos avançar em questões importantes, como o pagamento por serviços ambientais prestados.

            Pensamos e planejamos o REED - Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação.

            Assim, um poluidor (País ou empresa), poderá compensar suas emissões comprando créditos de quem ainda tem o que conservar ou, se um dono de floresta mantiver sua mata em pé será compensado financeiramente.

            Não víamos e não vemos a questão do progresso na contramão da preservação ambiental.

            Apenas foi preciso repensar a forma de se fazer e como envolver a todos, e deu certo.

            Assim, penso, também deve acontecer daqui pra frente com o Brasil, que passa e passará por profundas e necessárias mudanças.

            Mudanças de conceitos, quebras de paradigmas, onde a voz que vem das ruas nos fala da necessidade de ampliarmos nosso campo de visão.

            Não adianta mais colocar a sociedade na terceira pessoa, tentando nos isentar de qualquer responsabilidade.

            O modelo de democracia representativa, também passará por transformações, porque a população nos mostra a cada segundo, com a popularização do uso de internet, que não se sente mais 'representada', ou que não chegue a isso, mas, ao menos, ela diz que quer mais: Ela quer participar.

            Quer passar de mera espectadora para coadjuvante no processo, ou até, autora da própria história do seu país, e começou, no mês passado, a escrever as primeiras páginas.

            Não é só porque há reivindicação nas ruas que nós devemos votar temas polêmicos.

            Nós temos de votar sempre temas polêmicos, vença aquele que tiver mais voto.

            Cada Senador, cada Senadora deve vir aqui neste plenário e discutir a matéria: "sou contra ou sou a favor". Vota-se. Ganhou? Tudo bem. Não ganhou? Também está tudo bem, porque este é o papel da democracia: é a discussão, é fazer com que as pessoas mudem de idéia ou com que você mude de idéia em relação a alguns temas que são importantes para a sociedade.

            Mas, que dê as respostas que ela espera.

            As mudanças precisam e devem ser feitas, a começar por aqui.

            O Congresso tem por obrigação estar à frente dessa transformação.

            Estamos diante de uma crise de representação política, e temos que arregaçar as mangas, para juntos, sociedade, Executivo, Legislativo e Judiciário, construirmos uma agenda positiva para o Brasil e despertar no povo o mesmo sentimento que levou milhares de cidadãos ontem às ruas, o de alegria e orgulho de ser brasileiro.

            Mas de pouco adiantará se a sociedade como um todo,não continuar, daqui pra frente com a participação que houve nas ruas para a discussão dos temas de interesse nacional.

            Medidas paliativas, eleitoreiras, pirotécnicas, mudanças para inglês ver, devem ficar, definitivamente fora dessa agenda positiva.

            Devem fazer parte de um passado que não pode mais ser reprisado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/07/2013 - Página 43234