Discussão durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Referente ao PLC n. 83/2007.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discussão
Resumo por assunto
Outros:
  • Referente ao PLC n. 83/2007.
Publicação
Publicação no DSF de 11/07/2013 - Página 45873

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE. Para discutir. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero aqui, antes de tudo, fazer uma reflexão.

            Eu sei que, no nosso País, estamos próximos da realização de uma eleição no ano que vem. Sabemos da legitimidade que é ser oposição. Nós fomos oposição. Isso é parte da democracia, é uma coisa extremamente importante. Mas, antes de qualquer coisa, nós somos integrantes do Parlamento deste País, eleitos pela população para tomar decisões corretas, acertadas, no interesse do nosso País.

            Eu faço uma primeira pergunta: em que governos esses trabalhadores foram demitidos? Em que governos? Foram demitidos nos governos do PSDB. No Governo do Presidente Lula e da Presidenta Dilma, essas demissões não aconteceram. No nosso Governo, nós, inclusive, anistiamos aqueles que foram demitidos por razões de ordem política, de perseguição sindical. Então, essa é a primeira pergunta que nós temos de fazer aqui.

            Estou vendo aqui muita gente fazer o discurso fácil, dizendo que, entre o Partido dos Trabalhadores e os trabalhadores, vai votar com os trabalhadores.

            Estou me lembrando de um fato interessante que aconteceu uma vez em Pernambuco, quando se votava na Assembleia Legislativa um privilégio para os Parlamentares. E aí o Líder do PSB - não me lembro o nome dele - fez um discurso ardente contra aquela proposição e, quando desceu da tribuna, disse: “Votarei contra, mas confio no patriotismo da maioria”.

            O que está acontecendo aqui é que as pessoas sabem que esse projeto vai ser vetado, as pessoas estão vendendo ilusões aos trabalhadores, estão votando a favor porque sabem que a Presidenta da República não vai sancionar uma decisão como essa.

            Aliás, questiono duas coisas aqui: a esta tribuna, diariamente, sobem Senadores para questionar a política econômica do Governo, a política fiscal, dizendo que nosso País está totalmente desestruturado do ponto de vista fiscal. Isso é o que nós ouvimos aqui! E, agora, vêm aqui para defender uma posição que só vai aprofundar esse desequilíbrio?

            É lógico que essa é uma posição política. É uma posição política que está sendo discutida aqui, neste momento.

            Vou além: tenho certeza de que venceremos as eleições no ano que vem. A Presidenta Dilma será reeleita. Obviamente, na eleição, pode haver qualquer resultado. Eu pergunto ao PSDB, que tem um candidato competitivo, se está pensando no Brasil de 2015, caso eles vençam a eleição.

            Minha gente, nós temos de trabalhar é na possibilidade da construção de um entendimento! Temos de pressionar o Governo para que sente e negocie, mas é preciso também que haja razoabilidade daqueles que estão reivindicando.

            Imagine, Excelência, se agora todos os trabalhadores que foram demitidos sem justa causa nos últimos anos, os trabalhadores da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, todos eles, fossem demandar não o retorno, porque eu acho que retornar...

            O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco/PSDB - PB. Fora do microfone.) - Esse projeto é do PT!

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - Senador Cássio Cunha Lima, pouco me interessa quem apresentou essa proposta, se ela é ou não do PT.

            O critério com o qual V. Exª vota é esse? Essa é a responsabilidade que nós temos?

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco/PSDB - SP. Fora do microfone.) - O PT está apoiando.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - Eu estou apenas chamando a atenção. Eu sei que isso vai passar, vai ser votado e vai ser aprovado, mas quero deixar aqui a minha posição.

            Quando alguns forem à tribuna para falar de disciplina fiscal, de gastos públicos, do Governo, que, segundo eles, só faz aumentar custeio e não faz investimento, vou querer olhar, daqui de baixo, cada um deles lá.

            Só há uma coisa que me deixa não digo feliz, Sr. Presidente, mas que me deixa, de alguma forma, tranquilo: se a oposição tivesse qualquer convicção de que poderia ganhar a eleição no ano que vem, certamente não votaria dessa maneira agora.

            Sei que assumir uma posição que não é simpática é o preço que se paga, mas prefiro pagar esse preço a não estar coerente com minha consciência e, acima de tudo, com minha responsabilidade com o Brasil.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/07/2013 - Página 45873