Discurso durante a 119ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alegria pelas modificações promovidas pelo Papa Francisco na Igreja Católica e expectativa com a participação de S. S. na Jornada Mundial da Juventude.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA.:
  • Alegria pelas modificações promovidas pelo Papa Francisco na Igreja Católica e expectativa com a participação de S. S. na Jornada Mundial da Juventude.
Publicação
Publicação no DSF de 17/07/2013 - Página 47673
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, ENCONTRO, JUVENTUDE, LOCAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, ATUAÇÃO, PAPA.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Com essa assistência, a gente perde a vontade de falar. Dá fome na gente.

            Senhoras e senhores, logo ali, realiza-se o Congresso da Jornada Mundial da Juventude. É uma organização de jovens do mundo inteiro que se reúnem para debater a fé, o amor, a paz, o respeito, a comunhão social de toda a sociedade. É um grande acontecimento, que reúne milhões de pessoas! Desta vez, ele foi marcado para o Rio de Janeiro. Mas confesso que essa reunião está tendo um conceito novo. Nós estamos vivendo uma realidade nova no Brasil e no mundo.

            Os Papas têm se sucedido. Quando o Papa morre, escolhe-se outro. Dessa vez, o Papa renunciou. Pela primeira vez, nós temos dois Papas: um Papa emérito, recolhido ao seu silêncio, e o Papa Francisco.

            Eu tenho oitenta e tantos anos e acompanho a vida e o andamento da religião no mundo inteiro. Juro por Deus que nunca vi, em tão pouco tempo, uma personalidade dar tantos sinais de que busca uma nova realidade de paz, de amor e de conceito!

            O Papa Francisco surpreende a cada momento. Ele não aceitou o trono dourado, monumental, bonito. Tirou-o fora. O trono dele é uma cadeira de madeira. Os tapetes vermelhos em roda e na frente do trono desapareceram, não existem mais. A residência do Papa mudou. Vemos quando ele aparece na janelinha e dá as bênçãos no Vaticano. Agora, ele só tem a janelinha, porque os amplos aposentos dedicados ao Papa ele recusou. Ele está num quarto de 45m2. Lá estão ele, uma cruz, a cabeceira e sua cama.

            O Vaticano tem uma frota de carros. Os carros que a gente vê com os Papas são os mais modernos modelos do mundo, mas o Papa os aposentou. Fico até encabulado, porque o carro dele é inferior ao de qualquer um de nós aqui. Um Ford Focus, que custa R$42 mil no Brasil, é o novo carro em que o Papa anda.

            Ele vem para o Brasil. E o que é tradicional, normal e até compreensível é que, para o Papa, quando ele viaja para qualquer lugar do mundo, seja contratado um avião especial. Ele vem aqui num avião de carreira. É claro que aceitou vir de primeira classe, mas recusou que um quarto ficasse reservado para ele.

            Aqui, no Rio e em Aparecida, o seu quarto é ao lado do dos outros Cardeais. Do mesmo tamanho e da mesma singeleza. O responsável pelo Banco do Vaticano, de quem, há tempos, se falava em desvio, está na cadeia.

            Com toda sinceridade, vi, no domingo, na Globo News - e é uma pena que alguém não tenha assistido -, o encontro dele com o Chefe, com o Rabino principal da Argentina, em Buenos Aires. Ambos eram amigos. Ele, Cardeal, e o Rabino, Chefe da Igreja Israelita. Ambos andavam pelas ruas de Buenos Aires de ônibus e de metrô - de ônibus e de metrô. Ele se recusou, ele não morava na sede principesca do Cardeal em Buenos Aires, mas, sim, em um apartamento simples na rua ao lado da Catedral.

            Esse é o homem que vem trazer mensagem, e, com toda a sinceridade, acho que a sua presença já é uma mensagem.

            Ontem, a televisão mostrou que, em Buenos Aires, não há assinatura de jornal, para que se receba o jornal em casa. Buenos Aires está cheia de bancas de jornal, e a assinatura é feita com o banqueiro daquela banca. Você diz: “Quero o jornal El País todos os dias.” E o Papa tinha assinatura na banca em frente à Catedral. Diariamente, ele ia, de manhã cedo ou de madrugada, pegar o seu jornal.

            Há quatro dias, ele telefonou para o banqueiro, amigo dele: “Eu quero te pedir desculpa, mas o senhor vai perder o freguês, porque eu não vou mais comprar o teu jornal. Eu vou ter que ficar por aqui. Me prenderam por aqui, e eu não vou poder voltar.”

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - “Me desculpe, mas logo, logo, eu te mando pelo correio, pelo banco, esse último mês que fiquei devendo e que tenho que pagar”.

            É muito bonito ver o trabalho que a CNBB e que os jovens das mais variadas espiritualidades estão fazendo para esperar o Papa, mas algo me diz que essa reunião é muito mais profunda do que uma reunião religiosa. Algo me diz que o Papa deve estar reservando mensagem muito importante no Rio de Janeiro para os jovens do mundo inteiro.

            Que coisa interessante! Exatamente em meio ao momento de uma turbulência positiva no Brasil, onde há um sentido de análise, de debate, de tentativa de mudar no Brasil, nesse momento vem o Papa Francisco trazer essa ideia, que representa o novo.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Eu acredito, Srª Presidente, que nós todos teremos uma semana realmente importante e teremos uma mensagem realmente positiva. E esses jovens do mundo inteiro que estão chegando haverão de dar um exemplo de confraternização, de beleza, de amor, de paz, que vai influenciar o mundo e o Brasil.

            Eu creio que o povo brasileiro merece. Os equívocos, os erros, as dificuldades, os senões, os difíceis momentos que temos atravessado são coisas que acontecem por incapacidade nossa, por falta de competência nossa; um país do tamanho do Brasil, um continente.

            Os jornais de ontem publicavam não só que o Brasil é o maior produtor agrícola do mundo inteiro como é o que tem aumentado mais a produção de ano a ano no mundo inteiro. Vai atingir recordes absolutamente inconcebíveis.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Nós não vamos chegar lá, Srª Presidente.

            Que Deus abençoe o nosso povo, a nossa Presidenta, este Congresso. Que realmente algo de novo aconteça.

            Tivemos em Brasília o Congresso Nacional Eucarístico, do qual o povo praticamente não participou. A cidade praticamente não sentiu. Hoje, não. Hoje, o Brasil inteiro e o mundo inteiro estão sentindo. Algo de novo está acontecendo.

            Se nós repararmos, uma pessoa, em dois meses, não deu tantos sinais de mudança quanto o Papa Francisco; e na instituição mais indestrutível, mais radical, agarrada nos seus princípios. Pagou um preço caro. Aquela pomposidade do Vaticano, aquele exagero, aquele luxo rachou a Igreja.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - E, infelizmente, Martinho Lutero, um grande Líder, um grande jovem, brilhante, em vez de brigar, lutar, ficar dentro... Embora na sua biografia, ao lhe fazerem essa pergunta, ele teria respondido: “Eu seria condenado à morte e à expulsão. Não teria como ficar.” Desde aquela época, ninguém ousou mexer em nada na Igreja.

            O Papa tem um sapato vermelho, especial, feito à mão, com couro não sei o quê especial, por uma firma que vem de pai para filho, há não sei quanto tempo. Ele deu até logo para a firma. Ele tomou posse não apenas com um sapato preto, simples, mas o dele, já usado.

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - O que ele usava todo dia foi o sapato com que ele tomou posse. (Fora do microfone.)

             Ao lado da batina de branco, o Papa tem uma toda dourada, espetacular de bonita. Dizem que veio não sei de onde. Ele a aposentou. Aquela ele não quer. “Essa deem para quem quiser.” Tomou posse com o crucifixo de bronze de quando ele era Cardeal e com o anel banhado de prata que ele usava.

            Os sinais existem.

            Lança sua primeira publicação - isto é bonito - assinada pelo Papa Emérito Bento XVI e por ele.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - O Papa Bento XVI se esconde, porque saiu dizendo que não tinha condições e jurou não se meter. O Papa vai lá, conversa, discute. Se fosse outro, estaria a pensar: “Mas esse cara está aqui atravessado. Ele tem que ficar lá.” Não. Trouxe para perto dele, e consulta, e almoça, e conversa com ele.

            Eu acho que, na nossa Igreja Católica, aqui do Brasil, nós imaginávamos, Senadora Grazziotin, que o Papa seria brasileiro. Eu achava que seria o Cardeal de São Paulo - por sinal, gaúcho. Não só não era brasileiro, não só não era gaúcho, mas tinha que ser argentino. Então, como diz o outro, o melhor jogador do mundo, o Messi, é argentino; e, agora, o Papa também é argentino.

            Mas, que bom! Que bom isso estar acontecendo!

            Felicito a Presidenta, porque, desde o início, aprovou e apoiou.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Houve algumas notícias, em que não acreditei, de que alguém dessa ou daquela religião estaria querendo oficiar ao Governo, porque o Governo estaria fazendo mais do que devia, porque o Governo é laico e não tinha que se meter.

            Acho que o Governo está fazendo o que deve fazer. É laico, mas, inclusive, sob esse ângulo, o Vaticano é um Estado federado. Pertence à ONU, é reconhecido como república e tem embaixadas no mundo inteiro, inclusive no Brasil.

            Eu peço a Deus que seja o início de uma era nova.

            Mas venho, com muita alegria...

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - ...e com muita emoção, dizer que, nos meus oitenta e tantos anos de idade, eu (Fora do microfone.) não tinha visto um início tão emocionante, uma mudança tão fantástica! E ele fala: “Aqui, no Vaticano, está cheio de gente que manda, que faz, que não sei o quê; e querem aprisionar o Papa. Eu tenho que fazer para me tornar independente e fazer o que eu acho que devo fazer.” E é o que ele está fazendo.

            Que os nossos amigos da CNBB aprendam com ele, e que a Igreja do mundo inteiro aprenda com ele.

            Obrigado pela tolerância, minha querida Presidenta.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/07/2013 - Página 47673