A SR^a VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente, Senador Clésio, Srs. Senadores, companheiros e companheiras.

            Sr. Presidente, é com muita alegria e com muita satisfação que venho à tribuna neste momento para, daqui, prestar uma homenagem ao Município de Manacapuru. O Município de Manacapuru, conhecido também como Princesinha do Solimões, fica a aproximadamente 85 quilômetros da cidade de Manaus. Manacapuru, hoje, está fazendo aniversário. E, no momento em que faço esta homenagem, eu a faço por meio de toda a sua população e em nome do Prefeito Washington Régis, assim como do Presidente da Câmara, Vereador Wanderley, e cumprimento todos os vereadores.

            Quero dizer que gostaria enormemente de estar prestando esta homenagem lá, no Município, mas por conta do nosso trabalho aqui no Senado Federal, acredito que também é válida a homenagem que presto desta tribuna.

            Apesar dos festejos, Sr. Presidente, quero, neste momento, lamentar profundamente o fato ocorrido na noite do último domingo na cidade de Manacapuru, que aniversaria no dia de hoje. Eu me refiro ao incêndio que destruiu todo o prédio da Cooperativa Mista Agropecuária de Manacapuru. Aproximadamente 700 toneladas de juta e de malva se perderam, foram queimadas no galpão. O prejuízo, segundo os noticiários, deve superar R$1,4 milhão, o que é de lamentar, porque Manacapuru - só para registrar - é o Município que tem a maior produção de juta e de malva do nosso País.

            O Governo do Estado do Amazonas, o Governador Omar, o Secretário de Produção Rural, Eron, assim como o Governo Federal vêm procurando ajudar muito a incentivar a produção, o crescimento da produção de malva e de juta. Mas, infelizmente, Sr. Presidente, essa produção brasileira não consegue enfrentar, em melhores condições, a malva e a juta principalmente importadas da Índia. Segundo os agricultores, há um problema de sobrepreço na juta que chega até o Brasil.

            Para os brasileiros e as brasileiras que estão me ouvindo e que não sabem exatamente o que são a juta e a malva, a juta é aquela fibra de que é feita a sacaria. Os sacos de juta não só servem para embalagens de grãos, principalmente, mas também para outros tipos de uso.

            Além de o segmento enfrentar esse problema grave, que já vem de há algum tempo - e nós solicitamos do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio que amplie os tributos da juta que vem da Índia, para, assim, garantir melhores condições de competitividade à juta produzida no Brasil, visto que grande parte dos produtores é de pequenos agricultores, localizados, grande parte deles, no Município de Manacapuru -, ainda aconteceu esse incêndio no dia de ontem.

            Mas, Sr. Presidente, o Governador do Estado e o Secretário de Produção Rural já encaminharam ao Ministério da Agricultura um pedido de socorro, um pedido para que recebam, extraordinariamente, um seguro, que não é previsto, mas que, emergencialmente, poderia ser concedido para um segmento que, repito, já vem sofrendo por conta da competição desleal da juta vinda da Índia e ainda teve esse problema do incêndio, em que uma parte importante - segundo eles, em torno de 10% da produção - se perdeu, foi queimada. Então, não há dúvida alguma de que esse sinistro, muito mais que um sinistro, prejudicou inúmeras famílias daquele Município.

            Mas nem isso, Sr. Presidente, tenho certeza absoluta, é suficiente para que a festa perca o seu brilho. As comemorações estão acontecendo no Parque do Ingá, onde haverá shows e, principalmente, uma feira de artesanato.

            No meu Estado, apesar de os Municípios serem muito distantes uns dos outros - aqueles que ficam mais próximos - e os que ficam mais próximos significa um dia de viagem de barco - costumam muito viajar para participar da festa do Município vizinho, distante um dia de viagem de barco; então, muitos moradores de Anamã, de Anori, dos Municípios vizinhos - sem falar de Manaus, de Iranduba, que são ligados por estradas a Manacapuru -, irão participar dessa bela festa.

            Manacupuru - há 85 quilômetros aproximadamente distante de Manaus - hoje tem uma ligação direta, por conta da ponte sobre o Rio Negro, que foi inaugurada no ano de 2001, com a presença do ex-Presidente Lula e da Presidenta Dilma. Uma obra iniciada pelo ex-Governador Eduardo Braga, hoje nosso companheiro e Senador, e concluída pelo Governador Omar.

            Então, Manacapuru é, sem dúvida nenhuma, uma das cidades que têm uma grande perspectiva de desenvolvimento e de geração própria de renda por duas razões, principalmente. A primeira é pela sua localização no Rio Solimões, favorável ao embarque e desembarque de mercadorias, e por conta da estrada até a cidade de Manaus, que agora está sendo duplicada - também uma parceria entre Governo Federal e Governo estadual -, e poderá beneficiar enormemente o desenvolvimento econômico daquele Município. A segunda é porque Manacapuru faz parte da região metropolitana e, quando aprovarmos o projeto que tramita na Câmara dos Deputados - deverá chegar aqui, ao Senado Federal -, a Zona Franca poderá se expandir para aquela região. Manacapuru, sem dúvida nenhuma, tem uma grande perspectiva de desenvolvimento e crescimento.

            E falando de Manacapuru, não poderia deixar de citar o Festival Folclórico, que é o segundo maior do Estado, perdendo somente para Parintins, que é um dos maiores do Brasil. O Festival Folclórico de Manacapuru é bem diferente do de Parintins, e as atrações lá são as cirandas, sobretudo Guerreiros Mura, Tradicional e Flor Matizada. Quero cumprimentar todos aqueles e todas aquelas que vivem em Manacapuru pela passagem do aniversário no dia de hoje.

            E também não poderia deixar de falar que hoje é o dia de Nossa Senhora do Carmo, que é padroeira de Parintins. Então, Parintins, hoje, também está em festa. Sempre, todo ano, após o Festival Folclórico que acontece - o Boi Bumbá - no último final de semana do mês de junho, vem a festa de Nossa Senhora do Carmo, que começa no início do mês e acaba hoje.

            Lá, eles chamam de Círio também. É uma enorme procissão, o maior festejo, acredito eu, em procissão do Estado do Amazonas.

            Então, o meu abraço, meus cumprimentos também a Parintins pela passagem do Dia da Padroeira, sendo comemorado com muita fé, no dia de hoje. E em muitas cidades brasileiras também, mas, principalmente, em Parintins.

            E neste tempo que me resta, Sr. Presidente, gostaria de lamentar - assim como o ocorrido no último domingo em Manacapuru - a notícia com que fui surpreendida hoje, muito cedo pela manhã. Infelizmente, ao assistir ao telejornal, vi a notícia de que uma aeronave tinha explodido no aeroporto da cidade de Manaus. Era uma aeronave pequena, que já sabemos ser da empresa Apuí Táxi Aéreo. Ela explodiu ainda na pista do Aeroporto Eduardo Gomes, com cinco pessoas a bordo. Sabe-se também que dois dos passageiros, servidores públicos estaduais que estavam viajando a trabalho do Ipem, faleceram.

            Lamento e espero que seja investigada a razão do acidente. Todos nós estamos sujeitos a esse risco, porque, naquela região, uma pequena aeronave funciona para nós como um pequeno automóvel. Afinal de contas, nós nos deslocamos para o interior através dessas pequenas aeronaves, uma vez que não dispomos de estradas e a viagem por rio demora muito tempo, não nos permitindo viajar pela via fluvial.

            Mas a outra notícia que trago, Sr. Presidente, desta tribuna, diz respeito à reunião que está acontecendo neste momento na África do Sul, especificamente na cidade Durban. Trata-se de uma reunião do GAC, que é um conselho consultor da Internet mundial que envolve governos de todos os países ou de quase todos os países do mundo.

            Esse conselho serve para orientar as ações da empresa IICAN, que, agora, com essa espionagem está sendo muito discutida, e que é responsável pela gestão, pela governança da Internet em âmbito mundial. Infelizmente, é uma empresa privada, americana, com sede nos Estados Unidos, na Califórnia. E o GAC é um comitê de governos que apenas orienta as ações e decisões que devam ser tomadas pela IICAN.

            Na reunião de hoje, entre outros assuntos, está sendo discutido o pleito da empresa privada, também americana, Amazon, de obter o domínio, Senador, exclusivo na Internet do termo genérico amazon.

            O GAC deu um importante passo para a vitória do Brasil, para a vitória de todos os países amazônicos, vitória nossa ...

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - ... que somos contrários a esse pleito de uma empresa privada americana, Senador Mozarildo. Isso porque o GAC, segundo informação do nosso Embaixador Benedicto Fonseca - Embaixador que atua na questão de ciência e tecnologia no Itamaraty, que acompanha essa reunião e que nos ligou hoje, muito satisfeito - aprovou-se o indicativo de que não seja concedido, não seja aprovado o pleito da empresa Amazon e, portanto, não seja concedido o uso desse termo amazon a essa empresa privada.

            O assunto não está decidido ainda. Portanto, temos que continuar a campanha. E para quem está nos assistindo e nos ouvindo, solicitamos: votem! Há um site na Internet www.nossaamazonia.org.br.

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Solicito a quem esteja nos ouvindo que vote contra, vote contra o pleito da empresa privada Amazon para o uso exclusivo desse termo na Internet, pois, assim, nos ajudará muito.

            Hoje, repito, demos um importante passo, porque governos de todos os países entendem que a terminologia amazon não pode ser dada, concedida a uma empresa privada, em detrimento de países, de oito países que compõem o Bioma Amazônia global.

            Então, é um passo importante. Creio que, daqui a algum tempo, a gente possa comemorar definitivamente a vitória da tradição, a vitória daqueles que de fato detêm isso, que não é um ou outro país, mas são povos indígenas, ribeirinhos, povo tradicional, aqueles todos que vivem na maior floresta tropical do Planeta, que é a Amazônia.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.