Comunicação inadiável durante a 108ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à gestão da saúde pública em Mato Grosso; e outro assunto.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA. SAUDE.:
  • Críticas à gestão da saúde pública em Mato Grosso; e outro assunto.
Aparteantes
Pedro Taques.
Publicação
Publicação no DSF de 03/07/2013 - Página 41714
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA. SAUDE.
Indexação
  • REGISTRO, MOBILIZAÇÃO, AMBITO NACIONAL, MOTORISTA, CAMINHÃO, APOIO, REFORMULAÇÃO, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS, CLASSE.
  • CRITICA, GESTÃO, SAUDE PUBLICA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ENFASE, FECHAMENTO, FARMACIA, IMPORTANCIA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO, REGIÃO.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Sras e Srs. Senadores, antes de mais nada, eu quero registrar aqui a presença de vários Presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil e saudar, na pessoa do Dr. Francisco Esgaib, os Srs. Presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil que se encontram presentes aqui no plenário da Casa.

            Durante todos esses dias, acompanhei a mobilização dos caminhoneiros Brasil afora, que, desde ontem, bloquearam estradas em todo o País para manifestar sua indignação com os altos impostos sobre os combustíveis, o preço dos pedágios e o péssimo estado de conservação das rodovias nacionais.

            Em Mato Grosso, o protesto paralisou a BR-364, em Cuiabá, na saída de Rondonópolis, e os manifestantes pretendem interromper o tráfego até quinta-feira.

            Todos os caminhões estão sendo parados, com exceção daqueles que levam cargas vivas. Carros e ônibus com passageiros também estão sendo liberados. Mais de 300 carreteiros estão mobilizados na BR-364.

            Atualmente, temos 55 mil profissionais autônomos registrados em nosso Estado, de um total de dois milhões inscritos em todo o País. Eu gostaria, portanto, Senador Clésio, de manifestar minha admiração pela categoria e, ao mesmo tempo, solidarizar-me com sua causa.

            Não podemos nos esquecer de que os manifestantes são pais de família que, diariamente, arriscam a vida em estradas esburacadas e perigosas. Suas reivindicações merecem, portanto, nossa atenção e nosso respeito.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu estava preparado para falar, nesta tribuna, da mobilização nacional dos caminhoneiros, como disse, mas um tema mais urgente e necessário me traz aqui nesta tarde: o completo desmantelamento na gestão da saúde pública em Mato Grosso.

            Para que V. Exªs tenham uma ideia deste descalabro, basta informá-los de que a Farmácia de Alto Custo da Secretaria Estadual de Saúde fechou suas portas. Os profissionais terceirizados desse setor entraram em greve porque não recebem salários há três meses.

            Poderia utilizar de uma pomposa retórica para descrever o sofrimento dos pacientes que dependem de remédios caros para sobreviver ou ainda contar a triste saga de servidores que não percebem seus vencimentos em dia, mas vou me ater aos fatos: eles são mais eloquentes e dramáticos que qualquer oratória.

            Caro Senador Pedro Taques, um comunicado foi afixado ontem na portaria da farmácia informando aos usuários que os serviços estavam suspensos porque o Governo mato-grossense acumula atrasos de seis meses de repasses ao Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde, OSS contratada para gerir o setor.

            Segundo esclarecem seus diretores, a dívida chega aos R$3,6 milhões.

            A Farmácia de Alto Custo atende perto de 15 mil pacientes por mês. Pelo menos 400 pessoas deixaram de ser atendidas na última semana. Ontem, nem mesmo aquelas que dispunham de ordem judicial alcançaram seu intento. Segundo levantamentos da própria Secretaria de Saúde, no momento, mais de 100 medicamentos estão em falta no almoxarifado da farmácia. São remédios que podem significar a diferença entre a vida e a morte de muitos enfermos.

            Sem contar, Srªs e Srs. Senadores, que, neste momento, está em curso uma investigação sobre a desova de centenas de caixas de medicamentos vencidos encontrados no depósito da farmácia.

            É um escândalo, Senador Pedro Taques, que revolta e envergonha toda a nossa comunidade. Gente morrendo por falta de remédio enquanto a Secretaria de Saúde é obrigada a atear fogo em milhões e milhões de reais por pura falta de gestão.

            Ou houve má fé na aquisição dos remédios com prazo de validade esgotado, ou negligência em sua distribuição.

            Eu concedo o aparte ao Senador Pedro Taques.

            A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco/PP - RS) - No momento que nós estamos vivendo Senador Pedro Taques, não seria a Presidente que iria cercear o direito de liberdade de manifestação num aparte porque o Regimento Interno, como é uma comunicação inadiável, não permite. Mas eu faço questão que V. Exª faça o aparte, porque penso que o Regimento não pode escravizar o debate político.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco/PDT - MT) - Obrigado.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT) - Obrigado, Senadora.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco/PDT - MT) - Muito obrigado, Srª Presidente. A senhora não poderia agir de outra forma, já que é do Rio Grande do Sul, Estado que já lutou até pela independência em relação ao Brasil. Eu quero agradecer-lhe por isso. Em situações excepcionais, o direito a ser aplicado também é o excepcional. Eu quero, rapidamente, cumprimentar o Senador Jayme Campos. Eu já falei sobre isso, Senador, e V. Exª está coberto de razão. V. Exª é um homem cordial. Falou de governo, eu falaria de desgoverno e incompetência na área da saúde no Estado de Mato Grosso. A saúde está na UTI, está pedindo socorro por incompetência de gestão. Isso ocorre pelo

            (Interrupção do som.)

            O Sr. Pedro Taques (Bloco/PDT - MT) - ... aparelhamento do Estado por partidos políticos. O partido político A é dono desta secretaria, de porteira fechada. V. Exª está coberto de razão: existem pessoas morrendo em razão da falta desses medicamentos.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT) - Obrigado, Senador Pedro Taques, pelo aparte de V. Exª, que conhece profundamente, naturalmente, o assunto a que estou me referindo.

            De qualquer forma, Srª Presidente, num país onde saúde de qualidade é luxo para poucos, é indecoroso jogar remédio fora...

            Contrariando o que disse o jogador Ronaldo, para quem uma Copa não se faz com hospitais, mas com estádios, eu diria que uma nação vitoriosa se constrói com investimentos na saúde pública e não com jogo de bola. Esta é a minha impressão e a minha visão e, certamente, a visão de milhares de brasileiros. Não precisamos de mais trofeus, Srª Presidente. Precisamos, sim, de uma geração de brasileiros saudáveis e conscientes de seu papel de cidadão.

            Nossa verdadeira copa, eu diria, é a saúde de nossa gente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/07/2013 - Página 41714