Discurso durante a 123ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Relato das recentes atividades realizadas por S. Exª no Acre; e outro assunto.

Autor
Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Anibal Diniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. AGRICULTURA, PECUARIA. RELIGIÃO.:
  • Relato das recentes atividades realizadas por S. Exª no Acre; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2013 - Página 51179
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. AGRICULTURA, PECUARIA. RELIGIÃO.
Indexação
  • PRESTAÇÃO DE CONTAS, RELAÇÃO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, LOCAL, MUNICIPIOS, ESTADO DO ACRE (AC), PERIODO, RECESSO, CONGRESSO NACIONAL.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, FEIRA, AGROPECUARIA, LOCAL, RIO BRANCO (AC), CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO ACRE (AC).
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, VISITA, PAPA, IGREJA CATOLICA, LOCAL, BRASIL.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senador e ouvintes da Rádio Senado, aproveito esse pronunciamento, que é o primeiro nessa volta aos trabalhos no segundo semestre legislativo de 2013, para relatar um pouco do que foi para mim esse período de recesso no Estado do Acre.

            Juntamente com o Senador Jorge Viana, com o Governador Tião e com Prefeito Marcos Alexandre, pudemos participar de inúmeros eventos e de uma programação bem intensa tanto em Rio Branco quanto em vários Municípios do Acre. Estivemos nos Municípios de Xapuri, Brasiléia e Epitaciolândia, onde participamos da entrega de ônibus escolares, fruto de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do Ministério de Educação e Cultura.

            Vale a pena ressaltar que foram entregues 20 ônibus de um total de 92 ônibus adquiridos com recursos do FNDE e que constitui um investimento de aproximadamente R$21 milhões para atender pelo menos 13 Municípios do Estado do Acre. São, ao todo, 92 ônibus, e a gente pôde participar dessa atividade.

            Ao mesmo tempo, na área da educação, pudemos participar de um evento muito importante em Rio Branco, que foi a entrega do prêmio de gestão escolar, prêmio que valoriza as melhores experiências pedagógicas, educacionais da rede pública de ensino do Estado do Acre. Pude fazer um cumprimento especial às dez escolas finalistas num evento muito prestigiado, muito interessante.

            Pudemos, no Município de Acrelândia, participar de um evento no Ramal Granada, envolvendo muitos produtores daquela área, e também participar do início de uma programação especial voltada para o início de uma tecnologia que está sendo utilizada, que é a tecnologia de irrigação no plantio de café clonado, que é algo também que vai permitir aos produtores daquela região, aos produtores que forem contemplados com esse programa de irrigação do plantio de café, reduzir em até um ano o período para que o seu cafezal comece a produzir. Então, se normalmente, com a tecnologia antiga, um pé de café demora até três, três anos e meio para começar a produção, com essa nova tecnologia vai conseguir obter já a primeira colheita a partir de dois anos e meio a três anos, o que é muito significativo para os produtores, principalmente para os pequenos.

            Foi bem interessante porque eu percebi, lá no Ramal do Granada, que existe um grande número de agricultores que está aderindo à cultura cafeeira e ao mesmo tempo é algo que tem possibilitado uma renda importante para aqueles produtores. Só a cooperativa do Granada, que além de produzir o café a vácuo, empacotado a vácuo, tem feito toda a mobilização dos agricultores da região, apresentou um estoque de pelo menos 5 mil sacas de café, aguardando justamente o melhor preço para comercialização, numa demonstração de que naquela região os produtores têm conseguido boa rentabilidade com a cultura do café.

            E depois estivemos também em outros Municípios do Acre, particularmente em Rio Branco, onde pudemos participar de várias atividades interessantes, como a 1ª Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial, que foi realizada pela Prefeitura de Rio Branco, através do Prefeito Marcos Alexandre, tendo à frente também a Secretária Municipal de Igualdade Racial, a Secretária Lúcia Ribeiro. Foi uma conferência muito bonita, realizada no auditório da Federação do Comércio, que contou com um grande número de pessoas, das mais diferentes religiões, todas para se somarem ao esforço do Governo do Estado e da Prefeitura, numa campanha muito forte no sentido de acabar com o racismo, de trabalhar com a igualdade racial, com a garantia de oportunidade para todos. Então foi também uma atividade muito interessante em Rio Branco.

            Ao mesmo tempo, aconteceu, no período de 27 de julho a 4 de agosto, em Rio Branco, a Feira Agropecuária Expoacre 2013, principal feira que demonstra todo o potencial da economia agrícola, da economia rural do Estado do Acre.

            A Expoacre 2013 foi uma experiência muito bem-sucedida. Contou com a participação de pessoas de praticamente todo o Estado, mas principalmente das pessoas que moram nos Municípios ao longo da Rodovia 317 e também da rodovia BR-364, desde Rio Branco até Cruzeiro do Sul. Muitas pessoas se mobilizaram em caravanas para estar nessa feira, a Expoacre 2013, que teve a exposição das experiências melhor sucedidas no Acre, no que diz respeito à economia rural.

            Eu fiquei muito feliz de ter participado dessa feira, justamente porque deu para sentir o salto de qualidade da economia do Acre no que diz respeito à sua produção agropecuária, que já vem sendo qualificada há muito tempo e agora tem uma genética muito evoluída. É um gado de excelência mesmo o que existe no Acre, principalmente no que diz respeito à genética mais avançada, às experiências de pastagem com tecnologia, também permitindo o maior número de cabeças de gado por hectare, que tem demonstrado como uma possibilidade de bom desempenho do Acre nessa área, principalmente nas experiências com os pequenos animais que estão se disseminando em todos os níveis de produtores. Os pequenos e os médios produtores têm aderido à suinocultura, à ovinocultura e, principalmente, à piscicultura.

            A piscicultura tem, no governo do Governador Tião Viana, um incentivo todo especial e isso tem feito com que os produtores tenham buscado o apoio necessário e aderido ao apelo feito pelo Governo do Estado, no sentido de permitir maior rentabilidade das propriedades com um apelo ambiental muito importante, porque a piscicultura tem o seu aspecto econômico, que vai permitir maior rentabilidade para o pequeno produtor, mas ela principalmente tem também o aspecto ambiental, porque é utilizada, praticada em áreas já desmatadas, não oferecendo nenhum tipo de pressão sobre a floresta. Então, a gente pôde acompanhar a suinocultura, a ovinocultura e a piscicultura, todas demonstradas nos estandes nesses dias de Expoacre 2013.

            Eu tenho certeza de que o volume de investimentos realizados através dos contratos junto aos bancos, tais como Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, vai demonstrar - e a prestação de contas deve acontecer até a próxima quarta-feira - que a Expoacre 2013 foi uma experiência muito bem sucedida e que merece o nosso cumprimento especial, exatamente porque alcançou os seus objetivos, tanto no que diz respeito à participação das pessoas quanto em volume de negócios, assim como pelas experiências demonstradas.

            A Expoacre é o nosso ambiente da prosperidade; é o ambiente em que se mostra o potencial econômico - rural, principalmente -, bem como o potencial tecnológico e industrial do Estado do Acre. E, durante os nove dias de exposição, a população teve acesso e pôde acompanhar de perto que o Acre está dando saltos de qualidade muito importantes no sentido de fortalecer a sua economia.

            Gostaria, Sr. Presidente, também aproveitando este primeiro pronunciamento, de fazer uma menção especial ao significado que teve para todos os brasileiros a presença do Papa Francisco no Brasil. Lá do Acre, de onde estávamos acompanhando, de vez em quando por um flash na televisão, pelo noticiário na Internet e também pelos jornais, a gente sentiu que a presença do Papa trouxe uma grande mensagem de paz e de esperança para o povo brasileiro.

            Exatamente por isso, eu gostaria de dedicar essa segunda etapa do meu pronunciamento de hoje a um registro dessa passagem do Papa Francisco pelo Brasil. Eu gostaria, Sr. Presidente, de fazer uma breve e respeitosa saudação à visita do Papa Francisco ao Brasil e destacar o profundo sentimento de felicidade, bem-estar e de paz que sua passagem por nosso País provocou.

            Em poucos dias, o Papa Francisco foi uma presença que se fez marcante, não apenas para fiéis ou peregrinos que participaram da Jornada Mundial para a Juventude, mas também para milhões de pessoas, inclusive pessoas que professam outras vertentes de fé que vão além do catolicismo, tocadas com a simplicidade do Pontífice, com sua genuína intenção de aproximar-se do povo, com sua mensagem de moderação e conciliação e com seu exemplo de humildade, solidariedade e humanidade.

            A estada do Papa no Brasil foi um marco espiritual não apenas para o nosso País, mas acredito que para todo o continente americano. Francisco conclamou a Igreja a aproximar-se mais de seus filhos, e ele mesmo o fez, tratando de temas atuais, polêmicos ou não, de forma clara e franca. Exortou a punição àqueles que, dentro da Igreja, agiram mal; reforçou a necessidade de renovação da Igreja; rebateu discriminações por preferências sexuais; e injetou ânimo na juventude, ao elogiar sua capacidade de defender ideias e sua necessidade de expressão.

            O Papa Francisco defendeu ainda a importância e a valorização da participação da mulher na Igreja, mas mantendo a formulação de não ordenação feminina. Assim, o Papa Francisco afirmou:

Uma Igreja sem mulheres é como o Colégio Apostólico sem Maria. O papel da mulher na Igreja não é só maternidade, a mãe da família. É muito mais forte. A mulher ajuda a Igreja a crescer. A mulher na Igreja é mais importante do que os bispos e os padres. Acredito que falte uma especificação teológica.

            Em Aparecida, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, o Sumo Pontífice relatou ter tido uma experiência forte e maravilhosa. No domingo, no Rio de Janeiro, a serenidade e o carisma do Papa reuniram 3 milhões de pessoas em Copacabana, jovens e fiéis de 178 países.

            Em um dos muitos exemplos de humildade, o Papa Francisco pediu várias vezes que rezássemos por ele. Em outro exemplo de simplicidade, surpreendeu-se com o fato de que carregar ele próprio sua maleta nas viagens tenha tido tanta repercussão, e exaltou a importância de todos nós nos habituarmos a sermos normais, à normalidade da vida. Morador de um ambiente simples na Casa de Santa Marta, no Vaticano, o Papa defendeu uma vida próxima às pessoas e uma real necessidade de austeridade, em contraponto ao desperdício que vivenciamos hoje. É uma lição de vida para todos.

            Dom Anuar Battisti, Arcebispo de Maringá, no Paraná, afirmou, em artigo que tenho a satisfação de citar, que Francisco é um Papa diferente.

            Disse Anuar Battisti:

Pela primeira vez na história, a Igreja Católica tem um papa latino-americano. Um homem que passou toda a sua vida longe das estruturas burocráticas da instituição eclesiástica, porém inserido profundamente na vida do povo; de maneira especial do povo mais sofrido.

Isso fez com que todo o preparo intelectual de um homem inteligente não ficasse apenas em discursos bem elaborados, em teorias de escritores alienados da realidade. O estilo Bergoglio nasce de um compromisso concreto, de uma fé encarnada, do Evangelho vivo. Por isso, hoje, tudo o que ele faz e diz tem vida, nada é forçado ou imposto.

Não só para nós, brasileiros e latino-americanos, mas para o mundo, a eleição do Papa Francisco veio trazer um ar novo, uma nova mentalidade, um estilo de vida que questiona a todos nós, mergulhados neste mundo capitalista, materialista, consumista. O mundo está carente de pessoas simples, humildes, informais, próximas umas das outras. A autoridade e o poder não tiraram do Cardeal Bergoglio a criança evangélica que cada um é chamado a ser: ‘Quem não se tornar criança não entrará no Reino de Deus’. [É só conferir esse versículo de Mateus, Capítulo 18, Versículo 3]

            O artigo de Dom Anuar Battisti continua:

A Igreja e o mundo estavam precisando de um homem de Deus, que fala e faz, que não teme a verdade nem a perseguição, que enfrenta os conflitos de forma direta, sem traumatizar ninguém. A verdade e a transparência são as que libertam o coração humano e o tornam livre para agir e falar sem falsos temores.

            É sem dúvida, um relato fiel.

            E, assim, a primeira visita do Papa Francisco ao Brasil e à América Latina foi realmente um reavivamento de esperança, um novo ânimo para todos num continente marcado pela desigualdade.

            Ao todo, três milhões de pessoas participaram da Jornada Mundial da Juventude; 355 mil peregrinos, de 175 países, se inscreveram na Jornada Mundial da Juventude. Do total de peregrinos, 220 mil eram brasileiros. Mas todos, jovens ou não, brasileiros, latino-americanos ou não, vieram e ouviram a defesa de um ideal de simplicidade e austeridade. Tenho certeza de que suas mensagens simples e ao mesmo tempo profundas terão, seguramente, uma importância duradoura para a fé e a Igreja.

            Quando falo aqui em igreja, quero me referir a todas as igrejas, porque, querendo ou não, o Papa é uma liderança mundial, uma liderança da Igreja Católica. E a sua presença no Brasil foi algo que chamou a atenção de todos, de todos! Não só os praticantes do catolicismo, mas também no mundo evangélico.

            Participei de várias solenidades em que assisti a padres e pastores fazerem referência ao exemplo de humildade dado pelo Papa Francisco durante sua estada no Brasil. E isso, para nós, foi muito importante, porque o Brasil havia vivenciado momentos de grande conturbação, meses atrás, e, agora, com a presença do Papa Francisco, a gente pôde ver multidões ainda maiores nas ruas, mas com um sentimento de paz, de harmonia e de amor transcendente. Isso foi algo que mexeu com todo o mundo.

            Foi emocionante ver a forma como ele tratou as crianças; foi emocionante ver a forma como ele se referiu aos jovens; foi emocionante ver a forma como ele se referiu à necessidade de os jovens aprenderem com os mais velhos e de os mais velhos terem mais paciência com os mais jovens...

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - ... e, também, ver a forma como ele desafiou os jovens a não ficarem em casa, a saírem às ruas e participarem da vida, participarem da política e tentarem entender o Evangelho e suas mensagens no sentido de compreender como é a vida e os desafios que ela nos apresenta. Assim, Sua Santidade, ao mesmo tempo, exortou os jovens a darem a contribuição que eles podem dar com a sua participação irreverente e com a sua participação despojada e, principalmente, com a sua participação ousada, uma vez que os jovens são exemplos de energia plena, de ousadia plena, e a gente, com certeza, tem de olhar, com muita atenção e dar total apoio aos movimentos desencadeados pela juventude, principalmente quando se trata de movimentos pacíficos, pacifistas, que trazem contribuições reais para o fortalecimento de uma sociedade solidária, uma sociedade fraterna e uma sociedade que procure construir condições de igualdade para todos.

            Esse é o objetivo. Acho que o Papa deu lições muito importantes para os líderes religiosos de todas as religiões e, também, para os líderes políticos, porque, querendo ou não, parlamentares, integrantes do Executivo e também integrantes do Poder Judiciário precisam aprender com a humildade demonstrada pelo Papa Francisco. Não é porque temos autoridade, porque ocupamos uma função de relevância que temos de nos distanciar das pessoas ou estabelecer um diferencial das pessoas. Eu acho que nós temos de cultivar essa humildade para podermos nos aproximar cada vez mais das pessoas, para ouvir o sentimento das pessoas e tentar...

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - ... traduzir o sentimento das pessoas em ações práticas, em políticas públicas que contribuam para reduzir a pobreza e para fazer do Brasil e do mundo um lugar melhor para todos.

            Muito obrigado pela tolerância com o tempo, Sr. Presidente.

            Era o que eu tinha a dizer neste momento.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2013 - Página 51179