Discurso durante a 135ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do transcurso, hoje, do Dia do Maçom.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro do transcurso, hoje, do Dia do Maçom.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2013 - Página 55333
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, MAÇONARIA, REGISTRO, CONTRIBUIÇÃO, ENTIDADE, RELAÇÃO, INDEPENDENCIA, BRASIL, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, TEXTO, REFERENCIA, ASSUNTO.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (Bloco União e Força/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Ana Amélia, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, nós temos feito, aqui no Senado, já há 13 anos, neste dia 20 de agosto, que é o Dia do Maçom, uma sessão solene em homenagem à Maçonaria brasileira pelo transcurso desta data.

            Com a mudança na metodologia, no Regimento da Casa, houve uma vedação de repetição, por três vezes consecutivas, de homenagem a qualquer instituição.

            Então, eu tenho o dever de registrar nesta data, 20 de agosto, o Dia do Maçom, cumprimentando a todos os maçons, primeiramente os de Roraima, onde me iniciei, e os de todo o Brasil.

            Repete-se isso muito, mas é bom relembrar sempre que, embora a Maçonaria brasileira tenha se iniciado em 1797 com a Loja Cavaleiros da Luz, criada na povoação de Barra, em Salvador, na Bahia, e ainda com a Loja União, em 1800, sucedida pela Loja Reunião, no Rio de Janeiro, só em 1822, quando a campanha pela Independência do Brasil se tornava mais intensa, iria ser criada sua primeira obediência com jurisdição nacional exatamente com a incumbência de levar a cabo o processo de emancipação política do País.

            Criado em 17 de junho de 1822, o Grande Oriente Brasileiro, seu primeiro nome, teve como seus primeiros mandatários José Bonifácio, que era Ministro do Reino - portanto, Ministro de D. Pedro I - e de Estrangeiros, e Joaquim Gonçalves Ledo, que também fez parte desse momento.

            Mas é importante dizer que a Maçonaria, tal qual hoje está organizada no mundo, passou realmente a ter essa figura organizada de sociedade na Inglaterra, em 1717. De lá para cá, foram surgindo em outros países, inclusive nos Estados Unidos, onde a Maçonaria atuou fortemente pela Independência dos Estados Unidos e pela formação da própria nação. Vários presidentes da república americanos foram maçons.

            Aqui nós definimos, coincidentemente - isso está registrado na história -, o dia real da Independência do Brasil, pelo menos informalmente, que ocorreu em 20 de agosto em uma loja maçônica, onde havia sido iniciado o Imperador D. Pedro I. Foi justamente pelo convencimento de D. Pedro I, ao mostrar a importância de realmente termos liberdade, independência com relação a Portugal, que conseguimos, à moda brasileira, fazer uma independência sem derramar uma gota de sangue, enquanto todos os nossos vizinhos da América do Sul praticamente tiveram que guerrear com a metrópole para fazer sua independência.

            Mas a Independência do Brasil, sacramentada em loja, vamos dizer assim, no dia 20 de agosto, só 17 dias depois, no dia 07 de setembro, foi formalmente anunciada por D. Pedro I, que passou a ser, portanto, o primeiro imperador do Reino do Brasil.

            Então, de fato, o Brasil Império começou pelas mãos da Maçonaria.

            Dentro da Maçonaria, existiam duas correntes: uma que já queria proclamar diretamente a República; e outra, comandada por Gonçalves Ledo, que queria fazer essa transição, para não termos de guerrear com Portugal, porque até nem chance de fazermos isso nós teríamos.

            O importante é que a Maçonaria também participou da Abolição da Escravatura e da Proclamação da República. Marechal Deodoro foi Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.

            A história da Maçonaria, no Brasil, é bonita, mas, de uns tempos para cá - eu diria até que começou no Estado Novo, de Getúlio Vargas, e se aprofundou durante o regime militar -, a Maçonaria, justamente por essas participações históricas - houve o antecedente da Revolução Francesa e o da Independência dos Estados Unidos -, foi vista sempre como uma entidade que atuava politicamente em favor da sociedade, pregando justamente os princípios básicos: liberdade, igualdade e fraternidade.

            Ocorre que me incomoda muito, e incomoda muitos maçons, o fato de que a Maçonaria se recolheu, se tornou reclusa, realmente, e não atua de maneira visível para a sociedade, não participa mais, ativamente, dos movimentos que a sociedade quer.

            É evidente que quem entra para a Maçonaria nunca sai pior do que entrou, por causa dos ensinamentos que recebe e até pela pluralidade de ideias que a doutrina maçônica prega.

            Uma coisa que nós temos que fazer e que eu defendo abertamente é atualizar a realidade da Maçonaria do século XXI.

            Nós não podemos mais continuar com o estigma, colocado lá na época da Inquisição, de que somos uma instituição que tem pacto com o diabo. Nós não podemos conviver hoje com a ideia, embora falsamente positiva, de que quem entra para a Maçonaria não tem mais problemas na vida, não tem mais problema financeiro, não tem problema de ordem alguma, porque a Maçonaria resolve qualquer coisa. Isso também não é verdadeiro, como não é verdadeiro o fato de que temos pacto com o demônio.

            Agora o que se faz para mudar isso na cabeça da sociedade e das religiões, de algumas religiões? Porque é interessante, enquanto nós exigimos que um cidadão para ser maçom primeiro tenha autorização da esposa, sendo casado, e, depois, tenha uma religião, como é que podemos ficar sem buscar o entendimento com as religiões? Lá nós temos católicos, evangélicos, judeus. E por que não buscamos, hoje, digamos assim, remover essa situação do passado da pecha de que nós éramos hereges? Na verdade é porque estávamos incomodando justamente os reis e, no fundo, também, digamos assim, o Vaticano; os reis e o Vaticano andavam muito juntos naquela época. Até os reis eram coroados ou escolhidos, de alguma forma, pelos papas, e vice-versa, alguns papas foram também fruto de entendimento entre reis.

            Então nós precisamos é sair dessa época, da monarquia ou da Revolução Francesa, ou da nossa independência aqui e fazer uma Maçonaria moderna, uma Maçonaria que não precise abrir mão dos seus princípios, mas que não seja essa coisa escondida, desnecessariamente, aí dá essa idéia de que nós temos algo a esconder, e não temos. Qualquer cidadão, qualquer cidadã que queira saber sobre a Maçonaria é só passar em qualquer livraria que ele encontra todos os tipos de livros sobre a instituição.

            Então, quero prestar essa homenagem hoje aqui individualmente e dizer que realmente nós da Maçonaria, tanto do Grande Oriente do Brasil, ao qual pertenço, quanto das Grandes Lojas, como a Confederação da Maçonaria brasileira, devemos realmente mudar, evoluir. Aliás, dizemos que somos uma sociedade evolutiva. Se somos uma sociedade evolutiva, no aspecto individual, espiritual das pessoas, temos que ser também evolutivos no que tange à sociedade.

            Eu defendo, de maneira muito firme, que nós não podemos, sob a falsa pretensão, como disse o Papa Francisco, de proteger a “imagem” - entre aspas - da instituição, deixar acontecer coisas que nós condenamos e, principalmente, de nos mantermos...

(Soa a campainha.)

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (Bloco União e Força/PTB - RR) - ... alheios à sociedade em que vivemos. Nós precisamos participar dos movimentos, precisamos apresentar propostas, precisamos ser proativos, porque não é possível, em uma instituição que tem profissionais das mais diversas áreas do saber - empresários, médicos, como eu, advogados, economistas, professores -, que nós colaboremos tão pouco com a nossa sociedade.

            Aliás, nós dizemos que um dos objetivos da Maçonaria é soerguer a humanidade. Soerguer a humanidade, entendo, em sentido amplo, e não apenas soerguer o indivíduo que entra para a Maçonaria; tem que ser uma ação em que, de fato, sejamos colaboradores, defensores, até lutadores pelos direitos dos cidadãos para fazermos jus, justamente, ao nosso lema de liberdade, de igualdade e de fraternidade.

(Soa a campainha.)

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (Bloco União e Força/PTB - RR) - Eu queria pedir, Senadora Ana Amélia, ao terminar, que V. Exª autorizasse a transcrição de duas matérias que tenho aqui sobre o assunto.

 

DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I, e § 2º, do Regimento Interno.)

Matérias referidas:

- História do GOB

- Vinte de Agosto o Dia do Maçom


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2013 - Página 55333