O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Sem revisão do orador.) - Como últimas considerações do fato, Presidente, quero dizer o seguinte: Senador Randolfe, tenho toda a confiança em V. Exª, toda. Até aqui, total confiança. Já disse que não externo mais nenhum elogio em fatos dessa natureza, porque externei ao Senador Demóstenes Torres, confiando nele, pedi aplausos a ele e depois fiquei decepcionado.

            Só quero aqui dizer que eu recebi essa denúncia do nobre Senador há muito tempo. Eu fui ao gabinete do Presidente, entreguei a denúncia e mostrei a ele, que me disse que tinha tomado as devidas providências. Eu confidenciei à minha Bancada sobre os documentos.

            Senti algo nos documentos que me levaram a uma interrogação. Primeiro: eram vários contracheques da Assembleia. Não era somente um contracheque; eram vários contracheques. Como é que um Governador, com a experiência de um Capiberibe, ia fazer um acordo declarado num contracheque? E como é que o próprio Presidente o denunciava? Havia essas interrogações.

            Mas é lógico que é uma denúncia muito séria, é uma denúncia de um mensalão, porque os contracheques estão ali assinados. No momento, meu nobre Presidente do Conselho de Ética, em que V. Exª recebe um documento, como V. Exª acabou de dizer na tribuna, informando que o documento é falso, que as assinaturas foram forjadas, V. Exª tem o direito de ir mais além para procurar saber se eram realmente forjadas ou não, porque esse é um crime.

            Qual seria, diga-me, por favor, quem souber - e aí eu discordo de V. Exª, Senador Randolfe -, o procedimento... Se V. Exª quiser me escutar, Senador Randolfe, o que faria, meu nobre Senador - já lhe disse que o respeito -, se V. Exª recebesse uma denúncia e depois surgisse um documento dizendo que aquele documento não é real, é falso? Qual seria o procedimento daquele homem lá? Qual seria o procedimento daquele homem? Eu não concordo com V. Exª em relação a uma única coisa: o fato de V. Exª tentar sacrificar aquele homem. Aquele homem, então, não pode ser meu amigo. Aquele homem não pode ser amigo do Senador Renan. Aquele homem não pode ser amigo do José Sarney. Por que não pode? Aquele homem tem quatro mandatos na Comissão de Ética. Aquele homem foi eleito, por unanimidade, pelos membros do Conselho de Ética. Aquele homem tem o dever de fazer o que fez.

            E eu quero agora, eu também quero agora, Presidente, saber o resultado dessas perícias. É preciso mandar fazer novamente uma perícia. Mande à Polícia Federal, encaminhe à Polícia Federal, porque, definitivamente, assim se vai saber quem tem ou não tem razão. Se um perito particular diz que as assinaturas são reais, se o perito lá do Amapá diz que não o são, mande os peritos da Polícia Federal analisarem a questão.

            Mas V. Exª não cometeu nenhum erro. V. Exª foi prudente. V. Exª agora mandou os advogados da Comissão de Ética se pronunciarem.

            Qual é o problema contra V. Exª? Não vejo nenhum. V. Exª tem sido correto. Por pressão, não, Presidente; por pressão, não. Não se intimide, não se curve a pressão nenhuma. Continue firme, com o mesmo caráter que V. Exª tem. Não mude. Não mude! Analise. Se for preciso demorar, demore. Já aconteceu com a maioria de Senadores aqui. Por que não pode acontecer com mais um ou dois? Por que V. Exª agora tem que ser sacrificado? Por que V. Exª agora tem que ser culpado de uma denúncia que precisa, sim, ser apurada? Por quê? Por que querem gritar com V. Exª? Por que querem tentar desmoralizar V. Exª? Por que querem acusar o Senador José Sarney? Por que, Presidente? Não se curve!

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Vejam como se portou, em outras ocasiões, o Senador Randolfe. Vejam como se portou o Senador Randolfe em outras ocasiões, quando acusaram o Governador do PSDB de Goiás. Vejam como se portou ele. E, agora, está doendo na sua pele. Se não é verdade, não tem por que estar tão preocupado. Encare a verdade, mas não fique querendo acusar e desmoralizar V. Exª.

            Eu estou do lado de V. Exª. Não me curvo à realidade, não me curvo aos direitos. Quando eu tenho direito, eu procuro levar até o final, e V. Exª tem neste momento os seus direitos. Não se curve, leve até o final. Se ele não tiver problema, diga: não tem. Mas, se ele tiver, denuncie. Essa é a sua obrigação e o seu dever.