Discurso durante a 148ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexões sobre o “custo Brasil”.

Autor
Sergio Souza (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Sergio de Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Reflexões sobre o “custo Brasil”.
Aparteantes
Casildo Maldaner, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 06/09/2013 - Página 60651
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, DESENVOLVIMENTO POLITICO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, PAIS, DEFESA, NECESSIDADE, REDUÇÃO, CUSTO, BRASIL.

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Agradeço à Senadora Vanessa Grazziotin e ao Senador Cristovam Buarque. Serei rápido, Senador Casildo, porque temos um voo ainda para o Paraná e V. Exª para Santa Catarina, em instantes.

            Eu gostaria de, rapidamente, fazer uma reflexão com as Srªs e os Srs. Senadores, com o povo brasileiro sobre custo Brasil; fazer uma comparação do Brasil de ontem com o Brasil de hoje, imaginando que a sociedade brasileira saiu às ruas, aos milhões, nos meses de junho e julho, buscando um Brasil mais igual, um Brasil mais justo, um Brasil mais transparente, com uma postura mais ereta dos seus representantes no Congresso Nacional.

            Nós precisamos começar a entender a importância dessa avidez da sociedade brasileira, a importância da consciência da sociedade brasileira na medida em que sabe o que quer. Mas também precisamos que a sociedade brasileira tenha a responsabilidade no momento de eleger os seus representantes, porque esses representantes é que vão atender ou não os anseios da sociedade brasileira no ano de 2013, 2014, e especialmente a partir de 2015.

            Daí a importância do voto consciente, a importância de termos um cidadão politizado, um cidadão que comece, desde agora, a analisar aqueles que vão disputar as eleições, para entender por qual razão, quais são as bandeiras, quais são as causas que esse brasileiro que pretende disputar as eleições em 2014 defende; e que, lá no momento das eleições, compare todas as bandeiras, as causas e a vida pregressa dos candidatos, para escolher aquele que será, com toda a certeza, melhor para todo o Brasil.

            Sr. Presidente, em 1966, nasceu, no Brasil, o Movimento Democrático Brasileiro. Nasceu com uma ideologia forte: redemocratização, direito de ir e vir, liberdade de expressão, direito de votar em um presidente da República, fim da ditadura, para estatuir, em um texto constitucional, a democracia. Um partido político nascia ali, com ideologia. Porque partido político é assim: um grupo de pessoas que se reúnem com base em uma mesma ideia, uma mesma causa, e passam a defendê-la; estatuem isso dentro da função programática do seu partido, e isso norteia todas as ações de seus filiados.

            Através desse movimento ideológico, conquistamos a redemocratização. Chegamos a 1988, estatuímos isso em um texto constitucional. Elegemos um presidente da República em 1990. Estávamos tão politizados que, através de um movimento chamado Caras Pintadas, pressionou-se o Congresso Nacional, que fez o impeachment de um presidente.

            O que veio na sequência, com a responsabilidade de estabilizar a economia, acabar com a inflação, que chegava a 80% ao mês, fazer com que tivéssemos uma moeda forte, foi Itamar Franco. Já tinha, na sua equipe de governo, Fernando Henrique Cardoso, que deu continuidade, durante oito anos, e, inclusive, iniciou os programas sociais.

            O Presidente Lula veio e disse: o cidadão brasileiro precisa comer, pelo menos três vezes ao dia; salário mínimo tem que comprar um pouquinho mais que uma cesta básica, tem que garantir o mínimo de conforto a um aposentado, porque salário mínimo serve é para aposentado.

            A Presidente Dilma vem e pensa assim: o Brasil está caro. Nós temos que fazer desonerações que já chegam a mais de R$50 bilhões neste ano. Nós precisamos fazer as obras de infraestrutura para otimizar este País, a abertura dos portos, construir ferrovias e assim por diante. Que maravilha, não é? Mas o povo brasileiro, que vai às ruas, aos milhões, justamente depois que tudo isso aconteceu, não está contente. Mas por que não está contente? Porque o Brasil não é justo, o Brasil é caro.

            É justo alguém levantar às quatro horas da manhã para chegar às oito horas no seu trabalho? É justo chegar de volta às dez horas da noite? É justo não ter o privilégio de conviver com os seus filhos e passar a ele os seus ensinamentos éticos e morais? Mobilidade urbana. O Brasil cresceu numa velocidade que o trânsito está um caos, assim como as estruturas urbanas estão.

            É justo pagarmos, por um aparelho de telefone igual a esse, três, quatro vezes, mais do que se paga em Miami, Orlando, em Paris - que é a capital cara do mundo - ou em Londres? É justo pagar, no Brasil, o dobro do preço de um automóvel que se paga no Paraguai, na Argentina, nos Estados Unidos ou na Europa? É justo ao brasileiro ter que ir ao Paraguai para fazer compras, porque lá é mais barato? E abastecer o seu carro, porque a gasolina que é produzida no Brasil é vendida no Paraguai ainda mais barata?

            É isso que está acontecendo. Precisamos entender que o Brasil melhorou e muito. Como era o Brasil da década de 70, Senador Casildo? Você olhava nas ruas das cidades do interior deste País e conhecia de longe quem era filho de agricultor, porque, às vezes, mal tinha uma roupa para vestir, para sair, para ir à igreja no domingo, à festa da igreja no domingo. Não tinha mais do que uma muda de roupa para sair. A alimentação com proteína animal, com mistura - no ditado popular - era coisa de fim de semana. Automóvel, ninguém tinha; eletrodoméstico, energia elétrica não se tinha. Para estudar, tinha que andar uma dezena quase de quilômetros a pé.

            Eu andava 7km para ir, 7km para voltar, para fazer da 5ª a 8ª série, lá no interior do Paraná; os meus pais só puderam chegar até 4ª série do primário - com os filhos já foi diferente. Os pais dos meus pais não tinham nem escola para ir. Veja só quanto contrassenso.

            Por que está acontecendo isso tudo no Brasil? Sabe por quê? Porque evoluímos, em todos os sentidos: evoluímos economicamente, evoluímos no nível de cultura, no nível de educação, evoluímos nas nossas cidades, nos nossos bens de consumo, na nossa alimentação do dia a dia. Mas queremos mais, porque temos acesso à informação e sabemos que, em outros países, a qualidade de vida não é tão cara, o custo de vida não é tão alto, há mobilidade urbana, as pessoas andam de metrô, tanto a classe média quanto a classe alta, e querem fazer isso aqui também no Brasil.

            Então, essa era a rápida reflexão...

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - V. Exª me concede um aparte, Senador?

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - PR) - Antes de encerrar, eu concedo, com muita honra, um aparte ao conterrâneo da minha mãe, Senador Casildo Maldaner.

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - E serei breve.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Casildo, sei que V. Exª vai concordar, antes de seu aparte. O Agnaldo Timóteo foi Deputado Federal comigo...

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Ô Timóteo! Comigo também foi!

            O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Sabem que ele é um cantor conhecido internacionalmente. Permita-me dizer, Senador, que muitas músicas deles foram da minha adolescência. Uma eu não esqueço jamais: Meu Grito.

            O Sr. Agnaldo Timóteo - E muitas outras, não é, Paulo?

            O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - E muitas outras, mas esta, não sei por quê, não esqueço - e Os Verdes Campos da minha Terra. 

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - PR) - Seja bem-vindo, Deputado Agnaldo. Seja bem-vindo ao Senado Federal.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Eu queria registrar a presença do Agnaldo Timóteo conosco. Um abraço.

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Como eu vinha dizendo, aproveitando a carona, eu e o Deputado Agnaldo Timóteo, em 1983, nos encontramos na Câmara dos Deputados. Nunca me esqueço de que o Deputado Agnaldo Timóteo, um dia, na tribuna, cantou uma música - Minha Mãe -, que repercutiu muito bem em todos os lugares. Mas V. Exª, que, daqui a pouco, vai a Londrina, naturalmente, vai ser cobrado, no Estado do Paraná, sobre esses temas de hoje, assim como eu estarei, logo à noite, na cidade de Caçador para comemorar lá o centenário da Guerra do Contestado, juntamente com o Ministro do Trabalho, na região de Caçador, no oeste catarinense. A evolução houve. Nós também íamos a pé, a cavalo, antigamente, mas as coisas evoluíram, e, hoje, o tema central, como diz V. Exª, é a mobilidade urbana, são as questões de avanço, a questão da saúde, as pessoas são mais exigentes. São pontos centrais que estão aí, e temos que evoluir e tentar solucionar esses temas que estão sempre na ordem do dia. Então, quero cumprimentá-lo, Senador Sérgio. Sei que V. Exª está viajando também. Sucesso na caminhada, pois somos cobrados em todos os lugares nesse sentido.

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - PR) - Obrigado, Senador, eu agradeço.

            Senador Paim, eu preciso sair...

(Soa a campainha.)

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - PR) - ... por conta do meu voo...

            O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Mas eu queria...

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - PR) - Mas concedo, com muita honra, um aparte a V. Exª.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Sérgio Souza, ontem vi uma entrevista sua sobre a questão do voto secreto. Quero cumprimentá-lo pela sua posição, coerente com o relatório que fez da Emenda 20, de nossa autoria. V. Exª mostrou o seu ponto de vista. Se depender de V. Exª, vamos votar a da Câmara, que é igual a da Comissão de Constituição e Justiça Quero só cumprimentá-lo pela sua posição. Espero que o Senado a acompanhe. Eu vou manter a minha posição.

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - PR) - Muito obrigado, Senador Paim. Eu acho que é uma responsabilidade muito grande relatar uma proposta de emenda constitucional como esta, que acaba com o voto secreto no âmbito do Congresso Nacional.

            Obrigado e uma boa-tarde a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/09/2013 - Página 60651