Discurso durante a 147ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com as condições do trânsito em Cuiabá, Mato Grosso, agravadas pelas obras relativas à Copa do Mundo.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.:
  • Preocupação com as condições do trânsito em Cuiabá, Mato Grosso, agravadas pelas obras relativas à Copa do Mundo.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/2013 - Página 60096
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
Indexação
  • APREENSÃO, SITUAÇÃO, TRANSPORTE URBANO, MUNICIPIO, CUIABA (MT), VARZEA GRANDE (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ENFASE, AUSENCIA, PLANEJAMENTO, OBRA PUBLICA, REFERENCIA, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Minoria/DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Srª Presidente, obrigado, Senador Moka. A nossa diplomacia está bem melhor do que, acho, a diplomacia brasileira, diante dos fatos que têm acontecido nesses últimos dias. 

            Srª Presidente, até pouco tempo, Cuiabá era considerada uma das capitais brasileiras mais tranquilas e com melhor qualidade de vida do País. A generosidade de nossa gente, aliada às nossas tradições seculares e a um desenvolvimento consequente e equilibrado, criaram em torno desta cidade a aura de um lugar próspero e bom para se viver.

            Para se ter uma ideia, no início dos anos 70, Senadora Ana Amélia, Cuiabá contava com pouco mais de 100 mil habitantes. Portanto um Município pequeno, mas com status de capital, o que lhe conferia vantagens e orgulho para seus moradores. Havia, naquela época, uma espécie de clima familiar entre os residentes da cidade.

            Desde a década de 80, com o crescimento da economia mato-grossense, impulsionada pelo agronegócio, Cuiabá experimentou um intenso fluxo migratório e, em dez anos, sua população praticamente triplicou. Atualmente, se somarmos a região metropolitana, agregando o Município de Várzea Grande -- do qual tive a honra dê ser prefeito por três mandatos --, nosso conglomerado urbano chega próximo ao impensável número de um milhão de habitantes.

            Digo isso, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para revelar um paradoxo. Essa cidade, outrora pacata, conta hoje com o trânsito mais caótico e intenso entre as quatro capitais do Centro-Oeste brasileiro, incluindo o Distrito Federal.

            Segundo levantamento feito pela empresa MapLink, especializada na cobertura do trânsito em tempo real, enquanto Goiânia, Campo Grande e Brasília somam juntas 72km de lentidão, no mesmo horário de pico, Cuiabá apresenta, sozinha, lentidão de 77km em suas principais vias públicas.

            Mas existe um agravante. A capital mato-grossense dispõe da menor frota de veículos entre as suas similares no Centro Oeste. Conforme estatística dirigida pelo IBGE, Cuiabá tem 318 mil automotores contra 453 mil de Campo Grande; 996 mil de Goiânia e 1,4 milhão de Brasília.

            Portanto, como se vê, não foi o crescimento do número de veículos que degenerou o trânsito cuiabano, mas, sim, as próprias condições de trafegabilidade das vias públicas, na maioria, deterioradas, esburacadas e sem a conservação adequada.

            Sra Presidente e Srs. Senadores, isso denota a falta de planejamento do tráfego cuiabano, uma situação que se agravou com as construções da Copa do Mundo, pois o Governo estadual não realizou os desvios e as obras de desbloqueio previstas no início da readequação da mobilidade urbana tanto de Cuiabá, como de Várzea Grande. O resultado não poderia ser outro: o caos! Convivemos diariamente com congestionamentos e filas quilométricas. Motoristas e pedestres estão expostos, cotidianamente, aos riscos de um trânsito desordenado e confuso.

            No primeiro semestre deste ano, foram registrados 1.992 acidentes de trânsito em Cuiabá, ou seja, uma média de 11 ocorrências por dia. Nesse aspecto, enquanto o Brasil ocupa a quinta posição mundial no índice de sinistros no trânsito, Mato Grosso desponta na incômoda posição de segundo colocado na taxa de mortes em acidentes de trânsito no país, segundo o Mapa da Violência, estudo coordenado pelo Governo Federal. São 36,2 vítimas para cada grupo de 100 mil habitantes, maior que o número de homicídios, que chega a 31,8 para contingente semelhante.

            Cuiabá contribuiu decisivamente para tal flagelo. Segundo o site Mobilize Brasil, a capital de Mato Grosso ocupa o terceiro lugar no ranking nacional da violência no trânsito, com 36 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, ficando somente atrás de Recife e Goiânia. O jornal Diário de Cuiabá, no entanto, informa que somente nos 18 primeiros dias do mês de julho deste ano, morreram 22 pessoas no trânsito cuiabano, contra 18 homicídios, dados, sem dúvida, alarmantes e que nos motivam a uma profunda reflexão sobre as condições em que vivem e morrem nossos cidadãos. O trânsito mata mais que arma de fogo. É um inimigo real de nossas famílias.

            Na semana passada, meu caro Senador, nosso Presidente Waldemir Moka, em entrevista ao site Midianews, o promotor de justiça Clóvis de Almeida Júnior, responsável pela fiscalização das obras da Copa do Mundo em Cuiabá, fez um desabafo e denunciou a falta de organização para a realização das construções na área de mobilidade urbana em nossa capital. Ele foi enfático ao dizer que “as autoridades mato-grossenses faltaram à aula de planejamento" para execução do volume de intervenções proposto para a efetivação do mundial de 2014.

            Precisamos, portanto, buscar soluções imediatas para nosso tráfego, investindo na modernização e na sinalização de nossas vias públicas, aprimorando a legislação do trânsito e qualificando a rede de transportes públicos, oferecendo opções vantajosas e seguras para nossos transeuntes.

            A lentidão, a que me referi no começo deste pronunciamento, que em Cuiabá chega a 77km, não atrasa somente a vida dos nossos condutores de veículos; atrasa, sim, o desenvolvimento da Nação.

            Portanto, Srª Presidente, quero dizer que, infelizmente, não houve planejamento na execução das obras para a Copa do Mundo. Cuiabá e Várzea Grande, como eu bem disse e volto a repetir, que fazem parte do aglomerado urbano, hoje vivem um caos. Tudo isso por falta da competência de um governo que, infelizmente, não planejou. Hoje, o que se percebe é que essas mesmas obras que esburacaram, abriram a maioria das ruas de Cuiabá e Várzea Grande, causaram não só transtorno, mas um prejuízo enorme, sobretudo para o comércio que está nessas vias públicas, causando, muitas vezes, até a falência de alguns comerciantes e empresários.

            Portanto, quero fazer aqui um apelo ao atual Governador de Mato Grosso, Dr. Silval Barbosa, para que tome as devidas providências. Na cidade onde moro, Várzea Grande, um dos poucos acessos para demandar Cuiabá-Várzea Grande, a Avenida da FEB, está interrompida há mais de um e meio. Na minha visão e no meu pouco conhecimento -- conheço um pouco sobre as obras de infraestrutura --, não vejo nenhuma perspectiva de ser concluída ainda, se possível, até meados do ano que vem.

            A população, o trabalhador, está pagando muito caro. A maioria absoluta dos comerciantes já está desativando todos os estabelecimentos comerciais. Eu acho que temos que ter mais responsabilidade. Todos nós queremos as obras, naturalmente, para as nossas cidades. Agora, não podemos, em hipótese alguma, causar transtorno, prejuízo, não só ao trabalhador, mas, acima de tudo, ao empresário que paga os impostos, que recolhe os seus tributos em dia, e está sendo penalizado, ou seja, pagando muito caro pelas obras que hoje estão sendo…

(Soa a campainha.)

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Minoria/DEM - MT) - … executadas entre Cuiabá e Várzea Grande.

            Esse é mais um alerta, mais um grito de socorro que estou fazendo aqui, pelo fato de ter sido procurado não só pelas classes trabalhadoras, mas, acima de tudo, neste caso, pelos empresários, que, hoje, em sua maioria absoluta, estão em situação crítica, caótica em relação as suas finanças.

            Era o que tinha a dizer na tarde de hoje, meu caro Senador Paulo Davim, que preside esta sessão.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/2013 - Página 60096