Discurso durante a 152ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Expectativa pelos trabalhos legislativos dos próximos dias; e outros assuntos.

Autor
Walter Pinheiro (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
Nome completo: Walter de Freitas Pinheiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE, LEGISLATIVO.:
  • Expectativa pelos trabalhos legislativos dos próximos dias; e outros assuntos.
Aparteantes
Eduardo Amorim.
Publicação
Publicação no DSF de 11/09/2013 - Página 62001
Assunto
Outros > ESPORTE, LEGISLATIVO.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, DIRIGENTE, ELEIÇÃO, CARGO, PRESIDENTE, CLUBE, FUTEBOL, ESTADO DA BAHIA (BA).
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, DISCUSSÃO, ESFORÇO CONCENTRADO, SENADO, PROJETO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, MUSICA, POLITICA FISCAL, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS), RECURSOS FINANCEIROS, SAUDE PUBLICA, VOTO ABERTO.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, primeiro, quero dizer, aqui da tribuna, da nossa alegria, uma vez que, no sábado próximo passado, 7 de setembro, os torcedores do Esporte Clube Bahia, numa demonstração de completa transformação, tiveram a oportunidade de votar diretamente para Presidente.

            Eu sei que o clube do seu Estado, o Internacional, é o que tem o maior número de filiados no Brasil. O Bahia abriu um processo de filiação, que está em fase de intervenção, e somente em três dias, Paulo Paim, 15 mil novos torcedores se associaram ao clube. Na eleição de sábado passado, estavam aptos ao processo de votação cerca de 9 mil associados, e compareceram 6 mil. O companheiro Fernando Schmidt foi eleito Presidente do Esporte Clube Bahia. Schmidt já teve oportunidade de presidir o Bahia na década de 70 e retorna à presidência em um mandato tampão, Senador Paulo Paim, porque, depois, teremos uma eleição definitiva.

            Acho que isso é importante nesse processo de reconstrução, de redemocratização e também de transparência. Nos clubes de futebol, nós assistimos a um processo muito duro, ao longo dos anos, nessa história do domínio de alguns cartolas no Brasil, mantidos, inclusive, a partir dessa paixão do povo, mas pilotados, ou melhor, controlados por alguns poucos cartolas do futebol brasileiro.

            Eu até tenho uma participação muito grande nessa paixão por futebol, mas nunca me posicionei do ponto de vista da minha participação em direção de clube, envolvimento dessa natureza; acho que como torcedor está de bom tamanho.

Coloco-me à disposição, como eu fiz inclusive no sábado com Fernando Schmidt. Não pude ir à sua posse ontem à noite, mas enviei mensagem, ao mesmo tempo me colocando à disposição não só para o Bahia, mas para o futebol da Bahia, para sermos utilizados aqui como embaixador do futebol baiano, buscando ajudar principalmente essa parcela que passa por um processo de transformação, e contribuir com ela.

            Recentemente - eu tive oportunidade de citar isso aqui e cito tranquilamente mesmo não sendo torcedor do Vitória -, tenho elogiado a postura de Alexi Portela na direção do Vitória, alguém que contribuiu muito para ir moralizando o futebol da Bahia, assim como outros clubes da história da Bahia que eu gostaria muito também de ver despontando: o Galícia, que vem de uma colônia espanhola; o Ipiranguinha, o grande Ipiranga - Ipiranguinha no sentido inclusive do carinho, não de forma diminutiva -, o histórico Ipiranga; o Botafogo; os times do interior; o Fluminense de Feira; o Bahia de Feira; o próprio Feira; enfim, os times de Itabuna; os de Vitória da Conquista. É importante que possamos reestruturar esse futebol da Bahia.

            Mas o registro que quero deixar claro é este: a posse de uma figura que eu até tenho muito respeito, gosto muito e, como torcedor, na década de 70, por diversas vezes, vibrei ali com a direção de Fernando Schmidt à frente do Bahia. Eu, ainda garoto, me acostumei a frequentar o estádio, como faço hoje, Senador Paulo Paim. Se eu chegar aqui, por exemplo, eu faço sempre isto: vou lá, compro o meu ingresso na arquibancada, faço questão inclusive de não assistir em tribuna de honra. Nada contra a tribuna de honra, mas eu vou usar uma expressão que meu pai até usava muito. Meu pai dizia que - ele fazia uma referência inclusive a cigarro com filtro - “Fumar cigarro com filtro é o mesmo que chupar bombom com papel.” Não é? Meu pai terminou inclusive se acabando no cigarro. Faleceu com problemas pulmonares.

            Essa expressão eu terminei trazendo para o futebol dizendo o seguinte: “Assistir da tribuna de honra é o mesmo que chupar bombom com papel.” Então, você não vibra, não sente, não está no meio. E outra é pela contribuição: por que o torcedor comum, Paim, pode ir lá e pagar o seu ingresso, e a gente não pode pagar o nosso ingresso? Eu vou para a tribuna de honra em um lugar até mais tranquilo. Entra com o carro ali. Não pega nenhum tipo de engarrafamento. Não tem problema, senta na tribuna de honra.

            Eu, inclusive, continuo defendendo que aqueles que acessam a tribuna de honra deveriam pagar ingresso de cadeira superior. Já que vai para a tribuna de honra, para um lugar tão chique, paga o preço mais caro, para contribuir. Então, eu acho que é importante. E aí eu quero salientar essa minha participação.

            Hoje mesmo conversei com o Zeze Perella para ver a possibilidade de uma reunião entre ele e o Presidente do Bahia para vermos a possibilidade de reforços para ajudar o baiano no que é possível, mas quero me envolver como torcedor, não como cartola, até porque não dá para dividir as coisas. Sempre fui contra aqueles que atuam na política ficarem também atuando no futebol. Até brinquei com o Zeze Perella e disse: “Não me queira mal, mas eu acho que falta tempo.” Não é? Por isso que Zeze até me disse: “Olha, Pinheiro, eu me afastei mais da direção do Cruzeiro.” É isso! A gente já tem um mandato para dar conta, deixa para outro que tem disponibilidade. E acho que aqueles que assumem posições - como Fernando Schmidt assumiu no Bahia - têm que ter disponibilidade e o seu tempo integral para conduzir um clube de futebol que mexe com as paixões, com todo torcedor. O torcedor está zelando por um bem público, então se esperam zelo e empenho nesta condução.

            Eu quero fazer esse registro e daqui mandar o meu abraço fervoroso ao meu companheiro Fernando Schmidt e ao seu companheiro de chapa, Valton Pessoa, que com ele assumiu essa jornada, e aos membros do Conselho também que foram eleitos no sábado próximo passado.

            Mas, Senador Paulo Paim, venho à tribuna na noite de hoje para discutir, de forma incisiva, os próximos passos que teremos daqui para frente no plenário do Senado. Nós temos algumas PECs importantes que devem ser apreciadas a partir de amanhã ou até no esforço concentrado marcado pelo Presidente Renan, esforço que começará na próxima segunda-feira.

            E aí me refiro, por exemplo, à minirreforma que deve chegar ao plenário; amanhã à tarde nós temos a PEC da Música; temos aí duas medidas provisórias. O esforço para votarmos aqui a PEC 18, que disciplina, de uma vez por todas, a questão daqueles que são condenados ou aqueles que os processos tramitaram em estágio final no Supremo Tribunal Federal, portanto, cumprindo assim um rito processual corretíssimo. Se o Judiciário julga, Paulo Paim, e encontra, até porque encontrar já uma solução fazendo o julgamento final é um exercício de apuração que transcorreu ao longo de toda uma trajetória. Então, não são aqui talvez alguns minutos, segundos, ou até mesmo que debatamos horas e horas a fio aqui no plenário, nós não ganharíamos as condições necessárias para uma avaliação fidedigna. Há uma expressão que uso muito e que eu digo sempre, Paulo Paim. Na medida em que eu julgo um mandato aqui em Plenário, eu posso cometer dois equívocos: ou votar pela absolvição de um culpado, ou votar pela condenação de um inocente.

            Portanto, acho que o correto é a gente aprovar essa emenda constitucional e tratar, inclusive, de ir já numa linha de cumprimento do que prescreve ou que determina o art. 15 da Constituição Federal. Então, temos uma pauta importante. E eu hoje fiz uma cobrança aqui ao Senador Renan: nessa pauta importante, nesse esforço concentrado, nós temos que chamar a atenção aqui da votação ou continuar o processo de apreciação de matérias que tratam da questão da guerra fiscal. Porque nós acertamos com o Governo um rito processual, cumprimos a nossa parte e, depois da votação na Comissão de Assuntos Econômicos, o Governo, por meio da Secretaria da Fazenda, disse: “Não, o projeto que foi votado na CAE, não é bem o que serve, vamos parar a reforma.” Está errado! Está errado!

            A Fazenda negociou aqui com o Parlamento e nós votamos a resolução que tratou do ICMS de Importação; depois, votamos a questão aqui, no Senado, do comércio eletrônico. Aí acertamos com o Governo que nós discutiríamos um projeto de lei para, de uma vez por todas, pôr fim a essa grande dificuldade - inclusive o Estado de V. Exª - no que diz respeito à dívida. Não é possível, Paulo Paim, no momento em que estamos falando em queda de juros, o Estado ainda continuar pagando 16%, 17% de juros de financiamento.

            O Rio Grande do Sul é um dos Estados mais endividados. Portanto tem de resolver isso, reduzir a taxa de juros e alongar essa dívida.

            Falo aqui, obviamente, advogando em nome da Bahia, mas nós precisamos ter uma visão da situação nacional e não apenas do meu quintal. Então, é importante.

            E a guerra fiscal, mais ainda, Paulo Paim. Essa disputa é nefasta. Se não criarmos as condições, não vamos desenvolver determinadas regiões. Não vamos. Não dá para tratar dessa maneira.

            Estados e Municípios estão passando por seus piores momentos.

            A Presidenta Dilma hoje anunciou mais um pacote importante: Água para Todos. Investimentos. A Bahia vai receber algo em torno de 17 milhões. Espero que o Ministro da Integração, inclusive, além desses 17 milhões, Paulo Paim, para os mais de cem sistemas simplificados autorizados hoje, possa dar continuidade aos sistemas simplificados que já haviam sido acertados com a Bahia no período inicial de programas para a seca, que ultrapassava mais de mil sistemas simplificados, além da questão das cisternas, da própria questão de construção de adutoras.

            Então, é importante que a gente entenda isso. A Presidenta faz isso exatamente por entender que é preciso socorrer com obras, com infraestrutura.

            Aqui no Senado, Paulo Paim, nós estamos avisando também que no projeto de orçamento impositivo, que vai entrar naquela pauta do esforço concentrado, nós queremos fixar um percentual para ser aplicado na saúde. Há, inclusive, por parte de diversos Senadores, a proposta de 50% das emendas para a saúde. Porém, tem de ter custeio, Paulo Paim. Não basta só pôr 50% para a saúde e dizer que isso só pode ser para investimento. Aí os Municípios e os Estados vão receber esse dinheiro para fazer postos de saúde da família. Está ali o Senador Amorim, de Sergipe, por exemplo, vamos fazer postos de saúde da família no interior de Sergipe. E quem vai bancar isso? Eu construo o prédio e ponho o que dentro para trabalhar? Mesmo com o Mais Médicos, meu caro Senador Amorim...

            Correto, vamos contratar, pôr mais médicos, mas médico sozinho não vai dar conta. Eu preciso pôr o enfermeiro, o agente comunitário, até o vigilante do posto e também o atendente. Depois esse médico do Mais Médico vai ter de passar a receita, aí precisa haver remédio na farmácia. O Mais Médico vai passar exame, aí precisa haver o local para o cidadão ir lá e fazer seu exame; senão a gente entra no turismo da ambulância: o sujeito adoeceu no interior, põe na ambulância e leva para Aracaju ou então leva para Salvador; tira do interior, leva para Porto Alegre, ou para as cidades onde há hospitais regionais.

            Então, esse debate é fundamental para a gente travar aqui. É uma forma de ampliarmos os recursos da saúde, aprovando as emendas, mas colocando nas emendas inclusive o condicionante que também, além dos 50%, nós vamos poder usar como custeio - respeitando todas as vedações constitucionais, mas para custeio.

            Isso vai ajudar no outro debate que estamos fazendo também nesta Casa como pauta prioritária: a questão dos recursos para a saúde. Começamos aqui a discutir a questão de 10% dos recursos para a saúde a partir da receita bruta, mas, agora, o Senador Humberto está com essa relatoria, e a ideia é a de se trabalhar com a receita corrente líquida e, consequentemente, com um percentual um pouquinho maior da receita corrente líquida.

            É importante que nós tratemos dessas questões como um todo, Senador Paulo Paim, por entender que essa pauta que está apontada é importante para solucionarmos os problemas e os atacarmos do ponto de vista da reestruturação em algumas atividades.

            Ainda há a carreira médica, de que eu me esqueci aqui, mas que é importante citar. O projeto que está aqui já está com urgência. E há as outras carreiras, sendo que eu até conversava com V. Exª, Senador Paulo Paim, para agregarmos à Comissão de Direitos Humanos a parte do trabalho. Há aqui carreiras de 30 horas, jornadas para o povo da saúde. Então, é importante que tenhamos a clareza do que isso significa. Nós podemos tratar dessas matérias sem resolver também o problema do custeio para Municípios e Estados.

            A Presidenta Dilma, também, hoje, Presidente Paulo Paim, sancionou a Medida Provisória nº 613. Portanto, já está apta a estrutura para promover o pagamento da primeira parcela de R$1,5 bilhão para os Municípios brasileiros. A partir de hoje, a nossa Secretaria do Tesouro e outras esferas de Governo já estão legalmente autorizadas a promover os repasses para os Municípios brasileiros, em relação àquele compromisso assumido pela Presidenta Dilma. Isso está inserido na Medida Provisória nº 613.

            Também com a sanção da medida provisória, já podemos operar uma série de questões envolvendo a área da indústria química e petroquímica e do etanol no Brasil.

            Eu sei que há muita coisa na pauta, mas temos que continuar com esse ritmo, nesse esforço concentrado. Não é só o ritmo das votações, é o ritmo da consequência: o que estamos votando, como podemos cobrar do Governo a implementação e a execução dessas questões. Não basta só votar aqui, temos de acompanhar, Paulo Paim, ou seja, como na brincadeira que fazemos muito na Bahia, tem de se botar o guizo no pescoço ou onde quiser botar, mas tem de botar para funcionar.

            Então, não dá para ficar com esta história: “Aprova, é tranquilo. Vamos ver...” Aí a execução passa para depois de amanhã: “Ali deu problema; foi problema na instituição financeira”, assim como a medida provisória que tratou das dívidas.

            O Banco do Nordeste e o Banco do Brasil têm de agir um pouquinho mais rápido, e devem agir um pouquinho mais rápido essas duas instituições. Agricultor que está na ponta não pode esperar.

            Então, é importante que, nessa pauta prioritária, nós identifiquemos isto: quais são as medidas, com caráter de transparência, para coibir qualquer prática de corrupção, em alinhamento com as questões centrais que a sociedade brasileira mais reclama, do ponto de vista do comportamento da classe política, e com as outras medidas também que vão ao encontro dos anseios de Municípios e Estados em ajustarem a sua economia, para poderem continuar prestando um serviço, até em matérias que têm aplicação imediata.

            Senador Paulo Paim, participei ontem, por exemplo, em Salvador, representando a Comissão de Educação, do Encontro Brasileiro do Ensino a Distância. Nós vamos criar - estamos até batalhando para criar a Universidade do Vale do São Francisco, em Sergipe - a Universidade Federal, no Brasil, a universidade aberta.

            Eu não estou contra, sou plenamente favorável, Ministro Aloizio Mercadante, mas vamos aproveitar a Universidade de Sergipe, a Universidade Federal da Bahia, a Universidade do Rio Grande do Sul, a Universidade de Santa Catarina, as estaduais. Vamos aproveitar essa rede e já botar para funcionar o ensino a distância e não esperar mandar um projeto para criar a universidade aberta no Brasil.

            Essas universidades todas que eu citei aqui já fazem ensino a distância. Então, vamos ligar as pontas: fazer um programa e essas universidades tocam. Nós temos uma rede de pacote de dados já funcionando no Brasil. Então, vamos funcionar dessa maneira e estender para os alunos do ensino a distância programas como o Fies. Por que os que estudam no ensino a distância não podem acessar os programas, e só os que estudam de maneira presencial? Essa é outra maneira de nós ajudarmos.

            Eu até brinquei com o pessoal, ontem, na saída: vamos botar o bolsa ensino a distância. Quanta gente, Senador Eduardo Amorim, no interior de Sergipe ou na Bahia, faz hoje ensino a distância?

            O Sr. Eduardo Amorim (Bloco União e Força/SC - SE) - É claro.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Então, por que eu não posso ajudar esse cara?

            E se ele não pode ter um computar em casa...

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - ... vamos alinhar um programa para que ele use o centro digital de cidadania, os infocentros, os telecentros, ou até financiar esse estudante para ele adquirir o seu computador, para ele adquirir a sua ferramenta de ensino a distância.

            Portanto, é fundamental que essas coisas sejam colocadas, para termos a capacidade de entender que é possível fazer isso, melhorando as condições.

            Há outro exemplo que eu dei, Senador Amorim, ontem. Eu era um garoto de nove anos de idade, quando montei o meu primeiro rádio, o rádio Galeno. Foi aos nove anos minha experiência com eletrônica. Logo em seguida, obviamente incentivado pelos mais velhos, terminei me inscrevendo no Instituto Universal Brasileiro, que era o ensino a distância da época.

            O Sr. Eduardo Amorim (Bloco União e Força/PSC - SE) - Por revista.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - E vinha pelo Correio. Eu recebi pelo Correio meu primeiro multímetro, para medir a tensão. Aos nove anos de idade. Veio um alicatezinho, uma canetinha para testar os polos. Fui aprendendo. Recebia todo mês a revistinha do Instituto Universal Brasileiro. Era o ensino a distância pelo Correio. Agora, dá para fazer isso com o correio eletrônico, muito mais rápido e mais eficiente. E a gente pode formar mais gente no Brasil. É importante trabalhar com essas coisas para a gente entender que dá para alcançá-las.

            Essas matérias estão aqui, na Ordem do Dia, Senador Amorim. Está na hora de a gente pegar e votar essas matérias, assim como a PEC do Voto Aberto, meu amigo Sérgio Souza, que já apresentou seu relatório. Vamos votar a matéria. Se temos divergências, no voto tiraremos as divergências. Mas, vamos lá, vamos abrir o voto. Não tem problema nenhum. Para as matérias que têm comum acordo entre Câmara e Senado, voto aberto.

            Senador Amorim, um aparte a V. Exª, e vou encerrar em seguida.

            O Sr. Eduardo Amorim (Bloco União e Força/PSC - SE) - Senador Walter Pinheiro, o senhor tem toda a razão sobre a questão do ensino. Não há outro caminho para o País. E, copiando o exemplo de outros países, como o Japão, Suécia, a própria Coreia do Sul e tantos e tantos outros, que entenderam que a única forma de sua gente chegar à dignidade merecida era através do ensino. Com o ensino se chega à tecnologia, com a tecnologia se agrega valor àquilo que nós encontramos na natureza. E o que não nos faltam, com certeza, são os recursos naturais, que esses países não têm, mas nós temos. Hoje, exportamos sem agregar valor. Então, é preciso, sim, dar a oportunidade aos nossos jovens e aos nossos adolescentes. Quero aqui agradecer o empenho de V. Exª, o baiano, Senador Walter Pinheiro, na questão de levar a Univasf para um dos poucos Estados banhados pelo Rio São Francisco que não a tem, que é Sergipe. Depois, com o represamento de todas as águas, que levou energia para todos os cantos não só do Nordeste, mas também do Brasil, já que o sistema está integrado, com certeza o Baixo São Francisco sofreu muito com todo esse represamento. Então, é o mínimo, realmente, que o Governo Federal pode fazer por aquela região do Baixo São Francisco: levar o ensino, levar as universidades, tanto para o lado sergipano, como para o lado alagoano, para que realmente se dê oportunidade a toda aquela juventude. Não há outro caminho. O senhor, de forma muito equilibrada e sábia, coloca essa situação, e quero aqui agradecer-lhe. E conte comigo, sim, na construção dessa agenda positiva, que nós Parlamentares, nós Senadores temos que ter, realmente, com o povo brasileiro. Chega de remendos. Precisamos construir propostas definitivas que levem este País para um caminho e para dias muito melhores.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Obrigado, Senador Amorim.

            Eu já pedi a minha assessoria que nós solicitemos aquela audiência com o Ministro Mercadante para discutirmos a questão da Univasf, a sua ampliação lá para o Estado de Sergipe, para o Estado de Alagoas, a sua consolidação.

            Em tempo, eu quero discutir com o Ministro Mercadante a questão do curso de Medicina na Unilab, em São Francisco do Conde; tratar, inclusive, de uma questão importantíssima, que é a da anemia falciforme. São Francisco do Conde tem, na sua Prefeita, a companheira Rilza, uma das árduas defensoras desse programa. E é importante que nós possamos fazer isso. Tenho já trabalhado com o professor e pesquisador Gildásio Daltro, da Universidade Federal da Bahia, do Hospital das Clínicas, nessa expectativa. Vamos somar esforços para fazer chegar a todos os cantos do velho Chico o ensino federal superior. Em vários desses lugares, por exemplo, nós já chegamos - além do ensino superior -, até antes, com as universidades estaduais. É o caso da Bahia, que tem quatro universidades estaduais.

            O Sr. Eduardo Amorim (Bloco União e Força/PSC - SE. Fora do microfone.) - A gente não tem nenhuma.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Imagine. Então, mais ainda motivo. Diz-me aqui o Senador Eduardo Amorim que Sergipe não tem nenhuma estadual. Mais um motivo ainda para a gente correr trecho e fazer chegar a nosso querido Sergipe a experiência da Universidade Federal do Vale do São Francisco, Senador Amorim.

            Eu tive a oportunidade de batalhar por essa universidade, para fazer justiça aqui, em conjunto com o Deputado Osvaldo Coelho, de Pernambuco. Trabalhamos muito, no final da década de 90, para a criação da primeira universidade federal brasileira em mais de um Estado. Hoje, ela está no Estado do Piauí, de Pernambuco e da Bahia. E, com fé em Deus, Senador Eduardo Amorim, nós vamos levar essa universidade para Sergipe e Alagoas, completando a obra da Universidade do Vale do São Francisco em nosso Brasil.

            Mas, Senador Sérgio, eu quero encerrar e chamar a atenção para isso. Essa pauta é muito importante. Nós vamos ter um esforço enorme daqui até a semana que vem, mas é um esforço que sempre me dá um alento. Agora, nós temos que ter cuidado para não entrar naquela história da gincana - e eu vou usar uma expressão aqui - “votatória”. É aquele negócio de “vota, vota, vota, vota”. Vamos ver o que é possível votar, votar com consequência, e coisas que a gente tenha condições, inclusive, de cobrar aplicação imediata, por parte do Governo.

            Amanhã, eu espero que a gente vote a MP nº 615, para resolver um dos graves problemas, a questão do Refis, reabrir esse prazo para diversas pessoas poderem renegociar as suas dívidas no Brasil.

            Então, era isso que eu tinha a dizer. Eu acho que é importante salientar aqui esses momentos que a gente tem vivenciado. Eu tenho passado essa última semana, Senador Sérgio, num dilema nos dois extremos. Desde o dia 30, 31, eu tenho vivido um período muito difícil, do ponto de vista da minha família, no caso específico da minha companheira. Sua mãe se encontra num estado difícil, internada na UTI. Eu tenho acompanhado o sofrimento da minha companheira Ana, vendo ali a sua querida mãe internada. Agora há pouco, antes de subir à tribuna, falei com ela, e ela me deu um quadro; ela tinha acabado de sair da UTI, ali visitando a sua mãe.

            Nesse mesmo dia, Senador Sérgio, dia 31, iniciou-se outro processo também em nossa família, com a chegada de Luíza, a minha quinta netinha. Eu tenho uma netinha de um ano e quatro meses, Júlia, três netinhos, os trigêmeos, que fizeram seis meses de nascidos no domingo, e Luíza, que nasceu no dia 31 de agosto. E ainda, numa expectativa para janeiro, para completar aí o sexteto, com a chegada de Eduardo, o filho da minha filha mais nova.

            Assim, vou convivendo, eu diria, com esses dois extremos. É como eu dizia à minha mulher: um ciclo que a gente vai vendo, do início da vida, num momento de um ciclo de encerramento de vida. São processos que, às vezes, assustam a gente. Ali, com o sofrimento por que a gente tem passado, com minha sogra, D. Semira, que foi uma figura, eu diria, muito importante na minha vida.

            Lembro-me muito da época em que eu casei, Senador Sérgio, eu era ainda estudante. E eu me dediquei muito à física e à matemática, mas não só por gosto. Como eu casei antes, eu precisava ganhar a vida e ensinava Física e Matemática. Eu me lembro de que minha sogra, naquele período, brincava comigo, me chamava de Tistein, uma mistura do apelido de Tito, que é um apelido meu, familiar, com Einstein.

            Eu ficava à noite, de madrugada, estudando, e ela ali, com carinho. Minha sogra é uma pessoa de comportamento muito carinhoso até nas palavras, na forma como conversava comigo. Na minha fase inicial de vida, fui morar na casa de meu sogro e minha sogra, lá no subúrbio ferroviário, em Paripe. Então, portanto, é duro para a gente assistir a um momento de dificuldade desses por que passa uma pessoa tão carinhosa e dedicada, uma mulher de muita fé. Convivi com minha sogra também em outra experiência, a partir de nossa relação na igreja. Minha sogra é uma verdadeira serva de Deus, uma pessoa que dedicou sua vida inteira a esse trabalho. Portanto, é algo assim difícil para a gente. Volto a dizer que conversei com minha esposa nesse instante, tenho acompanhado de perto a cada dia. Minha mulher, que é mulher de muita fibra, mas nós temos de compreender que nessas horas, meu amigo, a gente precisa, cada vez mais, estar juntos para superar essas dificuldades.

            Mas é assim. É o ciclo da vida e nós temos de enfrentar isso com muita força e, principalmente, com muita fé em Deus.

            É isso. Um abraço, Senador Sérgio Souza.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/09/2013 - Página 62001