Pela Liderança durante a 165ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à gestão da Presidente Dilma Rousseff.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Críticas à gestão da Presidente Dilma Rousseff.
Publicação
Publicação no DSF de 26/09/2013 - Página 66513
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, GESTÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PROTEÇÃO, CASSAÇÃO, MANDATO PARLAMENTAR, AUSENCIA, RESPEITO, PODER PUBLICO, CORRUPÇÃO, AUMENTO, INFLAÇÃO, FALTA, AUXILIO, APOSENTADO.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, primeiro quero agradecer pela oportunidade que V. Exª me concedeu para falar na tarde de hoje.

            Srª Presidenta, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, eu quero dizer à Nação brasileira, especialmente ao meu querido Estado do Pará, aos devotos da Virgem de Nazaré - minha padroeira, que amo, ando com a imagem dela posta na lapela do meu paletó, que me protege, e sinto orgulho de poder morar num Estado como o Pará -, dizer que fico atentamente escutando os oradores na tribuna do Senado, atentamente. Aí vejo Senadores e Senadoras chegarem a esta tribuna e dizerem que a Dilma é motivo de orgulho. Vejo outros parabenizarem a Presidenta.

            Pergunto à Nação brasileira: a Dilma é motivo de orgulho por quê? Dê-me pelo menos uma causa para que eu possa chegar aqui nesta tribuna e dizer que me orgulho da minha Presidenta, da Presidenta do meu País. Um motivo só!

            Eu quero um projeto de relevância para o País, um projeto só, só um. Deem-me um projeto da Dilma, substancial para o progresso deste País, um projeto.

            Falem-me da moralidade dos Poderes, os três Poderes altamente enfraquecidos: Senado enfraquecido, Câmara enfraquecida e agora o nosso Supremo Tribunal Federal.

            Ora, brasileiros e brasileiras, paraenses, a que ponto chegamos? A que ponto os parlamentares brasileiros chegaram ao trazer de volta para o seu cargo um prisioneiro; trouxeram um prisioneiro preso há mais de 30 dias. Disseram: “Olha, podes voltar porque tu és Deputado, nós te inocentamos”.

            O poder de governo. Ah, lógico, com o aprendizado... A Dilma já passou por várias etapas em sua vida, um profundo aprendizado de causas. Fizeram com que o Supremo Tribunal Federal... Brasil, o Supremo Tribunal Federal, um órgão de maior confiança desta Nação, se curvou aos Poderes do Governo.

            O orgulho de ter a Dilma como Presidenta é o de ter visto a Dilma comandar e coordenar a novela dos mensaleiros.

            A ordem está dada. É uma lei que ela criou dentro do próprio partido dela. É uma lei que ela criou dentro do Partido dos Trabalhadores: petista não vai para a cadeia neste País; pode roubar, pode fazer o que quiser. Se for de outro partido vai: o Arruda foi; o Maluf foi. Se Dirceu for, eu ponho o meu mandato em jogo. Eu duvido. Eu aposto com quem quiser nesta Pátria, se Genoíno e se Dirceu forem presos.

            É a imoralidade. É a falta de respeito a um país querido chamado Brasil.

            Pelos ensinamentos do meu querido pai, que dizia sempre: “Quem perde o respeito, perde a moral”.

            Olha, Dilma, é muito grave o momento por que passa esta Nação!

            É desmoralizante, é preocupante quando um Ministro vai à imprensa - está aqui na minha mão -, um Ministro indicado pela Dilma, e diz o seguinte: “Olhem, não me mexam, não me cutuquem. Se me cutucarem, eu tomo as providências”.

            Olhem como se perdeu a moral! Olhem, brasileiros, como se perdeu a moral!

            O Ministro do Trabalho disse à Presidenta: “Olha, Dilma, se tu mexeres comigo, Dilma, eu vou contar tudo!” Olha como se perde a moral. E ela está sem moral para tirar o Ministro.

            Ri, Ministro, ri da cara da Dilma, diz que ela não tem moral para te tirar do cargo, Ministro, porque tu sabes de muita coisa do Governo!

            Ele ameaça até o meu partido.

            Fala, Ministro, fala. O meu partido tem moral. O meu partido tem moral. Fala!

            Ele diz: “Eu cheguei aqui há cinco meses, estou tomando medidas drásticas. Liquidei todos os convênios. Não há mais nada com convênios, com entidades. Agora, se a Dilma me tirar, eu vou tomar as providências.”

            É aquilo que o meu pai me ensinou: quem perde o respeito perde a moral. E a Dilma está sem moral para tirar o Ministro.

            Falar em corrupção neste País dá para escrever umas duzentas novelas, e tenho certeza de que daria uma audiência simplesmente espetacular para a Globo ou outras emissoras.

            Nunca o País foi tão roubado como agora. Na história de vida deste País, honrado por Rui, honrado por tantos brasileiros - Mário Covas. Quantos brasileiros passaram por esta tribuna do Senado Federal. Honrados companheiros. Eu, quando olho para a imagem do Rui Barbosa, fico a pensar ali da minha cadeira. Eu já pedi para que a Mesa, Presidenta, procure o algodão para colocar nos ouvidos do Rui.

            Presidenta, pegue uma faixa preta e ponha nos olhos do Rui, para ele não sentir o que está se passando na Pátria hoje, para ele não sentir que a Pátria passa pelo pior momento de corrupção de sua história. Não há ninguém que possa vir aqui e dizer que eu estou mentindo, porque os números falam a verdade. Toda semana há notícia de corrupção na televisão. E o PT mente, o PT mente, o PT esconde. Maldita hora, brasileiros, em que se criou esse partido nesta Pátria!

            Ora, outro dia eu estava sentado no sofá da minha sala pensando na vida. Ligo a televisão para assistir ao Jornal Nacional. O jornal é interrompido pela fala da Presidenta: a Dilma. Como eu gosto muito dela, por tudo o que ela faz neste País, eu fiquei a assisti-la. Ela dizia - e eu fiquei atento em ouvi-la -, paraenses: “Não existe inflação. A inflação está controlada”. Aí, eu murmurei: Que mentira, Dilma! Você está mentindo, companheira.

            Volta o Jornal Nacional e William Bonner diz assim: “A inflação cresce e aumenta a cada mês. Agora mesmo, a inflação começa a subir”. Aí eu achei graça. Como é que se tem tanto cinismo?

            Presidenta, pode mandar até me prender se quiser, mas eu tenho que falar a verdade. Eu sei que vão dizer para a senhora, eu sei o risco que eu corro, Presidenta, mas eu sou homem com h maiúsculo. Eu me honro de ter nascido numa cidade pequenina na Ilha do Marajó chamada Soure e Salvaterra. Mas eu tenho honra, Presidenta, eu tenho moral para vir a esta tribuna falar o que eu quiser. No meu dicionário, Presidenta, não existe a palavra covardia. Pode acontecer o que acontecer comigo, mas é meu dever, é minha obrigação defender o meu País e o meu Estado. Um milhão e meio de paraenses que me mandaram para cá não mandaram um covarde, Presidenta; mandaram alguém que pudesse falar a verdade sem medo, que tivesse a hombridade de poder dizer que a Presidenta engana o povo brasileiro; que a inflação corrói o salário; que a inflação diminui a mesa dos que mais precisam. E Vossa Excelência e o seu Partido continuam dizendo que a inflação está controlada.

            Donas de casa, se eu sou suspeito de falar, porque não comungo com as ideologias do Partido da Presidenta, eu vou fazer uma consulta rápida para quem me ouve e me assiste - quem me ouve pela Rádio Senado e me assiste pela TV Senado. Sinceramente, será que eu estou mentindo? Será que a inflação está controlada neste País? Será que, em relação a todos os produtos da sua mesa, quando a senhora, dona de casa, vai à prateleira de um supermercado, V. Sª, minha querida dona de casa, não sente que o seu salário está sendo corroído pelo aumento dos preços nas prateleiras? É ou não é verdade o que estou falando?

            Não é verdade que este Governo é tão ineficiente que para se conseguir uma consulta médica - falo dos pobres, dos ricos, não - os pobres têm de enfrentar uma fila às 5 horas da manhã.

            Mas, neste País, os ricos podem roubar que não acontece nada. Os pobres vão para a cadeia logo, mofam lá. Aqueles que têm fome e que roubam mofam na cadeia. Os mensaleiros, ah-ah, dá para achar graça, dá para rir. É para rir, brasileiros!

            Foi na cara, Brasil. Mostraram para todos, Brasil, não esconderam nada. Mostraram a todos, meu País querido.

            Para a nossa Bandeira, todo dia eu a olho. Ela vive na minha frente e vive nas minhas costas. Ela possui uma inscrição que, desde pequeno, meu pai lia para mim e explicava o que significava a frase: “Ordem e Progresso.” Hoje, quero tentar explicar para os meus filhos e tenho de falar a verdade para eles: filhos, não há ordem neste País; conseguiram tirar o significado das palavras da coisa mais nobre e que está no mais profundo sentimento de cada brasileiro.

            Não existe ordem neste País. A Presidenta faz o que quer, a Presidenta manda aqui, manda na Câmara, manda no Supremo, manda onde quer. Os Poderes são iguais àquele casamento que está acabando: é figuração, é figuração. Se o brasileiro tomasse conhecimento de como está este País, eu não sei o que seria desta Nação. Se a ordem não existe, onde é que está o progresso desta Pátria?

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - O PIB não cresce. A inflação cresce. A pobreza aumenta, Dilma. Aumenta! É só sair pelo interior deste Brasil que tu vais ver, Dilma. Tu vais ver. Tu, que estás protegendo aqueles que roubaram o País, tu vais ver. Tu vais ver, a uma hora da tarde, às duas horas da tarde como eu vejo no Marajó, eu vejo toda semana que vou para lá: panela no fogo e barriga vazia, Dilma. Já dizia aquela música antiga de carnaval. A água está fervendo…

(Interrupção no som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - A água está fervendo, mas lá não tem nenhum produto para a família se alimentar.

            Desço, Presidenta, chamando atenção em especial dos aposentados brasileiros. Eu não sei por que, Senador Paulo Paim, esta classe tão sofrida, esta classe tão abandonada, esta classe tão massacrada pelo Lula, tão massacrada pela Dilma, eu não sei por que silenciou, Senador Paim. Não sei por quê.

            A Cobap, associação dos aposentados desta Nação, silenciou. Aqui fizemos várias vigílias. Eu convidei, eu convidei especialmente... Eu convidei essa entidade para que nós pudéssemos ter os aposentados, velhinhos queridos desta Pátria que morrem à míngua, abandonados pelo governo, que veem a cada ano, a cada ano, diminuírem as suas possibilidades de comer, que veem a cada ano a fome aumentar, Presidenta Dilma. E eu não sei o que aconteceu que essa classe silenciou.

            O que eu quero, o que eu desejo, aposentados, é fazer um movimento, porque, sem movimento a Presidenta Dilma não liga para ninguém. Várias vezes convidei os aposentados brasileiros através da sua associação, a Cobap. Falei com o seu Presidente, Warley, para que juntos pudéssemos fazer uma vigília no Planalto, para que a Presidenta Dilma pudesse ver a situação de cada aposentado brasileiro. Eu queria que os aposentados deste País ficassem sentados na frente e no caminho por onde passa a Presidenta da República. Eu queria que ela olhasse a situação dos aposentados desta Pátria.

(Soa a campainha.)

             O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Eu queria que ela dissesse a eles que o dinheiro da corrupção que a cada dia acontece nesta Pátria poderia ser aplicado no sofrimento dos aposentados brasileiros.

            Vamos, aposentados! Vamos, senão o fim de vocês vai ser pior do que a situação por que vocês passam hoje nesta Pátria amada. Não vejo, Presidenta, ao descer desta tribuna, nenhum motivo para aqui se dizer que nós estamos absolutamente satisfeitos.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Ao descer, Presidenta, não vejo nenhum motivo para aqui se enaltecer um governo tão fracassado, um governo desmoralizado, um governo que não tem respeito pelos Poderes, que enfraqueceu os Poderes propositalmente para poder mandar mais nesta Pátria amada.

            Eu não me rendo! Eu não tenho medo! Eu aqui estarei, até o final do meu mandato, falando e denunciando com honradez, com satisfação de aqui estar defendendo o povo brasileiro e o povo paraense!

            Muito obrigado, Presidenta.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/09/2013 - Página 66513