Pronunciamento de Osvaldo Sobrinho em 25/09/2013
Discurso durante a 165ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Defesa de investimentos em infraestrutura para possibilitar o escoamento da produção agrícola do Estado do Mato Grosso; e outro assunto.
- Autor
- Osvaldo Sobrinho (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/MT)
- Nome completo: Osvaldo Roberto Sobrinho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA AGRICOLA, AGRICULTURA.
HOMENAGEM.:
- Defesa de investimentos em infraestrutura para possibilitar o escoamento da produção agrícola do Estado do Mato Grosso; e outro assunto.
- Publicação
- Publicação no DSF de 26/09/2013 - Página 66528
- Assunto
- Outros > POLITICA AGRICOLA, AGRICULTURA. HOMENAGEM.
- Indexação
-
- REGISTRO, PEDIDO, INVESTIMENTO PUBLICO, INFRAESTRUTURA, REFERENCIA, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), PREJUIZO, EXPORTAÇÃO, SOJA, MILHO, AUSENCIA, ESPAÇO, ARMAZEM.
- HOMENAGEM, DEPUTADO FEDERAL, PARTIDO SOCIAL DEMOCRATICO (PSD), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), AFASTAMENTO, TRATAMENTO, CANCER.
O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores da República, é um momento de grande felicidade voltar a esta tribuna para defender o meu Estado de Mato Grosso, Estado que sempre respondeu à Nação quando chamado.
Mato Grosso é um dos Estados que ajudou o Brasil a enfrentar todas as suas crises e quando foi chamado a produzir para matar a fome não só do Brasil, mas do mundo lá estava presente o Estado de Mato Grosso. Estado rico potencialmente, de terras férteis e de grandes riquezas naturais, mas o que mais impressiona é o povo de Mato Grosso, um povo ordeiro, trabalhador, povo que soube enfrentar as suas dificuldades e, consequentemente, transformar os campos e cerrados estéreis em verdadeiros jardins de produção.
Mato Grosso tem sido, nos últimos 10, 15 anos, a surpresa do mundo e provando que se pode tirar das regiões mais inóspitas riquezas para matar a fome do mundo. Mato Grosso, primeiro começou quando o Brasil convidou a todos nós para ocupar o Centro-Oeste e ali, com alguns projetos especiais, Mato Grosso adaptou-se à realidade nacional.
Depois, com a crise energética, chamou Mato Grosso para o grande desafio que era produzir combustível não fóssil para alimentar o Brasil, e lá estava Mato Grosso tirando o álcool das suas grandes plantações de cana; e começou também álcool da mandioca. Passaram-se alguns meses, alguns anos, com as grandes pesquisas da Embrapa, Mato Grosso adentrou o campo da produção de alimentos que hoje exporta para todos os rincões do globo terrestre.
Começamos exportando carne, depois, produtos primários e, hoje, pode-se dizer que Mato Grosso é um dos maiores produtores de soja e de milho do Brasil. De carne, Mato Grosso talvez seja o segundo Estado da Federação em exportação de carne. Mato Grosso é, hoje, um Estado potencialmente rico.
A exportação de soja deste ano foi atrapalhada, lastimavelmente, pela falta de infraestrutura, agravada pelo desempenho do milho na safrinha de 2012. Mas não foi atrapalhada pela coragem, pela força, pela tenacidade do empresário mato-grossense, do trabalhador mato-grossense. Fizemos tudo o que se podia fazer da porteira para dentro da fazenda; no entanto, faltou-nos a previsão da porteira para fora.
Mato Grosso é um dos Estados que mais produziu para o Brasil durante este ano.
A soja e o milho tiveram de disputar espaço nos caminhões, nos armazéns e nos portos, porque, lastimavelmente, não tínhamos a infraestrutura, Senador Paim, para guardar toda essa grande safra que teve Mato Grosso.
Nos três primeiros meses do ano, nem 2 milhões de toneladas de soja haviam sido embarcadas, o que representa mais ou menos 42% da produção do ano passado, no mesmo período, e os armazéns ainda continuavam cheios.
Ainda havia milho da safra passada sendo exportado em fevereiro e março, quando a soja já podia ser embarcada. O número de armazéns é insuficiente para atender concomitantemente às duas culturas.
Mato Grosso tem 2.274 armazéns registrados na Conab, e 1.270 silos estão ao norte do Estado. A capacidade total de armazenamento é de 29 milhões de toneladas.
Estima-se que, na safra atual, o Estado colha 45 milhões de toneladas de grãos, entre soja, milho e outros produtos.
Enquanto não conseguimos sequer estocar uma colheita completa, os Estados Unidos, por exemplo, têm capacidade para estocar o equivalente a duas safras consecutivas.
Outro ponto de vital relevância para explicar a atual dificuldade consiste na decisão dos principais portos exportadores de grãos (Santos e Paranaguá) de eliminar as filas de caminhões em seus portões. Isto pressupõe que os grãos sejam escoados ainda na colheita. Com o expressivo aumento da produção, a logística, já deficitária, fica ainda mais sobrecarregada. É muito difícil produzir em Mato Grosso. A nossa parte foi feita, mas, lastimavelmente, não temos como escoar.
Com o transporte moroso, os caminhões passam a ser verdadeiros silos ambulantes que se amontoam pelas estradas, uma vez que os portos só os recebem mediante agendamento.
O fato é que o País produz mais do que pode guardar. A estocagem, na verdade, está sendo feita sobre rodas o que atravanca nossas estradas, sabota nossos cronogramas e obstrui nossa competitividade comercial.
Em Santos, um novo sistema de controle de tráfego, que inclui agendamento das chegadas dos caminhões pela internet, está em implantação e deve entrar em operação daqui a mais ou menos dois ou três meses.
Em Paranaguá, entre janeiro e junho, quase 190 mil caminhões foram recebidos no pátio do porto; 10 mil a mais que no ano passado. O porto ficou 51 dias sem operar no primeiro semestre por causa das grandes chuvas naquela região.
Em contato com a umidade, os grãos podem mofar ou até brotar. A estocagem a céu aberto constitui um risco de grandes proporções.
A situação é pior no Médio Norte: dos três milhões de hectares ocupados por milho em Mato Grosso neste momento, 1,6 milhão de hectares - 53% do total - está naquela região.
Os 16 Municípios do Médio Norte de Mato Grosso respondem por cerca de 40% da produção do Estado e quase 10% da produção de grãos do País.
O maior exemplo do gargalo estrutural pode ser visto em Sinop (cidade de carne) e Vera, como a colheita do milho da safrinha (que ocorre no inverno) ainda está em curso, porém, uma montanha de soja, de cerca de 18 metros de altura continua crescendo no pátio dos principais armazéns.
Segundo a administração, quantidade equivalente a 450 mil sacas de milho está empilhada no chão e dois armazéns que estão completamente ocupados com 800 mil sacas de soja, 80% delas já vendidas.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Osvaldo Sobrinho, permita-me, o Deputado Ronaldo Zulke é um dos Deputados Federais mais atuantes do Rio Grande e eu faço questão de registrar a presença dele.
O Senador Osvaldo Sobrinho foi constituinte comigo e hoje, para nossa alegria, esta aqui no Senado conosco.
O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Então, aceite este meu aparte pequeno para registrar a presença deste lutador Ronaldo Zulke, Deputado Federal do PT, do Rio Grande do Sul.
O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - Eu sei que só o seu aparte já seria necessário, mas eu quero, em nome de todos os Senadores, agradecer ao Sr. Ronaldo pela presença, e dizer que esta Casa também é sua do povo brasileiro, e aqui representa o pacto federativo.
Portanto, esta Casa é para discutir os grandes assuntos e eu tenho certeza de que a sua vinda aqui é uma forma de todos nós nos orgulharmos tanto dos homens que temos da vida pública e da vida empresarial, como também das pessoas que olham este Senado da República como uma Casa que poderá dar um direcionamento ao País.
Muito obrigado por sua presença, e fico feliz de no meu pronunciamento ter incluído a sua visita, que para nós é de grande orgulho.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Agradeço, Senador.
O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - Também há grandes quantidades de milho ao relento nos Municípios vizinhos de Lucas do Rio Verde, Sorriso, Tapurah e Nova Mutum.
Inicialmente, o cultivo do milho foi adotado apenas para enriquecer e preparar o solo para a produção da soja, carro-chefe de nossa agricultura. Entretanto, a cultura do milho cresceu inesperadamente e a expectativa é de que o Brasil colha 79 milhões de toneladas, produção que chega perto da de soja, estimada em 82 milhões de toneladas para este ano.
Em 2011, o Mato Grosso colheu 7 milhões de toneladas de milho. Em 2012, 15 milhões de toneladas. Neste ano, a previsão é de 18 milhões.
Só investimentos urgentes e vultosos na infraestrutura logística serão capazes de fazer frente ao gigantesco desafio com que nosso País se depara diante do fenômeno da supersafra e da necessidade de se explorar na totalidade esse precioso potencial para os próximos anos.
Nós, de Mato Grosso, queremos dizer que sofremos pela nossa impetuosidade, pela nossa vontade de produzir mais para o Brasil, mas precisamos, urgentemente, dos órgãos da República para amenizar o nosso problema de logística.
Acabo de chegar da região de Sinop da região de Vera, de Santa Carmen, de Sorriso e de Mutum. Para lá fui de carro e sofri na vinda ao ver o desespero das pessoas que transitam por aquelas estradas, no sentido de correr o mais rápido possível para tirar a produção que lá está, tendo em vista que já começam a chegar as chuvas deste ano.
Senador Paim, é triste sentir que se fez tudo que se poderia fazer para produzir com a melhor produtividade que se pode ter numa região, mas é muito mais triste ainda quando pensamos e vemos que aquilo que foi produzido com alta tecnologia pode se estragar nos pátios dos armazéns, porque não há como escoar a produção.
Portanto, nós fizemos a nossa parte. Esperamos que a República faça a dela, para que aqueles que trabalham, que lutam de sol a sol não sejam desestimulados a trabalhar por um Brasil melhor.
O Brasil, o mundo passa fome, e esse problema poderá ser resolvido no Centro-Oeste brasileiro, principalmente pelo Estado do Mato Grosso.
Essa luta não é só minha. Essa luta foi do Senador Jonas Pinheiro, que já não está entre nós. Essa oi uma luta ardente, pesada do Deputado Homero, que ontem foi aposentado ela Câmara dos Deputados. E o Deputado Homero Pereira é um homem que assumiu a bandeira que Jonas Pinheiro deixou, representando a nossa agricultura, a nossa pecuária, os recursos primários de Mato Grosso.
O Deputado Homero Pereira tem o seu nome gravado na história de Mato Grosso. Ele foi Presidente da Famato e da Emater, Deputado Estadual, Deputado Federal por duas vezes, Secretário de Estado. O Deputado Homero Pereira é um homem que, na verdade, fez e faz por merecer o elogio do povo mato-grossense.
Quero dizer a ele, que já está no aconchego da sua família, que o seu trabalho não foi perdido, que o que ele fez por Mato Grosso, na defesa da agricultura, todos nós vamos continuar a defender.
Lastimavelmente ele foi para casa, aposentou-se por problemas de doença, um forte câncer que tomou conta do seu estômago. Ele teve que fazer uma cirurgia no mês passado, em São Paulo, e não se recuperou. Ele achou melhor se aposentar, voltar ao aconchego da família para tentar recuperar a sua saúde. E eu tenho certeza de que o Supremo Arquiteto do Universo lhe dará a saúde necessária para que ele possa voltar a prestar o seu grande serviço a Mato Grosso.
Portanto, este meu pronunciamento de hoje, quero crer que é uma homenagem ao Deputado Homero Pereira pela grandeza da sua alma, a grandeza do seu espírito, a grandeza do seu trabalho, da sua luta por um Mato Grosso melhor. E eu falo porque o conheço. Foi meu colega Deputado Estadual, nos idos de 80, em Mato Grosso, e depois continuou a sua luta pela agricultura.
Quero dizer ao Deputado Homero que o meu pronunciamento sobre a agricultura de hoje é um protocolo que firmo com ele de que o seu trabalho será continuado e que todos nós queremos que Deus o ajude para que possa voltar ao convívio da sua família e dos seus amigos, que restabeleça a sua saúde e volte para continuar prestando serviço a Mato Grosso.
Deputado Homero Pereira, em nome da Bancada de Mato Grosso, nós queremos aqui prestar a nossa homenagem de carinho, de amizade e de respeito ao seu trabalho, à sua inteligência e à sua capacidade.
Senador Paim, agradeço pela sua bondade de nos ouvir neste momento, junto com os outros Srs. e Srªs Senadoras, e desejar que a gente possa fazer o melhor, assim como fez o Deputado Homero Pereira por Mato Grosso e pelo Brasil.
Muito obrigado, Senador Paim.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Muito bem, Senador Osvaldo Sobrinho, meus cumprimentos.
V. Exª sabe que fomos Deputados juntos, sempre trilhando o mesmo caminho. E V. Exª lembrou o saudoso Jonas, que foi um grande Senador, assim como o Deputado Homero Pereira, pelo seu compromisso com Mato Grosso, mas ambos com certeza sabem, tanto aquele que está lá em cima, como aquele que foi para casa, representa muito bem o seu Estado para o bem do País.
Meus cumprimentos a V. Exª.
O SR. OSVALDO SOBRINHO (PTB - MT) - Muito obrigado pela sua bondade.
Quero crer que mais é pela amizade, pelo respeito que V. Exª tem a minha pessoa, a minha história do que talvez pelo que mereço, mas eu fico feliz, porque receber elogio desse do Senador Paim é, acima de tudo, falar: gravei o meu nome na história.
O seu aparte me emociona e me deixa muito feliz, Senador.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Sua história merece.
O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - Obrigado.